domingo, 30 de novembro de 2025

A JUSTIFICAÇÃO: O ÚNICO OXIGÊNIO DA EXISTÊNCIA HUMANA

 


O ser humano é uma criatura sufocando debaixo do peso infinito de sua própria culpa, mas não sabe disso. Ele caminha, respira, trabalha, sorri… tudo artificialmente, como quem vive com um pulmão espiritual perfurado, achando que o ar podre deste mundo é suficiente para sustentá-lo. Isaías já decretou a sentença: “todas as nossas justiças são como trapos de imundícia”. E o que são trapos de imundícia? Não flores murchas, não roupas antigas, mas algo tão indigno que a própria Lei proibia tocar sem contaminação. Essa é a régua divina, não o sentimentalismo humano.


Aqui começa a urgência absoluta da doutrina da justificação. Não existe conceito mais humilhante para o orgulho humano e, ao mesmo tempo, mais glorioso para a graça de Deus. A justificação não é uma “novidade reformada”, não é um “debate confessional”, não é uma “ênfase teológica”. É a linha tênue entre vida e condenação. Entre respirar e morrer. Entre existir e ser varrido para a inutilidade eterna.


E é justamente porque o homem está morto e morto em delitos e pecados (Ef 2:1) que ele necessita de algo que não pode produzir, não pode cooperar, não pode decidir. Ele precisa de um milagre jurídico, decretado pelo próprio Deus: a imputação da justiça de Cristo.


IMPUTAÇÃO: O ESCÂNDALO QUE SALVA


A justiça que Deus requer é perfeita. A justiça que o homem oferece é trapo sujo. Portanto, só resta uma alternativa: a justiça de Outro tem que ser legalmente colocada na conta daquele que nada possui. Isso é imputação — o coração do Evangelho, o escândalo da cruz, a sentença que humilha ímpios e destrói a arrogância pelagiana.


Cristo não veio apenas “mostrar amor”, “dar exemplo”, “ensinar o caminho”. Ele veio viver a vida que eu não vivo, obedecer a Lei que eu quebro, satisfazer a demanda que eu desprezo. E então, como o cordeiro que não apenas enfrenta, mas absorve a ira divina, Ele carrega a penalidade inteira. Não parte dela. Não a medida que o livre-arbítrio permitiria. Não o suficiente para tornar a salvação “possível”. Ele paga a penalidade exata e inteira de todos os pecados e de cada pecado dos seus eleitos, porque a penalidade não some no ar; ela precisa ser executada.


Na cosmovisão humana, isso é absurdo. Mas na cosmovisão revelacional, é a única lógica possível: ou Cristo paga, ou você paga. Não há terceira via, não há meio-termo, não há “Deus entende”. Deus não entende pecados, Ele os pune.


O PAGAMENTO DA PENALIDADE: O VÉU RASGADO E A ALMA LIBERTA


No calvário, Cristo não fez poesia. Ele fez transação. Ele não inspirou. Ele pagou. Ele não simbolizou. Ele quitou.


Cada reclamação da Lei, cada ato maligno, cada pensamento torpe, cada intenção caída, cada rebelião voluntária, cada falha involuntária, cada omissão, cada culpa hereditária de Adão, tudo foi lançado sobre Ele. E ali, naquele horror santo, Deus tratou o Filho como se tratasse o réprobo. Para que, por imputação, Ele tratasse o réprobo como filho.


Essa troca é o ápice do ocasionalismo divino: Deus cria a fé, aplica a justiça, imputa o mérito, regenera o coração, sustenta o crente e preserva a salvação até o fim. Nada parte do homem. Tudo parte de Deus. A justificação não é apenas necessária: é inevitável para quem Deus determinou salvar.


SE NÃO HOUVER IMPUTAÇÃO… NÃO HÁ NADA


Sem a justiça de Cristo imputada, você não é quase salvo, parcialmente aceito, “um bom candidato”. Você está perdido, condenado enquanto respira, vivendo em sentença suspensa. A justificação não é um remédio opcional: é o desfibrilador do cadáver espiritual. Sem ela, não existe sequer cristianismo.

É por isso que Paulo não diz que Cristo “inspira salvação”, mas que Ele “foi feito pecado por nós, para que fôssemos feitos justiça de Deus nele” (2 Co 5:21).

E esse “feitos” está no passivo divino: Deus é o agente; o homem é o recipiente.


CONCLUSÃO: A GLÓRIA QUE ANIQUILA O ORGULHO

A justificação é o fim do orgulho humano e o começo da vida real.

A imputação é a humilhação do homem e a exaltação absoluta de Cristo.

O pagamento da penalidade é o trono onde a ira e a graça se beijam.

Quem entende essa doutrina não anda com Deus, é arrastado por Ele.

Quem entende essa doutrina não se orgulha, desmorona.

Quem entende essa doutrina não negocia a Bíblia, vive dela.

Porque sem a justiça de Cristo… você não tem nada.

Mas com ela, você tem tudo o que Deus exige, e tudo o que Deus promete.

terça-feira, 25 de novembro de 2025

A Influência do Estado na alta de alugueis

 


Yuri Schein 

A crise dos aluguéis altos e dos salários miseráveis não é um “acaso econômico”, nem uma “força de mercado inevitável”, como gostam de repetir os pregadores da falsa neutralidade estatal. Toda cosmovisão nasce de pressupostos inegociáveis, a verdade é simples: o caos financeiro do povo não é fruto da liberdade, mas da idolatria estatal.

O governo, tal como um ídolo babilônico com boquinha aberta, devora o fruto do trabalho alheio sob o disfarce de “gestão pública”. Quando o Estado intervém demais, controla demais e gasta demais, o resultado é sempre o mesmo: inflação crônica, estagnação salarial e uma escalada absurda nos preços dos imóveis.

Em outras palavras: não existe aluguel alto sem governo grande.

1. Pressuposto: o Estado como deus concorrente

A lógica estatal é religiosa: ele se coloca como provedor supremo, árbitro supremo, salvador supremo. Mas qualquer entidade que tenta ocupar o lugar de Deus produz escravidão. Na economia, essa escravidão se manifesta quando o governo distorce os sinais de mercado, interfere no crédito, cria impostos impossíveis e transforma o ato de empreender num labirinto burocrático.

Resultado?

• Menos oferta de moradias.

• Custos artificiais.

• Aumento generalizado dos preços.

2. Salários ruins não são mistério, são consequência

Empresas sufocadas por impostos e regulações pagam mal porque lutam simplesmente para existir. Salários são proporcionais à produtividade — e produtividade só cresce com liberdade econômica. Onde há intervenção contínua, há sufocamento. Onde há sufocamento, há miséria. Simples como Romanos 1: trocaram a glória de Deus pela imagem da máquina estatal — e receberam em si mesmos a paga dessa insensatez.

3. Aluguéis altos: o pecado original da má gestão

O valor do aluguel não nasce do nada: ele é inflado por três demônios econômicos criados pelo próprio Estado:

• Inflação: produto inevitável de gastos públicos abusivos.

• Burocracia: que encarece construção e manutenção.

• Tributação predatória: que faz qualquer proprietário cobrar mais só para sobreviver ao calendário fiscal.

Depois o Estado posa de “solucionador”, propondo controle de preços, subsídios e novos impostos. Ou seja: tenta apagar o incêndio com gasolina e se gaba disso.

4. Conclusão

Se você assumir como axioma que o Estado é o gestor da vida, você colherá miséria; se assumir que a liberdade, com responsabilidade individual, é o padrão criado por Deus para a sociedade, você colherá prosperidade.

Os aluguéis altos e os salários ruins não são fenômenos naturais: são juízos econômicos decorrentes da fé idolátrica no governo. Abandone o deus estatal e seu evangelho de controle, e a vida humana, inclusive financeira, começa a se reordenar.