Por Yuri Schein
O século XXI é testemunha de um espetáculo religioso que mais parece uma ópera de vaidades do que um culto ao Deus soberano. Igrejas e líderes modernos se empenham em preencher cada segundo com música alta, gestos exuberantes e palavras vazias, como se o silêncio de Deus fosse um defeito a ser corrigido. Mas Habacuque nos lembra: “Senhor, até quando clamarei, e tu não ouvirás?” (Habacuque 1:2). O silêncio de Deus não é desatenção; é soberania.
O problema moderno é epistemológico: a fé já não é entendida como conhecimento oriundo da revelação divina, mas como sentimento e performance humana. Van Til e Vincent Cheung apontam que, sem a autoridade das Escrituras, a mente humana se torna um tribunal autojustificatório. É exatamente isso que vemos hoje: a tagarelice substitui o temor, e o barulho substitui a meditação reverente.
O som estridente das palmas e microfones superam o verdadeiro conteúdo da Palavra, e a fé se dilui em experiência efêmera. Gordon Clark lembraria que a mente humana não é uma fábrica de significado; ela é um receptor condicionado pelo ocasionalismo divino. O homem fala demais porque não consegue suportar um Deus que fala sozinho.
Em última análise, o culto moderno revela a falência da reverência e da submissão intelectual. O silêncio de Deus permanece como um espelho: só aqueles que se calam diante de Sua grandeza verdadeiramente ouvem. O restante se perde em sua própria tagarelice, convencido de que entende o que nunca poderá compreender.
Conclusão: O barulho é a defesa do homem contra o absoluto. A meditação e o silêncio são, paradoxalmente, a maior expressão do temor a Deus — não porque Ele precise de nosso ruído, mas porque nós precisamos aprender a ouvir.

