quarta-feira, 14 de maio de 2025

Sexto Empírico — O Sacerdote do Não-Saber

 Sexto Empírico — O Sacerdote do Não-Saber

 “Não afirmamos que nada pode ser conhecido; apenas que até agora nada foi demonstrado de forma indubitável.”

– Sexto Empírico, Esboços Pirrônicos

“Quando um homem confessa que não sabe nada, devemos acreditar nele.”

– Gordon H. Clark

Sexto Empírico não era apenas médico de profissão; era também um cirurgião do conhecimento — que tentou extirpar toda certeza como se fosse um tumor. Seus textos são uma das principais fontes do ceticismo pirrônico, doutrina fundada por Pirro de Élida (já devidamente espancado em capítulo anterior). Sexto, no entanto, organizou esse ceticismo em um manual de guerra contra toda pretensão de conhecimento.

Na prática, é como se um bibliotecário colocasse fogo em todos os livros e dissesse: “Isso é sabedoria.”

I. A Suspensão Universal: Nem Sim, Nem Não — Só “Não Sei”

A proposta de Sexto é a “epoché” — suspensão do juízo sobre qualquer coisa, porque toda proposição pode ser contestada com igual força por outra. Isso, segundo ele, leva à ataraxia (tranquilidade da alma). Em outras palavras, ignorância total é igual a paz interior.

Mas isso pressupõe que é bom viver em ataraxia. Opa. Um valor! Um juízo! Um absoluto! Ele não suspendeu isso por quê?

Silogismo:

1. Se todas as proposições devem ser suspensas, então também deve-se suspender a proposição de que a suspensão leva à tranquilidade.

2. Sexto afirma que a suspensão leva à tranquilidade.

3. Logo, Sexto contradiz sua própria metodologia.

Vincent Cheung zombaria:

 “O ceticismo nunca começa do zero. Ele sempre assume algo — geralmente, a própria mente que está tentando anular.”

II. A Batalha Contra a Razão: Guerra Total ao Logos

Sexto dirige sua metralhadora cética contra os dogmáticos — os que afirmam qualquer proposição com certeza. Isso inclui os filósofos, os teólogos, os matemáticos, os gramáticos e até os astrônomos.

Ele quer derrotar todos, e o faz com um único argumento: “Você não pode provar isso de forma indubitável.”

Mas aqui está o problema: a ideia de “prova indubitável” já é um padrão epistêmico. Ou seja, Sexto exige que todos sigam seu padrão — e ao mesmo tempo afirma que nenhum padrão é válido.

Silogismo:

1. Sexto rejeita todos os padrões de certeza.

2. Mas exige que todos atendam ao seu próprio padrão de “dúvida metódica universal”.

3. Logo, ele impõe dogmaticamente o seu anti-dogmatismo.

Clark não teria misericórdia:

 “O cético afirma que nada pode ser conhecido. Mas essa afirmação já pretende ser conhecida. Logo, ele se auto-refuta na primeira frase.”

III. O Médico que Prescreve a Doença

Como bom médico, Sexto pretende “curar” os homens da ansiedade que vem de tentar saber. Mas sua cura é a amputação da alma racional. É como se alguém, sofrendo por duvidar da vida após a morte, fosse tranquilizado com a ideia de que ninguém pode saber nada — nem mesmo que está vivo.

Isso não é terapia, é anestesia filosófica com overdose.

Silogismo:

1. Se não há conhecimento, então não se pode saber se há sofrimento.

2. Se não se pode saber se há sofrimento, então não faz sentido propor um remédio (epoché).

3. Logo, o ceticismo de Sexto não alivia nada — apenas dissolve o paciente.

John Frame diria:

 “Até os céticos vivem como se soubessem algo. Se agissem de acordo com seu ceticismo, não atravessariam a rua, nem comeriam, nem falariam.”

IV. O Ceticismo Contra o Cristianismo: Um Dente Mole Contra a Rocha

Sexto representa tudo o que o Cristianismo não é: incerteza, relativismo, confusão mental vendida como virtude. Contra isso, o cristão não recua — ele anuncia:

 “Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no maligno.” (1Jo 5:19)

Sexto diz: “Suspenda tudo.”

Paulo diz: “Temos a mente de Cristo.” (1Co 2:16)

Sexto diz: “Nada pode ser conhecido.”

Jesus diz: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo 8:32)

Silogismo:

1. O Cristianismo afirma conhecimento verdadeiro com base na revelação proposicional de Deus.

2. O ceticismo afirma que não há conhecimento verdadeiro.

3. Logo, o Cristianismo e o ceticismo são sistemas mutuamente excludentes.

4. O Cristianismo é logicamente coerente; o ceticismo é autodestrutivo.

5. Logo, o Cristianismo é verdadeiro, e o ceticismo é um colapso epistemológico disfarçado de método.

Conclusão: Sexto Empírico — O Pastor da Ignorância

Sexto é o sumo sacerdote de uma seita que venera a ignorância e chama de sabedoria o fato de não saber nada. Seu sistema é como um buraco negro: tudo entra, nada sai. Nenhuma crença sobrevive. Nem mesmo a crença de que nenhuma crença sobrevive.

O Deus da Bíblia, no entanto, fala. Ele revela, declara, ordena, promete e cumpre. Ele é o Verbo — o Logos — que deu à mente humana a capacidade de conhecer proposições verdadeiras porque Ele mesmo é a verdade.

Sexto fecha os olhos e acha que isso é iluminação.

O cristão abre os olhos pela graça — e vê a luz de Cristo.