quarta-feira, 11 de junho de 2025

Quatro erros de interpretações Pré milenistas/futuristas




 1. Interpretar o Antigo Testamento sem a luz do Novo Testamento

 Erro:

Os futuristas e dispensacionalistas frequentemente interpretam profecias do Antigo Testamento (como Isaías, Ezequiel, Daniel, etc.) como se fossem independentes do Novo Testamento. Eles tomam literalmente promessas sobre a terra, o templo, o sacrifício e o reino terreno de Davi, ignorando que o Novo Testamento reinterpreta essas promessas de forma cristocêntrica e espiritual.


Exemplo:

A promessa da terra a Abraão (Gn 17) é aplicada universalmente a todos os crentes em Romanos 4:13 — "herdeiro do mundo".

A promessa do templo é cumprida em Cristo (Jo 2:19-21), na Igreja (Ef 2:21-22) e não em um terceiro templo literal em Jerusalém.

Regra reformada:

"O Novo Testamento é a chave para interpretar o Antigo."

2. Interpretar os Profetas (como João em Apocalipse) sem a luz dos Mestres (como Paulo)

Erro:

Os futuristas tratam Apocalipse 20 (que menciona o “milênio”) como a base de toda escatologia, sem considerá-lo à luz das doutrinas claras dos apóstolos — especialmente Paulo, que expõe com precisão a ordem da ressurreição, a parúsia, e o fim dos tempos (1 Cor 15, 2 Ts 1–2, Rm 8).

Exemplo:

Em 1 Coríntios 15:23-26, Paulo diz que Cristo virá, os mortos ressuscitarão, e virá o fim – sem milênio intermediário.

Os pré-milenistas inserem um reino terreno de 1000 anos entre a volta de Cristo e o fim, algo ausente em todos os ensinos apostólicos.


 Regra reformada:

"As porções mais difíceis devem ser interpretadas pelas mais claras."

 3. Interpretar textos claros com base em textos obscuros

Erro:

Eles tomam Apocalipse 20, um texto altamente simbólico e com múltiplas imagens apocalípticas, como base para reinterpretar textos doutrinários claros e literais como 1 Coríntios 15, 1 Tessalonicenses 4, João 5:28-29, etc.

Exemplo:

João 5:28-29 fala de uma única ressurreição geral para salvos e perdidos.

Apocalipse 20 é interpretado como duas ressurreições separadas por mil anos, forçando uma dicotomia que não está nos textos doutrinários.

Regra reformada:

“Não se deve estabelecer doutrina com base em textos escuros, mas sim à luz dos textos didáticos e explícitos.”


4. Ignorar que Deus falou aos profetas por símiles, figuras de linguagem, e querer tudo literal

Erro:

Os futuristas, pré-milenistas e dispensacionalistas frequentemente interpretam todas as profecias, especialmente as apocalípticas (como as do livro de Apocalipse), de forma estritamente literal, sem reconhecer que Deus usou símiles, metáforas, símbolos e outras figuras de linguagem para comunicar verdades espirituais profundas.


Exemplo:

Em Atos 2:16-17 (citando Joel 2:28-32), Pedro explica que o que os judeus estavam vendo no Pentecostes não era algo literal, mas cumprimento de uma profecia com linguagem simbólica.

O apóstolo Paulo também adverte que a profecia nem mesmo vem por vontade humana, mas é inspirada pelo Espírito e falada por pessoas movidas por Ele (2 Pd 1:21), o que envolve revelação com formas simbólicas e espirituais.

Em Apocalipse 12:10, as imagens de dragões, bestas e anjos não são literalmente criaturas físicas, mas representam realidades espirituais e poderes demoníacos.


Regra reformada:

A Escritura deve ser interpretada conforme seu gênero literário e contexto, reconhecendo símbolos e figuras para evitar erros e heresias.”


Resumo final dos quatro erros hermenêuticos:

1. Interpretar o Antigo Testamento sem a luz do Novo Testamento.

2. Interpretar os profetas sem a luz dos mestres apostólicos, como Paulo.

3. Interpretar textos claros com base em textos obscuros e simbólicos.

4. Interpretar figuras de linguagem e símiles como literalidades estritas.


Conclusão: Os erros são hermenêuticos, não apenas escatológicos

O pré-milenismo e o dispensacionalismo invertem a hierarquia da revelação.

Eles colocam o símbolo acima do ensino, a sombra acima da substância, e a narrativa judaica acima da realidade cristológica.

Cristo já reina (Ef 1:20-22; At 2:30-36), a ressurreição é futura e única (1 Co 15), e todas as promessas são “sim” e “amém” nele (2 Co 1:20).


O Reino Antes da Ressurreição: A Impossibilidade do Pré-Milenismo à Luz de 1 Coríntios 15




A escatologia bíblica é clara ao afirmar que a vitória de Cristo sobre todos os seus inimigos ocorre antes da ressurreição dos mortos. Qualquer tentativa de posicionar um "Reino milenar terreno" após a vinda de Cristo e a ressurreição dos crentes é uma distorção grotesca do ensino paulino. O pré-milenismo, com sua insistência em um reinado futuro após a derrota do último inimigo (a morte), é lógica e exegeticamente insustentável.

1. A Ordem Escatológica de Paulo

O apóstolo Paulo declara:

“Cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império, e toda potestade e força.” (1Co 15.23–24)


A sequência revelada pelo Espírito Santo é simples:

1. Cristo ressuscita.

2. Os crentes ressuscitam na sua vinda.

3. “Depois virá o fim”, quando todo poder rival é destruído e o Reino é entregue ao Pai.

Não existe uma era futura entre a ressurreição e o fim. A própria estrutura do texto elimina qualquer intervalo para um reino terreno milenar.


2. O Último Inimigo e a Trombeta Final

Paulo prossegue:

“Porque convém que [Cristo] reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.” (1Co 15.25–26)

Se a morte é destruída na ressurreição (v. 52), e é o último inimigo, então não há mais batalhas escatológicas após isso. Logo, o pré-milenismo, que postula uma era de governo terreno com ainda mais rebeliões, é falsificado pela própria lógica do texto.



"Todos seremos transformados... ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis...” (1Co 15.51–52)

Apocalipse 11 nos mostra o significado dessa última trombeta:

“O sétimo anjo tocou a trombeta... os reinos do mundo vieram a ser do nosso Senhor e do seu Cristo... chegou o tempo dos mortos serem julgados... e de destruíres os que destroem a terra.” (Ap 11.15–18)

Essa é claramente a última cena da história. Nenhum novo período ou milênio é possível após essa trombeta.


3. Silogismos Contra o Pré-Milenismo


Silogismo 1:

Premissa maior: O Reino é entregue ao Pai depois que todos os inimigos são vencidos (1Co 15.24).

Premissa menor: A ressurreição ocorre quando o último inimigo (a morte) é vencido (1Co 15.26).

Conclusão: Logo, não pode haver ressurreição no início do Reino de Jesus, pois ocorre após o Reino dele.


Silogismo 2:

Premissa maior: A última trombeta marca a ressurreição e o juízo final (1Co 15.52; Ap 11.15).

Premissa menor: O pré-milenismo exige eventos após a última trombeta.

Conclusão: Logo, o pré-milenismo contradiz a Escritura e é falso.


4. Testemunho de autores Calvinistas

> “O Reino de Cristo não será suprimido por um novo caos apocalíptico. Ele dominará até que o último inimigo — a morte — seja destruído, e então não restará mais nenhum.”¹

“Cristo reinará por meio da Palavra até que o mundo seja trazido ao seu domínio. Isso não é otimismo — é Escritura.”²

“A consumacão do Reino não se dá num período posterior à ressurreição, mas com ela. A Igreja não espera um milênio: ela aguarda a glorificação.”³

“A vitória do Reino ocorrerá na história, antes da vinda de Cristo. O crescimento do Evangelho entre as nações é garantido.”⁴

“O Reino que Cristo estabeleceu crescerá como o grão de mostarda até se tornar uma grande árvore, na qual as nações acharão abrigo.”⁵

> “A história redentiva aponta não para um colapso apocalíptico, mas para uma culminação gloriosa da Igreja sobre a terra.”⁶

"O futuro pertence ao Senhor, não ao caos milenar dispensacionalista.”⁷

“Cristo é Rei agora. E a Igreja deve proclamar essa soberania com plena esperança de vitória.”⁸



Notas de rodapé:

1. John Owen, The Death of Death in the Death of Christ.

2. Vincent Cheung, Systematic Theology.

3. Charles Hodge, Systematic Theology.

4. Jonathan Edwards, A History of the Work of Redemption.

5. João Calvino, Comentário sobre Mateus 13.

6. B. B. Warfield, The Millennium and the Apocalypse.

7. R. C. Sproul, The Last Days According to Jesus.

8. Kenneth Gentry, He Shall Have Dominion.