A escatologia bíblica é clara ao afirmar que a vitória de Cristo sobre todos os seus inimigos ocorre antes da ressurreição dos mortos. Qualquer tentativa de posicionar um "Reino milenar terreno" após a vinda de Cristo e a ressurreição dos crentes é uma distorção grotesca do ensino paulino. O pré-milenismo, com sua insistência em um reinado futuro após a derrota do último inimigo (a morte), é lógica e exegeticamente insustentável.
1. A Ordem Escatológica de Paulo
O apóstolo Paulo declara:
“Cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império, e toda potestade e força.” (1Co 15.23–24)
A sequência revelada pelo Espírito Santo é simples:
1. Cristo ressuscita.
2. Os crentes ressuscitam na sua vinda.
3. “Depois virá o fim”, quando todo poder rival é destruído e o Reino é entregue ao Pai.
Não existe uma era futura entre a ressurreição e o fim. A própria estrutura do texto elimina qualquer intervalo para um reino terreno milenar.
2. O Último Inimigo e a Trombeta Final
Paulo prossegue:
“Porque convém que [Cristo] reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.” (1Co 15.25–26)
Se a morte é destruída na ressurreição (v. 52), e é o último inimigo, então não há mais batalhas escatológicas após isso. Logo, o pré-milenismo, que postula uma era de governo terreno com ainda mais rebeliões, é falsificado pela própria lógica do texto.
"Todos seremos transformados... ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis...” (1Co 15.51–52)
Apocalipse 11 nos mostra o significado dessa última trombeta:
“O sétimo anjo tocou a trombeta... os reinos do mundo vieram a ser do nosso Senhor e do seu Cristo... chegou o tempo dos mortos serem julgados... e de destruíres os que destroem a terra.” (Ap 11.15–18)
Essa é claramente a última cena da história. Nenhum novo período ou milênio é possível após essa trombeta.
3. Silogismos Contra o Pré-Milenismo
Silogismo 1:
Premissa maior: O Reino é entregue ao Pai depois que todos os inimigos são vencidos (1Co 15.24).
Premissa menor: A ressurreição ocorre quando o último inimigo (a morte) é vencido (1Co 15.26).
Conclusão: Logo, não pode haver ressurreição no início do Reino de Jesus, pois ocorre após o Reino dele.
Silogismo 2:
Premissa maior: A última trombeta marca a ressurreição e o juízo final (1Co 15.52; Ap 11.15).
Premissa menor: O pré-milenismo exige eventos após a última trombeta.
Conclusão: Logo, o pré-milenismo contradiz a Escritura e é falso.
4. Testemunho de autores Calvinistas
> “O Reino de Cristo não será suprimido por um novo caos apocalíptico. Ele dominará até que o último inimigo — a morte — seja destruído, e então não restará mais nenhum.”¹
“Cristo reinará por meio da Palavra até que o mundo seja trazido ao seu domínio. Isso não é otimismo — é Escritura.”²
“A consumacão do Reino não se dá num período posterior à ressurreição, mas com ela. A Igreja não espera um milênio: ela aguarda a glorificação.”³
“A vitória do Reino ocorrerá na história, antes da vinda de Cristo. O crescimento do Evangelho entre as nações é garantido.”⁴
“O Reino que Cristo estabeleceu crescerá como o grão de mostarda até se tornar uma grande árvore, na qual as nações acharão abrigo.”⁵
> “A história redentiva aponta não para um colapso apocalíptico, mas para uma culminação gloriosa da Igreja sobre a terra.”⁶
"O futuro pertence ao Senhor, não ao caos milenar dispensacionalista.”⁷
“Cristo é Rei agora. E a Igreja deve proclamar essa soberania com plena esperança de vitória.”⁸
Notas de rodapé:
1. John Owen, The Death of Death in the Death of Christ.
2. Vincent Cheung, Systematic Theology.
3. Charles Hodge, Systematic Theology.
4. Jonathan Edwards, A History of the Work of Redemption.
5. João Calvino, Comentário sobre Mateus 13.
6. B. B. Warfield, The Millennium and the Apocalypse.
7. R. C. Sproul, The Last Days According to Jesus.
8. Kenneth Gentry, He Shall Have Dominion.
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