por Yuri Schein
A complacência é o sedativo da alma morna. Ela sussurra: “Está tudo bem”, quando o Espírito grita: “Desperta, tu que dormes!” (Efésios 5:14). O complacente não nega a verdade, ele apenas a coloca em modo soneca.
Lutero dizia que “onde não há combate, não há fé verdadeira”¹. Já Calvino, com sua precisão cirúrgica, afirmou que “a carne sempre busca um evangelho sem cruz”². A complacência é justamente isso: um cristianismo domesticado, confortável, que aplaude o pecado desde que venha em embalagem emocionalmente agradável.
O homem complacente é teólogo do meio-termo: não nega a santidade, mas também não a pratica. Ele prefere a paz da covardia à guerra da fidelidade. É aquele que, como Laodiceia, se gaba de ser “rico e de nada ter falta”, sem perceber que é “miserável, pobre, cego e nu” (Apocalipse 3:17).
O calvinista sabe que a complacência é inimiga da soberania divina, porque o Deus que decreta todas as coisas também decreta zelo, fervor e arrependimento. O ocasionalismo ensina que até o impulso de reagir espiritualmente vem de Deus; logo, se você é complacente, não é neutro, está sendo movido por uma providência judicial.
Complacência não é calma espiritual é anestesia moral.
É o ateísmo prático que ora antes das refeições.
É a fé que não morre, mas também nunca vive.
🔥 “O Espírito Santo não sopra sobre zonas de conforto.”
Notas:
¹ Martinho Lutero, Carta a Erasmo sobre o Livre-Arbítrio, WA 18, p. 635.
² João Calvino, Institutas da Religiã
o Cristã, III.3.8.

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