terça-feira, 16 de setembro de 2025

Legolas: Nome, Significado e a Banalização de um Símbolo Élfico

 


por Yuri Schein 

O Nome Legolas e sua Etimologia

Legolas não é um nome inventado ao acaso, nem mero “som bonito”. Tolkien, como filólogo, construiu-o a partir do sindarin, unindo laeg (“verde”) e golas (“folhagem”). Assim, “Legolas” significa literalmente “Folha Verde”. Esse significado evoca:

Natureza viva: conexão imediata com a floresta de seu povo.

Renovação: folhas caem e brotam, simbolizando resiliência e continuidade.

Contraste: enquanto Gimli é pedra, Legolas é folhagem – ambos complementares.

Arquétipos Literários e Míticos

Legolas representa mais do que um arqueiro ágil:

Elfo da transição: não é isolado como os da Floresta, nem elevado como os de Valfenda; ele transita entre mundos.

O olhar que enxerga longe: tanto no sentido literal (seus olhos aguçados), quanto no figurado – ele percebe aquilo que os outros ignoram.

O símbolo da leveza: sua capacidade de caminhar na neve sem afundar representa a transcendência sobre o peso do mundo.

A Rasura Moderna: Quando Legolas é Rebaixado

Algumas interpretações rasas reduzem Legolas a um mero “elfo bonitinho com arco”. Isso é uma caricatura que trai o peso simbólico de seu nome e função. Ele não é um figurante adolescente para fanservice, mas um elo entre a eternidade élfica e o drama humano. Descartar seu significado é como traduzir “Legolas” por “Greenleaf” e achar que está tudo resolvido.

O Significado Literário e Cultural

Linguístico: Tolkien escolheu cuidadosamente os radicais élficos para criar identidade.

Narrativo: Legolas é mediador entre raças (amizade improvável com Gimli).

Cultural: ele encarna o anseio humano pela harmonia com a natureza.

Crítico: tratá-lo como acessório é ignorar que Tolkien usa nomes como mapa simbólico da narrativa.

Legolas não é só arqueiro, nem apenas um nome exótico: ele é a Folha Verde, ponte entre o efêmero e o eterno, entre o peso da terra e a leveza da floresta. Sua simbologia se perde quando a cultura pop o transforma em estampa de camiseta. É a diferença entre entender o texto como mito vivo o reduzi-lo a entretenimento descartável.


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