Por Yuri Schein
O mito do Anel de Giges, relatado por Platão, narra um anel que tornava invisível seu portador, dando-lhe poder absoluto para agir sem ser visto ou punido. Giges, ao descobrir tal poder, entrega-se ao adultério, assassinato e usurpação do trono. O conto expõe a ideia de que, sem consequências visíveis, o homem naturalmente seguiria seus desejos mais corruptos.
Este mito, porém, não é apenas uma reflexão moral grega, mas um retrato da condição decaída do coração humano: “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas” (Jr 17:9). Platão intuía algo verdadeiro, que o homem, abandonado a si, não busca a justiça, mas o egoísmo. Entretanto, a filosofia grega, sem a revelação divina, não possui solução. O máximo que oferece é o apelo à virtude abstrata, incapaz de transformar a corrupção interior.
A Escritura, ao contrário, mostra que mesmo sem “anel” algum, o homem já peca em secreto, diante de um Deus que tudo vê (Sl 139). O verdadeiro problema não é a oportunidade de pecar sem testemunhas, mas a natureza pecaminosa que deseja pecar. O anel apenas revela o que já está no coração. Assim, o mito de Giges desmonta a ilusão da autonomia moral humana e mostra que só pela graça de Deus, que vê todas as coisas, o homem pode ser liberto da tirania de si mesmo.
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