“A graça preveniente funciona em combinação com a pregação da Palavra.”
— Arminiano sem vergonha na cara, capítulo 3, versículo da auto-refutação
A frase acima parece até uma confissão honesta, não fosse pelo fato de ser usada para sustentar o exato oposto do que o texto bíblico demonstra.
O arminiano, nesse caso, é como um homem que aponta para um canhão de guerra em operação e diz: “Viu? Isso prova que o inimigo tem chance se correr rápido o suficiente.”
Pois bem, vamos analisar os textos propostos:
Atos 2:37 – “Compungiram-se em seu coração”
“E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?” (Atos 2:37)
Esse é o famoso versículo que os arminianos usam como um "momento mágico" em que os ouvintes do sermão de Pedro ficam emocionalmente abalados e decidem, livremente, tomar uma atitude em direção à salvação. A leitura deles é mais ou menos assim:
“Viu? A graça preveniente cooperou com a pregação e agora os homens, em liberdade espiritual, podem responder!”
Só que há um pequeno problema com isso: tudo.
O erro fatal: confundir como o homem deve reagir com o que ele pode fazer
O que os arminianos sistematicamente ignoram — e aqui a ignorância já roça a desonestidade — é que a comoção provocada pela pregação apostólica é obra da graça regeneradora, não de uma graça nebulosa e ineficaz que “torce para que o homem coopere.”
Pedro prega.
O Espírito age.
Os ouvintes são feridos no coração.
Eles reagem.
Fim da linha.
Mas a reação deles já é evidência de que o Espírito está operando com poder, não apenas com sugestão. A pergunta “que faremos?” não nasce do livre-arbítrio intacto, mas de um coração já quebrado.
A promessa é para quem mesmo?
Dois versículos depois, Pedro diz:
“Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.” (Atos 2:39)
Aqui está a dinamite teológica que explode a doutrina arminiana: a promessa é dirigida apenas aos que Deus chama.
O que o arminiano lê como um "convite universal com RSVP opcional", o apóstolo Pedro declara ser uma promessa eficaz, limitada àqueles que Deus efetivamente chama.
Mas não é qualquer chamado — é o chamado eficaz, aquele que, segundo Romanos 8:30, vem após a predestinação e conduz inevitavelmente à justificação e glorificação.
Ou seja: ninguém está perguntando “que faremos?” a não ser que Deus já esteja os atraindo.
Chamado universal ou chamado eficaz?
Lembre-se:
“Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” (Mateus 22:14)
E:
“Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus.” (1 Coríntios 1:24)
Há dois tipos de chamado. Um externo, universal, ineficaz em si mesmo.
Outro interno, particular, eficaz e transformador.
A graça arminiana só consegue conceber o primeiro tipo, pois eles vivem na ilusão de que Deus é um coach espiritual que respeita as escolhas do cliente. Já os apóstolos e os reformadores pregavam um Deus que age soberanamente e com poder criador na alma dos eleitos.
Romanos 10:17 – “A fé vem pelo ouvir…”
“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” (Romanos 10:17)
Mais uma vez, o texto que deveria ser uma evidência do instrumento da graça, é usado para defender um suposto poder autônomo da vontade humana.
Paulo está explicando que a fé nasce através da pregação da Palavra — algo que o calvinismo nunca negou.
Mas os arminianos leem como se dissesse:
“A fé vem pelo ouvir… e o resto depende de você, boa sorte.
A lógica reformada do meio e do fim
Sim, a fé vem pelo ouvir. Mas isso não significa que todos os que ouvem vão crer.
Não significa que a fé está latente na alma esperando a fagulha do sermão para explodir.
Significa que Deus usa o meio da Palavra para realizar o Seu fim eterno: gerar fé onde Ele quiser, quando quiser, e em quem quiser.
“Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.”
Porque só os escolhidos ouvem com fé.
Lutero destrói os arminianos com gramática e teologia
Os arminianos adoram confundir imperativos com capacidade.
Se Deus ordena, é porque o homem pode — dizem eles.
Mas Lutero já havia triturado essa lógica em 1525, em De Servo Arbitrio:
"Estende a mão”, dizem. Logo, és capaz de estender a mão.
“Fazei um coração novo”, dizem. Logo, és capaz de fazer um coração novo.
“Crê”, dizem. Logo, és capaz de crer.
Lutero chama isso de abuso linguístico, teologia rasa, e ignorância grosseira da função dos verbos imperativos.
Deus ordena coisas que o homem natural não pode fazer — justamente para revelar a sua incapacidade e sua necessidade de regeneração.
Ou seja: a ordem para crer não pressupõe capacidade — pressupõe o milagre da nova criação.
Quem está realmente mais perto de Roma?
No fundo, a “graça preveniente” é um cavalo de Troia católico dentro da teologia evangélica.
É o velho veneno do semi-pelagianismo disfarçado de “amor de Deus”.
Não é à toa que a mesma definição de graça preveniente se encontra no Concílio de Trento, onde Roma decreta:
“...que eles, que por pecados foram alienados de Deus, podem ser dispostos através de seu despertamento e graça de assistência, converter-se a si mesmos a sua própria justificação, por livremente assentir e cooperar com esta dita graça.”
(Concílio de Trento, Sessão VI, Capítulo V)
Ou seja: é a versão católica da mesma mentira arminiana.
É curioso — e patético — ver arminianos dizendo que são "herdeiros da Reforma" enquanto abraçam, beijam e defendem a doutrina de justificação cooperativa do papismo romano.
Eles estão mais perto de Erasmo e do Papa do que de Lutero, Calvino ou da Bíblia.
A Palavra de Deus como martelo da eleição, não brinquedo do livre-arbítrio
Sim, a graça atua pela Palavra.
Sim, a fé vem pelo ouvir.
Mas só crê quem foi chamado eficazmente.
Só pergunta “o que faremos?” quem já foi compungido pelo Espírito.
E só persevera quem foi predestinado, chamado, justificado e glorificado.
A pregação do Evangelho é o meio ordenado por Deus para salvar os Seus eleitos.
Não é uma oferta universal pendurada no cabide do livre-arbítrio, esperando que o pecador venha provar.
É um martelo que quebra o coração de pedra, um milagre criador, um chamado que vivifica mortos.
A doutrina da graça preveniente, por sua vez, é um insulto ao Deus vivo — reduzindo-O a um candidato político que suplica votos espirituais de pecadores mortos.
Mas o Deus das Escrituras não faz campanha.
Ele reina.
E salva.
Sem pedir permissão.
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