Por Yuri Schein
Gênesis 1.28 registra: “Frutificai, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai...” Esse é o chamado mandato cultural, dado antes da queda, mas reafirmado após o dilúvio (Gn 9.1) e ampliado em Cristo, o segundo Adão. A ordem não foi revogada. A humanidade deveria encher, cultivar e governar a terra sob a lei de Deus.
O pós-milenismo lê esse texto de forma consequente: o propósito divino não é abandonar o mundo a Satanás até uma catástrofe escatológica, mas restaurar o domínio humano por meio da vitória de Cristo. A cruz não foi uma manobra de contenção, mas o ato que garantiu a expansão do Reino: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28.18). O mandato cultural se converte na Grande Comissão, que não é diferente em essência: multiplicar a descendência, encher a terra, sujeitar povos, mas agora pelo evangelho.
O pessimismo pré-milenista e o ceticismo amilenista fazem parecer que Deus desistiu do seu projeto original, como se a criação fosse um fracasso provisório a ser substituído por um “plano B” futurista. Só que não. Paulo declara em Romanos 4.13 que a promessa a Abraão é de ser “herdeiro do mundo”, eco direto do mandato do Éden. Apocalipse 11.15 sela a questão: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo.”
Em outras palavras, Gênesis 1.28 não é uma nota de rodapé utópica, mas a tese que percorre toda a Escritura: o povo de Deus, em Cristo, cumpre o mandato cultural e histórico, até que a terra seja cheia do conhecimento da glória do Senhor (Hc 2.14).
Se o pós-milenismo é apenas “otimismo ingênuo”, então a alternativa é imaginar que Deus ordenou algo impossível, desistiu no caminho e, no fim, quem realmente conseguiu governar foi a serpente. Mas a Escritura não é um roteiro de “derrota gospel”, é o decreto inviolável de que a criação será conquistada pela Semente prometida.

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