quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Pós-milenismo: Montanha da Herança: Quando Deus joga xadrez com a História



 Por Yuri Schein 

Êxodo 15.17 diz:

"Levarás-os e os plantarás na montanha da tua herança, no lugar que preparaste, Senhor, morada do teu poder."

À primeira vista, o versículo parece apenas poesia épica de Moisés e Miriam após o Mar Vermelho. Mas, analisado com atenção técnica, ele revela uma dinâmica histórica e progressiva que sustenta o pós-milenismo: Deus não apenas libera, Ele guia, estabelece e prepara o terreno para que Sua vontade seja cumprida de forma contínua. Toda promessa, como afirma Paulo, se cumpre em Cristo (2 Co 1.20), e a Igreja é a consumação histórica dessas promessas.

O contexto é fundamental. Israel acabara de atravessar o Mar Vermelho, testemunhando o juízo divino sobre o Egito e a preservação do povo escolhido. A travessia não é só um ato de libertação momentânea, mas um sinal de um progresso maior, de um plano que se estende até a plena consumação do Reino. O versículo aponta para a “montanha da herança”, um lugar preparado por Deus, simbolizando posse, fixação e expansão do povo sob a sua autoridade.

O termo plantarás-os é particularmente significativo: indica estabilidade, crescimento e influência. Não é um simples ato de transporte; é a instalação de um povo chamado a exercer domínio, cumprir o mandato cultural e refletir a presença de Deus no mundo. A “morada do teu poder” enfatiza que essa autoridade não é humana, mas fundamentada na presença ativa e contínua de Deus.

Do ponto de vista pós-milenista, o versículo é paradigmático: Deus atua historicamente, conduz o seu povo através de juízo e bênção, e garante progresso real e mensurável do Reino. A Igreja é a extensão tipológica dessa promessa: os mesmos princípios de libertação, condução e estabelecimento aplicam-se à expansão do Reino de Cristo, transformando culturas e civilizações.

O pessimismo de pré-milenistas e amilenistas ignora essa progressão histórica. Para eles, a vitória de Deus está adiada, limitada ou meramente simbólica. A Escritura, porém, deixa claro que o Reino avança de forma concreta e contínua. Êxodo 15.17 não é apenas memória de uma vitória passada; é prova de que Deus governa a História, preserva seu povo e cumpre suas promessas progressivamente, até que a Igreja herde plenamente a montanha preparada.

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