por Yuri Schein
Os tomistas dizem que podemos conhecer Deus “analogicamente”. Que o ser de Deus e o ser da criatura estão relacionados, ainda que não sejam idênticos. Mas, se o “ser” de Deus e o “ser” da criatura não são o mesmo em conteúdo, então a palavra ser é ambígua — e o resultado é um abismo epistemológico travestido de filosofia sacra.
A chamada analogia entis não é um elo entre o Criador e a criatura, mas um muro pintado de ouro entre os dois. Pois, se o homem só pode falar de Deus “por analogia”, então toda proposição teológica se dissolve num jogo semântico, onde Deus é eternamente “como” algo, mas nunca “aquilo”. É a metafísica da distância, não da revelação.
Por isso Barth chamou a analogia do ser de “invenção do anticristo” — e, nesse ponto, ele estava estranhamente certo. Pois negar a identidade entre o conhecimento humano e o divino nas proposições é negar que a mente de Cristo possa realmente habitar em nós (1Co 2:16).
Tomás quis proteger o mistério de Deus, mas acabou encobrindo Sua voz. E o que nasceu dessa filosofia não foi a fé dos profetas, mas a razão dos pagãos com batina.
O Evangelho não precisa de analogia do ser. Precisa de revelação do Verbo. Pois não subimos até Deus pela escada de Aristóteles; é Deus quem desce até nós pela escada da Escritura.
📖 “A vida eterna é esta: que Te conheçam...” (Jo 17:3) — não “que suponham algo semelhante a Ti por analogia”.

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