por Yuri Schein
O grupo avançava cautelosamente pela caverna, o eco dos passos misturando-se ao gotejar constante da água que escorria pelas paredes úmidas. Entre corredores tortuosos, Derek tropeçou em algo metálico, chamando a atenção dos demais.
— Olhem isso — disse Rickson, iluminando o chão com sua tocha. — Moedas de ouro… e poções! Parece que alguém deixou provisões aqui, talvez para quem conseguisse atravessar essas armadilhas.
Thomas Walker se aproximou, os olhos amarelados refletindo a luz, analisando o pequeno tesouro com interesse.
— Não devemos desperdiçar isso — falou, guardando algumas moedas e analisando as poções. — Elas podem ser úteis mais tarde.
O grupo ainda se recuperava do susto anterior quando um som sinistro ecoou pelo corredor: ossos se arrastando e estalos secos que prenunciavam a morte. Uma horda de esqueletos surgiu das sombras, armas enferrujadas em mãos ossudas. Ao mesmo tempo, das profundezas de um poço escuro, uma aranha gigantesca, do tamanho de um cavalo, desceu rapidamente, suas patas terminando em garras afiadas que arranhavam o chão de pedra.
— Formação defensiva! — gritou Ikarus, empunhando sua espada. — Cuidado com a aranha!
Derek disparou flechas certeiras, atingindo alguns esqueletos, enquanto Rickson desferia golpes precisos com sua espada de escamas de dragão. Jetto saltava, usando suas garras de lobisomem para rasgar os ossos dos inimigos. Gillian conjurava feitiços defensivos e curativos, protegendo os companheiros de ferimentos graves.
A aranha gigante avançava com incrível velocidade, desviando de ataques e atacando com suas presas envenenadas. Thomas Walker respirou fundo, batendo seus montantes nas mãos e girando-os com destreza. Suas asas se abriram, aumentando seu alcance, e ele saltou no ar, girando violentamente.
— Eu cuido disso! — gritou Thomas, a voz firme, enquanto ambos os montantes cortavam o ar com precisão mortal.
Em um movimento rápido e sincronizado, ele atacou o corpo da aranha, perfurando seu exoesqueleto com golpes estratégicos. Com um último giro, Thomas cravou os montantes no tórax da criatura, que estremeceu violentamente antes de desmoronar no chão, transformando-se numa fumaça brilhante que se condensou em forma humana: uma sedutora elfa negra, de longos cabelos negros e olhos verdes hipnotizantes.
— Não… — sussurrou Derek, os olhos fixos nela. — Ela… ela é…
Um feitiço mágico havia sido liberado da transformação da aranha: um encanto poderoso que começou a afetar os homens do grupo, tornando-os momentaneamente incapazes de resistir à sedução da elfa. Ikarus e Derek sentiram uma estranha atração, quase paralisante, enquanto Rickson hesitava em se aproximar.
— Cuidado! — gritou Gillian, reconhecendo o perigo. — É um feitiço de sedução!
Ela ergueu as mãos e lançou um feitiço de dissipação, quebrando o encantamento sobre os companheiros. A elfa negra caiu inconsciente no chão da caverna, respirando pesadamente. Thomas Walker observou com os punhos cerrados, ainda alerta, enquanto a luz das tochas refletia em suas asas abertas.
— É… melhor assim — disse Thomas, guardando os montantes. — Não podemos subestimar nada aqui.
Rickson abaixou a espada, suspirando aliviado.
— Essa caverna… não é apenas cheia de mortos-vivos. É viva, cheia de magia antiga e armadilhas que testam não só nossas habilidades, mas também nossas mentes.
Ikarus assentiu, olhando para o grupo.
— Precisamos seguir adiante, mas fiquem atentos. Se encontrarmos mais dessas armadilhas ou criaturas… Thomas, Gillian, mantenham-se na frente. O restante de nós cobre a retaguarda.
Jetto, com as orelhas levemente eriçadas e a cauda roçando o chão, murmurou:
— Esta maldição de lobisomem ainda me dá vantagem em combate, mas não posso subestimar a magia negra que encontrei aqui.
Raella, ainda segurando seu cajado, aproximou-se. A elfa negra inconsciente no chão era prova viva de que a magia do mal e do feitiço podia vir de formas inesperadas.
— Se a Dríade não entra, estas criaturas e feitiços podem ser os remanescentes de antigos habitantes da caverna — disse Raella. — E se estão aqui, é por algum motivo. Talvez estejam protegendo algo maior.
Com cuidado renovado, o grupo avançou mais profundamente na caverna, iluminando o caminho com tochas e mantendo os sentidos alerta para armadilhas, feitiços e criaturas que ainda aguardavam no escuro. Thomas Walker, com suas asas recolhidas e montantes em mãos, agora brilhava não apenas pela força, mas pelo equilíbrio entre coragem e estratégia, mostrando ao grupo que, apesar do estigma, seu valor era inquestionável.

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