quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Ad'Heim: A Sombra na Floresta


por Yuri Schein 

O grupo avançava cauteloso pela Floresta Encantada. A luz filtrada pelas copas altas das árvores criava padrões quase mágicos no chão, enquanto o vento carregava um cheiro úmido e antigo, misturado a aromas estranhos de flores que pareciam pulsar com própria vida. Cada passo exigia atenção; a floresta não era apenas lar de animais comuns, mas de entidades antigas e mágicas, algumas hostis, outras apenas observadoras silenciosas.

Thomas Walker voava logo acima da copa das árvores, suas asas abertas em alerta. Os montantes nas mãos brilhavam levemente à luz filtrada, prontas para qualquer ataque inesperado. Derek caminhava ligeiramente atrás, atento a sons sutis, arqueado com seu arco pronto, observando qualquer movimento que pudesse indicar perigo. Ikarus, Gillian e Rickson completavam o grupo, cada um com sua experiência de batalha e intuição aguçada.

Não demorou para que a floresta começasse a mostrar seu lado mais selvagem. Um grupo de centauros emergiu das sombras, arqueiros e guerreiros com expressões ferozes, olhos como brasas no escuro. Ao mesmo tempo, faunos ágeis e sorrateiros cercavam o grupo por todos os lados, brandindo lanças curtas e saltando de árvore em árvore. O ataque era simultâneo e brutal, pegando o grupo de surpresa.

— Formação defensiva! — gritou Ikarus, empunhando a espada com firmeza. Gillian avançou com movimentos precisos, derrubando um centauro com um golpe ágil, enquanto Rickson ajudava a proteger Derek, cobrindo o arqueiro para que ele pudesse disparar suas flechas com precisão mortal.


Thomas se lançou ao ar, os montantes girando em suas mãos, cada golpe atingindo dois ou três inimigos ao mesmo tempo. Suas asas davam a ele velocidade e alcance, enquanto desviava de lanças e golpes de cascos, sempre contra-atacando com força devastadora. Derek, por sua vez, encontrou uma posição elevada sobre uma raiz gigante, de onde podia mirar com precisão os centauros e faunos que se aproximavam. Cada flecha traçava um arco perfeito, atingindo pontos vitais dos inimigos, mas eram muitos, e o grupo percebeu que precisariam de mais tempo e coordenação para sobreviver.

Foi nesse momento que uma figura inesperada surgiu entre as árvores: uma jovem mulher de cabelos castanhos soltos, olhos castanhos profundos, pele clara e roupas brancas simples mas elegantes, em forma de robe de maga. Ela empunhava um cajado de madeira com uma pedra preciosa na ponta, que emanava um brilho suave, quase reconfortante em meio ao caos da batalha.

— Parem! — ela gritou, correndo em direção ao grupo sem hesitar. Um centauro lançou uma flecha em sua direção, mas Derek a interceptou com uma flecha certeira, desviando o ataque. — Eu posso ajudar! — continuou, antes que alguém pudesse interrompê-la.

As criaturas da floresta não hesitaram e atacaram a nova intrusa, mas antes que pudesse reagir, ela levantou o cajado e um brilho azul suave envolveu o corpo ferido de um dos guerreiros. O efeito foi imediato: o ferimento fechou, a dor diminuiu, e ela deu um passo à frente, curando rapidamente os companheiros que caíam sob ataques.

Thomas desviou de uma lança e olhou para a jovem, surpresa e preocupação ao mesmo tempo:

— Quem é você? Como entrou aqui sozinha? — ele gritou sobre o rugido da batalha.

— Meu nome é Raella! — respondeu ela, firme, apesar da adrenalina e do medo. — Sou maga de cura. Eu soube da missão de vocês e decidi ajudar. Não podia ficar parada!

Gillian franziu a testa, claramente irritada.

— Você é imprudente! Andar sozinha na Floresta Encantada é suicídio. Qualquer distração poderia custar a vida de todos!

— Exatamente — acrescentou Rickson, limpando o suor da testa. — Se você tivesse se perdido ou sido capturada, teríamos que escolher entre salvá-la ou completar a missão. Não podemos arriscar.

Raella respirou fundo, percebendo que estava sendo avaliada.

— Eu posso me defender. Sei me proteger e usar minha magia de cura. Não quero ser um peso.

Derek olhou para o grupo e depois para Raella, vendo a sinceridade e a determinação nos olhos dela.

— Não podemos deixar alguém assim ir sozinha — disse ele calmamente. — Se ela quer ajudar, então vamos levá-la. Mas todos precisam estar cientes de que sua presença muda a dinâmica do grupo.

Ikarus assentiu, concordando silenciosamente, e Thomas baixou os montantes.

— Muito bem, Raella. Você vem conosco. Mas siga nossas instruções e não faça nada de imprudente. Estamos lidando com inimigos poderosos.

Raella sorriu levemente, aliviada.

— Entendido. Eu prometo que não vou atrapalhar.

A batalha prosseguiu, mas com Raella agora entre eles, o grupo conseguiu coordenar melhor os ataques e as defesas. Thomas se lançou no ar, os montantes girando com precisão letal; Derek disparava flechas em pontos estratégicos; Ikarus, Gillian e Rickson protegiam a linha de frente enquanto Raella curava e fortalecia os guerreiros com magias de vitalidade.

Quando o último centauro e fauno caíram, o grupo respirou pesado, observando o silêncio que caiu sobre a floresta. Raella, exausta, mas determinada, manteve a mão no cajado, pronta para qualquer novo ataque.

— Obrigada por me deixarem ficar com vocês — disse ela, com um leve sorriso tímido. — Prometo que farei o possível para que todos saiam vivos desta floresta.

Rickson deu um passo à frente, conferindo o mapa da floresta e as marcações da caverna.

— A Floresta Encantada ainda guarda muitos perigos. Nossa próxima parada é a entrada da caverna. Precisamos permanecer juntos e atentos.

Thomas ergueu os montantes novamente, suas asas tremendo, pronto para qualquer novo ataque.

— Cinco guerreiros agora, e um coração de maga para nos manter vivos. Vamos seguir.

E assim, com a adição de Raella, o grupo formado por Ikarus, Gillian, Rickson, Thomas, Derek e a maga de cura adentrou ainda mais profundamente na Floresta Encantada, cientes de que cada passo os aproximava de mistérios antigos e perigos que poderiam mudar o destino de todo Ad’Heim.

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