Empédocles de Agrigento: O Mago das Quatro Ilusões
“A verdade é como um leão. Não precisa ser defendida. Deixe-a solta. Ela se defenderá sozinha.” – Agostinho de Hipona
Empédocles de Agrigento foi filósofo, poeta, médico, taumaturgo e, segundo alguns dos seus contemporâneos crédulos, algo próximo de um semideus. Talvez o primeiro caso de megalomania registrada com versos épicos. Se tivesse nascido na atualidade, teria um canal no YouTube, uma conta no TikTok com vídeos curando a alma com fogo e água, e provavelmente um documentário na Netflix sobre suas “energias elementais”. Sua tese? Tudo é composto por quatro elementos eternos e indestrutíveis: terra, água, ar e fogo. E mais: o universo é movido por duas forças cósmicas e metafísicas chamadas Amor e Ódio.
Sim, leitor cristão, você ouviu direito. Amor e Ódio. Não como categorias morais ou atitudes humanas, mas como entidades metafísicas que dançam no palco da existência como atores gregos trágicos. É surpreendente que ninguém tenha pensado em fazer um horóscopo baseado nisso.
As bases? Nada além de pó
A metafísica de Empédocles era baseada na suposição absurda de que os “elementos” físicos constituíam a verdadeira substância da realidade. Como um alquimista avant la lettre, ele propôs que tudo no cosmos é resultado de misturas e separações dessas quatro raízes elementares – todas eternas, todas imutáveis, todas independentes. Uma ontologia materialista decorada com misticismo.
Mas como bem disse Anselmo de Cantuária:
“Não busco entender para crer, mas creio para entender.”
Empédocles, ao contrário, tentou entender sem jamais crer. E o resultado foi previsível: entendeu muito pouco e ainda levou consigo os seus discípulos ao abismo da especulação pagã.
Ele afirmava, com ar de oráculo e presunção de profeta, que “os elementos nunca se tornam, mas apenas se misturam e se separam”. O problema é que, por mais que ele misturasse água com terra, fogo com ar, e tudo isso com alguma dose de superstição, ele jamais chegaria ao ser humano, à moral, à lógica ou ao espírito. Como já disse Agostinho:
“Eles amam a verdade quando ela brilha, mas odeiam-na quando os acusa.”
Empédocles era exatamente esse tipo de homem – apaixonado por um fragmento da realidade, mas alérgico à Verdade que transcende os sentidos.
Ocasionalismo ignorado, idolatria celebrada
Como todo pagão que se preze, Empédocles fugiu do único fundamento epistemológico válido: a revelação de Deus. Sua tentativa de explicar a realidade sem Deus não passa de idolatria refinada. Ele não adora estátuas, mas elementos. Sua metafísica não repousa na mente de um Criador soberano, mas nas reações de quatro pedaços do cosmos.
A Bíblia, no entanto, nos diz que “nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 17:28). E como explica o ocasionalismo cristão, o verdadeiro poder causal está em Deus, e não em elementos ou forças impessoais. A terra não alimenta ninguém por si mesma. A água não sacia. O fogo não aquece. Tudo isso são meros instrumentos do poder divino – ocasiões, não causas. O Amor e o Ódio, como forças motrizes do mundo? Apenas mais uma troca do Criador pelas criaturas (Rm 1:25).
Podemos afirmar que: "A filosofia que começa sem Deus termina contra Deus, mesmo quando parece poética.”
E Empédocles compôs mais versos do que argumentos. Mas todo seu lirismo não serviu para esconder sua cegueira espiritual. Amor e Ódio podem servir de matéria-prima para tragédias gregas, mas não para uma cosmologia racional.
O místico do abismo
Talvez a parte mais risível da vida de Empédocles – se não fosse tão trágica – seja sua suposta morte. Dizem que ele saltou no vulcão Etna, acreditando que seria divinizado. O plano falhou. O Etna cuspiu de volta sua sandália. A natureza, que ele tanto adorava, recusou sua canonização.
“Conhece-te a ti mesmo”, dizia o oráculo de Delfos. Mas quem tenta se conhecer sem conhecer seu Criador só encontra um abismo.
Bernardo de Claraval escreveu:
“O conhecimento de si sem o conhecimento de Deus é orgulho. O conhecimento de Deus sem o de si mesmo é presunção. Mas o verdadeiro conhecimento é conhecer a Deus e a si mesmo em humildade.”
Empédocles não conheceu nem a Deus, nem a si mesmo. Imaginou-se um deus, saltou para a eternidade, e encontrou o fogo que não queria encontrar.
Conclusão: o pó que se achava eterno
Empédocles é um exemplo clássico da razão rebelde: inventou princípios imanentes para substituir o Deus transcendente, transformou o universo num laboratório de emoções cósmicas, e confundiu matéria com espírito. Não é de admirar que sua filosofia tenha terminado num buraco flamejante.
A crítica pressuposicional nos ensina que toda filosofia que não começa com Deus é autodestrutiva. E no caso de Empédocles, isso não é apenas uma crítica teórica. É também um epitáfio.
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