Jâmblico – O Feiticeiro de Alexandria e a Teurgia da Ignorância
“Se não entende, invoque demônios.” Parece piada, mas esse era o método filosófico de Jâmblico. O místico sírio do século IV decidiu que Plotino era intelectual demais e que Porfírio era um racionalista frustrado. Assim, lançou sua bomba teosófica: misturar neoplatonismo, aritmologia pitagórica, astrologia caldeia e práticas mágicas numa salada gnóstica batizada de teurgia. Afinal, se a razão falha, o que custa tentar um ritual?
I. Jâmblico: O mago de toga
Jâmblico de Calcis (c. 245 – 325 d.C.) foi discípulo de Porfírio, mas logo se rebelou. Achava que o Uno era inacessível demais e que a simples contemplação era insuficiente para alcançar o divino. A solução? Rituais, encantamentos e práticas ocultas. Porque, claro, nada como sacudir sinos metafísicos para chamar o Absoluto.
Ele escreveu Os Mistérios do Egito, em que tenta demonstrar que a alma humana pode ascender ao divino por meio de atos simbólicos que rompem os limites da razão. Isso, é claro, quando os deuses estão de bom humor.
II. A Epistemologia do Desespero: Quando a razão falha, conjure espíritos
O sistema de Jâmblico é um elogio à irracionalidade espiritualizada. Ele rejeita a razão como meio último de alcançar o Uno e aposta na “experiência mística operativa” — um nome elegante para paganismo ritualista.
Mas aqui está o problema: se o Uno é inefável e transcende a mente, como saber se os rituais funcionam? Quem garante que a entidade que apareceu na fumaça do incenso é o Uno e não um demônio disfarçado de nuvem? A resposta de Jâmblico? “Confie no processo.” Um salto de fé, só que sem Deus.
Como diria John Frame:
“Ao rejeitar a revelação divina, o homem fabrica sua própria revelação — sempre instável, frequentemente demoníaca.” (The Doctrine of the Knowledge of God, p. 120)
III. A resposta cristã: Quando os profetas falam, os feiticeiros se calam
Eusébio de Cesareia, observando os neoplatônicos:
“Eles adoram sombras e imagens, mas não conhecem o Deus vivo. Preferem ritos egípcios a ouvir os profetas.” (Preparação Evangélica, II.4)
Cipriano de Cartago já havia advertido:
“Os demônios, que Jâmblico invoca com pompa, são os mesmos que os exorcistas cristãos expulsam com a palavra de Cristo.” (Ad Donatum)
Atanásio, campeão da ortodoxia:
“O mundo pagão confia em oráculos que se calam diante do nome de Jesus.” (Sobre a Encarnação, cap. 48)
Jâmblico jamais entendeu que o Uno verdadeiro não se invoca com rituais, mas se revela graciosamente por meio da Escritura. Ele se perdeu tentando subir escadas cósmicas que não existem.
IV. Contradições internas: Silogismos contra a teurgia mística
Silogismo 1: A teurgia que anula a teologia
1. Se o Uno é transcendente e inefável, nenhum rito pode forçá-lo a se manifestar.
2. Jâmblico diz que rituais teúrgicos tornam possível o contato com o Uno.
3. Logo: Jâmblico contradiz sua própria definição do Uno.
Silogismo 2: O culto sem revelação
1. Rituais só têm sentido se prescritos por uma fonte confiável.
2. Jâmblico rejeita a revelação bíblica e baseia seus rituais em tradições ocultas não verificáveis.
3. Logo: Os rituais de Jâmblico não têm autoridade ou garantia de eficácia.
Silogismo 3: O irracional como norma epistemológica
1. A verdade exige coerência, inteligibilidade e fundamento objetivo.
2. A epistemologia de Jâmblico se baseia em experiências místicas subjetivas.
3. Logo: O sistema de Jâmblico não pode distinguir verdade de delírio.
V. O Jambliquismo Moderno: De Alexandria ao Instagram
Se Jâmblico vivesse hoje, teria um canal no YouTube ensinando “teurgia prática” e vendendo incensos esotéricos. Com certeza teria mais seguidores do que leitores. Ele é o avô espiritual de toda forma de espiritualidade gnóstica, esotérica, ocultista e sentimental que rejeita a revelação proposicional da Bíblia.
Como bem afirmou Vincent Cheung:
“Misticismo é apenas ignorância revestida de fumaça.” (Presuppositional Confrontations, p. 91)
Conclusão: Contra teurgias e truques, a Palavra basta
Jâmblico tentou subir ao céu com escadas feitas de astrologia, geometria sagrada e invocações misteriosas. Tudo em vão. O céu só se abre com a chave da revelação. Enquanto ele murmurava encantamentos, o Deus de Israel falava: “Eis o meu Filho amado, a Ele ouvi.”
Jâmblico morreu sem saber quem era o Uno. Os cristãos, por outro lado, conhecem o Pai por meio do Filho, revelado nas Escrituras, iluminado pelo Espírito — sem precisar queimar um único incenso para isso.
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