Temístio – O Panteísta da Tolerância e o Eloquente Desconhecedor do Deus Verdadeiro
Há homens que, mesmo sendo eloquentes, demonstram com cada frase que não sabem o que dizem. E há homens que conseguem transformar essa ignorância articulada em carreira política, como Temístio de Paflagônia (c. 317–388 d.C.), o filósofo imperial que, entre discursos envernizados e compromissos com o poder, dedicou-se a popularizar o neoplatonismo e defender a convivência pacífica entre religiões... exceto, claro, quando os cristãos insistiam em que só havia um Deus verdadeiro.
Temístio foi o tipo de figura que hoje seria convidado a moderar debates inter-religiosos na ONU ou redigir cartas de conciliação entre o Papa e o Dalai Lama. Sua religião? O sincretismo educado. Seu deus? O Uno sem face que aceita tudo, exceto o exclusivismo da verdade.
I. Temístio: O sofista do Império
Nascido por volta de 317 d.C., Temístio tornou-se um dos principais intelectuais do Império Romano Oriental. Foi senador em Constantinopla, professor, retórico e embaixador filosófico. Aparentemente, sabia filosofar em todas as direções — desde que fosse útil ao poder vigente.
Discípulo tardio da escola aristotélica, Temístio reescreveu e comentou obras de Aristóteles, reinterpretando o Estagirita por lentes neoplatônicas. Assim como Porfírio, via unidade entre as grandes tradições pagãs e buscava harmonizá-las sob uma filosofia superior, cosmopolita, espirituosa... e completamente vazia.
Suas ideias misturam:
Aristotelismo popularizado (mas descaracterizado)
Elementos neoplatônicos teosóficos
Uma defesa morna da religião tradicional romana
Tolerância religiosa motivada por diplomacia imperial
Como diria Rousas Rushdoony:
> “A tolerância se torna o último absoluto quando a verdade é abandonada.” (The Foundations of Social Order, p. 132)
Temístio foi o apóstolo pagão da tolerância, mas jamais toleraria a exclusividade cristã. Para ele, qualquer deus serve, desde que não seja o Deus verdadeiro, que ordena arrependimento.
II. A filosofia de Temístio: Um Uno para todos e para ninguém
A filosofia de Temístio é essencialmente um comentário benevolente sobre as ideias alheias. Ele não criou um sistema novo; reciclou com fluência os sistemas antigos. Em seus discursos e comentários, defende que todas as religiões são expressões legítimas da busca humana pelo divino. Para ele:
Há um “princípio supremo” que se manifesta sob diversos nomes.
O politeísmo, o monoteísmo judaico e o cristianismo são formas válidas de expressão espiritual.
A religião é útil ao Estado, e a filosofia serve para moderá-la, não para condená-la.
Isso soa extremamente moderno, certo? Porque é. Temístio é o precursor dos relativistas religiosos contemporâneos: intelectualmente mornos, espiritualmente ocos e diplomaticamente oportunistas.
III. O Cristianismo diante de Temístio: Quando o Deus verdadeiro fala, os pluralistas se calam
Os primeiros cristãos jamais caíram no engodo da “tolerância total” de Temístio. Eles sabiam que por trás dela havia uma negação objetiva da soberania de Deus. Eles não buscavam espaço no panteão, mas a destruição dos ídolos.
Tertuliano, muito antes de Temístio, já alertava:
> “O que há em comum entre a luz e as trevas, entre Cristo e Belial? Nós não misturamos o vinho da vida com a água estagnada dos demônios.” (De Praescriptione Haereticorum, 7)
Basílio de Cesareia, contemporâneo de Temístio, escreveu:
> “A sabedoria dos gregos é fumaça diante da luz da cruz. Preferem uma verdade sem exclusividade a se submeterem ao Deus vivo.” (Epístolas, 223)
Agostinho, pouco depois, confrontaria esse tipo de sincretismo:
> “A filosofia sem Cristo é apenas um ídolo do pensamento humano. Eles chamam de tolerância, mas é ignorância piedosa.” (A Cidade de Deus, X.32)
IV. Contradições internas: Silogismos que derrubam o templo da conciliação pagã
Silogismo 1: O Uno contraditório
1. Se todas as religiões são válidas expressões do Uno, então o Uno aprova sistemas mutuamente exclusivos.
2. O cristianismo afirma que fora de Cristo não há salvação; o paganismo afirma o contrário.
Logo: O Uno de Temístio é logicamente incoerente, pois aprova contradições fundamentais.
Silogismo 2: A tolerância intolerante
1. Temístio defende que toda religião deve ser tolerada.
2. O cristianismo afirma que todas as demais religiões são falsas e exige arrependimento.
3. Temístio rejeita essa exclusividade cristã.
Logo: Temístio é intolerante com a intolerância legítima da verdade.
Silogismo 3: O universalismo que dissolve tudo
1. Se todos os caminhos religiosos são expressões do divino, então nenhuma religião tem verdade absoluta.
2. Se nenhuma religião tem verdade absoluta, então não se pode afirmar nada com certeza sobre o divino.
Logo: O universalismo de Temístio destrói a possibilidade do conhecimento religioso.
V. Temístio hoje: O padroeiro dos relativistas
Temístio é a alma grega reencarnada no corpo dos modernistas e progressistas contemporâneos. Ele é citado com louvor por acadêmicos que defendem o “diálogo inter-religioso”, mas que jamais tolerariam um pregador em praça pública dizendo: “Arrependei-vos!”
Ele é o patrono filosófico dos que pregam a liberdade religiosa como uma forma de aprisionar o cristianismo em museus.
Como bem disse Vincent Cheung:
> “Relativismo é covardia intelectual disfarçada de humildade.” (Ultimate Questions, p. 47)
VI. Conclusão: O Uno não se relativiza
A tentativa de Temístio de agradar gregos e troianos não só falhou como deixou um legado de confusão. Seu Uno não salva, não fala, não se revela. Ele é um eco vazio da mente humana, um reflexo do desejo político de paz sem verdade.
O Deus da Escritura, porém, é pessoal, proposicional, e intolerantemente santo. Ele não negocia Sua glória com Apolo, Isis ou qualquer outro demônio do politeísmo.
Temístio falava com eloquência, mas o evangelho fala com autoridade. Ele buscava unidade nas trevas; os cristãos proclamam a luz. Ele tentou conciliar o incomunicável; Cristo dividiu o mundo entre ovelhas e bodes.
Como escreveu Gordon Clark:
> “Ou a verdade é revelada por Deus, ou não pode ser conhecida. Todas as alternativas são ruído filosófico.” (A Christian View of Men and Things, p. 15)
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