quinta-feira, 15 de maio de 2025

Simão Mago – O Primeiro Herege Corporativo

 Simão Mago – O Primeiro Herege Corporativo

Introdução: O Embrião do Gnosticismo

Se o inferno acadêmico tivesse um vestibular, Simão Mago seria o primeiro nome da lista de aprovados com louvor. Ele não só aparece nas Escrituras como vilão (Atos 8), como também é, segundo testemunhos patrísticos unânimes, o fundador do gnosticismo — esse câncer sincrético que mistura mitologia pagã, superstição oriental, linguagem cristã e egolatria filosófica. Se Plotino tentou espiritualizar Platão, Simão tentou demonizar o Evangelho.

A Aparição no Livro de Atos

 “Dava-se também outrossim o nome de ‘Grande Poder de Deus’. A ele atendiam todos, do menor ao maior.” (Atos 8:10)

O sujeito é descrito como “convertido” ao cristianismo, mas na prática queria comprar o Espírito Santo com dinheiro (daí o termo “simonia”). O apóstolo Pedro o repreende com palavras que fariam qualquer progressista chorar:

 “O teu dinheiro seja contigo para perdição...” (Atos 8:20)

Simão é o modelo de todo falso mestre carismático, ancestral dos televangelistas, dos gurus de YouTube e dos coaches esotéricos modernos.

Testemunho Patrístico: Contra o Charlatão Cósmico

Irineu de Lyon (Contra Heresias, I, 23.1):

 “Simão proclamava que ele mesmo era o Deus supremo... e que havia aparecido entre os judeus como o Filho, na Samaria como o Pai, e entre os gentios como o Espírito Santo.”

Sim, você leu certo. Simão já antecipava as heresias modalistas e ainda se colocava como a própria Trindade. Seu delírio cósmico rivaliza com qualquer narrativa de ficção científica ruim.

Hipólito (Refutação de Todas as Heresias, VI.7):

 “Ele dizia que o mundo foi criado por anjos inferiores e ignorantes... que haviam se revoltado contra o Pai verdadeiro.”

Simão já preparava o palco para a paranoia dualista do gnosticismo: o mundo é mau, o Deus criador é um demiurgo inferior, e o “conhecimento secreto” é a chave da salvação. Tudo temperado com misticismo sexual e megalomania teológica.

Epifânio de Salamina (Panarion, 21):

 “Ele viajava com uma prostituta chamada Helena, dizendo que ela era a Ennoia (mente divina), aprisionada nos corpos humanos, e que ele veio para libertá-la.”

Uma espécie de Adão que salva Eva, mas com toques de Las Vegas.

Contradições Internas: O Sistema de Simão Não Passa no Teste Lógico

Vamos aos silogismos pressuposicionalistas que derrubam o castelo de areia gnóstico-simoniano:

Silogismo 1 – O Delírio Ontológico

1. Simão se proclamava Deus supremo.

2. O Deus supremo é por definição imutável, santo, e não mente.

3. Simão enganava pessoas, tentava comprar o dom de Deus e promovia doutrinas contraditórias.

Conclusão: Simão não era Deus supremo, mas um impostor herético com complexo de messias e vocação circense.

Silogismo 2 – O Problema da Salvação

1. Simão dizia que o mundo foi feito por anjos maus e que a salvação vem por “conhecimento secreto”.

2. Mas ele mesmo buscou a salvação por meio de dinheiro e prestígio.

3. Portanto, ele não possuía o conhecimento necessário nem a salvação que promovia.

Conclusão: O sistema soteriológico de Simão é uma auto-refutação disfarçada de startup espiritual.

Silogismo 3 – A Inconsistência Moral

1. O sistema de Simão diz que o mundo é mau, mas que a salvação está em libertar a “mente divina” aprisionada.

2. Mas ele usava uma prostituta como símbolo da mente divina, promovendo imoralidade em nome da salvação.

3. Portanto, ele combatia o mal do mundo com a banalização do próprio mal.

Conclusão: A ética de Simão é um vórtice niilista revestido de misticismo sexual.

A Resposta Bíblica e Reformada

Pedro não apelou à experiência mística, à tradição oral nem à diplomacia ecumênica. Ele disse com todas as letras:

 “Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus.” (Atos 8:21)

A Escritura condena o gnosticismo desde o seu nascimento. E os reformadores retomaram essa clareza. Calvino comenta:

 “Simão queria misturar a graça do Espírito com suas artes mágicas, como se Deus fosse um ídolo vendido por moedas.” (Comentário de Atos 8)

Gordon Clark diria:

 “O gnosticismo é uma tentativa de substituir a revelação proposicional pela fantasia irracional.”

Vincent Cheung diria:

 “Simão é o primeiro dos místicos que desejavam tornar-se deuses sem submeter-se à Palavra de Deus. Ele era um anti-cristão epistemológico.”

Conclusão: O Anti-Apóstolo

Simão Mago foi o pai da mentira gnóstica, o guru do ego místico, o precursor do anticristo epistemológico. Ele tentou comprar o Espírito, substituir Cristo, corromper a igreja e fundar uma religião secreta para os “iluminados”.

Seu legado é uma trilha de erros: desde os valentinianos até os espiritualistas modernos. Mas sua refutação está eternamente registrada na Palavra de Deus: não há outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos, senão Jesus Cristo — não Simão, não Helena, não gnose, não dinheiro.


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