Simão Mago – O Primeiro Herege Corporativo
Introdução: O Embrião do Gnosticismo
Se o inferno acadêmico tivesse um vestibular, Simão Mago seria o primeiro nome da lista de aprovados com louvor. Ele não só aparece nas Escrituras como vilão (Atos 8), como também é, segundo testemunhos patrísticos unânimes, o fundador do gnosticismo — esse câncer sincrético que mistura mitologia pagã, superstição oriental, linguagem cristã e egolatria filosófica. Se Plotino tentou espiritualizar Platão, Simão tentou demonizar o Evangelho.
A Aparição no Livro de Atos
“Dava-se também outrossim o nome de ‘Grande Poder de Deus’. A ele atendiam todos, do menor ao maior.” (Atos 8:10)
O sujeito é descrito como “convertido” ao cristianismo, mas na prática queria comprar o Espírito Santo com dinheiro (daí o termo “simonia”). O apóstolo Pedro o repreende com palavras que fariam qualquer progressista chorar:
“O teu dinheiro seja contigo para perdição...” (Atos 8:20)
Simão é o modelo de todo falso mestre carismático, ancestral dos televangelistas, dos gurus de YouTube e dos coaches esotéricos modernos.
Testemunho Patrístico: Contra o Charlatão Cósmico
Irineu de Lyon (Contra Heresias, I, 23.1):
“Simão proclamava que ele mesmo era o Deus supremo... e que havia aparecido entre os judeus como o Filho, na Samaria como o Pai, e entre os gentios como o Espírito Santo.”
Sim, você leu certo. Simão já antecipava as heresias modalistas e ainda se colocava como a própria Trindade. Seu delírio cósmico rivaliza com qualquer narrativa de ficção científica ruim.
Hipólito (Refutação de Todas as Heresias, VI.7):
“Ele dizia que o mundo foi criado por anjos inferiores e ignorantes... que haviam se revoltado contra o Pai verdadeiro.”
Simão já preparava o palco para a paranoia dualista do gnosticismo: o mundo é mau, o Deus criador é um demiurgo inferior, e o “conhecimento secreto” é a chave da salvação. Tudo temperado com misticismo sexual e megalomania teológica.
Epifânio de Salamina (Panarion, 21):
“Ele viajava com uma prostituta chamada Helena, dizendo que ela era a Ennoia (mente divina), aprisionada nos corpos humanos, e que ele veio para libertá-la.”
Uma espécie de Adão que salva Eva, mas com toques de Las Vegas.
Contradições Internas: O Sistema de Simão Não Passa no Teste Lógico
Vamos aos silogismos pressuposicionalistas que derrubam o castelo de areia gnóstico-simoniano:
Silogismo 1 – O Delírio Ontológico
1. Simão se proclamava Deus supremo.
2. O Deus supremo é por definição imutável, santo, e não mente.
3. Simão enganava pessoas, tentava comprar o dom de Deus e promovia doutrinas contraditórias.
Conclusão: Simão não era Deus supremo, mas um impostor herético com complexo de messias e vocação circense.
Silogismo 2 – O Problema da Salvação
1. Simão dizia que o mundo foi feito por anjos maus e que a salvação vem por “conhecimento secreto”.
2. Mas ele mesmo buscou a salvação por meio de dinheiro e prestígio.
3. Portanto, ele não possuía o conhecimento necessário nem a salvação que promovia.
Conclusão: O sistema soteriológico de Simão é uma auto-refutação disfarçada de startup espiritual.
Silogismo 3 – A Inconsistência Moral
1. O sistema de Simão diz que o mundo é mau, mas que a salvação está em libertar a “mente divina” aprisionada.
2. Mas ele usava uma prostituta como símbolo da mente divina, promovendo imoralidade em nome da salvação.
3. Portanto, ele combatia o mal do mundo com a banalização do próprio mal.
Conclusão: A ética de Simão é um vórtice niilista revestido de misticismo sexual.
A Resposta Bíblica e Reformada
Pedro não apelou à experiência mística, à tradição oral nem à diplomacia ecumênica. Ele disse com todas as letras:
“Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus.” (Atos 8:21)
A Escritura condena o gnosticismo desde o seu nascimento. E os reformadores retomaram essa clareza. Calvino comenta:
“Simão queria misturar a graça do Espírito com suas artes mágicas, como se Deus fosse um ídolo vendido por moedas.” (Comentário de Atos 8)
Gordon Clark diria:
“O gnosticismo é uma tentativa de substituir a revelação proposicional pela fantasia irracional.”
Vincent Cheung diria:
“Simão é o primeiro dos místicos que desejavam tornar-se deuses sem submeter-se à Palavra de Deus. Ele era um anti-cristão epistemológico.”
Conclusão: O Anti-Apóstolo
Simão Mago foi o pai da mentira gnóstica, o guru do ego místico, o precursor do anticristo epistemológico. Ele tentou comprar o Espírito, substituir Cristo, corromper a igreja e fundar uma religião secreta para os “iluminados”.
Seu legado é uma trilha de erros: desde os valentinianos até os espiritualistas modernos. Mas sua refutação está eternamente registrada na Palavra de Deus: não há outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos, senão Jesus Cristo — não Simão, não Helena, não gnose, não dinheiro.
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