terça-feira, 13 de maio de 2025

Continuação da Crítica a Epicuro

 O “Dilema de Epicuro” — um Sofisma de Sofá

O argumento mais famoso de Epicuro, repetido como se fosse um meme pré-socrático por ateus preguiçosos na internet, é o seguinte:

 “Deus quer prevenir o mal, mas não pode? Então Ele é impotente.

Pode, mas não quer? Então Ele é mau.

Pode e quer? Então por que existe o mal?”

Essa tentativa de dilema soa profunda... até que você percebe que ela é o equivalente filosófico de um castelo de areia em dia de maré alta. Ou melhor, um castelo de lógica construído com areia e arrogância humana.

Vamos destrinchar isso como bons calvinistas com silogismos afiados.

Refutando o Dilema com Teologia e Lógica

P1. Se Deus é soberano, então todo mal ocorre por Sua vontade decretiva (Ef 1:11; Pv 16:4).

P2. Se Deus é santo, então o mal serve a um propósito maior e justo que glorifica a Sua santidade (Rm 9:17-23).

Conclusão: O mal existe porque Deus quer que exista, não como fim último, mas como meio para Sua glorificação.

Vincent Cheung, com seu usual machado apologético, diz:

 “A objeção contra o mal pressupõe que o homem é padrão moral para Deus. Isso é idolatria. Se Deus decretou o mal, então o mal tem um propósito justo, mesmo que os homens não o compreendam.”

Em outras palavras: o dilema de Epicuro só é um dilema se você assumir que Deus deve satisfazer os padrões humanos de bondade, o que é, teologicamente falando, a forma mais refinada de blasfêmia intelectual.

Gordon Clark também destrói a objeção com elegância lógica:

 “A Bíblia não define o bem como aquilo que Deus permite, mas como aquilo que Deus ordena. O bem é o que está em conformidade com o caráter e os decretos de Deus. Logo, qualquer objeção ao mal é uma objeção à soberania divina.”

Silogismo Clarkiano:

P1. O bem é definido como conformidade com a vontade de Deus.

P2. O mal está incluído no plano soberano de Deus (Is 45:7; Lm 3:38).

Conclusão: Logo, o mal existe em conformidade com um propósito justo, definido por Deus, não pelo homem.

O dilema de Epicuro implode sob seu próprio peso. Ele exige que Deus seja bom segundo os critérios de Epicuro, o que é como exigir que a luz do sol seja boa apenas se não te incomodar no olho às 6 da manhã.

O Utilitarismo Epicurista: Moralidade de Cafeteria

Epicuro estabeleceu o prazer como o fim último da vida. O critério moral não é a glória de Deus, mas a quantidade de prazer versus dor que uma ação produz. Parabéns, Epicuro: você inventou o utilitarismo antes mesmo de Jeremy Bentham descobrir como transformar a ética numa calculadora de prazer.

Rousas Rushdoony já zombava desse tipo de ética relativista:

 “O utilitarismo não é uma teoria moral, mas uma desculpa sofisticada para o pecado.”

Epicuro queria uma vida prazerosa e sem dor. Mas o pecado é precisamente isso: buscar alegria fora de Deus, tentando evitar consequências, mas sem se submeter ao Criador. O utilitarismo é uma moralidade anticristã por definição, pois elimina:

A lei divina como padrão absoluto.

A glória de Deus como fim último.

A justiça eterna como critério objetivo.

Silogismo pressuposicional contra o utilitarismo:

P1. Se a moralidade é definida por prazer, então o sofrimento redentivo de Cristo foi imoral.

P2. Cristo sofreu por vontade do Pai, como parte do plano justo de salvação (Is 53:10; At 2:23).

Conclusão: Logo, o prazer não pode ser o critério da moralidade; a vontade de Deus é.

Cornelius Van Til diria:

 “Toda ética que não começa com a revelação de Deus está condenada à autocontradição.”

E de fato, o utilitarismo não pode sequer justificar o sofrimento necessário em nome de um bem maior se não tiver uma teleologia soberana que garanta esse bem maior com certeza absoluta — o que só é possível num universo governado por um Deus soberano.

Finalizando a Tríplice Demolição

Com isso, podemos enterrar as três grandes ilusões de Epicuro:

1. Que o mal refuta Deus – quando, na verdade, glorifica Deus (Rm 9:22-23).

2. Que o prazer define o bem – quando, na verdade, Deus define o bem e concede prazer eterno apenas a quem O teme (Sl 16:11).

3. Que a moralidade pode existir sem teologia – quando, na verdade, sem revelação não há sequer ponto de partida epistemológico.

Como dizia Dooyeweerd:

 “Toda teoria da moralidade depende de pressupostos religiosos, mesmo quando os nega.”

Epicuro negou o Deus que tudo governa e tudo define, e no lugar disso colocou a bússola giratória do hedonismo moderado e a moralidade do gosto pessoal. Construiu uma ética do silêncio divino e do prazer racional, mas deixou os alicerces epistemológicos afundados em areia.

E como ensina Bahnsen com precisão:

 “O problema com os ímpios não é falta de evidência — é rebelião contra o Deus evidente.”


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