Teofrasto – O Síndico do Liceu Vazio
"É impossível que alguém conheça alguma coisa, a menos que Deus tenha revelado.”
— Gordon H. Clark
Quando Aristóteles morreu em 322 a.C., a vaga no trono do Liceu foi herdada por Teofrasto, uma espécie de síndico do condomínio aristotélico, mais preocupado em manter a jardinagem do Peripato do que reformar os alicerces filosóficos do seu mestre. O nome “Teofrasto” significa “fala divina”, ironicamente apropriado para alguém cuja filosofia é tão mundana quanto um manual de jardinagem grega.
Enquanto Aristóteles pelo menos tentou sistematizar a metafísica, Teofrasto parecia satisfeito em catalogar plantas, definir odores e classificar as paixões humanas como um botânico num surto de mania organizacional. É claro, muitos se impressionam com sua Historia Plantarum — mas quando o que resta da sua filosofia é uma coletânea de tipos morais e um herbário, estamos diante de um filósofo decorativo, não de um pensador de peso.
O Herdeiro Estéril do Intelectualismo Pagão
Teofrasto não foi um reformador. Foi um curador da idolatria aristotélica. Suas tentativas de revisar pequenos aspectos da metafísica de Aristóteles — como suas críticas à causalidade — não representavam ruptura, mas sim redecoração da caverna platônica, com tinta mais barata. Ele manteve intacta a mesma epistemologia arruinada, baseada na autonomia do intelecto humano, idolatria da lógica formal e confiança nos sentidos como fonte de conhecimento.
Gordon Clark teria rido — ou chorado — diante de tal inutilidade:
"A filosofia grega nunca foi capaz de resolver o problema do conhecimento. Ela começou com Parmênides e terminou em ceticismo.”
(Clark, Thales to Dewey)
A Continuação do Erro: Sensualismo, Intelectualismo e Deus ausente
Teofrasto aceitou a cosmologia aristotélica de um universo eterno, negando qualquer noção de criação ex nihilo, tornando-se, assim, um sacerdote pagão da eternidade impessoal. Sua ética era uma cópia medíocre da de seu mestre, enfatizando o "bom senso prático" ao invés de qualquer fundação objetiva e teonomista.
Como observa Vincent Cheung, o intelectualismo clássico sofre do mesmo defeito fatal que todas as filosofias não-cristãs: autonomia epistemológica. Teofrasto continuou o projeto de fundamentar a verdade fora da revelação de Deus, o que torna qualquer sistema filosófico inútil — ou, como diria Bahnsen, "não meramente errado, mas moralmente culpável".
“A epistemologia autônoma é uma forma de rebelião.”
— Greg Bahnsen
O Jardineiro da Ignorância: Por que Teofrasto Falhou?
Ele não partia da revelação divina como axioma, mas da percepção sensorial e da lógica humana.
Negava a criação divina, substituindo-a por um mundo eterno e necessário, ou seja, um universo onde Deus é desnecessário.
Confundia descrição com explicação, como se nomear espécies de plantas fosse o mesmo que entender a realidade.
Substituiu a autoridade de Deus pela autoridade do intelecto humano, o mesmo pecado epistemológico de Gênesis 3.
Como afirma Rousas Rushdoony:
"Toda tentativa de construir conhecimento fora de Deus é uma Babel epistemológica.”
E é exatamente isso que Teofrasto fez: cultivou um jardim de Babel.
A Única Alternativa: Revelação, não Observação
Teofrasto, como Aristóteles, jamais conheceu o verdadeiro Deus, pois jamais partiu da Sua Palavra. O ocasionalismo calvinista nos ensina que o universo só é inteligível porque Deus o cria e governa constantemente pela Sua vontade e Palavra (Hebreus 1:3). Nenhuma planta cresce, nenhum cheiro se espalha, nenhum pensamento ocorre sem que Deus o ocasione.
Herman Dooyeweerd identificou claramente esse erro estrutural nos sistemas pagãos: eles absolutizam aspectos criacionais — como a lógica, o espaço, ou o tempo — em lugar do Criador. Teofrasto absolutizou a natureza. Tornou-se, portanto, um adorador da flora, não da fé.
Conclusão: O Silêncio Ensurdecedor de Teofrasto
Teofrasto não era um pensador, mas um copista de Aristóteles com tendências de horticultor. Ele jamais construiu um sistema coerente porque rejeitou a única fundação possível: a revelação de Deus.
Agostinho, séculos depois, apontaria o caminho certo: credo ut intelligam. Teofrasto, por outro lado, morreu tentando entender para crer — e não entendeu nada.
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