Fílon de Alexandria – O Casamenteiro de Deus com Platão
Enquanto os apóstolos pregavam Cristo crucificado como poder e sabedoria de Deus (1Co 1:23-24), Fílon queria vestir Moisés com as túnicas filosóficas da Academia. Sua missão? “Tornar a Torá aceitável aos olhos dos filósofos gregos.” Resultado? Uma filosofia vazia de evangelho e uma teologia cheia de enfeites pagãos. Como diz Vincent Cheung:
“O homem que compromete a revelação para agradar a razão termina traindo ambos.”
I. A Teologia Alegórica: Esconda o Sentido, Revele o Abismo
Fílon interpretava as Escrituras alegoricamente. O Jardim do Éden? Não foi um lugar literal, mas a mente humana em sua pureza original. Adão? O intelecto. Eva? Os sentidos. A serpente? A tentação sensorial. Gênesis virou psicologia neoplatônica.
P1. A interpretação alegórica anula o sentido objetivo da Escritura.
P2. O sentido objetivo é necessário para conhecer proposicionalmente a verdade revelada.
Conclusão: Logo, a exegese alegórica de Fílon torna a revelação ininteligível.
Como diz Gordon Clark:
“O alegorismo dissolve o significado, substituindo proposições objetivas por metáforas arbitrárias. Isso não é teologia — é idolatria hermenêutica.”
E Bahnsen reforça:
“Quando abandonamos a autoridade da Escritura como proposição revelada, qualquer homem se torna seu próprio profeta — e cada interpretação vira autoprojeção.”
II. O Logos de Fílon: Um Cristo Sem Cruz, Uma Razão Sem Revelação
Fílon fala do Logos, mas não o Logos que se fez carne (João 1:14), e sim uma entidade intermediária entre Deus e o mundo. Uma mente divina. Um arquétipo impessoal. Um conceito platônico com roupagem judaica.
Para Fílon, o Logos era a razão divina universal — mas sem sangue, sem expiação, sem soberania histórica. Era mais próximo do Nous grego que do Cristo de Deus.
Vincent Cheung sentencia:
“Se o Logos não é a Segunda Pessoa da Trindade, encarnado, crucificado e exaltado, então não é o Logos bíblico. É um ídolo intelectual.”
Silogismo contra o Logos impessoal de Fílon:
P1. O Logos bíblico é uma Pessoa divina encarnada, plenamente Deus e plenamente homem.
P2. O Logos de Fílon é uma força impessoal intermediária e não encarnada.
Conclusão: Logo, o Logos de Fílon não é o Logos das Escrituras, mas um falso deus filosófico.
III. A Fé Filosófica: Um Judaísmo sem Aliança
Fílon substitui os pactos da aliança, os decretos divinos, e a ação soberana de YHWH por abstrações neoplatônicas. Ele fala de virtudes, da alma racional, da ascensão espiritual — mas jamais da expiação, eleição, ou do juízo eterno.
Rousas Rushdoony já previa o resultado:
“Quando se remove a soberania de Deus da história e se coloca a salvação no esforço filosófico da alma, isso não é fé — é paganismo batizado.”
E o próprio Calvino, se tivesse lido Fílon (e é provável que tenha lido), diria:
“A Escritura é o espelho da vontade de Deus; mas o homem que, desprezando-a, busca Deus por meios filosóficos, encontra apenas um ídolo feito de vento.”
Silogismo contra a espiritualidade filosófica de Fílon:
P1. A verdadeira espiritualidade exige redenção histórica e objetiva pela obra de Cristo.
P2. Fílon oferece uma espiritualidade subjetiva baseada em abstrações filosóficas.
Conclusão: Logo, a espiritualidade de Fílon é anticristã e ineficaz.
IV. O Resultado Histórico: O Precursor do Sincretismo Cristão
Fílon influenciou profundamente Orígenes, Clemente de Alexandria, e toda a escola alegórica de interpretação patrística. Ele é o avô espiritual dos hereges que tentaram casar o cristianismo com o platonismo. Sua filosofia fermentou séculos de misticismo e heresia.
Van Til diria:
“Todo sincretismo que tenta unir a revelação bíblica com a autonomia humana resulta na destruição da revelação e na exaltação do homem.”
E Dooyeweerd:
“Quando a razão humana é colocada como juiz da revelação, não há teologia — há apenas filosofia antropocêntrica disfarçada.”
V. Conclusão: Fílon – O Embaixador de Deus no Senado de Platão
Fílon tentou tornar Deus mais palatável aos filósofos. Mas ao fazê-lo, criou um Deus genérico, silencioso, e irrelevante. Trocou o YHWH do Êxodo pelo “Um” de Platão. Trocou o Logos encarnado por um ideal universal. Trocou a espada do Espírito pela pena da academia.
E assim, preparou o caminho para milênios de traição teológica em nome da “razão”.
Mas como diria Clark:
“Se queremos conhecer a Deus, devemos nos render à revelação proposicional das Escrituras. Qualquer outro caminho é a estrada larga da especulação herética.”
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