terça-feira, 13 de maio de 2025

Xenócrates: A Tentativa de Moralizar as Sombras da Caverna

 Xenócrates: A Tentativa de Moralizar as Sombras da Caverna

Imagine a seguinte cena: um platônico tão devoto à metafísica do mestre que tenta dar forma sólida a ideias que nem Platão teve coragem de tornar dogma. Esse é Xenócrates de Cálcedon (396–314 a.C.), o devoto seguidor de Platão que decidiu transformar o platonismo em algo mais... “religiosamente útil”. Ele tentou elevar os “números” à condição de deuses, como se a geometria, ao invés de Deus, pudesse responder as perguntas últimas da existência. Um verdadeiro sacerdote da matemática sagrada.

Enquanto Platão ao menos flertava com a transcendência real, Xenócrates decidiu que o Uno e a Díade — conceitos matemáticos, veja bem — poderiam substituir a Trindade. O homem não criou apenas um sistema filosófico: criou uma idolatria com números, como se a salvação viesse por equações. Um verdadeiro precursor da idolatria intelectual moderna, onde a lógica humana substitui o Logos eterno de João 1:1.

Ele é um excelente exemplo de como a filosofia pagã, por mais moralista e “metafisicamente refinada” que tente ser, está condenada a vagar num labirinto de abstrações autônomas sem nenhuma base ontológica real. Van Til diria que Xenócrates, como todos os humanistas, se recusa a pensar os pensamentos de Deus depois d’Ele. E Clark acrescentaria que, ao rejeitar a revelação, resta apenas a irracionalidade — não importa quão bem formulada seja sua aritmética cósmica.

1. A Metafísica dos Números

Xenócrates herdou de Platão a crença nas ideias, mas não se contentou com o mundo das formas: ele as numerou. Literalmente. Para Xenócrates, o Uno é o princípio masculino, ativo, e a Díade, o feminino, passivo. Sim, meus caros: ele sexualizou os números.

Talvez se tivesse vivido hoje, Xenócrates teria um programa de TV sobre numerologia espiritual. Seria uma mistura de Pitágoras, Paulo Coelho e TED Talks, com PowerPoint incluso. Ele acreditava que os números são seres divinos e, com isso, estabeleceu um politeísmo matemático: a idolatria refinada em linguagem de academia.

Como escreveu Gordon Clark:

“Toda tentativa de construir um sistema sem Deus termina em mitologia.”

E Xenócrates foi mais longe: ele refinou a mitologia pagã com lógica simbólica. Seu Uno não é o Deus triúno das Escrituras, mas uma projeção matemática da imaginação de um helênico deslumbrado com sua própria abstração.

2. A Ética Autônoma

Xenócrates também foi um moralista ferrenho. Tentou purificar a alma através de exercícios e autocontrole, e chegou ao ponto de ser elogiado por sua austeridade e domínio próprio. Mas, como bem sabemos, disciplina sem Cristo é apenas um orgulho bem disfarçado.

Segundo Van Til:

“A autonomia do homem é o pecado original da filosofia.”

E Xenócrates bebeu profundamente da taça do orgulho socrático: achou que a alma humana podia alcançar a virtude e a purificação apenas por sua própria luz — ou melhor, por sua própria álgebra. Ele até defendeu a imortalidade da alma, mas uma alma que se autopurifica — ou seja, uma alma que não precisa de redenção, apenas de contemplação. Em resumo: um moralismo politeísta com aparência filosófica.

Isso o torna primo-irmão dos fariseus de Mateus 23: sepulcros caiados, limpinhos por fora, cheios de podridão por dentro. Xenócrates tentou sistematizar a ética platônica como se a santidade fosse uma função matemática. Só faltou dizer que Moisés desceu do Sinai com um compasso e um quadro-negro.

3. Epistemologia das Trevas

A epistemologia de Xenócrates, tal como a de Platão, depende da “recordação” (anamnesis). Ele acreditava que conhecer era recordar o que a alma já sabia no mundo das ideias. Ou seja: o conhecimento é essencialmente inato, e a verdade é descoberta não por revelação, mas por introspecção.

Mas como Vincent Cheung ironiza:

“Se você precisa cavar dentro de si mesmo para encontrar a verdade, tudo que você vai achar são seus próprios erros reciclados.”

Se a alma é caída (como ensina a Escritura), então olhar para dentro não revela o céu, mas o inferno. A ideia de que o conhecimento pode ser obtido pela contemplação interior é apenas a autodeificação do sujeito. A epistemologia de Xenócrates é a versão grega da serpente do Éden: “sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal” — só que agora em forma de tratado filosófico.

Conclusão: Quando a Matemática Tenta Ser Deus

Xenócrates não foi apenas mais um filósofo equivocado — ele foi o gerente de RH do inferno filosófico, organizando as ideias pagãs em departamentos metafísicos com nomes bonitos. Foi o clérigo do Uno e da Díade, tentando substituir o Pai, o Filho e o Espírito Santo por operações aritméticas.

Ele é a prova de que o paganismo não precisa de orgias para ser abominável: basta organizar a idolatria em categorias respeitáveis.

Silogismos Apologéticos

1. Contra a ontologia numérica:

Premissa 1: Tudo que existe deve sua existência a Deus (Colossenses 1:16-17).

Premissa 2: Xenócrates atribui existência divina aos números como princípios independentes.

Conclusão: Logo, Xenócrates ensina idolatria ontológica.

2. Contra a ética autônoma:

Premissa 1: Toda moral verdadeira deriva do caráter revelado de Deus (Salmo 119:160).

Premissa 2: Xenócrates propõe uma ética baseada na autodisciplina sem necessidade de revelação.

Conclusão: Logo, a ética de Xenócrates é falsa e demoníaca (Tiago 3:15).

3. Contra a epistemologia da reminiscência:

Premissa 1: O conhecimento verdadeiro vem da revelação de Deus (Provérbios 2:6).

Premissa 2: Xenócrates afirma que o conhecimento vem da introspecção da alma caída.

Conclusão: Portanto, sua epistemologia é irracional e anticristã.


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