Parmênides: O Filósofo Que Esqueceu de Perguntar Por Que
Parmênides, aquele sábio solene da Grécia Antiga, parecia acreditar que o pensamento bastava para definir a realidade. Seu famoso lema, “o ser é e o não ser não é”, tem aquele tom categórico de quem resolveu tudo na vida sem nunca ter precisado contestar premissas fundamentais. Vamos conceder-lhe o mérito da concisão—mas só isso.
O problema é que seu monismo rígido se torna um jogo de linguagem vazio, onde ele declara que mudança, pluralidade e experiência sensível são ilusões. Ora, se tudo o que existe é um bloco imóvel e indivisível, então por que estamos tendo esta conversa? Se tudo já é como é, sem variação, por que Parmênides precisou de um poema para nos informar? Teria sido mais coerente se ele apenas nos olhasse em silêncio, confirmando sua tese sem palavras—mas não, ele escreveu.
Aqui, entra a apologética pressuposicional. John Frame nos lembra que toda filosofia depende de pressuposições iniciais. Parmênides? Ah, ele simplesmente presume que lógica pura pode definir ontologia sem se preocupar com os fundamentos necessários para que tal lógica tenha sentido. Michael Butler teria apontado que Parmênides ignora a necessidade de um Deus transcendente que garanta unidade e diversidade sem apelar a malabarismos intelectuais. E John Robbins, com sua habilidade analítica, provavelmente desmontaria a inconsistência interna do monismo Parmênide ao mostrar como ele contradiz a própria experiência humana de conhecimento e linguagem.
O problema central do argumento de Parmênides é que ele quer um mundo onde só há unidade, mas para isso precisa usar múltiplas palavras e conceitos. Suas ideias exigem distinções para serem compreendidas, o que ironicamente desmente sua tese. Ele nos convida para um banquete filosófico onde o prato principal é uma só substância imóvel—mas usa um discurso dinâmico para nos convencer.
Talvez Parmênides devesse ter consultado a apologética pressuposicional antes de enunciar sua doutrina; quem sabe ele perceberia que seu sistema filosófico depende do próprio Deus que ele evita considerar. Afinal, se não há verdadeira distinção no ser, então Parmênides nunca teve um pensamento sequer—e nós nunca tivemos que refutar nada.
Mas aqui estamos. Refutando. Como se mudança existisse, afinal.
Parmênides e a Arte de Tropeçar em Coisas Diante dos Próprios Olhos
Parmênides, aquele entusiasta do imóvel e eterno, provavelmente nunca bateu o dedão do pé na quina de um móvel. Se tivesse experimentado essa ilustre dor universal, quem sabe teria revisado sua tese de que mudança e multiplicidade são meras ilusões.
A ironia de sua filosofia é gritante: ele nos convida a acreditar que tudo é unificado e imutável, enquanto usa palavras—conceitos distintos!—para nos convencer disso. Se tudo é uno e indivisível, então o próprio ato de pensar, comunicar e argumentar não deveria ser possível. Deveríamos todos estar mergulhados em um estado de pura unidade, incapazes de perceber qualquer diferença. Mas, surpreendentemente, aqui estamos, debatendo suas ideias como se a distinção entre conceitos existisse. Engraçado isso, não?
Capítulo 3: Quando a Filosofia Esquece Que Precisa de um Fundamento
Se há algo que John Frame nos ensina, é que toda filosofia precisa de um fundamento para justificar sua validade. Parmênides, em sua ânsia por excluir qualquer vestígio de mudança, ignora completamente a necessidade de um princípio transcendente que dê sentido à sua própria lógica.
Michael Butler poderia apontar que, ao negar qualquer possibilidade de variação, Parmênides torna impossível até mesmo a existência de seus próprios pensamentos. Pensar é um processo, um ato que se desenrola ao longo do tempo. Se tudo é imóvel, então o pensamento nunca acontece—ele simplesmente “é”, sem qualquer fluxo. Isso significa que Parmênides jamais poderia ter concebido sua própria doutrina. Seu argumento se autodestrói antes mesmo de ser formulado.
Parmênides e a Rejeição da Experiência Humana
Imagine um filósofo que diz que você não está realmente experimentando o mundo, que suas sensações e percepções são uma ilusão. Agora imagine que esse mesmo filósofo precisa confiar em sua própria percepção para construir seu argumento. Contraditório? Sim, e Parmênides parece nem perceber.
John Robbins desmontaria essa incoerência com facilidade. Ao rejeitar o mundo dos sentidos, Parmênides se vê preso em um dilema: ele precisa ignorar sua própria experiência para validar sua teoria, mas sem essa experiência, não teria como desenvolver a teoria em primeiro lugar. Parece que o “não-ser” não é tão inexistente assim—ele surge toda vez que Parmênides tenta convencer alguém de sua posição.
Capítulo 5: A Previsível Implosão do Monismo Rígido
O monismo de Parmênides soa grandioso e absoluto até que percebemos que ele implode por não conseguir dar conta da multiplicidade da realidade. Enquanto ele insiste que tudo é uno e eterno, nós continuamos experimentando um mundo dinâmico, complexo e variado.
O apologeta pressuposicionalista, com um sorriso no canto da boca, nos lembraria que só um Deus transcendente pode unificar diversidade e imutabilidade sem cair em contradição. Enquanto Parmênides quer um universo estático e sem distinções, a revelação bíblica nos apresenta um Deus que cria, sustenta e dá sentido ao mundo—um mundo onde a mudança e a unidade coexistem em perfeita harmonia.
Se Parmênides estivesse certo, ele nunca teria conseguido formular sua própria doutrina. Felizmente, o mundo real não se encaixa na sua filosofia, e continuamos livres para pensar, perceber e debater—o que, ironicamente, prova que ele estava errado.
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