Arquitas de Tarento e o Mito da Mente Matemática
Se Filolau é o profeta do fogo invisível, Arquitas de Tarento³⁶ (c. 428–347 a.C.) é o apóstolo da arrogância matemática. Polímata pitagórico, general, matemático, músico, engenheiro e “filósofo”, Arquitas tentou fazer da razão humana a medida de todas as coisas, promovendo uma epistemologia que parecia feita para impressionar a plateia do TED Talks ³⁶ do século IV a.C. Mas, como veremos, sua sabedoria era tão profunda quanto um espelho d’água e tão sólida quanto um castelo feito de névoa.³⁷
O Sistema de Arquitas: Matemática, Harmonia e uma Mente que Tudo Explica
Arquitas expandiu o pitagorismo ao afirmar que a matemática não era apenas uma ferramenta útil, mas a própria estrutura da realidade. Para ele, a aritmética, a geometria, a música e a astronomia formavam a tétrade das ciências, as “chaves” para decifrar o universo. Até aí, nada muito absurdo — se ele ao menos fundamentasse isso em algo além de suposições arbitrárias e reverência supersticiosa aos números.³⁸
Mais impressionante (ou hilário) é sua “prova” da infinitude do universo: se você estendesse a mão até a borda do cosmos, poderia movê-la além. Logo, o universo é infinito. Esta é uma das mais antigas manifestações da lógica do “e se” transformada em “então é”. É como afirmar que, se eu posso imaginar um coelho voando, então os céus estão cheios de coelhos alados invisíveis. Essa não é filosofia — é fanfic cósmica. ³⁹
O General que Queria Domar o Cosmos com um Compasso
Arquitas é famoso por suas contribuições à matemática pura e à mecânica — incluindo a criação de um suposto “pássaro voador” movido a vapor. Ele foi, portanto, uma espécie de Da Vinci da Antiguidade, só que com um problema grave: achava que manipular engrenagens era o mesmo que compreender o sentido do ser. Seu racionalismo era tão inflado que, se Arquitas pudesse, tentaria medir o Espírito Santo com uma régua. ⁴⁰
Ele acreditava que apenas o raciocínio matemático era válido para a ciência verdadeira, rebaixando a experiência sensorial e a opinião comum como indignas do sábio. Mas, como todo racionalista pagão, ele nunca respondeu: de onde vêm as leis da lógica e da matemática? Por que confiar nelas? O pensamento de Arquitas é como uma máquina voadora movida a vapor, voando sem combustível epistemológico.⁴¹
Gordon Clark cortaria isso com um único golpe: “Você afirma que apenas o raciocínio dedutivo é confiável. Mas qual é a base para essa confiabilidade?” Sem revelação divina, não há como validar a razão, a lógica, os números ou sequer a existência contínua das próprias leis matemáticas. Arquitas pensava que sua mente era um oráculo, mas no final, era apenas um eco de um raciocínio não justificado. ⁴²
O Pressuposicionalismo Derruba o Mito da Mente Matemática
O pressuposicionalismo nos ensina que a razão humana não é autossuficiente. Ela precisa ser subordinada à revelação divina, ou não passa de uma repetição de axiomas vazios. Arquitas, com toda sua pompa racionalista, não tinha fundamentos. Ele podia construir modelos, engrenagens e provas geométricas, mas não podia sequer justificar por que seu cérebro de carbono deveria refletir a estrutura invisível do universo.
Vincent Cheung zombaria (com razão): “O homem natural não entende nem o alfabeto epistemológico, mas acha que pode escrever tratados sobre o universo.” Arquitas erra no mesmo ponto que todos os filósofos não regenerados: ele ignora a necessidade de Deus como pré-condição do conhecimento. Sua matemática é uma torre de Babel geométrica — um monumento ao orgulho da razão rebelde.
O Argumento da Infinitude: Uma Piada Filosófica
A prova de Arquitas para o espaço infinito — “se há um limite, posso esticar a mão além” — é uma paródia lógica. Trata-se de confundir abstração mental com realidade objetiva. É como dizer que, porque posso imaginar um número maior, então o universo real deve ser infinito. É metafísica para adolescentes impressionáveis com frases de efeito.
No cristianismo revelado, o espaço existe pela criação de Deus. É finito ou infinito conforme o decreto soberano do Criador, e não conforme um malabarismo mental que envolva braços esticados. O universo é sustentado pelo decreto contínuo de Deus (Hb 1:3), não por suposições do tipo “e se”.
Conclusão: Um Engenheiro Sem Fundamentos
Arquitas de Tarento é a prova de que engenhosidade sem teologia é apenas futilidade embalada com engrenagens. Sua confiança na mente humana, sua veneração da matemática e seu desprezo pela revelação fazem dele não um herói do pensamento, mas um símbolo do que acontece quando o homem tenta construir epistemologia sem Deus: uma bela ponte para lugar nenhum.
Como diria Gordon Clark, “O paganismo não pode pensar.” Arquitas tentou, mas seu pensamento não passou de uma equação com variáveis imaginárias e nenhuma constante revelada. ⁴⁴
Notas:
³⁶ TED Talks são apresentações curtas e impactantes feitas em conferências organizadas pela TED (Technology, Entertainment, Design), uma organização sem fins lucrativos fundada em 1984. Essas palestras, geralmente com duração de até 18 minutos, têm como lema “ideias que merecem ser espalhadas” e cobrem uma vasta gama de temas como ciência, filosofia, educação, inovação, ativismo, psicologia, entre outros.
Os palestrantes costumam ser especialistas, líderes, artistas, cientistas ou pensadores contemporâneos, e as falas são filmadas e distribuídas gratuitamente no site oficial da TED e em plataformas como o YouTube.
Exemplo: Uma TED Talk típica pode ser algo como “Como os algoritmos moldam sua vida sem você perceber” — com linguagem acessível, apelo emocional e slides bem produzidos.
Quer que eu escreva uma paródia ou crítica a uma TED Talk fictícia no estilo dos capítulos anteriores?
³⁷ Die Fragmente der Vorsokratiker, Hermann Diels & Walther Kranz (DK 47). E também Aristóteles, Política e Metafísica
³⁸ Diógenes Laércio, Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres
³⁹ Walter Burkert – Lore and Science in Ancient Pythagoreanism (Harvard University Press, 1972).
⁴⁰ C. C. W. Taylor – From the Beginning to Plato (Routledge History of Philosophy, vol. 1, 1997)
⁴¹ T. L. Heath – A History of Greek Mathematics (Oxford, 1921).
⁴² Gordon H. Clark – Thales to Dewey & A Christian View of Men and Things ⁴²
Nenhum comentário:
Postar um comentário