sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Quem não espera aplausos?


A própria Graça (Cristo)

Eu não recebo glória dos homens;
João 5.41

Por que Jesus recebe a adoração de Tomé e da mulher pecadora de Lucas 7, se ele não recebe a glória dos homens?

Resposta:

Pois a glória que tributamos a Jesus (nós crentes) é a Glória que o Espírito tributa a Ele. É a glória que o próprio Pai deu pra ele.

Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar.
João 16.13-14

Ele só aceita a glória que vem de Deus, Nós também devemos aceitar somente a coroa de glória que vem das mãos de Deus:

Que um outro te louve, e não a tua própria boca; o estranho, e não os teus lábios. Provérbios 27:2

A glória que vem de Deus não é promovida, mas é proclamada!

Por que não é promovida? Pois não pode aumentar!

A Glória de Deus não precisa aumentar pois é infinita e não precisa passar para a existência ela é eterna e real

é igual um prisioneiro cego em uma cela escura escrevendo escuridão na parede, isso não invalida a existência da Luz e do Sol (C.S Lewis usa esse exemplo sobre adoração).

A glória de Deus é TESTIFICADA por nós, mas nunca aumentada (pelos homens). Assim também é a glória que Deus nos dá, As pessoas apenas testificam dela em nós, Elas não possuem poder de aumenta-la. nem a critica delas diminui essa glória, nem o elogio dela aumenta, pois Deus (que é a própria glória - imagem) não pode diminuir nem aumentar (no conceito humano).

Por isso que Paulo diz que nós refletimos a glória de Deus como um Espelho 2 Cor 3.18 e cada vez vai sendo maior o brilho da Glória, não porque a glória aumenta, mas porque o Espelho de Bronze antigo vai sendo cada vez mais parecido com a imagem que fica diante dele. A Impressão da Glória de Deus vai ficando cada vez mais clara em nós, mas a Luz do Espírito Santo nunca é retirada de nós.

O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações. 2 Coríntios 1:22

A Glória de Deus é a Imagem de Deus em nós, os homens não podem aumenta-la nem diminui-la

Yuri Schein






quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A “Liberdade” do Homem

A “Liberdade” do Homem

Yuri Schein
27/12/2017



Eu gostaria de falar sobre a questão da liberdade humana e o que seria: livre-arbítrio [Eden], livre-arbítrio escravo e livre-agência. As vezes nós perdemos as definições, mas por que? Existem alguns reformados e calvinistas que ainda usam o termo: livre-arbitrio, embora esse termo seja não adequado quanto a condição do homem na questão soteriologica, nós vemos que esse termo é muito usado, e com muito equivoco, pois a questão desta liberdade fica encerrada desde Romanos Capitulo 3, quando Paulo fala sobre a incapacidade do homem.

1)    Livre-arbitrio liberto [Eden]:

Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda;Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente;Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.
Romanos 3:10-18


O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. João 3:6

Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.
Romanos 8:6


Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. João 8:36

É interessante e necessário  dividir uma coisa da outra: livre-arbitrio liberto e livre-arbitrio escravo; não podemos causar um conflito entre esses dois termos e principalmente o que eles significam.

Antes da queda Deus dotou o homem de livre-arbitrio e Adão poderia ou não escolher obedecer ou desobedecer à Deus. Toda a responsabilidade do homem estava em uma obra: não comer da arvore da ciência do bem e do mal, e conhecemos a história, o homem falhou miseravelmente. Tudo isso serviu apenas para mostrar que mesmo com esta liberdade o homem não consegue fazer aquilo que lhe é proposto, pois em algum momento tudo fica instável, pois à partir do momento que temos criaturas com tal “liberdade” existe uma instabilidade na criatura (não no Criador – quem lê entenda). Aqui entra a doutrina dos decretos divinos, da Soberania divina e da responsabilidade humana, pois necessariamente (para as criaturas e não para Deus pois Ele não tem necessidade alguma): Deus deve exercer sua Soberania; pois se O Senhor não exercer todas as suas criaturas se perderiam, a prova disto é Adão e o próprio Satanás, a Soberania de Deus é a nossa única segurança, mesmo com a suposta liberdade de Adão que os irmãos alegam existir ou ter existido. Paulo diz:

Conjuro-te diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo por parcialidade. 1 Timóteo 5:21

O Escritor de Hebreus diz:

Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; À universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; Hebreus 12:22,23

Até entre os anjos existem aqueles que foram escolhidos e predestinados para a Salvação.

2)    Livre-arbitrio escravo:

Seguindo tudo que vimos até agora, o livre-arbítrio é aquela capacidade pela qual Deus dotou Adão antes da queda, porém após a queda essa liberdade se tornou escrava do pecado. Agostinho ainda usava esse termo, mas entendia como um livre-arbitrio escravo, ou seja, o homem continuou tendo a experiência de liberdade dia-a-dia, porém essa liberdade na verdade é cativa, ou seja, escrava. Ao contrario do livre-arbitrio liberto, que é a crença herética de que o homem em seu estado depois da queda tem essa liberdade preservada, segundo um monge do século IV chamado Pelagio que dizia que como Deus cria cada homem e cada alma humana, ele cria ele livre, porém isso contraria tudo o que Paulo, Davi, Jesus, e muitos escritores das escrituras ensinam e faz deles mentirosos, vejamos a razão:

Paulo diz:

Romanos 5:12,19 – “Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram... Logo, assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único homem muitos serão feitos justos”

Romanos 8:7-8 - a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à lei de Deus, nem pode fazê-lo. Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus.  

Romanos 3:23 – Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;

1 Coríntios 2:14 - A pessoa natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura, e ele não é capaz de entendê-las porque elas se discernem espiritualmente.

Efésios 2:1-2, 4-5 - Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência...
Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos.


O Senhor diz:

Marcos 10:18 / Lucas 18:19 - Por que você me chama bom? ", respondeu Jesus. "Não há ninguém que seja bom, a não ser somente Deus."

João 8:34 - Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado . "

João 3:6 - "O que é nascido da carne é carne"

Moisés:

Gênesis 6:5 e 8:21 - O Senhor viu que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a intenção dos pensamentos de seu coração era só má continuamente ... desde a sua juventude.

Davi:

Salmo 51:5 - Eis que eu nasci na iniqüidade , e em pecado minha mãe me concebeu .

Salmo 58:3 - Os ímpios se desviam desde o ventre ; andam errados desde o nascimento , falando mentiras.

E muitos outros textos demonstram que, após a queda o homem não possui tal liberdade.

Martinho Lutero em seu debate contra Erasmo de Roterdã diz que o homem é totalmente escravo e sujeito ao pecado, e para Lutero a Fé não é algo da própria volição humana, mas um dom divino, inclusive utiliza a predestinação para refutar Erasmo em algumas partes do debate. Concluímos então que o livre-arbitrio liberto [Eden] não existe.

Outra visão atual sobre a natureza do homem após a queda, diz que a morte de Jesus promoveu uma libertação para todos os homens, neste ponto de vista quando Jesus morre e libera essa Graça que liberta todos os homens. como uma espécie liberdade potencial (alguns dizem isso como Roger Olson e outros Arminianos), então agora, segundo esta visão, todos os homens podem escolher se vão receber à Cristo ou não, eles usam o texto de Romanos 5 como uma forma de visão de que como Cristo morreu por todos então todos foram ressurretos em Cristo, podendo assentir com isto pela fé. Porém isso esbarra em vários problemas, pois, se você é liberto qual o sentido real e eficaz da morte de Cristo? Jesus diz Se, pois, o Filho vos libertarverdadeiramente sereis livres.” E também, se todos os homens ressuscitaram com Cristo (pois a vida passou a todos os homens Romanos 5) qual a necessidade de novo nascimento? Jesus diz: “Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. Logo este pensamento é refutado, se todos os homens recebem vida, qual a necessidade da salvação? (Efésios 2.1-9). Essa ideia cai diante das escrituras.

3)    A Liberdade do homem regenerado

Chegamos agora no homem regenerado e na liberdade que ele possui. Nós entendemos (e todas as vertentes ortodoxas entendem) que após a regeneração o homem é liberto, ou seja a liberdade do homem é restaurada, isso é verdade até certo ponto. Porém algumas pessoas entendem essa liberdade de maneira errada, pois pensam: “Ora, com o livre-arbitrio agora restaurado, o homem poderia escolher cair, assim como Adão ou como o Diabo fez”, ou seja eles tornam esse um argumento à favor da ideia de que o crente regenerado pode cair eternamente. Mas é ai que entra o erro, por falta de conhecimento das escrituras e considerações de diversos textos. Primeiramente Paulo fala:

Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; depois o espiritual. O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo homem é do céu. Qual o terreno, tais também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, traremos também a imagem do celestial.
1 Coríntios 15:45-49

O Argumento de Paulo é que todos os que são semente de Adão são Alma viventes, mas os que são Semente de Cristo se tornam uma nova raça: Espírito vivificante. O Novo nascimento, a santificação e a glorificação são bênçãos que nem Adão teve, ele mesmo era ALMA VIVENTE.  Ou seja aqueles que nascem de novo se tornam automaticamente “participantes da natureza divina”:

Por intermédio destas ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina e fugissem da corrupção que há no mundo, causada pela cobiça.”
2 Pedro 1.4

porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em DeusColossenses 3.3

Poderíamos dizer que o homem regenerado é de outra natureza, outra espécie (um novo homem) como diz Paulo (Efésios 2.15).

Outra equivoco que poderíamos cair é pensar que agora o homem regenerado não peque, ou não venha errar, pois ele é restaurado e só consegue fazer o bem, Paulo diz:

Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio. E, se faço o que não desejo, admito que a lei é boa. Neste caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Romanos 7:15-20

Paulo está falando do homem regenerado, não do ímpio, ele traz para si mesmo, e diz que não consegue fazer o que aprova, nem mesmo ele tem liberdade de fazer o que deseja (o bem de sua natureza regenerada) por causa da escravidão de sua carne ao pecado e ele diz: “Na minha carne não habita bem algum”, ou seja a carne agora faz oposição ao seu espírito regenerado. Para a solução para este problema, Paulo nos leva ao Capitulo 8 de Romanos, onde ele dirá “Agora pois, nenhuma condenação há para quem está em Cristo Jesus” e ele vai falando da Lei do Espírito que vivificará nossos corpos mortais, da Filiação de Deus, da intercessão do Espírito, e por fim ele vai para a predestinação divina e certeza da salvação; em suma ele esta dizendo que a libertação dele do pecado não vem por si mesmo, mas sim pela operação do Espírito Santo, pois Deus nos Predestinou para sermos conformes a imagem do filho de Deus, não tem nada haver com nossa liberdade, o que nos dá segurança é o plano eterno de Deus de que ele nos fará co-participantes de sua natureza, e hoje já possuímos essa natureza em nós através do Espírito Santo. Paulo se remove da equação, mas reconhece que isso foi um plano divino de que ele fosse conforme a imagem de Cristo. Podemos concluir que até mesmo no crente regenerado não há liberdade edênica ou total, pois Paulo diz que é carnal vendido ao pecado, o que nos faz “livres” é o poder cativador da Soberania de Deus sobre as nossas vidas através do ESPÍRITO SANTO e não da nossa liberdade.

Podemos usar o termo livre-arbítrio se entendermos ele como um escravo, livre-arbitrio escravo, mas eu prefiro não usar.

4)    Livre-Agência e Livre-Agência entre pecados

Por fim, quero falar sobre a Liberdade que temos de Agência, e o que seria essa liberdade. A livre-agência (como chamamos) é a liberdade que temos em escolher as coisas do dia-a-dia, por exemplo: Eu posso escolher tomar café em uma xícara grande ou média, ou posso escolher colocar uma roupa branca ou azul, também posso escolher trabalhar ou ficar em casa. Porém, vale lembrar que até nesta liberdade eu sou influenciado por agentes externos, por exemplo: “A pessoa gosta de chocolate, por questões genéticas, psicológicas, criação, amizades, etc... por fim, até para escolher entre o chocolate e morango ela é influenciada por agentes externo e não é livre totalmente, pois é influenciada por coisas que aconteceram (passado) na sua vida e circunstancias que acontecem (presente) em sua vida no momento e essa será a força de influencia sobre ela, na verdade, toda a nossa ideia e vontade de defender ferreamente nossa liberdade nada mais é que a manifestação da nossa natureza corrupta.

Agência na questão do pecado

Antes de Caim matar Abel, Deus fala para ele:
Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo".
Genesis 4.7

Em outras palavras, “Caim você deve suprimir seu pecado” em nenhum momento Deus diz que Caim tinha capacidade para se livrar do pecado, mas diz para ele que ele poderia “dominar” sobre o pecado, suprimindo ele. Assim o homem pode suprimir o seu próprio mal restringindo-o, por exemplo: “A pessoa odeia alguém, mas não fala, odeia mas não mata” João fala sobre isso:

Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum assassino tem vida eterna em si mesmo. 1 João 3:15

Se alguém afirmar: "Eu amo a Deus", mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. 1 João 4:20

O Senhor também diz:

Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento. Também, qualquer que disser a seu irmão: ‘Racá’, será levado ao tribunal. E qualquer que disser: ‘Louco! ’, corre o risco de ir para o fogo do inferno.Mateus 5:22

No fundo a pessoa interiormente continua odiando, então ela não é livre para não fazê-lo.
A Maioria dos mandamentos da Lei são externos, porém o ultimo dos 10 mandamentos é subjetivo “Não cobiçaras”, você pode fingir o quanto puder que não cobiça, mas no fundo você cobiça, ou a casa, ou carro, ou emprego, ou esposa de alguém, em algum momento quebramos esse mandamento e Tiago diz que quem quebra um mandamento se torna culpado de todos os outros (Tiago 2.10).

Partindo desta aplicação clara das escrituras sobre a pecaminosidade do homem, podemos entender que o homem não é livre de todas essas concupiscências. Pois bem, onde ocorre então a agência? A agencia ocorre na atitude, a pessoa pode ter a agencia por não matar alguém que ela queira matar, mas só o fato de querer matar já demonstra que esta pessoa é culpada e escrava do pecado, Jesus diz:

Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.Mateus 5:28

A livre agencia neste sentido seria o homem escolher ser escravo qual ídolo seu coração corrupto fabrica, ele “escolhe” o ídolo que mais lhe agrada a sua própria concupiscência, enganando a si mesmo pensando que é livre, um exemplo: Ele é como um prisioneiro que está na cadeia, mas tem várias celas, e ele pode escolher qual cela que ele vai dormir. Tem a cela do Adultério, do Vicío, do Òdio, da Inveja, da Cobiça, da Vanglória, a cela do seu próprio intelecto e ceticismo, etc... Ele pensa que é livre, mas a única coisa que ele faz é escolher qual a cela que ele vai dormir, essas cadeias são os ídolos do seu coração, em sua mente ele os escolhe livremente, mas é sua própria concupiscência e é o próprio diabo que guia os seus pensamentos:

nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira. Efésios 2:2,3

A única solução para o homem caído é a libertação e vivificação completa através da Graça Soberana de Deus:


Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões —pela graça vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2:4-9

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Expiação Definida (A Poderosa e completa obra de Cristo)



Algumas pessoas pensam tratam a expiação definida como se fosse um ponto colocado forçosamente em meio as doutrinas da Graça, elas pensam que ela é aquele sujeito indesejado que não deveria estar junto com a família, quando era Arminiano perguntei à um Calvinista: "Por que você crê na expiação limitada" à resposta dele foi chocante pra mim: "Eu creio pois ela é a consequência lógica e filosófica dos outros pontos",  apesar de crer na expiação definida hoje  essa resposta continua sendo chocante e vazia, a sistematização de uma doutrina muitas vezes pode remover a beleza da doutrina, é esta beleza que eu quero procurar enxertar neste texto, pela graça de Deus.

Definida ou Limitada?

As pessoas gostam de acusar os cristãos que creem nas doutrinas da graça de limitarem a Cruz, eu mesmo já fiz essa afirmação "Vocês serram os braços da Cruz, e a unica coisa que resta é a estaca" com esta afirmação eu sentia no meu coração piamente que a expiação definida limitava a obra de Cristo e roubava da sua obra o amor divino por toda a humanidade, hoje vejo como eu estava enganado, porém eu baseava essa minha afirmação na vida e nos tipos de abordagem que alguns calvinistas usavam, pareciam esta fazendo apenas proselitismo por sua doutrina e eram vazios de evangelismo, infelizmente não posso negar que existam muitos reformados (principalmente os que estão conhecendo agora as doutrinas da graça) que possuem justiça-própria por sua doutrina, mas isso não significa que haja a necessidade de todos que abracem as doutrinas da graça serem ignorantes ou insensíveis.

Os que atacam essa doutrina gostam do termo "limitada", eles ressaltam o fato de que Cristo não morreu por todos, logo a expiação é limitada, porém essa acusação os tira da frigideira e os leva para o fogo; se a expiação da doutrina calvinista é limitada em números, então a expiação arminiana é limitada em eficácia pois na doutrina arminiana ela não garante salvação. Mesmo assim, o termo que acredito ser o melhor usável é expiação definida e a afirmação é esta, nós não cremos que a obra de Cristo tenha um poder limitado, existe poder na obra de Cristo para apagar todos os pecados "de 10.000 mundos" como diria Spurgeon, mas ela é eficiente apenas para aqueles pelos quais o Pai e Cristo tiveram a intenção de que Cristo desse a sua vida. Logo a expiação não é limitada em seu poder ou até mesmo alcance, ela não é limitada pelo homem, mas pela Intenção de Deus, já no arminianismo o que limita a expiação é a vontade do homem.

Qual a intenção de Deus na Morte de Cristo?

Ao fazermos essa pergunta é imprescindível analisarmos o evangelho de João, nós veremos desde os primeiros capítulos que "Deus Pai enviou Cristo ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele!"Jo 3.17 Está afirmação é maravilhosa, porém se pararmos por aqui, caímos no Universalismo, o versículo seguinte traz "Quem crê nele não é condenado, quem não crê já está condenado" v 18, a mesma coisa vemos no v 16 "Deus amou o mundo de tal maneira" expressão do caráter divino, "que deu o seu Único filho para que todo aquele que nele crer não pereça mais tenha a vida eterna" intenção, esse é o proposito da morte de Cristo: "Salvar todos aqueles que creem nEle", os crentes são conhecidos na bíblia como povo de Deus. Até aqui tanto arminianos como calvinistas creem, até certo ponto, da mesma maneira, Cristo morreu por todos os que creem. Mas o evangelho do João é muito rico, e Cristo vai desdobrando cada vez mais o proposito de Deus, se pararmos por aqui não iremos descobrir qual era a intenção do Pai, por isso vou levar vocês até o capitulo 6 de João, onde a questão encontra tensão máxima.

 Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.  Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. João 6.37-39

Para que você entenda este texto é necessário ler todo o contexto e o que estava acontecendo aqui: Jesus havia acabado de fazer o milagre da multiplicação dos pães e peixes, o povo se saciou com pão, no versículo 15 vemos que o povo queria fazer de Cristo seu Rei, seguindo o texto no vs 26 Jesus diz que eles não creram nele por evidencia dos sinais que operou, mas sim porque comeram do pão e se saciaram, isso demonstra que a fé deles não era uma fé genuína gerada pelo arrependimento e revelação do Espirito, mas uma fé plenamente natural e interesseira, prosseguimos, no vs 28 os judeus perguntam para Jesus o que deveriam fazer, qual obra que eles deveriam realizar, ou seja "Jesus o que nós temos que fazer?" Jesus responde aos Judeus "A Obra de Deus é esta: que creais naquele que ele enviou" vs 29. Deus não requer esforço do homem, requer a fé no filho de Deus, porém o proprio Senhor nos diz que essa Obra é de Deus e não nossa. Quando seguimos mais um pouco pelo sexto capitulo do evangelho de João, chegamos onde queríamos, qual a intenção de Deus em enviar Cristo ao mundo? O vs 38 traz o seguinte "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou" Este é um prenuncio, Jesus esta olhando para os judeus agora, que vieram até ele para aclama-lo como Rei porém não criam de verdade nEle, e ele diz que veio do céu não para fazer a vontade dEle, eles queriam aclamar Cristo como Rei, mas Cristo via a si mesmo como Servo, ele diz para eles em poucas palavras isso: "eu não posso ser rei, pois eu não vim fazer a mim vontade, eu vim fazer a vontade daquele que me enviou", "eu tenho uma missão, eu tenho um proposito e uma finalidade eu não posso trocar esse proposito por caprichos humanos",  em outras palavras "eu vim servir e não para ser servido" Compare com Mateus 20.28, no versiculo 39 ele exclama qual a vontade, qual o proposito e inteção do Pai com a sua morte:  "E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia". Jesus veio expecificamente para aqueles que o Pai deu, para guardar todos os que o Pai deu a Ele, esse é um dos ápices da revelação da intenção de Deus a levar Cristo ao mundo, isso ressoa também com a obra de Cristo na terra quando ele afirma no evangelho sinótico de Mateus:

Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos. Mateus 20:28

Essa é a intenção da morte de Cristo, dar a sua vida em resgate de muitos, diversos outros textos quando lidam com a intenção da morte de Cristo nos demonstram isto:

Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si. Isaías 53:10,11

 E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Mateus 1.21

 Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. Mateus 26.28

Continuando a exegese do Capitulo 6 de João, podemos ver ainda que Cristo demonstra claramente o proposito e definição da vontade do Pai:

Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. João 6.40

A intenção do Pai é que todo aquele que veja o filho e creia nele tenha a vida eterna, veja bem isso, agora seguimos:

Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. João 6:44

A oferta do evangelho é uma oferta sincera pois todo aquele que ve o filho e cre nele tem a vida eterna, porém os judeus replicaram e Jesus respondeu a eles, que eles não conseguiam fazer isso, não por uma inabilida fisica (pois todos eles estavam diante de Jesus), mas sim por uma incapacidade interior, e por isso o Senhor determina a causa dessa recalcitrância dos Judeus "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer"

Como podemos ver não é por uma falta de poder ou inabilidade do Sacrificio de Cristo que as pessoas não são salvas, pelo contrário o sacrificio de Cristo é suficiente para todos e todos são chamados para participarem deste evangelho, porém a eficiencia é derramada somente aos que creem, ou seja aqueles que o Pai traz até Cristo. Logo a intenção do Pai é salvar todos aqueles que ele traz até Cristo, estes creem, e que Cristo os de a vida eterna e os ressuscite.

Posteriormente Jesus afirma a mesma coisa aos discípulos no encerramento do Capitulo:

E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido. João 6:65

Esse é o proposito e intenção do Pai, alguns agem como se não fosse o mesmo proposito e intenção de Jesus, eles dizem que o Pai decidiu salvar os eleitos por meio da expiação, porém Cristo fez um sacrifício voltado a toda a humanidade de maneira indistinta, porém o proprio Jesus diz "Eu vim não para fazer a minha vontade, mas sim a daquele que Ele enviou" portanto a vontade do Pai é necessariamente á vontade do filho, os dois são o mesmo Deus.

No Capitulo 10 de João vemos aquilo que eu vejo ser a afirmação mais categórica da expiação definida, porém para chegarmos lá vamos analisar o texto proposto:

"Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas.Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito, e não o credes. As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim. Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um. Evangelho de João 10:11,14-16,25-30

Este texto é um dos textos que me trouxe a doutrina da Eleição, continuando nossa abordagem á respeito da Intenção da morte de Cristo, podemos ver que O Senhor afirma que dá à sua  vida pelas ovelhas no contraste disso mais claro ele diz no vs 26 "Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito" Cristo está especificando aqui o motivo pelo qual os fariseus não creram, pois eles não eram das ovelhas de Cristo, esse é o motivo pelo fato de não crerem, mas o Senhor deixa aqui de maneira muito clara que ele morre pelas suas ovelhas, e ainda ressalta que possui "ovelhas não deste aprisco" se referindo óbviamente "aos filhos de Deus que andam dispersos pelo mundo inteiro" João 11.50-53

O último versiculo de João que quero analisar sobre a Intenção da obra de Cristo é João 17.9
Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. João 17:9
Jesus não orou pelo mundo, mas orou por aqueles que o Pai deu para ele, no contexto de João 17 podemos ver que Jesus estava firmemente voltado para aqueles que o Pai deu a eles e todos aqueles que viriam crer por intermédio dos apostolos. E menciona inclusive Judas que é o filho da perdição. Isso nos ressalta que a obra de Cristo teve a intenção não de salvar o mundo, mas aqueles que o Pai deu à Ele.

O Coração da doutrina da Eleição

Por fim, para não prolongar mais o assunto, vou passar a epistola de Efésios, onde Paulo nos demonstra um padrão para o casamento:

 Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Efésios 5.25-27

Esta passagem nos apresenta um ponto que eu creio que seja chave para entendermos tanto a intenção quanto o amor de Cristo pela sua amada Igreja. O Apostolo Paulo aqui nos mostra que assim como Cristo deu a vida por Igreja o marido deve fazer pela sua esposa, em outras palavras o marido não morre por uma mulher qualquer, nem por outra mulher, ele não se entrega de maneira plena à uma desconhecida, mas apenas aquela pelas quais ele trocou votos, aquela que ele jurou amor eterno, e fez uma aliança. O amor não pode ser uma mera decisão, também não é um mero sentimento, o amor é uma aliança, as alianças dos homens são quebráveis, mas as alianças de Deus são inquebráveis, em hebreus nós vemos a imutabilidade de Deus e de suas promessas:

Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda a contenda. Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com juramento; Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta; A qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu, Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. Hebreus 6:16-20

A aliança é a base do amor, bem como o alicerce de qualquer vinculo ou amizade real, se algum homem começar a entregar sua vida por uma outra mulher com todo seu ser, obviamente ele não faz isso motivado em qualquer outra coisa a não ser seu interesse de ter ela para si, então assim como o marido se mantem fiel a sua esposa por mais que ela falhe com ele, assim também Cristo não abandona sua noiva pelo qual ele deu sua vida.

Isso se mantem pelo fato de que Cristo continua intercedendo por sua noiva, essa intercessão mostra que Ele é cumpridor de sua aliança, intercedendo sempre por aqueles que ele escolheu:

Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Romanos 8:34

Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Hebreus 7:25

Segundo o escritor de Hebreus essa intercessão é sacerdotal, ela é continua, Cristo intercedeu, intercede e intercederá por nós enquanto precisarmos, essa obra  é perfeita e completa. Esta fundamentada na sua aliança, que esta fundamentada na sua intenção de salvar todos os seus eleitos.
Aqueles que removem a aliança removem o amor de Deus, a aliança divina e o pacto dEle é o proposito pelo qual o filho veio ao mundo.

Continuando a linha do casamento

A Igreja é feita da mesma matéria de Cristo

Uma coisa maravilhosa sobre a expiação definida não é apenas que Cristo morre pela a Igreja, derramando seu sangue para purificar os seus pecados:

Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Atos 20.28

Cristo também morre para ser cabeça de uma nova raça, e criar assim um novo homem:
 Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. 1 Corintios 15.21-23

Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual. Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. 1 Corintios 15.44-48

Paulo diz que Adão era alma vivente, mas Cristo agora é espirito vivificante, assim como Cristo é, nós também somos, ele diz assim como é o celestiais os outros também são celestiais, ele está se referindo também a nossa glorificação, mas espiritualmente falando isso tem uma implicação prática maravilhosa.

Quando Deus foi criar a mulher ele derramou profundo sono sobre Adão, tomou a sua costela e fez a mulher, Adão tipifica Cristo e Eva tipifica a Igreja, assim também Cristo na Cruz morreu, e do seu corpo ele fez a Igreja, essa união espiritual de Cristo e da Igreja é feita por Deus. Um ser humano só pode se casar com outro ser humano, assim também Cristo só pode se casar com outro da sua espécie, assim ele cria a Igreja desta nova raça e natureza, foi por ela que ele derramou seu sangue, e é por ela que ele foi partido e teve seu corpo moído na cruz.

A Bíblia diz que Deus tem a aparência de Jaspe:

E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono, e parecia semelhante à esmeralda. Apocalipse 4:3

A Nova Jerusalém simboliza a Igreja de Deus, também tem os muros de Jaspe:

E tinha a glória de Deus; e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente. Apocalipse 21:11

Assim também Cristo derramou seu sangue para purificar a Igreja, e deu o seu corpo para que o Pai tomasse e fizesse para si a sua Noiva, para isso, como Adão, Ele “dormiu” e ao terceiro dia “acordou”, podendo assim tomar sua esposa que é agora da mesma “espécie” que Ele.

A Expiação não é uma mera tipologia nem tem apenas efeitos banais, mas ela é o amor de Cristo pela sua noiva amada, o Pai escolheu a noiva para o filho, e o filho pagou o dote por ela.

Expiação uma obra forense completa

John Owen enfrentou resistência de Richard Baxter pelo fato de ter pregado a expiação de maneira substitutiva, segundo Owen o sacrificio de Cristo pagou por todos os pecados dos eleitos de maneira plena e penal, foi completo substituto, mesmo antes deles creem, essa obra já estava legalmente sobre os eleitos. Isso fez Baxter temer que John Owen estivesse dando espaço ao antinomianismo, e desencorajasse que os crentes depositassem sua fé em Cristo de alguma maneira. Na verdade o raciocinio de Owen nos leva a uma pergunta: "O que gerou o que?"  É a nossa fé colocada na obra de Cristo por nós que nos faz justos, mas essa fé vem de onde? O raciocinio é simples, está fé do próprio Cristo, dada por nós, o que Cristo obteve para nós na cruz, foi um novo coração, este novo coração é uma promessa da Nova Aliança, vejamos:

Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós. Lucas 22:20

Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. Mateus 26:28

Significa que na cruz cristo estava pagando por todas as promessas do novo pacto (nova aliança), lemos que uma das promessas da nova aliança é nos dar um novo coração:

E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis. Ezequiel 36:26,27

O homem possui um coração de pedra, um coração incircunciso, portanto um coração carnal, Paulo diz que cremos com o nosso "coração":

Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido. Romanos 10:10,11

Em contrapartida, Estevão diz que o coração do homem natural é incircunciso e endurecido:

Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais. Atos 7.51

Algumas pessoas pensam que este é apenas o estado dos judeus religiosos, mas Paulo afirma que tivemos o coração circuncidado também, demonstrando que também tínhamos uma natureza indisposta para Deus:

No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, pela circuncisão de Cristo; Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. Colossenses 2:11,12

Esta carta é para a Igreja de Colossenses, portanto não está falando diretamente com os judeus, o que prova que todos os homens não-regenerados possuem o coração incircunciso.

O Fato é que o homem não regenerado está morto em seus pecados e com este coração incircunciso e de pedra não tem como responder com fé, por ter um coração insensível, é com o coração que cremos. (João 3.6, Romanos 8.8, Efésios 2.1-4)

Porém a promessa da Nova aliança é justamente nos dar um coração novo:

Porém não vos tem dado o Senhor um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje. Deuteronomio 29.4

E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas. Deuteronômio 30:6

Nenhum homem jamais circuncidou o seu próprio coração. Nenhum homem pode dizer que, pelo poder da sua própria vontade, começou a fazê-lo e que Deus então o ajudou pela Sua graça. A circuncisão do coração feita pelo Espírito Santo remove a cegueira, a obstinação e a teimosia que habitam naturalmente em nós. A circuncisão do coração remove todos os preconceitos da mente e do coração que impedem e resistem à conversão. Portanto, se toda essa resistência e oposição são removidas, como pode o coração resistir à operação da graça? (Vide Ezequiel 36:26,27; Jeremias 24:7; 31:33; Isaías 44:3-5)." — John Owen.

Voltamos agora a Mateus quando Jesus diz que derramou o Sangue da Nova aliança por muitos:

Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. Mateus 26:28

Jesus estava comprando para o seu povo todas as promessas da Nova Aliança, ele estava fazendo pagamento por todas as bênçãos espirituais que recebemos do Pai celestial, e por um novo coração para que possamos crer.

O Texto de Gálatas 2.20 na corrigida e fiel trás:

Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim. Gálatas 2:20

Essa fé que recebemos não é nossa, mas foi comprada pelo filho de Deus, por isso também recebemos o Espirito do Filho:

E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Gálatas 4:6

Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. Romanos 8:15

O Escritor de Hebreus também nos diz que Jesus Cristo é o autor e consumador de nossa Fé:

Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. Hebreus 12:2

Portanto a Fé salvadora é o próprio coração de carne que Cristo nos dá por meio da pregação do evangelho, sendo a própria Palavra de Deus e também o próprio Espirito infundido dentro de nós, vemos que a Fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus e em outro texto, vemos que a fé é um espírito: De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. Romanos 10.17

E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também, por isso também falamos. 2 Corintios 4.13

Nós também podemos dizer que a Fé é o resultado da obra da Palavra somada com a obra do Espirito em nosso ser.  Paulo diz que o homem caído era como a terra sem forma e vazia, ele usa essa analogia:

 Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 2 Corintios 4.6

Paulo diz que a salvação é como Deus dizendo haja luz, devemos nos lembrar que antes de Deus dizer haja luz, o Espirito já pairava sobre a face das águas:

E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. Genesis 1.2-3

Essa é a fé salvadora, uma obra feita pelo Espirito Santo e pela Palavra de Deus em harmonia, nos dando esse novo coração piedoso, então a Fé não é uma mera decisão intelectual ou mudança de comportamento, mas a própria natureza de Deus em nós, comprada pelo filho de Deus na Cruz, infundida em nós através da pregação pelo Espirito Santo nos Escolhidos de Deus.

Assim concluo aqui a exposição sobre expiação definida, muitas outras coisas nós podemos analisar, mas decidi fazer este texto de maneira breve, para que em outras ocasioes discorremos melhor sobre o assunto, e também para deixar o leitor com a mente fresca pensando nos textos aqui expostos.
Graça e Paz do Senhor Jesus Cristo!


 Yuri Schein, Capão da Canoa 27/10/2017







quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A Força da Fraqueza


E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.
2 Coríntios 12:9,10
Neste capitulo da segunda carta aos coríntios, Paulo defende sua autoridade apostólica e fala sobre o espinho na carne, dizendo que mesmo após orar plenamente, pedindo para Deus remover o espinho na carne, a resposta do Senhor foi “A minha Graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”.
Temos escutado de muitos essa frase, mas não temos lhe dado muita atenção, a verdade é que nós homens temos uma “vontade” muito relutante e inflexível, somos “fortes de mais”, confiamos na força do nosso braço.

Vontade de Pedra (Pedro)

Quando fui convertido, lembro-me das milhares promessas que fazia à Jesus “Senhor, jamais vou te abandonar”, “Vou te seguir até o fim”, eu experimentava o amor de Deus tão grande por minha vida, mas ainda desconhecia minha própria natureza, eu ainda era como Pedro que dizia:
Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei. Mateus 26.33

Pobre homem! Mal sabia que sua vontade não seria o suficiente para mante-lo de pé em meio à tentação:

Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás. Mateus 26.32

Mesmo Jesus afirmando que Pedro o negaria, baseado em SUA VONTADE, Pedro juntamente com os outros discípulos continuam inflexíveis:

Disse-lhe Pedro: Ainda que me seja mister morrer contigo, não te negarei. E todos os discípulos disseram o mesmo.
Mateus 26:35

O Deus que desconjunta nossa coxa

Deus nos escolheu para fazer a sua obra, mas a verdade é que ainda temos muita força natural, essa vontade bruta, como Jacó quando lutou com O Anjo do Senhor:

22 E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque. 23 E tomou-os e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha. 24 Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subiu. 25 E vendo este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. 26 E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares. 27 E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. 28 Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste.
29 E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. 30 E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva. 31 E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa. Genesis 32.22-31

 Talvez ainda existam alguns que usem este texto para ressaltar a força de Jacó, e como nós devemos insistir e lutar com Deus, devemos ser perseverantes e fortes e somente assim alcançaremos a benção de Deus.

 Mas essas pessoas ignoram todo o contexto, na verdade Deus queria remover a força de Jacó, Jacó por sua vez lutou insitiu, e O Senhor o tocou em sua coxa e Jacó saiu dali abençoado e mancando. Na Palavra de Deus nada é por acaso, a articulação e o osso da coxa são partes mais fortes do corpo humano, pois sustentam todo o seu peso, o Senhor Jesus quando vier em Apocalipse, terá o nome REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES escrito em sua coxa, logo a coxa significa FORÇA. Apocalipse 19.16

A Verdade é que para sermos vasos uteis nas mãos do Senhor ele remove as nossas forças, ele toca na nossa “coxa” e nos deixa mancando, ele coloca em nós (por causa da nossa arrogância ou orgulho) um espinho na carne, ele profetiza que nós iremos negar ele três vezes, tudo isso para nos mostrar que ELE NÃO PRECISA DA NOSSA VONTADE.

A força da carne deve ser removida

Muitos lendo esse texto podem dizer “Ok, Ok, eu entendi, eu tenho que me render à Deus, dobrar a minha vontade á vontade de Deus”, sim essa seria a conclusão perfeita, mas é verdade que nós em nosso próprio Orgulho não podemos fazer isso por conta própria, até mesmo nosso “render-se” a Deus é manchado pela justiça própria, orgulho e independência do pecado, essa não é a solução, pois muitos vão responder sinceramente “no fundo eu não consigo me render, não quero” essa afirmação é verdadeira, mesmo nós crentes temos em nós o querer fazer o bem, mas não o efetuar em nós mesmos (Romanos 7) é Deus que deve operar em nós o querer e o Realizar (Fp 2.13).

Cristo disse a Nicodemos “O que é Nascido da Carne é Carne e o que é nascido do Espirito é Espirito” João 3.6 e Paulo diz Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” Romanos 8.8, veja não é uma questão de vontade, não é uma questão de QUERER ou não, é uma questão de SER e ESTAR, ou você é e está na Carne ou você é e está no Espirito. A Natureza da Carne é simbolizada pelo nosso coração endurecido e incircunciso:
Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais. Atos 7.51

A Circuncisão é o sinal que Deus havia dado ao seu povo, em sentidos simples significa – Remover a carne, para que nós possamos ser sensíveis ao Espirito Santo, a carne deve ser removida.

A Criança chegava ao sacerdote com 8 dias de vida, e tinha o seu prepúcio removido com um instrumento cortante, assim a carne era tirada fora, Paulo diz que isso acontece conosco também quando cremos em Cristo, o interessante é que assim como a criança não pode tirar o seu próprio prepúcio, nós também não temos nenhuma capacidade de remover a nossa própria força natural é o Espirito Santo que gera isso em nós através da pregação da Palavra. A palavra é como uma espada, uma lamina que remove a nossa carne e o Espirito Santo é como o Sacerdote que opera isso em nós.

No final de tudo é Deus quem molda o vaso, ele que endurece quem quer e se compadece de quem ele quer, o vaso não tem o poder sobre o Oleiro.

18 Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. 19 Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? 20 Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? 21 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? 22 E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; 23 Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, 24 Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?
Romanos 9

 Yuri Schein