Supralapsarianismo Cristológico e Preferível
por Yuri Schein
Portanto, ninguém se
glorie nos homens; porque tudo é vosso;Seja Paulo,
seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o
presente, seja o futuro; tudo é vosso, E vós de Cristo, e Cristo de Deus.
1 Coríntios 3:21-23
Quando nós conhecemos as doutrinas da
Graça, o fazemos ela didáticamente, em uma ordem sistemática. Aprendemos sobre
a depravação total, eleição, graça irresistivel, e cada um dos pontos do
calvinismo de maneira subsequente, porém quando nós experimentamos a Graça não
experimentamos ela de maneira sitemática, experimentamos de fato a depravação
na nossa experiência, mas a Eleição nós não "experimentamos" ela é um
decreto divino, nós vamos conhecer a eleição por meio da escritura,e também
pela nossa experiência de regeneração, a regeneração que vem pela a graça
irresistível e o contato com essa graça vem antes na nossa experiência do que a
revelação da eleição divina [como é bem notado por John Piper em seu livro
Cinco Pontos]. No tempo as coisas ocorrem de uma maneira, mas na nossa
experiência elas ocorrem outra, mas o lapsarianismo não estuda nem uma coisa e
nem outra, ou seja, o estudo do lapsarianismo não se refere as
doutrinas da Graça nem no tempo e nem na experiência, mas se refere a ordem
lógica na mente divina. E por se tratar de uma ordem lógica na mente
divina é muito audacioso para nós que nos atrevamos a dizer uma coisa ou outra
sobre o assunto, na verdade, o maximo que podemos fazer é ter a nossa posição
em mente sem entrar em conflitos com os demais cristãos reformados que creem de
maneira diferente da nossa, devemos apresentar a nossa razão pelas escrituras,
mas não podemos forçar ninguém a crer em nada, e devemos nos aproximar da
Escritura com temor e reverência.
A ordem lógica dos decretos
Cristo, ele é o primeiro objetivo
divino, o primeiro objeto na mente de Deus Pai na execução de tudo que ele foi
fazer. A biblia diz que a Trindade já vivia desde a eternidade, e viviam em
comunhão em si mesmo, compartilhando [entre as pessoas] o amor, e felicidade
eterna, essa vida em comunhão que a trindade vivia na eternidade chamamos de
Vida Eterna, a Vida eterna foi transmitida do Filho para nós.
E agora glorifica-me
tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o
mundo existisse.
João 17:5
João 17:5
Deus não fez o mundo por uma
necessidade de ser amado ou adorado, ou de ter relacionamento, normalmente as
pessoas pensam que Deus fez o mundo pois estava triste e sozinho, então decidiu
criar todas as coisas, não! Deus fez o mundo segundo sua vontade e seu prazer,
com alegria e não por necessidade.
A escritura nos mostra os varios
motivos pelo qual Deus fez a criação, alguns são mais ulteriores que outro, é
aqui que entra a ordem dos decretos de Deus.
1] PARA GLORIFICAR O SEU NOME
Em Efesios 1, a expressão "para o
louvor da sua glória" aparecem três vezes. É um fato inquestionável que
Deus queria glorificar o seu nome através da criação, eleição, redenção, mas aí
entra a questão, glorificar para quem? Deus precisa de mais glória? É evidente
que não! Deus já tem toda a glória por si só, esse texto fala da exibição da
glória divina através dos seus atributos.
2] PARA GLORIFICAR SEU FILHO
A maneira como Deus iria glorificar seu
nome exibindo Graça, Justiça, Misericórdia, Ira, seriam o seu filho, a biblia
diz que o mistério de Deus é Cristo
“Tenham toda a
riqueza da forte convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o
mistério de Deus, Cristo” (Cl 2:2)
Cristo é o primeiro na mente de Deus, antes de qualquer criatura, a glorificação do seu filho vem antes, pois Deus decidiu fazer convergir em Cristo todas as coisas - Efesios 1.10, Deus partiu de Cristo para criar todas as coisas através dEle. Cristo é o próprio Deus encarnado, Deus decidiu se unir com sua Igreja antes mesmo da fundação do mundo, decidiu se revelar para ela e ter contato com ela em Cristo.
Cristo em carne vem
antes de toda a criação e de todas as coisas na mente divina:
O qual é imagem do
Deus invisível, o primogênito de toda a criação; Porque nele foram criadas
todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam
tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado
por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas
subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o
primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência.
Colossenses
1:15-18
3] SUBJUGANDO TODAS AS COISAS ATRAVÉS DA IGREJA
Ainda em
Efesios 1 nós vemos duas coisas ulteriores, essas coisas precedem todas as
coisas que ocorrem no evento de tempo e de experiência.
A primeira é
a Eleição da Igreja em Cristo - Efesios 1.4
A segunda
coisa é Deus em Cristo subjugando toda a criação através da Igreja
o qual
exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à
sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e
poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente
século, mas também no vindouro. E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para
ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a
plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.
Efesios
1.20-23
Note aqui, que para que Cristo fosse o
cabeça de todas, Deus subjugou isso através da Igreja, essa união de Cristo e a
Igreja é ulterior, ou seja, ela lógicamente
precede a intenção e axioma [pensamento] e planejamento antecipado, a
Igreja é o meio pelo qual Deus decidiu que Cristo reinasse sobre todas as
coisas. Como todo Calvinista acredita que a Igreja se trata dos
Eleitos individualmente, é evidente que a Eleição em Cristo deve
preceder a queda lógicamente, afinal é por meio dessas pessoas que Deus
subjugara todas as coisas.
Em Efesios Paulo também nos diz algo
sobre a Igreja, ele diz que a Igreja é a Obra-prima de Deus
Porque
somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras,
as quais Deus preparou para que andássemos nelas.
Efésios 2:10
Efésios 2:10
A Palavra
aqui traduzida por feitura é a palavra poiema, de onde nós tiramos
a palavra poema, mas ela tem um significado no grego que significa Obra-prima.
Todo artista tem uma obra-prima, ele tem uma obra que ele mesmo mais ama, a que
fica exibida diante de todos os homens como sendo uma expressão de sua habilidade,
inteligência, perspicácia e qualquer coisa que o artista queira revelar.
Como
Obra-prima de Deus, a Igreja precede, toda a criação, ela precede a queda e
precede tudo na mente divina, ela era amada por Deus já desde a eternidade,
Deus já estava guardando sua obra-prima para manifestá-la a tudo mais que ele
faria.
A reprovação
tem em vista os eleitos
Como a
Igreja é feita para subjugar o mundo, os reprobos existem para que os eleitos
de Deus os superem, Deus faz isso através dos atributos que ele quer demonstrar
através dos eleitos subjugando os reprobos, por exemplo, Faraó que levantou
José como Governador do Egito, o fez pois nele existia
E disse
Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como este em quem haja o
Espírito de Deus?
Gênesis 41:38
Gênesis 41:38
José
subjugou todos os adivinhos do Egito, por meio da sabedoria que Deus lhe deu,
por meio do Espírito Santo que habitava nele. Até mesmo Faraó foi levantado por
Deus para a glorificação de Deus através de José.
Podemos citar mais alguns exemplos, de como os reprobos existem apenas em prol dos eleitos? Davi não foi exaltado por meio de Golias? Não foi forjado por meio da perseguição de Saul sobre a vida dele?
Podemos citar mais alguns exemplos, de como os reprobos existem apenas em prol dos eleitos? Davi não foi exaltado por meio de Golias? Não foi forjado por meio da perseguição de Saul sobre a vida dele?
A bíblia
deixa isso bem claro:
Direi ao
norte: Dá; e ao sul: Não retenhas; trazei meus filhos de longe e minhas filhas
das extremidades da terra, A todos os que são chamados pelo meu nome,
e os que criei para a minha glória: eu os formei, e também eu os fiz.
Isaías
43:6,7
Os eleitos
foram criados já com propósito ulterior de glorificar a Deus, Deus os criou
para a sua glória, também podemos ver que Deus fez os reprobos para esse fim,
exaltar os eleitos, e por meio disso expressar seu amor pelos seus filhos. No
mesmo texto o profeta Isaías ao demonstrar essa preferencia e intenção ulterior
expressa:
Visto que
foste precioso aos meus olhos, também foste honrado, e eu te amei,
assim dei os homens por ti, e os povos pela tua vida.
Isaías 43:4
Deus faz isso! Ele mesmo cria o ímpio para o dia da destruição:
O Senhor fez
todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o
dia do mal.
Provérbios
16:4
Através dos ímpios Deus dispensa bênçãos sobre seus filhos, Salomão com sua sabedoria disse que o reprobo muitas vezes ajunta riquezas para que no fim Deus entregue elas nas mãos do justo:
Ao homem que o agrada, Deus recompensa com sabedoria, conhecimento e felicidade. Quanto ao pecador, Deus o encarrega de ajuntar e armazenar riquezas para entregá-las a quem o agrada. Isso também é inútil, é correr atrás do vento
Eclesiastes
2:26
Vemos essa
verdade em volta da vida de Abraão, quando este foi para o Egito e também para
Abimeleque, apesar de ter mentido, Deus usou até mesmo esse ato pecaminoso para
tornar Abraão mais rico e ele sair desses lugares com riqueza:
Saiu, pois,
Abrão do Egito e foi para o Neguebe, com sua mulher e com tudo o que possuía, e
Ló foi com ele. Abrão tinha enriquecido muito, tanto em gado como em
prata e ouro.
Gênesis 13:1,2 [Veja também Gênesis Capitulo 20]
Gênesis 13:1,2 [Veja também Gênesis Capitulo 20]
Isso também
aconteceu quando o povo de Israel saiu do Egito:
E eu darei
graça a este povo aos olhos dos egípcios; e acontecerá que, quando
sairdes, não saireis vazios,
Êxodo 3:21
Diga ao
povo, tanto aos homens como às mulheres, que peça aos seus vizinhos objetos
de prata e de ouro".
Êxodo 11:2
Êxodo 11:2
E o Senhor
deu ao povo graça aos olhos dos egípcios, e estes lhe davam o que
pediam; e despojaram aos egípcios.
Êxodo 12:36
Isso não é
teologia da prosperidade, isso é só uma demonstração da intenção anterior na
mente divina, onde os ímpios só existem por causa da Igreja e a Igreja só
existe por causa de Cristo. O texto supracitado sob o título desse artigo traz
o seguinte:
Portanto,
ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso; Seja Paulo, seja Apolo, seja
Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo
é vosso, E vós de Cristo, e Cristo de Deus.
1 Coríntios
3:21-23
Deus fez a terra e o mundo tendo em vista Seu Filho governando sobre toda a criação cf. Colossenses 1, Efesios 1, 1 Corintios 15, Essas criaturas não se auto-determinaram na existência, mas existiram devido a um projeto divino ulterior em sua mente, elas foram eleitas [conhecidas] em Cristo e não fora dele, essa eleição é ulterior ao decreto em que os indivíduos se encontram caídos em Adão, Deus não viu eles em Adão para então os colocar em Cristo, o texto diz que Deus os elegeu [Em Cristo]. A Predestinação conforme a imagem do filho de Deus Rm 8.28-39 não pressupõe uma queda antes da própria intenção de Deus de ter um povo conforme a imagem do seu filho, pensamos nisso irmãos, Adão veio primeiro que Cristo no tempo, mas não na mente de Deus, Paulo nos diz que Cristo é o segundo Adão, mas para Deus pensar na encarnação de Cristo, ele pensou primeiro em Adão ou primeiro em Cristo.
Além do mais
o infralapsarianismo caí na ordem lógica dos decretos, primeiro pois ele
confunde a ordem lógica com a cronológica, o lapsarianismo questiona qual é a
ordem lógica na mente de Deus e não a ordem cronológica e ordem de execução dos
decretos, na verdade o infralapsarianismo muitas vezes é uma negação da própria
idéia de lapsarianismo, pois não enfrenta os problemas referentes a
ordem lógica dos decretos, apenas afirma o que sabemos da ordem de execução
dos mesmos. Por exemplo, ao perguntarmos para um infralapsariano qual era a
intenção de Deus em decretar a queda do homem, ele responderá que será a sua
glória, e ao perguntarmos com quem Deus como e qual o meio o que vinha antes,
ele falhará, a queda aconteceu sem intenção prévia e axioma ulterior, Deus
decretou porque queria a sua Glória... E Cristo? Alguns vão afirmar, Deus
decretou a criação e a queda para Glorificar a Cristo, então agora o propósito
ulterior já não é mais a criação e a queda, e se apertarmos ele sobre como Deus
iria glorificar a Cristo, e através do que Cristo governaria o universo, será
que ele negaria que Deus faria isso através da Igreja? A maioria não negaria,
então antes mesmo da Criação a Igreja vinha antes na mente divina, ele diria
que sim, então o infralapsarianismo já se torna supralapsarianismo pois não há
igreja sem individúos.
Por fim, ao
colocar a queda primeiro que a eleição, Deus estaria decretando o mal sem ter
um fim em vista antes de seus escolhidos, o que contrária a biblia, que
demonstra que sempre que Deus decreta algo mal, ele tem um fim bom em mente, o
mal não veio primeiro na mente de Deus ao ser criado do que o bem final, Deus
não decretária uma queda sem ter um plano completo, e uma intenção ulterior
para as criatura dessa queda antes, nesse sentido o infralapsarianismo coloca a
ação divina, muitas vezes, como um mero mecanicismo, esquecendo-se do propósito
ulterior e amor de Deus, nesse sistema Deus é apenas um computador que causa
coisas sem propósito ulterior [isso não é uma critica a todos os
infralapsarianos mas ao sistema em si], já vi infralapsarianos debaterem comigo
sobre esse assunto e assumirem que existe esse propósito ulterior na mente
divina, mas esse propósito e essas "pessoas" na mente de Deus não são
reais, portanto não é um decreto, mas essa idéia é contraditória e faláciosa,
pois o lapsarianismo, não questiona se algo já está concretizado, mas se essa
coisa está antes na mente de Deus ou depois.
Resumindo o
que foi visto até agora:
ASSIM COMO
NOS ELEGEU EM CRISTO antes da fundação do mundo [isso
vem antes, axioma prévio na mente divina, uma noiva para Cristo] para sermos
santos e irrepreensíveis... isso já pressupôs a eleição em Cristo, a
verdade é que a conformação dos eleitos na imagem do Filho de Deus vem primeiro,
conforme Rm 8.28, esses eleitos foram amados antes mesmo de Deus pensar em uma
queda e a conformação da imagem de seu filho é o propósito ulterior até mesmo a
queda. A lógica é
a)O Filho Glorificado
b) através da IGREJA eleita e
conformada na sua imagem.
c) A criação subjugada pela Igreja.
Tudo é vosso
[Criação para a Igreja], nós de Cristo [Igreja para Cristo] e Cristo de Deus
[Cristo para o Pai].
Cf. Ef
1.4-5, 1 Cor 3.22,23
Deus elege homens antes da fundação do
mundo, e Deus criou o mundo para os Eleitos.
O Apóstolo Paulo diz "Tudo é
vosso, vós de Cristo e Cristo de Deus" o mundo foi feito EM PROL DOS
FILHOS - Rm 8 "a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de
Deus.
O protótipo dos eleitos era Cristo, e
Cristo é sempre a primeira coisa na mente de Deus Pai. Deus elege os homens EM
CRISTO e não em Adão.
Se Deus criou o mundo para a Igreja
encabeçar ele, então a criação está subjugada a Igreja que é a intenção prévia
axiomática na mente divina, assim como a Igreja está ligada a Gloria do Filho
que é a intenção prévia e axiomática ou seja, o propósito ulterior.
Respondendo
algumas objeções
"Nos
elegeu nEle antes da fundação do mundo PARA sermos santos..." Ef 1.5
Infralapsarianos inferem que como a
eleição tem como fim à santificação, isso deve pressupor que Deus decretaria a
queda antes da santificação, mas onde está escrito que a santificação pressupõe
uma queda? Deus precisa de uma queda para SEPARAR alguém para si? Não! Deus não
pensa na desgraça dos eleitos antes de pensar nos indivíduos EM CRISTO. Em
Romanos 8.28 diz que esses eleitos foram PREDESTINADOS para serem conformes à
IMAGEM do Filho de Deus. É evidente que isso veio antes na mente de Deus, ter
pessoas santificadas com a Imagem do Filho, e não ter pessoas depravadas. A não
ser que Deus pensasse [axioma prévio e intenção prévia] antes na ruína do que
no bem que ele fará aos eleitos. Além do mais, o arminianismo, usando o
mesmo esquema, alega que a Fé é o propósito ulterior da predestinação
justamente porque fomos predestinados para adoção. Em suma é o mesmo argumento
dos infralapsarianos para defender que a regeneração e resgate é ulterior a
própria eleição.
Eu vendo casas e terrenos para quem
quer construir uma casa, o fato de alguém estar ciente de que uma casa precisa
de tijolos não faz ela pensar nos tijolos antes, nem ter intenção primaria de
comprar tijolos, É a casa que ela quer. E o que ela quer em primeiro lugar lhe
é peculiar; alguns querem uma piscina, e é dali que partem para construir a
casa, trabalham toda a casa ao redor desse propósito. Outros querem um espaço
gourmet com churrasqueira para beber, e também partem desse propósito
primário para construir sua casa. Nunca vi ninguém que seja extremamente
obcecado em primeira instância com o tamanho do tijolo, se tem 6 ou 9 furos,
até mesmo o alicerce que é super importante, fica em segundo lugar, não quer
dizer que o alicerce será mal feito, mas quer dizer que aquilo não é o que vem
primeiro na mente dos meus clientes. Até hoje nunca vi um cliente que não
frizasse primeiro a intenção primaria da ideia de casa que ele queria, para me
dizer que tipo de tijolos que ele quer na casa, nem qual a marca do cimento,
isso é importante e sera tratado com prudência na fase de execução, mas a
intenção deles geralmente é: "Quero vista pro mar", "Orientação
solar Norte", "Cozinha americana e espaço gourmet com
churrasqueira" etc... O que varia muito de cliente para cliente.
Agora acrescento outra questão, e se
além de eu ser o criador da casa eu também for o criador dos tijolos, eu
invento os tijolos e as fábricas deles, as pessoas vão me perguntar: "Hei
amigo, pra que você inventou os tijolos? Eu por acaso responderia: "Não
sei, penso que poderemos fazer muitas coisas com ele, como come-lo?" Não.
A resposta seria "Eu inventei os tijolos, pois estava pensando em fazer
uma construção"
Agora na
construção da casa de Deus o que ele pensou primeiro? Essa é a questão, dizer
que algo pressupõe uma criação para ser alcançado é como dizer que uma casa
precisa de alicerce, isso é uma redundância, mas não tem haver com a ordem de
propósito ulterior.
Por fim, Infralapsarianos normalmente argumentam que Deus não pode decretar primeiro a eleição, visto que não existe nenhuma criatura para ele eleger decretada como criada antes.
Porém infralapsarianos não entendem que
quando Deus foi criar um mundo, na ordem de criação, primeiro ele criou a
vegetação e os animais, por fim, o homem para encabeçar essa criação.
O que veio primeiro na mente de Deus? A
vegetação, os animais ou o homem? É evidente que toda criação foi preparada
para que o homem habitasse nela. Assim também os homens foram criados para que
os eleitos de Deus criados em sua mente se manifestassem, os eleitos são os
filhos de Deus em seu coração que encabeçam a criação, a criação e os ímpios só
existem por causa dos eleitos. Então, os Eleitos necessariamente vieram antes
na mente de Deus.
Outro
exemplo que podemos usar é esse: nos é dito que Cristo é o segundo Adão. De
fato, no tempo, Cristo é o segundo Adão, mas não ordem da mente Deus, Cristo
sempre foi o primeiro na ordem de glorificação na mente divina. Sendo assim,
Adão foi feito por causa de Cristo e não o contrário, assim também o mundo e a
criação, bem como os réprobos, existem por causa da igreja.
O teologo
Vincent Cheung argumenta contra uma objeção ao Supralapsarianismo
"Então,
a objeção contra a reprovação incondicional é que ela é injusta - isto, não de
acordo com qualquer padrão declarado na Escritura, mas de acordo com a intuição
pecaminosa do homem. Ele fica desconfortável com a idéia! Em todo caso, quando
Deus executa o castigo sobre os réprobos, eles já caíram em pecado, de modo que
Deus, de fato, não pune quem é inocente e sem pecado, exceto quando ele causou
o sofrimento de Cristo. Mesmo assim, o castigo infligido estava apenas na mente
de Deus, porque Cristo estava carregando a culpa dos escolhidos. (Isaías 53.10)
Novamente, a objeção contra o supralapsarianismo equivale realmente a uma
negação de que Deus é Deus, e de que ele não[***] é um homem ou uma mera
criatura. Algumas pessoas dizem que acreditam em Deus, mas na verdade elas não
acreditam. Esse é o principal responsável[****] por trás de falsos sistemas
teológicos como o liberalismo, o arminianismo e o calvinismo inconsistente. Na
verdade, não há objeção bíblica ou racional contra o supralapsarianismo. As pessoas
simplesmente não desejam permitir a Deus uma soberania total sobre sua própria
criação. Uma vez que abandonamos as suposições falsas e centradas no homem, a
ofensa da soberania divina absoluta desaparece. Se nós abandonaremos essas
suposições é outra questão. A Obra do Espírito na santificação é necessária
para renunciarmos a todo o sentido de autonomia humana e ao pensamento centrado
no homem, incluindo o relativo e ilusório tipo de "liberdade" que tão
frequentemente aparece na forma popular do Calvinismo"¹
Piedade, mas sem negar a Soberania
Divina
Recentemente eu vi um texto de Ronald
Hanko sobre o assunto, que nos humilha e coloca no nosso lugar para abordar o
tema com cuídado e piedade devida:
"Todavia, a questão é muito especulativa e abstrata. A Escritura não diz nada sobre a ordem lógica do decreto de Deus e isto é, portanto, um assunto de pouca importância e não deve ser matéria de discussão ou divisão ou um teste de ortodoxia entre cristãos. O fato é que o decreto de Deus é UM, tal como o próprio Deus é Um. Por essa razão, portanto, nós cremos, é desnecessário falar sobre a ordem nos decretos e tentar separar e organizar as coisas em alguma ordem. Devemos enfatizar que Cristo é “antes de todas as coisas” como os supra- lapsarianos fazem. Isso é extremamente importante. Mas devemos também enfatizar que a eleição é graciosa e a reprovação é justa, como fazem os infra- lapsarianos. O que é igualmente importante. Enfatizando estas duas coisas nós não seremos, estritamente falando, nem supra- nem infra-lapsarianos, mas iremos meramente estar sustentando aquilo que está revelado e deixando as coisas secretas, as coisas que Deus não revelou, com o próprio Deus."²
Todavia é preciso
salientar que eu rejeito a ideia de que o infralapsarianismo faz da reprovação
mais justa, isso é partir de um padrão de justiça diferente do que as
escrituras apresentam, a verdade é que a maioria dos infralapsarianos que eu
conheço tem preocupação com o que as pessoas vão pensar a respeito de Deus se
ele reprova alguns homens incondicionalmente, então para agradar um
padrão de justiça humano a maioria deles cede ao padrão de justiça dos
homens, colocando a criatura no mesmo nível do que Deus, partindo-se do
pressuposto de que Deus está debaixo dos padrões humanos.
O Apostolo Paulo, ao
responder sobre a questão da Eleição em Romanos 9, não apela ao tribunal humano
e padrões humanos de justiça, nem coloca Deus debaixo dos padrões que ele deu
ao homem. Antes o apostolo ao levantar sobre a responsabilidade humana em sua
diatribe, responde:Mas algum de vocês me dirá: "Então, por que
Deus ainda nos culpa? Pois, quem resiste à sua vontade? " Mas quem é
você, ó homem, para questionar a Deus? "Acaso aquilo que é formado pode
dizer ao que o formou: ‘Por que me fizeste assim? ’ " O oleiro não
tem direito de fazer do mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso
desonroso? E se Deus, querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o
seu poder, suportou com grande paciência os vasos de sua ira, preparados para
destruição? Que dizer, se ele fez isto para tornar conhecidas as riquezas
de sua glória aos vasos de sua misericórdia, que preparou de antemão para
glória, ou seja, a nós, a quem também chamou, não apenas dentre os judeus,
mas também dentre os gentios?
Romanos 9:19-24
Nesses versos nós
temos um apelo a autonomia e autoridade do Oleiro, a primeira pergunta é: "Então, por
que Deus ainda nos culpa? Pois, quem resiste à sua vontade? " Esse
questionamento está requerindo de Deus um padrão de justiça. Em suma, qual
a base Deus tem para nos condenar? O Apostolo não apela para uma forma de
liberdade da criatura sobre o oleiro, como se ela pudesse de fato escapar dos
moldes, dedos e das mãos do oleiro, não! O apostolo responde com uma censura a
quem pergunta: "Mas quem é você,
ó homem, para questionar a Deus? "Acaso aquilo que é formado pode dizer ao
que o formou: ‘Por que me fizeste assim? ’ A censura do apostolo, demonstra que o homem não tem o
direito sobre Deus, mas Deus os tem sobre o homem, o homem é criatura de Deus,
e Deus é seu dono... " O oleiro não tem direito de fazer do
mesmo barro um vaso para fins nobres e outro para uso desonroso?" A
pergunta retórica, possui a resposta evidente, Ele tem o direito sim, de fazer
um vaso de honra e outro de desonra, e segue mostrando que Deus
"suportou" com paciencia os vasos de sua ira, preparados para
a destruição, eu nunca vi um vaso preparar a si mesmo para nada, nunca vi
um penico dar forma a si mesmo e se colocar na prateleira para que alguém o
compre e defeque sobre ele, isso não faz sentido, mas alguns teólogos,
inclusive calvinistas, dizem que o penico pode formar a si mesmo, se preparar
para a destruição. O texto é muito claro, Deus prepara vasos de ira, Deus os
preparou PARA A SUA IRA. Assim ele ecoa com Provérbios 16.4 "O
Senhor faz tudo com um propósito; até os ímpios para o dia do castigo."
ou o Apostolo Pedro "e, "pedra de tropeço e rocha que faz
cair". Os que não crêem tropeçam, porque desobedecem à mensagem; para
o que também foram destinados. 1 Pe 2.8, ou Judas " Porque
se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo
juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam
a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. Judas
1:4. Deus preparou esses vasos para a perdição, eles não prepararam a
si mesmos.
A pergunta dos infralapsarianos e arminianos sobre a justiça de Deus, é respondida: A justiça de Deus continua intacta, pois não há nada nas escrituras que condene Deus de fazer o que fizer com o que lhe pertence!
Baseado em qual padrão
o infralapsariano ou arminiano pode julgar a Deus? Pelos preceitos que Ele deu
ao homem? Mas a escritura demonstra que Deus não está debaixo dos preceitos
dado ao homem e não se relaciona com as suas leis da mesma forma que o homem se
relaciona com elas. Por exemplo, Deus pode matar quem ele quiser, pois ele é o
autor da vida, quando ele suspende a vida de alguém ele está sendo inteiramente
justo, visto que ele é o Oleiro e é o dono do barro e pode fazer o que lhe
apraz com o barro (Dt 32.39, Rm 9.11-24). Deus não pode roubar, porque tudo no
mundo já pertence a ele e pelo mesmo motivo Deus não pode cobiçar algo de outra
pessoa, pois tudo que está debaixo do céu lhe pertence (Jó 41.11), assim os
mandamentos de não roubar e o de não cobiçar não podem ser relacionados com ele
da mesma maneira que com o homem. Vemos que por Deus ser o dono de todas as
coisas, as falsas objeções que alegam que o Supralapsarianismo faz Deus ser
culpado não podem ser sustentadas.
Outra objeção comum que fazem é que o homem não pode ser comparado com um pedaço de barro, pois o homem é muito mais complexo, não deveremos levar essa causalidade de Romanos 9 maneira tão ferrenha, eu creio sim que o homem é muito mais complexo que um pedaço de barro, mas eu também creio, e muito mais, que Deus é infinitamente maior do que um oleiro, Deus tem mais controle sobre o homem do que um oleiro com um pedaço de barro, por isso o texto de Romanos 9 ainda é muito generoso com os homens.
Outra objeção comum que fazem é que o homem não pode ser comparado com um pedaço de barro, pois o homem é muito mais complexo, não deveremos levar essa causalidade de Romanos 9 maneira tão ferrenha, eu creio sim que o homem é muito mais complexo que um pedaço de barro, mas eu também creio, e muito mais, que Deus é infinitamente maior do que um oleiro, Deus tem mais controle sobre o homem do que um oleiro com um pedaço de barro, por isso o texto de Romanos 9 ainda é muito generoso com os homens.
Para finalizar vou
trazer algumas citações aqui, apenas para critério de conhecimento, à começar
com uma citação breve de A. W. Pink:Primeiro, sabemos, de
Ex 14 e 15, que Faraó foi "extirpado", extirpado por Deus, extirpado
em meio a sua iniqüidade, extirpado não por doença, nem por fraquezas que soem
incluir nas pessoas de muita idade, nem pelo que os homens denominam acidente,
mas foi _extirpado pela mão direta de Deus em Juízo_. Segundo, está claro que
Deus levantou o Faraó justamente para este fim - para
extirpa-lo... DEUS NUNCA FAZ ALGUMA COISA SEM PRÉVIO DESIGNO. Ao
lhe dar o ser, ao preservá-lo através de sua infância e
juventude, ao exaltá-lo colocando-o no trono do Egito, Deus
tinha somente um fim em vista... Terceiro, um exame dos procedimentos de Deus
para com faraó mostra claramente que ele de fato era _um vaso de Ira preparado
para a destruição_. Colocando do trono do Egito, com as rédeas do governo em
suas mãos, ele se estabeleceu como chefe da Nação que
ocupavam o primeiro lugar entre as nações do mundo. Não havia outro
monarca na terra capaz de controlá-lo ou de lhe ditar ordens. A tão
estonteante altura Deus levantou este réprobo! E esse curso
era o passo natural e necessário para preparar-lo
para o seu destino final, pois um axioma divino é
que "o orgulho vem antes da destruição; o espírito
altivo, antes da queda" Pv 16.18... Quarto, Deus endureceu o seu
coração como tinha dito que faria (Ex 4.21)... Como no caso de todos os outros
reis,o coração de Faraó estava na mão do Senhor (Pv 21.1); e Deus tinha
tantoo direito como o poder de mudá-lo para onde quisesse. Ele
aprouve mudá-lo para ir contra todo o bem... Finalmente, merece
cuidadosa consideração a observar que a vindicação de Deus em seu procedimento
para com faraó foi plenamente atestada... E mais:
temos o testemunho de Moisés, que ficou muito bem familiarizado com a
conduta de Deus para com oFaraó. Ele tinha ouvido no princípio qual
era o propósito de Deus com relação ao monarca; ele tinha
testemunhado os procedimentos de Deus para com esse rei; ele tinha observado a
longanimidade divina para com este vaso de irá preparados para a destruição; e,
por último, ele o tinha visto o extirpar Faraó em juízo
Divino no Mar Vermelho. Qual foi, então, a impressão que Moisés teve? Levantou
um clamor lamentando uma injustiça? Ousou ele acusar Deus de injustiça? Longe
disso. Em vez disso, estas foram as expressões de Moisés: quem entre os deuses
é semelhante a ti, Senhor? Quem é semelhante a ti? Majestoso em santidade,
terrível em feitos gloriosos? autor de Maravilhas? Ex 15.11³
Uma citação de Joel R.
B eek sobre o supralapsarianismo e a confissão de fé de Westminster no caso de
um Supralapsarianismo Cristológico como de Thomas Goodwin
Este capítulo deve confirmar que um supralapsariano
“determinado” como Goodwin podia afirmar o conteúdo básico do capítulo 3 da
Confissão de Fé de Westminster “Sobre o decreto eterno de Deus”. Sobre esse
assunto, a Confissão simplesmente não é precisa o suficiente para se posicionar
a favor de qualquer uma das partes, inclusive de hipotéticos universalistas.
Por isso, não estamos bem convencidos da posição de John Fesko de que os
infralapsarianos prevaleceram na Assembleia de Westminster. [4]
Ainda no mesmo livro Joel comenta:
A melhor descrição de Goodwin talvez
seja a de alguém que propôs uma posição supralapsariana cristológica que tem em
mente a glória do Deus-homem, Jesus Cristo, que une a igreja consigo. Além de
mostrar que Goodwin era supralapsariano, este capítulo também examinará por que
era supralapsariano, exame que conduzirá à essência de sua cristologia — daí o
termo “supralapsarismo cristológico”. Primeiro, comentaremos as observações de
Goodwin sobre Efésios 1.4,5; em seguida, analisaremos a posição que ele adota acerca
da ordem dos decretos em sua volumosa obra sobre a eleição. Segue-se uma seção
sobre o objetivo ou a finalidade da eleição, a saber, a união com o Deus triúno
por intermédio de Jesus Cristo.
John Murray também afirmaA Confissão [CFW] não toma partido no debate entre os supralapsarianos e os infralapsarianos, o que é intencional, conforme claramente se vê tanto no vocabulário do capítulo quanto no debate na Assembleia. Com certeza, esse é o devido cuidado que se deve ter num documento confessional” [5]
Sobre Francis
Turrentini e sua defesa ao infralapsarianismo, Gordon Clark comenta:
Turretin argumentou
contra o supralapsarianismo dizendo que, "De um non ens nada pode ser
determinado"; daí o decreto de criar um ens precede a queda e a
eleição. Isso é um mau escolasticismo. Implicaria a impossibilidade de Deus
decretar qualquer coisa antecipadamente. Por exemplo, nessa visão, Deus não
poderia ter decidido destruir Absalão por maus conselhos até depois de Absalão
nascer. Ou, mais precisamente, Deus não poderia ter decretado criar o homem
como um ser racional, já que antes da criação atual o homem teria sido um non
ens sobre o qual nada poderia ser determinado.[6]
E ainda no mesmo livro
o dr. Clark comenta:..." todo o assunto dos decretos divinos está acima
da compreensão do homem ".
Essa aparente
humildade tem sido usada com frequência quando um teólogo não consegue ver como
resolver problema. Mas na verdade é uma forma de vaidade. Significa, em
primeiro lugar, que se o Dr. X não puder pensar em uma solução, ninguém mais
poderá. Em segundo lugar, isso significa que o Dr. X. compreendeu tão
completamente tudo, desde o Gênesis até o Apocalipse, que ele pode afirmar com
completa infalibilidade que a Escritura não contém uma única sugestão da
qual uma solução possa ser deduzida ou mesmo imaginada. E se isso significa,
como certamente parece, que alguma Escritura é ininteligível, ela contradiz a
Palavra de Deus, que nos diz que toda a Escritura é proveitosa para a
doutrina.Estas observações não negam que os exegetas cometem erros, nem que a
ignorância do homem é maior do que seu conhecimento. Nem negam que Deus nos deu
apenas uma revelação parcial. Mas quando um problema é apresentado pela própria
Escritura, parece mais sábio e mais humilde admitir que alguém falhou em
entender do que afirmar que ninguém mais pode entendê-lo
1
http://defesaapologetica.blogspot.com/2017/08/supralapsarianismo-vincent-cheung.html
2http://www.monergismo.com/textos/predestinacao/supra_infra_hanko2.pdf
3 A. W. Pink - Sovereignty of God,
197-110
4 Teologia Puritana DOUTRINA PARA A VIDA
Joel R. B eeke & Mark Jones
5Collected writings of John Murray
[Edinburgh: Banner of Truth, 1977], 4:209).
6 Gordon Clark, Systematic Theology.