Hebreus 6 diz que quem tem os itens listados e depois se desvia da fé não poderá se arrepender novamente. Como é isto o que está escrito, então é isso que significa. Podemos discutir se esses itens definem completamente um crente. Poderíamos argumentar a partir do exemplo de Judas, que exerceu os próprios poderes do mundo vindouro, mas Jesus sabia desde o princípio que ele era “um diabo”. Ele nunca foi verdadeiramente convertido.
No entanto, até mesmo esta discussão é desnecessária, uma vez que é irrelevante para o ponto principal da passagem. Mesmo se a passagem descreve um crente, um crente realmente se desvia? Isso já aconteceu? A passagem não diz. A única menção a esse tópico aponta para a outra direção: “Amados, mesmo falando dessa forma, estamos convictos de coisas melhores em relação a vocês, coisas próprias da salvação” (v. 9). O escritor está convencido de que esses leitores originais não sofreriam o destino que ele descreve. Assim, a passagem não pode apoiar o arminianismo, uma vez que não é relevante.
Eu poderia dizer: “Se Deus morrer, então a Terra também desaparecerá”, ou algo nesse sentido. A afirmação é verdadeira. Mas isso acontecerá? É mesmo possível? Seria pura loucura inferir da declaração: “Portanto, é possível que Deus morra”. A declaração definitivamente não aborda o tópico.
Agora, poderíamos argumentar que as palavras “se Deus morrer” contêm um erro categórico, tornando a frase sem sentido, mas fora isso, a declaração faz um ponto importante, que Deus é o sustentador de todas as coisas, e que todas as coisas dependem continuamente dele. É isso que ela implica, mas não se pode concluir mais a menos que se faça pela força. Da mesma forma, a passagem de Hebreus faz um ponto importante, mas não o ponto que o arminiano deseja concluir dela.
Parte da dificuldade em confrontar o arminianismo, então, é superar seu próprio arminianismo — o que quer que permaneça em seu coração.
CHEUNG, Vincent. Blasphemy and Mystery, pp. 51-52.
Traduzido por Luan Tavares em 10/02/2019.