por Yuri Schein
O primeiro versículo de Gênesis é um golpe mortal contra toda filosofia humanista. Não começa com o homem, nem com a matéria, mas com a afirmação absoluta: “No princípio Deus...” Antes que houvesse tempo, espaço, energia ou leis naturais, o Senhor já era. Ele não surgiu, não evoluiu, não dependeu de nada. Ele simplesmente existe, de modo necessário e autoexplicativo.
O ateísmo tropeça aqui, porque não pode explicar a origem do ser sem recorrer a absurdos. O materialismo precisa postular que a matéria é eterna, mas a própria ciência que eles idolatram aponta para um começo. Já o molinismo, em sua tentativa covarde de salvar a autonomia humana, imagina Deus analisando “mundos possíveis” como se fosse refém de circunstâncias externas. Mas a Escritura não conhece tal fábula: antes de tudo, Deus decretou o fim desde o princípio (Is 46:10).
Toda cosmovisão que não parte de “No princípio, Deus” está condenada ao colapso epistemológico. Se o fundamento não for o Ser eterno e autoexistente, tudo o mais se torna areia movediça. Por isso, Gênesis não se perde em argumentos, apenas declara o axioma supremo. E aqui está a pedra de tropeço para os orgulhosos: se Deus é o princípio de toda explicação, então o homem não é autônomo. Toda tentativa de pensar sem Ele é insensatez, porque “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pv 1:7).