sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Antes do Princípio, Deus

 


por Yuri Schein 

O primeiro versículo de Gênesis é um golpe mortal contra toda filosofia humanista. Não começa com o homem, nem com a matéria, mas com a afirmação absoluta: “No princípio Deus...” Antes que houvesse tempo, espaço, energia ou leis naturais, o Senhor já era. Ele não surgiu, não evoluiu, não dependeu de nada. Ele simplesmente existe, de modo necessário e autoexplicativo.

O ateísmo tropeça aqui, porque não pode explicar a origem do ser sem recorrer a absurdos. O materialismo precisa postular que a matéria é eterna, mas a própria ciência que eles idolatram aponta para um começo. Já o molinismo, em sua tentativa covarde de salvar a autonomia humana, imagina Deus analisando “mundos possíveis” como se fosse refém de circunstâncias externas. Mas a Escritura não conhece tal fábula: antes de tudo, Deus decretou o fim desde o princípio (Is 46:10).

Toda cosmovisão que não parte de “No princípio, Deus” está condenada ao colapso epistemológico. Se o fundamento não for o Ser eterno e autoexistente, tudo o mais se torna areia movediça. Por isso, Gênesis não se perde em argumentos, apenas declara o axioma supremo. E aqui está a pedra de tropeço para os orgulhosos: se Deus é o princípio de toda explicação, então o homem não é autônomo. Toda tentativa de pensar sem Ele é insensatez, porque “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pv 1:7).

Fé salva obras confirmam (Romanos)

 Em Romanos, Paulo não deixa dúvida: “o justo viverá pela fé” (Rm 1:17). A justiça de Deus não se revela nas obras, mas na fé que se agarra em Cristo. O argumento é implacável: “concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (Rm 3:28).

O moralista judeu, que confiava na lei, estava tão perdido quanto o pagão devasso. Por quê? Porque ambos carecem da glória de Deus (Rm 3:23). A diferença não é quem peca menos, mas quem crê no Cristo que morreu e ressuscitou. O ladrão na cruz entrou no paraíso pela fé; o fariseu irrepreensível foi condenado pela sua incredulidade.

Romanos expõe a matemática do céu: fé = justiça imputada; obras = consequência inevitável. A raiz é a fé, o fruto são as obras. Inverter essa ordem é apostasia. Por isso, Paulo declara que Abraão foi justificado antes de circuncidado (Rm 4:10–11): a fé veio primeiro, o selo depois.

Assim, se a fé é a mão que recebe Cristo, as obras são apenas o eco dessa mão já cheia. Deus não negocia: sem fé é impossível agradar a Ele (Hb 11:6). Em Romanos, a sentença é clara: não são os que trabalham que são salvos, mas os que creem naquele que justifica o ímpio (Rm 4:5).

Em resumo:

Fé é fundamento; obras são fruto.

Fé salva; obras confirmam.

Fé une a Cristo; obras testificam dessa união.

Tudo começa e termina em Cristo, e Cristo é recebido

 somente pela fé.