quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Respostas a objeções contra o Ex Lex, Ampliado

Respondendo a objeção que se levanta contra a doutrina da soberania divina
Por Yuri Schein

Eis a objeção:

"A considerar o fato de Deus ser o legislador universal de todas as leis, e o pressuposto básico de que Deus só pode legislar mediante a sua boa vontade por causa da unicidade de seu ser, e elevação de perfeição que é incomparável a tudo o que existe, seria incoerente afirmar que o fator causal do pecado começa na ordenação de Deus?"

Resposta:

1) Se o pecado não começa na ordenação de Deus, então existe atos no universo (pecado) que veio ao mundo sem o seu planejamento. Logo, Deus recebeu o conhecimento externo da criatura sobre o que ela faria. Assim progredindo em conhecimento destruindo a simplicidade divina

2) Se Deus previu o pecado e então fez um plano em cima do pecado, Deus reagiu ao pecado com um plano, isso destrói a imutabilidade e impassibilidade divina

3) A natureza de Deus é boa, mas onde está escrito na bíblia que o fato da natureza de Deus ser boa torna impossível que Deus decrete ou planeje o mal em primeira instância?

4) Matar é pecado? Deus pode matar? Sim; pois o preceito de não matar não se aplica a Deus, visto que ele é o dono da vida. Roubar é pecado? Sim, mas Deus pode pegar coisas de qualquer pessoa e dar para quem quiser, pois todas as coisas lhe pertencem, logo Deus não está debaixo do preceito de não roubar. Deus pode cobiçar a mulher do próximo? Não, pois você só pode cobiçar algo que não te pertence, e como todos os seres humanos pertencem a Deus que é seu criador, Deus não pode cobiçar eles, assim quando Deus decreta um estupro, ele não decreta por cobiça, visto que todas as pessoas lhe pertencem, ele não tem mal nenhum em decretar nenhum pecado.

5) Deus decreta o pecado, a bíblia afirma que Deus é quem predestina TODAS as coisas conforme o Conselho da sua vontade - Ef 1.11, e faz tudo o que lhe agrada - Sl 115.3, ela afirma que ele estabelece o fim desde o princípio. A biblia ensina que Deus não apenas ficou olhando para os reis da terra para que deem poder ao anticristo, mas afirma que ele mesmo *pôs em seus corações* que cumpram o seu intento e deem poder a Besta- Apocalipse 17.17

6) Todos os homens nascem corrompidos pelo pecado, e Deus continua criando homens no seu estado pecaminoso, estes homens não decidem vir ao mundo escravos do pecado, mas antes, Deus os planejou e determinou que nasceriam corrompidos. Deus os controla e governa, Deus move o pecado dentro deles como lhe apraz. Assim como Deus moveu o pecado nos irmãos de José para cumprirem o seu propósito (Gn 45.8, 50.20) endureceu o coração de Faraó e mesmo que diante de Faraó mandasse ele se humilhar (Ex 10.3) ele já havia determinado endurecer ele (Ex 10.1-2). Deus determinou que Sansao se apaixonasse pela filisteia- Jz 14.1-4, A morte de Jesus - Is 53, Atos 2.23, 4.28.

7) A natureza divina e sua bondade deve ser interpretada de acordo com a bíblia e não com o que o homem humanista define o que é bondade. Para o homem e para o pagão Platão, a justiça era algo externo aos deuses que eles deveriam obedecer. No cristianismo, nós sabemos o que é bondade porque Deus nos revela na bíblia. Bondade é o que Deus define e não o que o homem define. Por isso, Sempre que a Bíblia diz que Deus decretou algo ruim, aquilo foi de acordo com a sua natureza boa, sim, pois bondade é o que Deus diz. Não existe um padrão externo a Deus que ele deva obedecer. E nenhum homem conhece o padrão divino a parte da sua palavra. Como eu já demonstrei no ponto 4, nenhum dos preceitos de Deus revelados ao homem citados ali se aplicam a Deus pelo simples fato dele ser dono de todas as coisas.

8) Nenhum dos preceitos ali no ponto 4 podem se aplicar a Deus com relação ao que ele faz com as suas criação, pelo fato da relação ser criação - criatura. Por exemplo, não matar, aplica em um homem não assassinar outro, mas Deus não é homem. Alguém poderia achar isso injusto, mas o que ela acha pouco importa. O preceito talvez poderia ser interpretado por hipocrisia se Deus dissesse para não matar, e existisse outro Deus por aí que e então Deus O matasse. O preceito de cobiça, talvez poderíamos pensar que se houvesse outro Deus por aí casado com uma Deusa e Deus estuprasse ela então sim, o preceito de não estuprar se aplicaria a ele. Mas visto que esse pensamento é uma heresia e uma blasfêmia, devemos rejeitar isso por completo, não há outros Deuses criadores, isso é paganismo, e o homem não é Deus, portanto Deus faz o que quiser com o homem.

9. Se aplicarmos que devemos considerar a natureza divina pelos padrões de preceitos morais que ele deu ao homem, para dizer que Deus não pode causar pecados, deveríamos também defender que Deus não pode permitir o pecado pois os preceitos divinos definem que omissão é pecado (Tiago 4.17). Se você pode fazer o bem e não faz peca. Deus pode impedir um estupro mas não impede. Se os preceitos que Deus deu ao homem podem ser aplicados contra a Sua essência então Deus não poderia ser Deus em nenhuma cosmovisão, o arminianismo estaria tanto errado como o calvinismo. Porém esses preceitos foram dados ao homem e não a Deus.

10. Deus não fez leis para si mesmo limitando o exercício de sua Soberania, e como nenhum dos preceitos mencionados acima se aplica  a Deus, Deus decretar o mal não fere em nada a sua essência Santa, visto que só podemos saber o que é Santidade e Justiça por meio da ESCRITURA e não por meio de intuição humana.

11. A pessoa pode alegar o quanto quiser que Deus tem limitações por causa da sua essência, mas que ela deve mostrar as limitações que quer impor a Deus de maneira que elas não contradigam as ESCRITURAS. Se uma pessoa traz alguma limitação que contradiga o que Deus faz claramente nas escrituras, ela está trazendo uma contradição às Escrituras e cometendo um terrível pecado de distorção.

12. Por isso perguntamos: "qual o padrão de justiça?" A justiça vem do que Deus nos prescreve como justiça, pois não conhecemos toda a essência de Deus a parte da bíblia e não das nossas ideias, a bíblia demonstra que é claramente Justo Deus fazer vasos para receptáculo da sua Ira (Rm 9) e que é justíssimo DEUS fazer pessoas para o dia da destruição- Pv 16.4 ou decretar pecados (Jz 14.1-4), Colocar intenções no coração dos homens (Ap 17.17) e Enganar os falsos profetas (Ez 14.9) o fato de Deus não agir contra a Sua essência é irrelevante pois a Escritura afirma tudo isso, então tudo isso faz parte da sua essência e sua defesa é inútil

Agora irei adicionar alguns comentários de apologetas cristãos. Certamente muitas pessoas, nunca ouviram falar de Essencialismo do Comando Divino, que é o posicionamento de Gordon Clark.

"Uma palavra de cautela é necessária aqui. Essa discussão não tem particular importância na imutabilidade divina. Argumentou-se que Deus poderia ter criado um mundo físico diferente, se assim o desejasse. Nada foi dito, de um jeito ou de outro, sobre se Deus poderia desejar. Possivelmente, a imutabilidade do propósito e a eternidade dos decretos implicam que este é o único mundo possível - uma reviravolta calvinista para uma frase espinosista. Contudo, se é assim, e se não faz sentido supor que Deus poderia pensar de forma diferente, permanece o argumento de que a moralidade, tanto quanto a física, é o que é porque Deus pensa assim" - Gordon H. Clark,  Religion, Reason, and Revelation.

Seu posicionamento era bíblico e estava de acordo com sua herança calvinista:

"[...] pois embora Seu poder esteja acima de todas as leis, ainda assim, porque Sua vontade é a mais certa regra de perfeita equidade, o que quer que Ele faça deve ser perfeitamente certo; e, portanto, Ele está livre das leis, porque Ele é uma lei para Si mesmo e para todos"
~ João Calvino, Harmony of the Law , vol. I, p. 55.

O comentário do apologeta Vincent Cheung em seu livro sobre o bem e o mal é preciso e agudo:

O que a Bíblia ensina é que a bondade é inerente à natureza de Deus, e, portanto, a definição de bondade procede naturalmente dele. Dessa forma, Deus não está sujeito a algum padrão de bondade externa a ele, e a definição de bondade não é arbitrária no sentido de ser sem sentido e trivial, mas é fundamentada na natureza imutável de Deus. Por exemplo, a Bíblia diz que é bom amar. Isso procede a partir da natureza de Deus, visto que “Deus é amor” (1Jo 4.8, 16)...

Ora, Deus define a bondade e, assim, o que ele é e faz é ipso facto bom. Tudo o que ele é e tudo o que ele faz é bom, o que significa que nenhum padrão de bondade externa a Deus pode ser usado para julgar um ato de Deus como bom ou mau. Nós derivamos a própria definição de bondade a partir do que Deus é e faz...

Como já mencionado, descobrimos o que é bom e moral através da Escritura. E no início foi dito que a visão que diz que a definição de bondade é de certa forma arbitrária não pode ser descartada. Por exemplo, era bom para os crentes do Antigo Testamento ser circuncidados somente porque Deus tinha ordenado isso. Portanto, era bom para um crente do Antigo Testamento ser circuncidado , e mau para ele o não ser.

A definição de bondade é, portanto, “arbitrária”, mas somente no sentido de que a vontade de Deus determina tudo, incluindo o padrão de bondade. Por arbitrária, portanto, não queremos dizer “existindo ou sucedendo aparentemente de maneira aleatória ou por acaso, ou como um ato de vontade caprichoso e desarrazoado”; mas, antes, como algo similar a “não restringido ou limitado no exercício de poder: governar com absoluta autoridade”(MerriamWebster’s Collegiate Dictionary, 10aEdição).

A doutrina da simplicidade de Deus exige que consideremos seus atributos como um, o que significa que não pode haver nenhuma separação entre sua vontade e natureza. Todas as coisas, nesse sentido, são arbitrárias por necessidade, visto que não há explicação mais última para algo do que dizer que Deus a desejou, e não há nada anterior à vontade de Deus que dite ou influencie o que ele deseja. Ele é amor e ele desejou ser amor; ele desejou ser amor e ele é amor. A vontade de Deus é a expressão final; não há nenhuma causa anterior.

Portanto, o fato de alguém matar outra pessoa não é inerentemente imoral, mas é somente devido ao mandamento de Deus: “Não matarás”. Do mesmo modo, teria sido imoral para Abraão se refrear de preparar Isaque para o sacrifício, uma vez que Deus o tinha ordenado a fazê-lo –em outro contexto, chamaríamos isso de assassinato. Se Deus não tivesse detido a mão de Abraão, ainda teria sido bom para ele ter matado Isaque –simplesmente porque Deus tinha ordenado isso. A justificativa para a pena de morte é derivada da mesma forma. Deus tem soberania completa sobre toda criação, e tudo o que ele ordena é bom por definição.

🖋 Vincent Cheung | Sobre o Bem e o Mal

Gordon Clark aplica o seguinte:

"Não há lei, superior a Deus, que o proíba de decretar atos pecaminosos. O pecado pressupõe uma lei, pois o pecado é ilegalidade. Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer transgressão dessa lei. Mas Deus é “Ex-lex”. [...] A relação de um homem com outro é totalmente diferente da relação de Deus com qualquer homem. Deus é o criador; o homem é uma criatura. E mais, a relação de um homem com a lei é igualmente diferente da relação de Deus com a lei. O que vale numa situação não vale na outra. Deus tem direitos absolutos e ilimitados sobre todas as coisas criadas. Da mesma massa ele pode fazer um vaso para honra e outro para desonra. O barro não tem direitos sobre o oleiro. Entre homens, pelo contrário, os direitos são limitados. [...] A ideia de que Deus está acima da lei pode ser explicada em outro particular. As leis que Deus impõe aos homens não se aplicam à natureza divina. Elas são aplicáveis somente a condições humanas. Por exemplo, Deus não pode roubar, não somente porque tudo quanto ele faz é certo, mas também porque ele é o dono de tudo: não há ninguém de quem roubar. Assim, a lei que define o pecado visa a condições humanas e não tem relevância para um Criador soberano. Uma vez que Deus não pode pecar, por conseguinte, Deus não é responsável pelo pecado, mesmo que o decrete. Talvez seja bom, antes de concluirmos, apresentar mais algumas comprovações bíblicas de que Deus realmente decreta e causa* o pecado. 2 Crônicas 18.20-22 registra: “Então, saiu um espírito, e se apresentou diante do Senhor, e disse: Eu o enganarei. Perguntou-lhe o Senhor: Com quê? Respondeu ele: Sairei e serei espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas. Disse o Senhor: Tu o enganarás e ainda prevalecerás; sai e faze-o assim. Eis que o Senhor pôs o espírito mentiroso na boca de todos estes teus profetas e o Senhor falou o que é mau contra ti”. Essa passagem definitivamente diz que o Senhor causou* os profetas a mentirem. Outras passagens semelhantes podem ser relembradas. [...] Outro aspecto das condições humanas pressupostas pelas leis que Deus impõe aos homens é que elas levam consigo um castigo que não pode ser infligido a Deus. O homem é responsável porque Deus chama-o às contas; o homem é responsável porque o poder supremo pode castigá-lo pela desobediência. Deus, pelo contrário, não pode ser responsável pela razão óbvia de que não há poder superior a ele; não há nenhum ser maior para considerá-lo responsável; ninguém pode castigá-lo; não há ninguém a quem Deus tenha de prestar conta; não há leis às quais ele possa desobedecer. O pecador, portanto, e não Deus, é que é responsável; o pecador por si só é o autor do pecado. O homem não tem livre-arbítrio, pois a salvação é puramente de graça; e Deus é soberano."

*Causa primeira ou máxima.

Perceba que a definição de Clark sobre o "Ex Lex" não remove a ligação de Deus com os preceitos dados aos homens, mas demonstram que a relação de Deus com a Lei dada aos homens é totalmente diferente. Isso não significa que Deus agirá contra a sua natureza santa e justa, mas significa que esses preceitos dados ao homem NÃO PODEM SE APLICAR A DEUS, e nem ser um parâmetro para o homem para a Deus:

"Deus não é responsável nem pecaminoso, embora seja a única causa suprema de tudo. Ele não é pecaminoso porque, em primeiro lugar, tudo quanto Deus faz é justo e reto. É justo e reto simplesmente em virtude do fato de ser ele quem faz. Justiça ou retidão não é um padrão externo a Deus, ao qual ele está obrigado a se submeter. Retidão é aquilo que Deus faz. Uma vez que Deus causou Judas a trair Jesus [preordenando tal evento], esse ato causal é reto e não pecaminoso.

Por definição, Deus não pode pecar. Neste ponto deve ser particularmente indicado que Deus causar um homem a pecar não é pecado. Não há lei, superior a Deus, que o proíba de decretar atos pecaminosos. O pecado pressupõe uma lei, pois o pecado é ilegalidade. Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer transgressão dessa lei. Mas Deus é "Ex-lex".

É verdade que se um homem, um ser criado, causasse ou tentasse causar outro homem a pecar, essa tentativa seria pecaminosa. A razão é imediata. A relação de um homem com outro homem é totalmente diferente da relação de Deus com qualquer homem. Deus é o criador; o homem é uma criatura. E mais, a relação de um homem com a lei é igualmente diferente da relação de Deus com a lei. O que vale numa situação não vale na outra. Deus tem direitos absolutos e ilimitados. sobre todas as coisas criadas. Da mesma massa ele pode fazer um vaso para honra e outro para desonra. O barro não tem direitos sobre o oleiro. Entre homens, pelo contrário, os direitos são limitados.

A ideia de que Deus está acima da lei pode ser explicada em outro particular. As leis que Deus impõe aos homens não se aplicam à natureza divina. Elas são aplicáveis somente a condições humanas. Por exemplo, Deus não pode roubar, não somente porque tudo quanto ele faz é certo, mas também porque é dono de tudo; não há ninguém de quem roubar. Assim a lei que define o pecado visa condições humanas e não tem relevância para um criador soberano."

📚 Gordon H. Clark, Deus e o Mal: O Problema Resolvido. Editora Monergismo.

O fato de Deus não se agradar com o mal - Sl 5.4 é evidente. Mas o que é mal?

Mal é tudo aquilo que vai contra os seus PRECEITOS. Quando Deus ordenou que Israel matasse todas as crianças cananéias e amelequitas, ele estava dando um preceito pecaminoso a Israel?
Não. Por que? Pois ele não está sujeito aos preceitos que ele estabeleceu ao homem

Sendo assim, Deus não se agrada com o "mal" o mal é tudo aquilo que o homem faz que vá contra os preceitos de Deus. Isso não tem nada haver com os decretos de Deus. Deus decreta todo o tipo de pecado que vai contra seus PRECEITOS na bíblia (Ex 9, Ex 10, Gn 45.8, Is 53, Ez 14.9, Ap 17.17).

Se Deus não pudesse decretar um ato pecaminoso contra seus PRECEITOS então não haveria crucificação e redenção que foram atos contrários ao preceito divino que ele mesmo decretou (Atos 2.23, 4.27-28)

Meu oponente afirmou que essas passagens eram só hebraismo e por isso não queriam dizer o que elas dizem. Ou seja, Deus não decreta o mal. Então respondi:

Agora veja como sua posição é irrelevante.

Voce diz que todos os textos que eu mencionei são apenas um hebraismo etc... Eu afirmo que seu Salmo 5.4 é um Hebraismo e portanto é irrelevante ele não pode me dar conhecimento preceptivo de Deus. Ou seja, seu próprio argumento usado contra você.

Você disse:

Ou seja é a mesma coisa que Deus dizer.
"Faz oque eu falo, mas não faça oque eu faço"
------------------------------------------------
Mas, é isso mesmo.
Deus proíbe que nos vinguemos uns aos outros, mas Ele é o Deus Vingador.

Deus nos pede para amar os inimigos, mas Ele irá lançar no fogo eterno todos os inimigos de Cristo.

Deus é soberano e Suas Leis são para as criaturas e não para Si mesmo.

Eu ainda poderia argumentar assim:

Deus diz para um homem não matar outro, seria hipocrisia em ultima instância se houvesse outro Deus e Deus matasse esse outro Deus, ou roubasse ele, porém é uma blasfemia dizer que há outro Deus e por isso mesmo o argumento do calvinita inconsistente é fraquissimo.

A Biblia afirma a doutrina dos decretos eternos de Deus

Sl 33, Sl 115.3, Isa. 45:6-7; Rom. 11:33; Heb. 6:17; Tiago 1:13-17; João 19:11; At.2:23; At. 4:27-28 e 27:23, 24, 34, Ef 1.11

De tal maneira que até mesmo o resultado de um lançar de dados é determinado por Deus

At. 15:18; Prov.16:33; I Sam. 23:11-12; Mat. 11:21-23; Rom. 9:11-18.

O Apóstolo Paulo e o salmista deixam claro quando dizem que "Deus faz tudo o que lhe agrada" Sl 115.3, e "segundo o propósito daquele que faz TODAS AS COISAS conforme o Conselho da sua vontade" [Sl 115.3, Ef 1.11], e sobre a reprovação dos ímpios [Pv 16.4, Rm 9, 1 Pe 2.7-9, Jd] também sobre todo o tipo de criatura que Deus fez [Cl 1.15-16, Rm 11.33]

Quando a bíblia nos dá uma ilustração "Deus é aquele que brande o bordão, usa o machado e a serra" ou Deus é o "Oleiro e nós somos barro em suas mãos" qual a possibilidade desses objetos fazerem qualquer coisa ou se criarem sozinhos?

Usando um Ad Hominem válido.

Alguns vão argumentar que o homem muito mais complexo do que esses objetos, pois ele delibera, pensa etc... mas Deus também é muito maior do que o homem, o controle de Deus sobre o homem é muito maior do que o controle de alguém com um machado na mão, pois além de Deus mover todas as coisas ele também tem a relação de "criador-criatura" a qual ele predispõe a natureza de cada coisa que ele criou.

Vamos ficar com o exemplo do machado por um tempo. Podemos dizer, na visão de algumas pessoas, que Adão era como um machado que foi criado bom, porém Deus o criou com a capacidade de perder o fio. Agora, sendo Deus aquele que move Adão, e o mesmo Deus estipulou a durabilidade do machado, ou seja, Deus determinou quantas "batidas" o machado poderia dar antes de ficar cego. Deus o fez com o propósito de perder o fio obviamente, de maneira que quando Adão caiu, foi o exato momento em que Deus determinou que o fio ficaria cego de uma vez.  Mesmo que Deus tivesse apenas dado a capacidade de Adão se corromper,  ele também determinou a "durabilidade" de tal criatura. A menos que Adão tivesse a capacidade de se auto-mover, e de auto-determinar as suas ações, e aí sim, neste caso o próprio Adão decidiria quando (ou não) ele iria "perder o fio", a consequência básica disso é que Deus teria que prever a ação de Adão para então decretar a eleição. E toda a predestinação Divina estaria baseada na ação de Adão, o plano de Deus seria concebido "depois" dele prever a ação de Adão. Devo lembrar que Amyraut acreditava que a predestinação aconteceu pois Deus previu que Adão cairia e que nenhum homem iria responder ao chamado do evangelho.

Eu acho que essa visão é uma heresia de morte eterna? Não acho. Mas acho inconsistente com a doutrina da soberania exaustiva.

Acréscimo: O Irmão Cristiano Lima escreve o seguinte

TIAGO 1.17 PROVA QUE DEUS NÃO CAUSOU O MAL MORAL?

"Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação".(Tg 1.17)

PRIMEIRO, Tiago 1.17 não diz, nem implica necessariamente dizer que Deus não causou o mal, tanto o mal natural quanto o mal moral.

SEGUNDO, esse texto diz claramente apenas que "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito", é causado por Deus. Isso está de acordo com vários outros versículos que ensinam que Deus é Causa de tudo o que acontece.

TERCEIRO, Deus é a Causa tanto de "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito"(Tg 1.17) quanto do mal natural(Is 45.7; Lm 3.38; Am 3.6) e também do mal moral, como será demonstrado a seguir:

(1) Ele endureceu o coração de algumas pessoas para que elas pecassem contra Ele. Ele endureceu o coração de
          (i)   De Faraó (Êx 4.21; 7.3,13,22; 8.19,32; 9.7,12,35; 10.20,27; 11.10; 13.15; 14.4,8)

          (ii)  Dos egípcios servos de Faraó(Êx 14.17)

          (iii) De Seom rei de Hesbom(Dt 2.30)

          (iv) Dos inimigos de Israel(Js 11.20)

          (v) Dos filhos de Israel(Is 63.17; Jo 12.40; Rm 11.7)

          (vi) "Logo pois [Deus] compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer". (Rm 9.18)

(2) Ele incitou a Davi a pecar contra Ele(1 Sm 24.10-16).

(3) Ele enviou da sua parte espíritos de mentira para enganar um grupo de profetas(1 Rs 22:19-23); e um espírito maligno para atormentar a Saul(I Sm16:14-23; 18.10; 19.9)

(4) Ele fez o ímpio para o dia do mal(Pv 16.4)

(5) Ele se agradou em moer a Cristo fazendo-o enfermar(Is 53.10)

(6) Ele predeterminou tudo quanto Herodes, Pilatos, os gentios e israelitas fizeram contra Cristo(At 4.27-28)

(7) Ele preparou da mesma massa, tanto vasos para a perdição quanto vasos preparados para a glória(Rm 9.21-23)

CONCLUSÃO: Existem vários outros textos. Porém, esses bastam para provar que o Deus Santo, Justo e Bom, é a Causa tanto do bem(Tg 1.17) quanto do mal natural e do mal moral.

Por: Cristiano Lima

O Bônus de um argumento prático

O Arminianismo e o estupro

Frequentemente arminianos dizem que Deus não pode decretar todos os eventos do mundo, pois não aceitam a ideia de que Deus não poderia decretar um estupro ou algo do genero, o Argumento do Estupro é um dos mais usados pelos arminianos. Eu já respondi esse argumento diversas vezes, algumas pessoas pensam que minha resposta é algo exclusivo da teologia de Cheung ou Clark, mas não é, é uma resposta de calvinistas consistentes, embora eu reconheça que Clark e Cheung defendem muito bem a teodiceia [na minha opinião Cheung defende melhor]

A biblia diz que aquele que pode fazer o bem e não faz está pecando [Tiago 4.17], segundo a lógica arminiana Deus permitiu esse estupro podendo impedir, mas ficou só olhando como um salva-vidas em uma guarita e não fez nada. Se Deus não pode decretar um estupro ele também não pode permitir um estupro pois isso também seria abominável para ele caso ele estivesse de baixo de seus preceitos, mas a verdade é que Deus não está debaixo desses preceitos, ele tem o direito sobre a sua criação para decretar o que ele quiser. Basta lembrar que Deus não decreta esses pecados por malicia, afinal tudo lhe pertence e a cobiça do estupro [que o estuprador comete] vem do sentimento de posse e distorção sobre o corpo alheio, mas Deus não está fazendo nada com o que não lhe pertence, tudo pertence a Deus, Deus está decretando o mal, mas o AGENTE é o homem.

Isso aconteceu com a Assiria, que Deus decretou que destruiria muitas nações e ao mesmo tempo puniria ela por sua arrogância [Isaias 10].

Se você se interessa por essa resposta apologética a teodiceia eu te recomendo os livros:
"Deus e o Mal o Problema resolvido - Gordon Clark",
"Ex Lex, Explicado e defendido de Falacias - Daniel Gomide"
"Autor do Pecado - Vincent Cheung"
"O Problema do Mal - Vincent Cheung"
"Melhor do que Ex Lex - Vincent Cheung"
"O Senhor das Tentações Vincent Cheung"

Que possamos nos livrar desses conceitos humanistas sobre Deus e abraçar o Deus verdadeiro das Escrituras Sagradas com fé e reverência.

Yuri Schein