quarta-feira, 25 de novembro de 2020

O Castelo da Escritura

por Yuri Schein

A questão dos princípios hermenêuticos e do Deducionismo Bíblico.
Essas ferramentas são indispensáveis e são como chaves que abrem diversas portas para entendermos uma doutrina. Todavia ainda existe uma questão, suponha que eu entregue um molho de chaves para você e diga que você pode ir onde quiser na minha casa, a casa porém é um monstruoso castelo com 10000 m2, repleta de portas e comodos diversos, corredores, alguns parecem labirintos, e outros são tão estreitos que são perigosos. Existem portas que estão ali para te levar a algumas salas desafiadoras e que podem até mesmo fazer alguém não habilidoso naquele desafio tropeçar e talvez morrer, porém algumas depois dessas são oasis com relíquias, descanso e desfrutes diversos tudo isso existe nesse castelo gigante. Ao se aventurar sozinho é provável e certo que cairá em alguma armadilha e em algum teste que não foi treinado. Porém, como você é da minha família eu mesmo serei o seu guia, eu vou com você em cada porta, te direi as sequências certas de portas para entrar e sair, te direi como você deve agir e reagir em cada lugar. É assim que o Espírito Santo faz conosco, não adianta saber deduzir as coisas das Escrituras Sagradas se você não tiver confiando no seu guia e se estribando em sua própria capacidade. Pode ser que você acabe tropeçando em uma pedra de tropeço, essa pedra é fundamental pra te salvar, mas por causa da sua autosuficiecia e independência você se arrebenta.
Fazer teologia sem depender, confiar e crer que tudo vem do Espírito Santo é um suicídio.

O ÙNICO DEUS

Deus controla ativamente todas as coisas, faz um vaso para ira e outro para a misericórdia. Deus controlou ativamente Satanás e fez dele um vaso para ira (Rm 9). Se a tradição Cristã está certa e Satanás cometeu uma rebelião no céu, foi Deus que causou ativamente ele cair pois ele também é um pedaço de barro em suas mãos (Is 29.15-16) e porque Deus causa tudo o que acontece (Ef 1.11, Ec 11.5). Na queda de Adão Deus causou ativamente Adão cair, e controlou ativamente tanto Adão quanto o diabo (Jó 12.16). Não há mistério.

Deus não tem prazer na morte do impio (Ez 18.32. 33.11) em um sentido preceptivo, ou seja, no sentido em que Ele não tem prazer que as pessoas quebrem a sua lei, e também porque Ele não é um sádico que tem prazer em matar as suas criaturas, ele não tem prazer na morte do impio em geral e ordena que eles obedeçam, porque entre esses impios estão tanto eleitos quanto reprobos, por isso o tópico é geral e não individual. Mas se tratando dos reprobos, Deus os odeia (Rm 9) não com um ódio mesquinho humano, mas com o ódio racional de reprovação, pois criou cada impio para o dia do mal (Pv 16.4), assim, Deus suporta o impio que recebe do próprio Deus as caracteristicas que Deus odeia e então Deus o pune por causa dos seus pecados e o extermina no inferno com toda a sua Ira, Ele pode fazer isso, pois é Deus e tem o direito de fazer o que quiser com a sua obra. O ódio de Deus não é o mesmo que o ódio humano na reprovação, Deus não tem um prazer (como o prazer humano de causar mal à alguém) ao fazer o impio para o dia da calamidade. O Mau do impio é próprio da ontologia que ele recebe diretamente das mãos de Deus, as caracteristicas dele são herdadas de Adão, mas dadas por Deus à Ele. É justo que Deus faça isso pois tudo lhe pertence.
Deus não deseja salvar cada pessoa do mundo, mas ele deseja salvar pessoas de todas as classes sociais e de todos os lugares do mundo (1 Tm 2.1-4, Jo 10, Jo 17, Ap 5.9) a sua amada Igreja (Ef 5.25-27)
Entender isso é racional e biblico, rejeitar isso é cair no irracionalismo e dualismo.
Nós somos ordenados a pregar a todos sem exceção e não retroceder, somos ordenados em nome de Deus a rogar que os homens se reconciliem com Deus se arrependam de seus pecados e creiam em Cristo, mas não somos ordenados a dizer que Deus deseja (no sentido decretivo) salvar cada pessoa no mundo.
A expressão amorosa de Deus (revelada) aos não-eleitos, não é uma expressão falsa, mas é expressão da benignidade de Deus os conduzindo sempre ao arrependimento (preceptivo), pois essa é a natureza divina, todavia eles endurecem o seu próprio coração contra essa oferta (Rm 2.4-5), e endurecem pois Deus os faz vasos de ira (vontade oculta), não há contradição, se eles se arrependerem eles seriam salvos e Deus não tem nenhum sentimento de rancor ou ódio humanos com eles (isso é) no sentido antropopatico, Deus não os odeia, porém no sentido decretivo, usando "ódio" nos termos de reprovação, Deus os odeia e intentou os destruir.
Esse é o Deus da Escritura, um Deus temível e terrível, amoroso e bondoso, ele tem a força, o poder e a sabedoria, ele é o único Deus que existe, não há outro Deus.
Isso não é invenção de Vincent Cheung, isso é a doutrina biblica

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Criacionismo Contínuo

  "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também." (João 5.17)

 "Creiamos, portanto que Deus trabalha constantemente, de modo que todas as coisas criadas pereceriam, se seu trabalho fosse retirado" - Agostinho | Comentário de João 5.17 

 "... sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder " (Hebreus 1:3) 

 A criação não contém poder em si mesma para continuar sua própria existência, antes Deus faz com que ela continue existindo de maneira ativa e direta. Deus "sustenta" todas as coisas que ele criou por sua Palavra, a existência da criação depende de Deus sustentar sua existência e não de uma existência inerente. 

 "pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste." (Colossenses 1:16,17) 

 Toda a criação subsiste em Deus, não possui em si mesma poder de continuar existindo. Antes ela recebe de Deus sua existência a cada instante, pois nele ela tem subsistência. A Bíblia afirma que Deus "faz todas as coisas" conforme o Conselho da Sua Vontade [Ef 1.11] e que esse poder secreto e poderoso controlador de todas as coisas embora oculto, pode ser percebido na criação, como no poder ativo de Deus em controlar o vento, ou de formar um bebê no ventre de uma mulher grávida (Ec 11.5), nós por meio da iluminação do Espírito Santo através da Palavra de Deus, afinal é por esse mesmo controle ativo e continuo de Deus sobre toda a criação que sabemos que todas as coisas cooperarão para o nosso bem (Rm 8.28) afinal Deus que "viu os nossos ossos ainda informe" (Sl 139.16) é o mesmo que formou os nossos ossos e todo o nosso ser no ventre da nossa mãe (vs 13-15), ele mesmo escreveu todos os nossos dias (Sl 139.16) seu controle sobre a nossa vida é como de um escritor que compõe uma história, seu controle está sobre todas as suas obras (Ec 9.1 KJA), seu poder secreto e determinação ativa de todos os eventos que acontecem no mundo é tão certo que Ele determina até um lançar de dados (Pv 16.33), Ele também controla até mesmo a queda de um passarinho (Mt 10.29) e até mesmo a queda dos cabelos de nossa cabeça (Lc 12.6-7) O Escritor de um livro apócrifo, geralmente atribuído a Salomão deixa registrado: "Como poderia subsistir qualquer coisa, se não o tivésseis querido, e conservar a existência, se por vós não tivesse sido chamada? Mas poupais todos os seres, porque todos são vossos, ó Senhor, que amais a vida." (Sabedoria 11.25)

sábado, 14 de novembro de 2020

O IRRACIONALISMO EXEGÉTICO CESSACIONISTA

por Yuri Schein

Muitos cessacionistas argumentam contra as manifestações pentecostais dizendo que quando as pessoas "caem", "giram" ou "falam alto" elas não estão cheias do Espírito Santo. Vincent Cheung já tem dito muito publicamente que esses cessacionistas blasfemam contra o Espírito Santo, pois atribuem uma obra do Espírito Santo ao diabo. Mas além deles cometerem o ato de Blasfemia, eles não sabem sequer interpretar um texto biblico.

Os Cessacionistas usam as recomendações de Paulo em 1 Co 14 para defender o que eles chamam de principio regulador de culto ou ordem do culto, porém eles abusam do texto e suas inferencias ultrapassam o que está escrito e nem podem ser deduzidas lógicamente do texto biblico. Por exemplo, frequentemente eles citam ""Mas tudo deve ser feito com decência e ordem." (1 Coríntios 14:40) para defender a tese de que todas as pessoas que caem, giram e pulam estão cheias de demonios ou só emocionadas. Porém, essa afirmação os colocam de fronte com o pecado de Blasfemia. Existem diversos erros nesse pensamento, as premissas deles não se seguem, mesmo a luz de 1 co 12 e 14.

1º O Primeiro motivo é que eles precisam provar que ordem e descencia necessáriamente é o mesmo que "não cair", ou agir de uma forma incomum, visto que a Escritura demonstra o dom profético agindo abundantemente dessas formas na Escritura como por exemplo:

1. Pessoas que estão sob influencia da presença de Deus podem cair 1 Rs 8.11
2. Podem ser levados pelo Espírito Santo a baterem as mãos e os pés tendo em vista algum sinal Ez 6.11
3. Podem pegar vestes de outra pessoa em forma profética par demonstrar o que acontecerá com ela, como Agabo fez (At 21.11)
4. O Espírito ordena que os profetas gritem (Jr 4.5, 6.16)

Assim, ordem e descencia em 1 Co 12 e 14 não se refere ao que pode ou não ser feito, como cair, rodar ou girar, mas sim o que o contexto mesmo diz que cada profeta deve profetizar em sua vez. (1 Co 14.31) e que as mulheres devem permanecer caladas na congregação (1 Co 14.34). Paulo não diz nada sobre cair, ou não cair, pular ou não pular, gritar ou não, a exegese cessacionista coloca a Escritura em contradição por pura tradição e ódio ao mover de Deus que eles não possuem e não podem controlar, isso os leva falar coisas que não entendem, é um dos motivos pelos quais Vincent Cheung afirma claramente que a maioria dos Cessacionistas cometeram o pecado de blasfemia contra o Espírito Santo.

sábado, 7 de novembro de 2020

Deus não tenta

 1. Deus não tenta a ninguém (Tg 1.13) 2. Herodes, Pilatos e todos envolvidos na morte de Cristo só fizeram o que Deus havia determinado (At 2.23, 4.27-28) assim Farão os homens que darão poder ao anticristo (Ap 17.17) e isso Deus fez e faz com vários homens (Ez 14.9, Pv 21.1). 3. Deus endurece a quem quer (Rm 9) 4. Deus controla o enganador e o enganado (Jó 12.16) controlar todas as coisas (Ec 9.1) faz todas as coisas (Ef 1.11, Ec 11.5) e escreve os dias da nossa vida (Sl 139.16) Portanto, não tentar ninguém NÃO é o mesmo que: a) não causar ninguém a pecar (Jz 14.1-4, Ez 14.9, At 2.23, 4.27-28, Ap 17.17) b) não endurecer o coração de ninguém (Ex 4, 10, Dt 2.30, Rm 9) c) Deus controlar: o tentador (Jó 12.16, Rm 9, Ef 1.11, Ec 11.5), o indivíduo tentado (Fp 2.13, Mt 10.29, Jd 24, Ibid) e a tentação (Mt 6.13, Lc 11.4, Hb 1.3, At 17.28, Cl 1.16-17) Causar alguém a pecar ou endurecer o coração de alguém tentado, não é o mesmo que tentar. Logo, a acusação ateísta ou arminiana é uma falácia categórica.

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

A TENTAÇÃO O CRENTE E A SOBERANIA DE DEUS

 A TENTAÇÃO, O CRENTE E A SOBERANIA DIVINA Suponha que a tentação seja uma forte pressão da carne ou do diabo. Como se alguém quisesse fechar uma porta, o pecado o diabo forçam a porta, existe uma dobradiça sendo forçada (sua vontade), porém Deus controla o diabo e a carne, e também controla a dobradiça da porta, bem como a porta (vontade). Nessa cena você sede ou empurra o diabo e a carne fechando a porta. Mas quem controlou você para resistir a ele? Foi DEUS (Fp 2.13). É Deus que te faz fechar a porta e empurrar o diabo e a carne para fora da situação. Com a porta fechada a tentação cessa por um tempo. Isso acontece quando você resiste o diabo e ele foge de você (Tg 4.7, 1 Pe 5.8-9). Seria estupidez dizer que foi pela sua força que você venceu a tentação sendo que Deus operou e você tanto o "querer" quanto o "realizar" (Fp 2.13). Deus não se tornou a sua vontade, nem a sua carne, muito menos o diabo, ele controlou tudo e continua sendo Deus. Yuri Schein, Soli Deo Glória 6 de novembro de 2020

 DEUS CAUSA TUDO E NÃO TENTA NINGUÉM, NÃO HÁ CONTRADIÇÃO 

Algumas pessoas confundem Deus controlar o coração dos tentadores e dos que são tentados com o mesmo que Deus tentar, mas essa é uma falácia categórica. Perceba: I. Deus não tenta ninguém (Tg 1.13) II. Deus endurece o coração dos homens para que não o obedeçam (Rm 9.11-24) Endurecer o coração de alguém é um controle muito maior do que tentar, se trata de um controle direto e ativo de Deus sobre o coração da pessoa. Deus não tenta alguém quando CONTROLA seu coração e o endurece durante a tentação. A natureza pecaminosa do homem é que o tenta, Deus a controla a endurecendo ou a abrandando pela Graça, veja por exemplo: "Disse o Senhor a Moisés: Vai ter com Faraó, porque lhe endureci o coração e o coração de seus oficiais, para que eu faça estes meus sinais no meio deles, e para que contes a teus filhos e aos filhos de teus filhos como zombei dos egípcios e quantos prodígios fiz no meio deles, e para que saibais que eu sou o Senhor. Apresentaram-se, pois, Moisés e Arão perante Faraó e lhe disseram: Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: Até quando recusarás humilhar-te perante mim? Deixa ir o meu povo, para que me sirva." (Êxodo 10.1-3) Aqui Deus diz que endurece o coração de Faraó, mesmo assim, Faraó é exortado a deixar o povo de Deus ir embora (Verso 3) mesmo assim ele não o faz (vs 4-11). Ao ser confrontado com a ordem divina, Faraó foi tentado e começou a negociar com Moisés e Arão, porém Deus tinha endurecido seu coração para não o obedecer, a tentativa de negociação foi apenas a prova de sua resistência e teimosia. A Tentação existiu e foi real, Faraó cedeu a sua própria pecaminosidade e desejo de escravizar o povo de Deus. Deus o puniu por essa má ação, mas foi o próprio Deus que o endureceu. No ato do endurecimento de Deus, não há qualquer resistência do coração de Faraó à determinação divina, seu coração é como um rio controlado na mão de Deus (Pv 21.1), mas no ato preceptivo, ou seja, na cena que vemos Faraó negociar com Moisés existe uma resistência a ordem divina e uma tentação. Faraó foi tentado pelo seu coração corrupto, porém seu coração reagiu de acordo com o que Deus determinou anteriormente, e se endureceu. Essa visão se sustenta se você aceitar a premissa que Deus controla também o coração humano, e que o controle divino sobre o coração humano, não implica em tentação em si, mas se o ser humano vai ceder ou vencer a tentação. É o que Jó diz em 12.16, e Isaias em 29.15-16, tanto quem engana como quem é enganado estão nas mãos de Deus, e aqueles que planejam as coisas pensando que Deus não sabe o que fazem são apenas vasos fazendo o que ele mesmo planejou. Além de tudo isso, podemos afirmar seguramente: 1. Deus não é o tentador, mas o controla (Jó 12.16, Is 29.15-16, Rm 9.6-24, Ef 1.11, Ec 11.5, Sl 139.16) 2. Deus não é a tentação, mas causa a tentação (Dt 13, Mt 4, Mt 6.13, Lc 11.4) 3. Deus não é a pessoa tentada, mas controla quem está sendo tentado (Jó 12.16, Rm 9.6-24, Fp 2.13, Ef 1.11, Ec 11.5) Portanto: I. Causar a tentação, não é ser a tentação II. Controlar ativamente o tentador não é ser o tentador III. Controlar ativamente a pessoa tentada não é ser a pessoa tentada. Pensar diferente disso é cometer uma falácia categórica. Sobre o controle de Deus ativo, Calvino nos ensina: "Aqueles que são moderadamente versados nas Escrituras veem que, por uma questão de brevidade, eu apresentei apenas alguns dos muitos testemunhos. Ainda assim, é mais do que evidente que eles balbuciam e falam absurdamente que, no lugar da providência de Deus, substituem por uma simples permissão - como se Deus estivesse sentado em uma torre de vigia esperando eventos casuais, e seus julgamentos, portanto, dependiam da vontade humana .... E certamente, a menos que ele TRABALHASSE INTERIORMENTE NAS MENTES DOS HOMENS, não teria sido corretamente dito que ele remove o discurso da verdade e a prudência dos velhos (Ezequiel 7:26); que ele tire o coração dos príncipes da terra para que eles possam vagar em resíduos sem trilhas (Jó 12:24)" (João Calvino, Institutas da Religião Cristã; The Westminster Press; p. 231). E Lutero diz: "Então, o endurecimento de Faraó por Deus é realizado assim: Deus apresenta algo para seu coração vilão, aquilo que por natureza ele odeia; e ao mesmo tempo, Ele continua POR AÇÃO ONIPOTENTE A SE MOVER DENTRO DELE a má vontade que Ele encontra lá. Faraó, em razão da vilania de sua vontade, não pode deixar de odiar o que se opõe a ele, e confiar em seu próprio força; e ele fica tão obstinado que não vai ouvir nem refletir, mas é arrastado pelas garras de Satanás como um louco furioso." (Luther, p. 207) Yuri Schein, 6 de novembro de 2020 Soli Deo Glória

O PECADO DOS IRMÃOS DE JOSÉ | por Yuri Schein

 O PECADO DOS IRMÃOS DE JOSÉ Normalmente compatibilistas usam esse texto para tentar provar que Deus não controla os pensamentos e ações dos homens, que elas são livres do seu controle: "Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o TORNOU em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida". (Genesis 50.20 - ARA) Perceba que essa tradução (bem como NVI) coloca o texto como se Deus tivesse TORNADO o mal em bem, podendo levar a entender que Deus não causou as ações más dos irmãos de José. Agora veja a versão Corrigida e Fiel" "Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o INTENTOU para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida". (Gênesis 50:20 - ACF) Esse texto exprime de fato melhor o original Quando José se refere aos seus irmãos o texto hebraico trás: "Vocês חֲשַׁבְתֶּ֥ם (ḥă·šaḇ·tem)": A palavra é traduzida no dicionário Strong por: intentaram, propuseram. Quando ele se refere a Deus, existe uma variante porém tanto a raiz como a tradução strong é a mesma: "Deus חֲשָׁבָ֣הּ (ḥă·šā·ḇāh): traduzida no Strong por: intentou, propôs As duas palavras vem da mesma raiz hebraica que seria o verbo חָשַׁ֔ב "ha.sab", o dicionário strong traduz: pensar, planejar. Em algumas ocorrências e traduções da mesma ocorrência esse verbo é traduzido como I. "ARQUITETAR" Ester 8.3 (NAS, KJV, INT) II. "TRAMAR" Ester 9.24 (NAS) III. "CONSPIRAR" Ibid (INT) IV. "DETERMINAR" Lamentações 2.8 (KJV, INT) V. "PROJETAR" Ester 8.3 (ACF) VI. "EMPREENDER" Ibid (ARA) VII. "INTENTAR" Ibid (ARC) VIII. "MÁQUINAR" Ibid (VC) IX. "DECIDIR" Lm 2.8 (NTLH) X. "RESOLVER" Lm 2.8 (AA) Assim, podemos ver que não existe no texto nenhuma ideia de Deus "TORNAR" algo em bem, mas em Deus INTENTAR, PROJETAR, ARQUITETAR, DECIDIR, DETERMINAR, PROPOR aquelas ações para o bem de José e até mesmo dos seus irmãos, portanto, José pode dizer "TODAS AS COISAS COOPERAM PARA O BEM DAQUELES QUE AMAM A DEUS" (Rm 8.28-30), porque Deus CONTROLOU tudo ativamente, até mesmo as ações dos seus irmãos foram PLANEJADAS E DETERMINADAS POR DEUS. Assim como o maior ato de injustiça que aconteceu na face da terra foi DETERMINADO, INTENTADO, PLANEJADO, CAUSADO, E PROJETADO POR DEUS (At 2.23, At 4.27-28) Deus controla tudo, inclusive as ações pecaminosas dos homens. Soli Deo Glória Yuri Schein, 6 de novembro, 2020

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

 É ERRADO ESTUDAR TEOLOGIA, OU PROCURAR TER UMA TEOLOGIA CORRETA SOBRE A MORTE DE CRISTO?  (Trecho da Teologia Sistemática Pressuposicional, Yuri Schein): 

 É ERRADO ESTUDAR TEOLOGIA, OU PROCURAR TER UMA TEOLOGIA CORRETA SOBRE A MORTE DE CRISTO?

 (Trecho da Teologia Sistemática Pressuposicional, Yuri Schein): 

 As pessoas que dizem que não é correto estudar teologia sobre esses temas da morte de Cristo deveriam se envergonhar, é o caso do amado por muitos calvinistas, C.S Lewis, que ao falar sobre a morte de Cristo em seu livro “Cristianismo Puro e Simples” diz: "Agora, qual o sentido disso tudo? O que ele veio fazer aqui? Bem, veio ensinar, é claro. No entanto, assim que começamos a examinar o Novo Testamento ou qualquer outro escrito cristão, descobrimos que eles falam constantemente de algo bem diferente: falam de sua morte e ressurreição. É evidente que os cristãos julgam estar aí o ponto central da história. Acreditam que Jesus veio à Terra especificamente para sofrer e ser morto. Ora, antes de me tornar cristão, eu tinha a impressão de que a primeira coisa em que os cristãos tinham de acreditar era uma teoria particular sobre o propósito dessa morte. De acordo com essa teoria, Deus queria castigar os homens por terem desertado e se unido à Grande Rebelião, mas Cristo se ofereceu para ser punido em lugar dos homens, e Deus não nos puniu. Hoje admito que nem mesmo essa teoria me parece mais tão imoral e pueril quanto me parecia, mas não é essa a questão que me ocupa. O que vim a perceber mais tarde é que o cristianismo não é nem essa teoria nem nenhuma outra. A principal crença cristã é que a morte de Cristo de algum modo acertou nossas contas com Deus e nos deu a possibilidade de começar de novo. As teorias sobre como isso ocorreu são outro assunto. Várias teorias foram formuladas a esse respeito; o que todos os cristãos têm em comum é a crença na eficácia dessa morte. Vou lhes dizer o que penso do assunto. Toda pessoa de juízo sabe que, quando estamos cansados e famintos, um prato de comida nos fará bem. Já a teoria moderna da nutrição, com suas vitaminas e proteínas, é coisa bem diferente. As pessoas já comiam para sentir-se bem muito antes de ouvir falar de vitaminas. Se algum dia a teoria das vitaminas for abandonada, continuarão almoçando e jantando como sempre fizeram. As teorias a respeito da morte de Cristo não são o cristianismo: são explicações de como ele funciona. Os cristãos não precisam todos concordar com a importância delas. Minha própria igreja, a Anglicana, não propõe nenhuma delas como a única teoria correta. A Igreja Romana vai um pouco mais longe. Creio, porém, que todas concordam que a coisa em si é infinitamente mais importante que qualquer explicação produzida pelos teólogos. Elas provavelmente admitiriam que nenhuma explicação é perfeitamente adequada à realidade. Como disse no prefácio do livro, no entanto, eu sou apenas um leigo, e nesse ponto as águas começam a ficar profundas. Só posso lhes dizer como eu, pessoalmente, encaro o assunto. Do meu ponto de vista, o que se pede que aceitemos não são as teorias. Sem dúvida, muitos de vocês já leram os trabalhos de Jeans ou de Eddington. O que eles fazem, quando tentam explicar o átomo ou coisa parecida,é nos dar uma descrição a partir da qual podemos elaborar uma imagem mental. Em seguida, nos advertem de que não é nessas imagens que de fato acreditam, mas sim numa fórmula matemática. As imagens só existem para nos ajudar a compreender a fórmula. Não são verdadeiras como a fórmula é verdadeira; não representam a realidade, mas algo que se lhe assemelha. Têm a função de ajudar; se não ajudam, podem ser deixadas de lado. A realidade em si não pode ser representada em imagens, só pode ser expressa em termos matemáticos. Estamos numa situação parecida. Acreditamos que a morte de Cristo é o ponto exato da história no qual algo externo a nós, absolutamente inimaginável, se manifestou em nosso mundo. Se não conseguimos nem mesmo fazer uma imagem dos átomos que compõem esse mundo, é claro que não conseguiremos imaginar essa realidade superior. Aliás, se nos constatássemos capazes de compreendê-la integralmente, esse fato por si só mostraria que ela não é o que afirma ser - o inconcebível, o incriado, algo de fora da natureza que penetra nela como um raio. Você talvez pergunte de que isso nos serve se não podemos compreendê-lo. A resposta, porém, é fácil. Um homem pode jantar sem saber exatamente de que modo os alimentos o nutrem. Da mesma forma, pode aceitar a obra de Cristo sem entender como ela funciona; aliás, é certo que, para entendê-la, tem de aceitá-la primeiro. Dizem-nos que Cristo morreu por nós, que sua morte nos lavou de nossos pecados e que, morrendo, ele destruiu a própria morte. Essa é fórmula. Esse é o cristianismo. E nisso que acreditamos. ³⁴⁷ No texto acima C.S Lewis demonstra que ele tem uma certa resistência a precisão sobre “o que de fato é a morte de Cristo” então ele deixa esse ponto em aberto para “todo o cristianismo” ou seja ele diz que “a principal crença cristã é que a morte de Cristo de algum modo acertou nossas contas com Deus e nos deu a possibilidade de começar de novo. As teorias sobre como isso ocorreu são outro assunto” A questão é o que ele quer dizer sobre “algum modo Cristo acertou as contas com Deus?” e por que depois disso ele diz que Deus “nos deu a possibilidade de começar de novo?”. Além disso ele coloca os aspectos que vamos estudar aqui como meras “teorias”, isso é claro que se torna uma relativização da teologia e do deducionismo bíblico. Eu sou um cristão que gosta de ler C.S Lewis de maneira didática, mas eu não tolero suas heresias. Logo depois Lewis diz “Várias teorias foram formuladas a esse respeito; o que todos os cristãos têm em comum é a crença na eficácia dessa morte. Vou lhes dizer o que penso do assunto. Toda pessoa de juízo sabe que, quando estamos cansados e famintos, um prato de comida nos fará bem. Já a teoria moderna da nutrição, com suas vitaminas e proteínas, é coisa bem diferente. As pessoas já comiam para sentir-se bem muito antes de ouvir falar de vitaminas. Se algum dia a teoria das vitaminas for abandonada, continuarão almoçando e jantando como sempre fizeram.” Sobre esse ponto eu posso concordar até um limite e depois acrescentar onde ele cai no erro. É um fato que antes de saberem o que é imputação e substituição penal as pessoas já eram justificadas pela fé, afinal, mesmo com carência dessas proposições até Abraão que não tinha nenhuma teologia sistemática foi justificado pela fé, mesmo que não soubesse o que significa imputação. Todavia, isso não omite o fato de que saber o que é justificação e imputação nos dá muito mais conforto bem como aumenta nossa indentidade e segurança eterna, além disso, uma pessoa que rejeite o que é imputação ao ser confrontado por essa doutrina, provavelmente não nasceu de novo por estar resistindo as Escrituras. A analogia das vitaminas também é falha, pois se fosse possível adquirir algum conhecimento sobre as vitaminas seria muito útil para que nós equilibrássemos a nossa “refeição” e certamente também deveriamos cortar aqueles alimentos que são prejudiciais à saúde. “Acreditamos que a morte de Cristo é o ponto exato da história no qual algo externo a nós, absolutamente inimaginável, se manifestou em nosso mundo. Se não conseguimos nem mesmo fazer uma imagem dos átomos que compõem esse mundo, é claro que não conseguiremos imaginar essa realidade superior.” Ao encarar o conhecimento deduzido das Escrituras comuma analogia empírica, C.S Lewis demonstra que o empirismo ou qualquer ideia de conhecimento analógico nos leva para um Deus “incognocivel”, seria muita misericórdia da parte de Deus que esse homem e os que pensam como ele sejam salvos. Todavia esse não é o assunto que vou abordar aqui.E não, não é isso que “nós acreditamos” como diz C.S Lewis no final de sua verborragia.Em contrapartida o pregador Paul Washer sumariza bem a necessidade urgente do entendimento das doutrinas bíblicas quando diz o seguinte: “Quase todos os trabalhos teológicos clássicos sobre a cruz de Cristo identificam e explicam essas verdades na forma de doutrinas como redenção, substituição penal, imputação, propiciação e expiação. Essas doutrinas não são extravagantes, dispensáveis ou inacessíveis, mas são as verdades essenciais do evangelho. Elas podem e devem ser pregadas para todos os homens, tanto crentes como incrédulos. Aqueles que argumentam que elas são muito profundas para uma pessoa comum entender estão empregando a linguagem de antigos papas que queimavam Bíblias, declarando que o povo de Deus era muito ignorante para lê-las."³⁴⁸ 


 ³⁴⁷ C.S Lewis, Cristianismo Puro e Simples, Martins Fontes, p. 24 

³⁴⁸ Paul Washer | O Poder do Evangelho e sua mensagem, Versão Kindle 


 📚 Yuri Schein | Teologia Sistemática Pressuposicional, p. 348-350