sexta-feira, 6 de novembro de 2020

 DEUS CAUSA TUDO E NÃO TENTA NINGUÉM, NÃO HÁ CONTRADIÇÃO 

Algumas pessoas confundem Deus controlar o coração dos tentadores e dos que são tentados com o mesmo que Deus tentar, mas essa é uma falácia categórica. Perceba: I. Deus não tenta ninguém (Tg 1.13) II. Deus endurece o coração dos homens para que não o obedeçam (Rm 9.11-24) Endurecer o coração de alguém é um controle muito maior do que tentar, se trata de um controle direto e ativo de Deus sobre o coração da pessoa. Deus não tenta alguém quando CONTROLA seu coração e o endurece durante a tentação. A natureza pecaminosa do homem é que o tenta, Deus a controla a endurecendo ou a abrandando pela Graça, veja por exemplo: "Disse o Senhor a Moisés: Vai ter com Faraó, porque lhe endureci o coração e o coração de seus oficiais, para que eu faça estes meus sinais no meio deles, e para que contes a teus filhos e aos filhos de teus filhos como zombei dos egípcios e quantos prodígios fiz no meio deles, e para que saibais que eu sou o Senhor. Apresentaram-se, pois, Moisés e Arão perante Faraó e lhe disseram: Assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: Até quando recusarás humilhar-te perante mim? Deixa ir o meu povo, para que me sirva." (Êxodo 10.1-3) Aqui Deus diz que endurece o coração de Faraó, mesmo assim, Faraó é exortado a deixar o povo de Deus ir embora (Verso 3) mesmo assim ele não o faz (vs 4-11). Ao ser confrontado com a ordem divina, Faraó foi tentado e começou a negociar com Moisés e Arão, porém Deus tinha endurecido seu coração para não o obedecer, a tentativa de negociação foi apenas a prova de sua resistência e teimosia. A Tentação existiu e foi real, Faraó cedeu a sua própria pecaminosidade e desejo de escravizar o povo de Deus. Deus o puniu por essa má ação, mas foi o próprio Deus que o endureceu. No ato do endurecimento de Deus, não há qualquer resistência do coração de Faraó à determinação divina, seu coração é como um rio controlado na mão de Deus (Pv 21.1), mas no ato preceptivo, ou seja, na cena que vemos Faraó negociar com Moisés existe uma resistência a ordem divina e uma tentação. Faraó foi tentado pelo seu coração corrupto, porém seu coração reagiu de acordo com o que Deus determinou anteriormente, e se endureceu. Essa visão se sustenta se você aceitar a premissa que Deus controla também o coração humano, e que o controle divino sobre o coração humano, não implica em tentação em si, mas se o ser humano vai ceder ou vencer a tentação. É o que Jó diz em 12.16, e Isaias em 29.15-16, tanto quem engana como quem é enganado estão nas mãos de Deus, e aqueles que planejam as coisas pensando que Deus não sabe o que fazem são apenas vasos fazendo o que ele mesmo planejou. Além de tudo isso, podemos afirmar seguramente: 1. Deus não é o tentador, mas o controla (Jó 12.16, Is 29.15-16, Rm 9.6-24, Ef 1.11, Ec 11.5, Sl 139.16) 2. Deus não é a tentação, mas causa a tentação (Dt 13, Mt 4, Mt 6.13, Lc 11.4) 3. Deus não é a pessoa tentada, mas controla quem está sendo tentado (Jó 12.16, Rm 9.6-24, Fp 2.13, Ef 1.11, Ec 11.5) Portanto: I. Causar a tentação, não é ser a tentação II. Controlar ativamente o tentador não é ser o tentador III. Controlar ativamente a pessoa tentada não é ser a pessoa tentada. Pensar diferente disso é cometer uma falácia categórica. Sobre o controle de Deus ativo, Calvino nos ensina: "Aqueles que são moderadamente versados nas Escrituras veem que, por uma questão de brevidade, eu apresentei apenas alguns dos muitos testemunhos. Ainda assim, é mais do que evidente que eles balbuciam e falam absurdamente que, no lugar da providência de Deus, substituem por uma simples permissão - como se Deus estivesse sentado em uma torre de vigia esperando eventos casuais, e seus julgamentos, portanto, dependiam da vontade humana .... E certamente, a menos que ele TRABALHASSE INTERIORMENTE NAS MENTES DOS HOMENS, não teria sido corretamente dito que ele remove o discurso da verdade e a prudência dos velhos (Ezequiel 7:26); que ele tire o coração dos príncipes da terra para que eles possam vagar em resíduos sem trilhas (Jó 12:24)" (João Calvino, Institutas da Religião Cristã; The Westminster Press; p. 231). E Lutero diz: "Então, o endurecimento de Faraó por Deus é realizado assim: Deus apresenta algo para seu coração vilão, aquilo que por natureza ele odeia; e ao mesmo tempo, Ele continua POR AÇÃO ONIPOTENTE A SE MOVER DENTRO DELE a má vontade que Ele encontra lá. Faraó, em razão da vilania de sua vontade, não pode deixar de odiar o que se opõe a ele, e confiar em seu próprio força; e ele fica tão obstinado que não vai ouvir nem refletir, mas é arrastado pelas garras de Satanás como um louco furioso." (Luther, p. 207) Yuri Schein, 6 de novembro de 2020 Soli Deo Glória

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