domingo, 21 de setembro de 2025

O Colapso do Empirismo: Física Quântica, Predestinação e Ocasionalismo

 


por Yuri Schein 

Os empiristas, tomistas e molinistas gostam de invocar a “ordem natural” como prova de suas construções metafísicas. Dizem que vemos causas e efeitos, que percebemos regularidades, que podemos abstrair leis universais. Mas quando a física entrou no domínio quântico, esse castelo de areia desmoronou. A experiência empírica moderna não confirma a metafísica aristotélica — ela a destrói.

O Princípio da Incerteza e a falência da causalidade natural

Werner Heisenberg mostrou que não é possível determinar simultaneamente a posição e o momento linear de uma partícula. O que o tomista chamaria de “ato em potência” simplesmente não existe: não há trajetória determinada aguardando atualização. Só existe indeterminação matemática até que um evento ocorra. Ora, se a causalidade fosse intrínseca à matéria, a trajetória deveria ser previsível — mas não é. Logo, a suposta “metafísica do ser” aristotélica se dissolve em pura ignorância.

O Experimento da Dupla Fenda e o ocasionalismo experimental

Quando fótons ou elétrons passam por uma dupla fenda, eles não se comportam como bolinhas materiais nem como ondas determinísticas. Eles exibem interferência probabilística, e o padrão só se define quando observamos. Mas não é o olho humano que cria a realidade, como pensam os mais místicos da ciência. É a vontade soberana de Deus que, naquele instante, decide a posição da partícula. Cada ponto no anteparo não é “causado” pela partícula em si, mas decretado por Deus — exatamente como ensina o Ocasionalismo: não há causa segunda intrínseca, mas apenas ocasião para o agir divino.

O Emaranhamento Quântico contra o livre-arbítrio molinista

Partículas emaranhadas compartilham estados instantaneamente, independentemente da distância. Einstein chamou isso de “ação fantasmagórica à distância”, mas para o cristão é apenas mais uma prova de que o cosmos é sustentado diretamente pelo decreto de Deus. O molinista, que quer salvar a “liberdade das criaturas”, precisa engolir que até as partículas mais elementares obedecem instantaneamente a uma coordenação externa. Não existe “autonomia” nem mesmo no nível subatômico, quanto mais no coração humano.

A Função de Onda e o decreto eterno

A equação de Schrödinger descreve a função de onda como uma superposição de possibilidades. Mas qual dessas possibilidades se torna realidade? Os físicos falam em “colapso da onda”, mas não sabem explicar a causa. Alguns apelam a multiversos infinitos, outros à consciência humana. O cristão reformado, porém, não precisa inventar ficções: o colapso é simplesmente a execução temporal do decreto eterno de Deus. Ocasionalismo puro: não há probabilidade “em si”, mas apenas a manifestação temporal da certeza eterna.

A Redução ao Absurdo dos empiristas

Se o empirista quiser ser honesto, terá de admitir: a experiência não revela ordem racional intrínseca, mas antes mistério, indeterminação e quebra de causalidade clássica. A própria ciência que eles adoram não confirma Aristóteles, mas Jonathan Edwards. Não confirma Tomás de Aquino, mas Efésios 1:11. E se eles insistirem em tomar o “dado empírico” como fundamento último, cairão na irracionalidade: pois os sentidos só mostram caos, enquanto a revelação mostra decreto.

A física quântica é apenas mais uma ocasião em que Deus confunde os sábios deste mundo (1Co 1:20). Os que se apoiam em Aristóteles, Tomás ou Molina para sustentar uma metafísica do “ato e potência” ou da “liberdade das causas segundas” são reduzidos ao absurdo pelo próprio campo em que confiam: a ciência experimental. O cristão, porém, descansa no decreto eterno: não há acaso, não há liberdade da criatura, não há autonomia da matéria. Há apenas o Deus que “sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1:3).


O Peso Invisível: Quando o Sorriso é Apenas uma Máscara


por Yuri Schein 

Vivemos cercados de pessoas que sorriem, que parecem estar bem, que até fazem piadas para aliviar o ambiente. Mas o que raramente percebemos é que, muitas vezes, esses sorrisos não passam de máscaras frágeis. Atrás deles, há cansaço, solidão, medo e batalhas que ninguém mais vê.

A sociedade nos treinou para aparentar força. Fomos condicionados a acreditar que demonstrar dor é sinal de fraqueza. Assim, aprendemos a esconder as lágrimas, a calar os gritos internos e a sufocar a alma sob uma fachada de normalidade. Quantos de nós já não sorrimos quando, por dentro, estávamos desmoronando?

O grande problema é que, ao acreditar na aparência, também nos tornamos cegos. Passamos ao lado de pessoas que pedem ajuda em silêncio, mas confundimos esse silêncio com indiferença. Vemos um semblante alegre e não imaginamos que ele pode estar cobrindo cicatrizes profundas.

É fácil admirar quem aparenta estar sempre bem. Difícil é enxergar que até os mais fortes sangram quando a multidão vai embora. E é nesse ponto que a compaixão se torna urgente: precisamos aprender a olhar além do óbvio, a ouvir o que não é dito, a perceber que nem toda alegria é verdadeira.

Antes de admirar um sorriso, pergunte-se: será que não é apenas um escudo? Às vezes, o gesto mais humano não é aplaudir a força alheia, mas oferecer um espaço seguro para a fragilidade. Pois quem hoje sorri para esconder a dor pode estar implorando por alguém que enxergue além da máscara.