sábado, 30 de março de 2019

O Evangelicalismo moderno e seu dano


por Yuri Schein




Os impíos ao serem evangelizados com base no amor de Deus por eles começam a se sentir confortável e até começam a frequentar Igrejas, mas logo que abandonam e são alertados da condenação daqueles que nunca se arrependeram devido a Ira e ao ódio de Deus, não conseguem entender a coerencia dos cristãos, e eles tem razão, os cristãos são incoerentes, Deus não pode amar e sentir ira ao mesmo tempo, Deus não pode amar salvificamente alguém que não Elegeu para a salvação, o Amor Salvífico de Deus é apenas para seus filhos espalhados pelo mundo inteiro - João 11.49-53, para os outros o que resta é a violenta ira de Deus. Nós não podemos iludir as pessoas, jamais deveriamos dizer (no sentido salvifico) para um ímpio que Deus o ama, deveriamos chorar e olhar nos olhos dele e dizer que Deus está irado com ele e o lançará no inferno se ele não se arrepender dos seus pecados. É mais coerente e é a maneira com que os apostolos evangelizavam, não vemos em nenhum lugar nos evangelismos de Paulo e dos Apostolos eles dizendo aos ímpios que Deus os ama, o imperativo é para se arrepender e crer no evangelho, todo aquele que crê está salvo, quem não crê JÁ ESTÁ CONDENADO. A condição para salvação é arrependimento e fé, é evidente que quem dá esse arrependimento e essa fé é Deus, e que Jesus perdoa todos os pecados daqueles eleitos que irão crer, mas a ordem não pode ser mudada nem invertida em suas proposições.

A doutrina da expiação definida é o maior golpe em falsas conversões, a pessoa deve se arrepender e crer em Cristo, ele morre por aqueles que se arrependem e creem. Mas eles só fazem isso pois Jesus comprou fé e arrependimento para eles. Infelizmente, nós não temos boas proposições do evangelho, e saímos por ai dizendo a todos os reprobos e não-reprovados em nome de Deus que Deus os ama e os quer salvar, a consequência disso é que estamos lhes mentindo em nome de Deus. Estamos dizendo que Deus ama essas pessoas, sendo que não sabemos, e além disso é possível que Deus as está endurecendo elas ainda mais, e estão debaixo de sua ira, para o reprobo não fará diferença, mas tomar essas proporções evitaria bodes adentrarem dentro da Igreja.

Muitos crentes sofrem danos por suas igrejas estarem cheias de bodes, o primeiro dano é que quando uma denominação toma grande massa carnal de pessoas não-regeneradas e reprovadas por Deus, com o tempo esses ímpios vão deixando de congregar, o afago ao seu ego acaba muitas vezes e a palavra de Deus não os satisfaz, aliás, eles sequer creem em todas as proposições da palavra de Deus. Os lideres então, inspirados pelo mundanismo, usam métodos carnais para prender essas pessoas na Igreja, a consequencia disso é que os verdadeiros crentes que estão indo a Igreja para ter comunhão com os irmãos, ouvir a Palavra de Deus e adorar a Cristo não recebem alimento sólido e acaba comendo o lixo que esses líderes oferecem aos reprobos. A Igreja cresce em número, mas jamais em maturidade.

Em Efesios o apostolo Paulo nos diz que o corpo cresce, mas esse corpo não cresce apenas pois os membros começam a se multiplicar, mas sim pois é um crescimento saudavel, todo o corpo saudavel cresce em maturidade, cada membro se torna mais forte e mais capaz, o treinamento para o ministério deve proporcionar isso a Igreja. Porém, quando os líderes se enfocam em pessoas carnais a consequencia é dupla frustração. A primeira frustração vem pelo fato da Igreja ter crescido em grande proporção em um momento, mas a segunda vem pelo fato dos reprobos e não-regenerados terem saido da Igreja e abandonado ela, normalmente difamando a Igreja que frequentou.

Estou ciente que o idealismo é perigoso, mas a escritura nos dá direcionamentos os quais não podemos ignorar. Mas veja como chegamos até aqui... Através do simples ato de evangelizar não é? Sim! Através do simples ato do evangelismo descobrimos o que nos trouxe a proporções desequilibradas e desajustadas dentro de nossas denominações. Mas e então? Bom o que nos dá um refrigério é que Deus continuará salvando seus eleitos apesar de todo o tumulto humano, Deus vai continuar fazendo o que ele sempre fez. Até mesmo usando esses meios para levantar falsos profetas que vão pregar um falso evangelho e levar mais reprobos com eles separando assim a Igreja, removendo o joio do meio da Igreja. Alguns dizem que o Campo é o mundo não a Igreja, mas a Igreja vísivel faz parte desse mundo físico, dentro da Igreja visível existem falsos mestres e falsos conversos (1 Jo 2.19). Eu concordo com os irmãos quando dizem que na Igreja não há joio, só trigo, realmente, mas a Igreja Invisivel, e na Igreja visivel Deus faz a separação do Joio e do trigo para que o inimigo não fique no meio.

Deus decreta tudo, até mesmo essas coisas, através desses equivocos o Senhor demonstra o coração de todos, você pode perceber que existem pessoas que se tornam intolerantes a tal ponto de não congregarem mais, não é o caso que eles não tenham mais nenhum lugar para congregar, mas que eles não querem mais congregar, a frustração com as denominações foi grande e eles não desejam mais fazer parte de uma. Porém, a biblia não nos autoriza a tomar uma posição e sair de nossa denominação na qual Deus nos chamou se não encontrarmos ela aquem dos ensinamentos centrais da escritura, pelo contrário, se vemos alguma coisa que deve ser corrigida na nossa Igreja, devemos ser combatentes e corajosos, confrontando as pessoas que ensinam o equivoco que percebemos, todavia, devemos saber distinguir se tal ensino é uma proposição básica da fé, ou se trata apenas de um ensino minucioso das escrituras no qual podemos examinar com o tempo e expor aos poucos aos irmãos. Isso não significa que os pequenos erros não causem danos a Igreja, eles causam, mas em proporções que podem ser corrigidas de uma maneira branda e sensata com um bom esclarecimento das escriutras. Já uma pessoa que nega a Triundade, por exemplo, já está negando proposições diretas da escritura e se resiste uma ou duas vezes não pode permanecer no nosso meio. Existem coisas que são auto-evidentes em toda a escritura, e taís proposições não podemos negociar, como a justificação pela fé, por exemplo. Questões escatológicas embora sejam muito importantes, podem nos demandar mais tempo e estudo para estipularmos qual é a mais correta, todavia não é impossível de forma alguma chegar a uma conclusão escatológica clara e evidente.

Todavia todas as questões pormenores são ignoradas pelos falsos irmãos, eles acham que essas questões são irrelevantes de maneira que acham que não se deve estudar tais questões, isso acontece pela falta de amor a palavra de Deus. Alguns pensam que a qualidade de estudar a biblia está nos lombos dos mestres da Igreja apenas, somente aqueles que Deus deu o dom do ensino, porém a escritura afirma que somos uma nação de Sacerdotes (1 Pe 2.7-9), todos os sacerdotes examinavam e memorizavam as escrituras. Ignorar a biblia é uma caracteristica apenas da nossa geração de falsos convertidos. Lidar com ela como sendo secundária é efeito da filosofia mundana dentro de nossas denominações.


sexta-feira, 29 de março de 2019

A auto-contradição das cosmovisões não-cristãs






Por Yuri Schein

Visto que nenhuma linha epistemológica pode se justificar. O empirismo não pode nos provar ou nos dar certeza do conhecimento, e que a experiência sensorial não nos "ensina" nada que já não sabemos*, que o racionalismo não tem um primeiro principio a não ser um selecionado pelo expositor sem justificativa e o ceticismo é uma auto-contradição, pois ao afirmar que não podemos saber de nada, ou que tudo é uma opinião, já é uma afirmativa de deter um conhecimento, e mais, é afirmar uma posse de todo o conhecimento.

Como você sabe o que você sabe

Toda a vez que o cético diz que tudo é uma opinião, ele já não está emitindo uma opinião, ou seja, é uma auto-contradição. Se você afirma que sabe a verdade, o cético dirá "é só sua opinião", mas a opinião dele de que tudo é uma opinião é verdade? Como disse antes é uma auto-contradição estúpida. Afirmar que não sabe nada não é humildade, mas é uma auto-contradiçao, humildade seria dizer que "não sabe tudo" mas jamais dizer que não se pode deter o conhecimento da verdade sobre alguma coisa ou sobre o universo. Conhecer algo e conhecer tudo sobre algo são duas coisas diferentes. Agora, se alguém diz que detem o conhecimento sobre algo não é arrogancia, nem mesmo falta de humildade, na verdade a posição oposta, dizer que "não se pode conhecer a verdade e tudo é opinião" é idiotice.

Diversas pessoas que passam por todas as escolas filosóficas acima, caem no irracionalismo. Todos esses campos epistemológicos exigem o uso de proposições lógicas, portanto de verdades objetivas, o irracionalismo se auto-colapsa, o único escape do irracionalista é o suicídio, pois nega a realidade e o sentido das coisas.

A única maneira de escapar dessas cosmovisões auto-contraditórias é o dogamatismo, que expõe a única verdade absoluta, os padrões morais objetivos e advoga que o homem só conhece taís por causa do conhecimento inato e registro do próprio Deus dentro do homem.

Sobre o suposto direito de não-cristãos se negarem a ouvir o evangelho:


Além dos padrões morais, nós também temos o conhecimento sobre Deus, e todo o homem sabe que Deus existe, e todos eles tem uma porção de conhecimento inato da parte de Deus em suas mentes. Eu acho que a apologética perde muito tempo tentando provar para os não-cristãos aquilo que eles já sabem, enquanto, a ordem de Deus nas escrituras é que eles se arrependam e creiam no evangelho. Uma coisa muito comum objetada contra isso é que a crença cristã é radical e autoritária, pois, exige que eles creiam no evangelho, mas não respeita a sua opinião. Porém eu gostaria de saber: Baseado em qual padrão eu devo respeitar a opinião de alguém? Em qual critério? Se for baseado nos padrões da sociedade ou pluralidade de crenças, quais delas eu devo respeitar? Se for baseado nas leis da sociedade, de onde eles vem? Se for com base no cristianismo com alegação que ele prega respeito, o cristianismo prega o respeito, mas também prega que esse padrão de respeito vem de Deus. E a partir do momento que você usa o respeito contra Deus, você está cuspindo na cara dEle. Você está usando os padrões morais [o respeito própriamente dito] contra Deus, isso é rebelião, isso é pecado, isso é dizer que Deus está debaixo dos preceitos que ele deu ao homem. E não há na bíblia, em lugar algum, que Deus deva obedecer os padrões que ele deu ao homem, não existe outro Deus no mundo ao qual Deus deva respeito, homens são homens, Deus é Deus. Deus deu ao homem o padrão da Lei: "Não matarás", mas Deus tem a autonomia para tirar a vida de quem ele quiser. Deus diz para o homem "não roubar", mas tudo pertence a Ele e ele pode tirar algo de você e dar a outro. Quando um cristão evangeliza outra pessoa, ele reconhece que o que ele esta fazendo é respeitar Deus, e que é uma falta de respeito que o não-cristão não queira ouvir o evangelho e a ordem de Deus para ele se arrepender. Visto que os padrões morais vem de Deus. Os cristãos que argumentam que não vão evangelizar seus amigos mais impíos nem "chatea-los" com evangelismo em defesa do amor ao próximo, pecam duas vezes. Primeiramente ao amar os homens mais do que a Deus, visto que o primeiro mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas e só então o próximo como a mim mesmo, portanto, ao se negar evangelizar seus amigos increduos ou ao omitir deles a mensagem de arrependimento, bem como não instar com eles a se arrependerem, estão amando mais a posição e rebelião dessas pessoas contra Deus do que Deus. Também pecam por não amar o próximo alegando que amam pois sabem que essas pessoas caminham em passos largos para o inferno e não se arrependem. Assim, esse cristão hipócrita se demonstra um péssimo servo de Deus e um péssimo amigo. Quando um cristão evangeliza um não-cristão, é como se um Juiz (Deus) ordenasse um oficial de justiça (o cristão) proclamar e declarar a sentença do não-cristão logo se os homens se recusam a obedecer não é porque eles tem o direito de não obedecer, mas sim porque eles estão fugindo e são foragidos da justiça divina por pura rebelião. O não-cristão não tem o direito diante da lei divina dizer que ele não pode ser evangelizado, visto que Deus é a regra máxima absoluta de justiça e respeito. Outra coisa óbvia e evidente é que o não-cristão (mesmo que já seja provado que ele não tenha direito de se recusar ser evangelizado) diz que não quer ser evangelizado, ou seja, ele acredita que seu desejo de recusar a ouvir o evangelho de Deus é uma prova de uma habilidade sua, mas ele não tem noção do que diz, visto que nenhum foragido quer encontrar a justiça, assim também o não-cristão não quer encontrar o evangelismo, ele não quer pois não tem a capacidade de querer, a escritura afirma que seu coração é endurecido contra Deus e que Deus o endurece mais ainda contra Deus. Logo, seu "não querer" ouvir o evangelho não é uma capacidade, habilidade ou algo positivo, mas a bíblia diz que é uma inabilidade, incapacidade, na qual ele não consegue, nem quer, nem deseja ouvir as cosias de Deus, logo é inábil.

*para uma informação mais aprofundadas leia – Agostinho, De Magistro



terça-feira, 26 de março de 2019

2 Pedro 2: 1 e Redenção Universal, por Simon Escobedo III


2 Pedro 2: 1 e Redenção Universal
por Simon Escobedo III
Tradução: Yuri Schein



E quanto a 2 Pedro 2:1?

Essa é uma das muitas questões que surgem durante conversas entre crentes reformados e não-reformados quando se discute a questão emocionalmente carregada da “Redenção Particular” (ou como é historicamente chamada de “Expiação Limitada”). Muitas vezes muitos crentes não-reformados citam o “terrível 'L'” como o grande obstáculo que os impedem de abraçar as doutrinas da graça ou, pelo menos, abraçar as doutrinas da graça "en toto".

Geralmente, no calor da conversação, “redentoristas gerais” apresentam uma enxurrada de passagens que, da perspectiva não-reformada, transmite um escopo mais amplo de expiação do que aquela apresentada pela posição Reformada. João 3:16, 1:29, 1 João 2: 2 e 2 Pedro 2: 1, são normalmente os textos que são mais apresentados para rejeitar o conceito definido de expiação apresentado pela soteriologia calvinista.

Mas essas passagens realmente ensinam uma extensão mais ampla da expiação do que a apresentada pela teologia reformada? Essas passagens realmente fornecem uma extensão universal que, no final, é inconsistente com o ensino claro da Escritura sobre a natureza da expiação? Eles apresentam uma extensão universal e aplicação que é incompatível com uma expiação que é perfeitamente suficiente e totalmente eficaz em si e em si mesma? No caso de 2 Pedro 2: 1, esta passagem é a “faca” que corta o “terrível 'L'” ao meio? O texto está mesmo abordando a extensão da expiação, como é tão freqüentemente assumido?

Não é minha intenção lidar com todo texto assumido pelos não-reformados para apoiar uma expiação universal ou geral, mas sim limitar minha resposta ao uso específico de 2 Pedro 2: 1. Todas essas passagens assumidas pelos não-reformados como universais em extensão foram excelentemente abordadas em várias obras reformadas sobre o assunto.

Além disso, não é meu objetivo interagir com todas as objeções possíveis que existem em relação a este texto. Meu objetivo neste trabalho é simples: a demonstração de que existem fundamentos exegéticos para concluir que 2 Pedro 2: 1 não requer um sentido redentor, como é freqüentemente afirmado pelos redentoristas gerais. Assim, embora seja a objeção reducionista geral que é o alvo do foco específico, é, no entanto, minha alegação de que tal evidência exegética impede qualquer outra interpretação, não importa a visão teológica particular, que procura afirmar a mesma ou mesmo redenção similar sentido para este mesmo texto.

Ajudando-me na composição desta resposta foram dois trabalhos que abordaram especificamente esta passagem. A primeira foi Expiação Definida por Gary Long.

O estudo de Long foi muito útil para corroborar muitos dos meus próprios insights, por isso vou incluir alguns de seus pensamentos para ressaltar alguns dos meus. Para ter certeza, foi uma tarefa difícil compor uma resposta que era "nova" e perspicaz, dado o abrangente estudo de Long. Espero que esta resposta seja útil, mesmo que seja apenas para estimular mais estudos. O leitor é encorajado a ler o trabalho de Gary Long em conjunto para receber o tratamento completo que essa discussão merece.

O segundo trabalho é uma resposta ao trabalho de Long, Segundo Pedro 2: 1 e a Extensão da Expiação, de Andrew D. Chang. Chang, que está procurando responder à posição de Long em defesa de sua própria expiação universal ou geral, forneceu algumas objeções interessantes que merecem resposta. Seu artigo, no entanto, é enfraquecido por um óbvio a priori teológico. Por exemplo, em seus comentários de abertura, Chang escreve:

"Uma questão doutrinal que divide os cristãos é a questão da extensão da expiação. Cristo morreu com a intenção de salvar apenas os eleitos ou sua morte foi de alguma forma relevante para todos os seres humanos? Se alguém lê passagens como João 3:16; 1 Timóteo 2:6; 4:10 sem qualquer estrutura teológica pre-concebida, a conclusão parece ser que a Bíblia ensina inequivocamente a expiação ilimitada. No entanto, se alguém impuser uma camisa de força de seu próprio preconceito teológico sobre essas e outras passagens universais, ele pode dizer que é igualmente possível interpretar essas passagens da perspectiva da "redenção limitada"."

Por favor note que Chang aqui "assume" algo que ele ainda tem que provar; ou seja, que as passagens como as mencionadas, e por implicação 2 Pedro 2: 1, “ensina inequivocamente a expiação ilimitada”. Obviamente, uma pessoa reformada olhando para essas mesmas passagens em seu próprio contexto, e mais importante examinando-as no próprio contexto do escritor rejeita a noção anacrônica e pressuposicional de que eles ensinam expiação “inequivocamente” ilimitada. Note que Chang ainda implica que a “camisa de força” Reformada impede a perspectiva Reformada de aceitar estas e “outras passagens universais” no contexto. Novamente, Chang está assumindo algo que ainda precisa provar: que essas “outras passagens” estão, de fato, ensinando uma extensão universal e uma intenção na expiação.

Para ser justo, Chang não escreveu seu artigo para dar uma apresentação completa da natureza e extensão da expiação da posição universal. Seu artigo é simplesmente uma resposta a Gary Long e a interpretação de 2 Pedro 2:1. Por isso, não é minha intenção fazer deste artigo uma resposta completa a Andrew Chang. Mas eu gostaria de interagir com alguns de seus comentários, a fim de considerar as objeções que estão disponíveis em referência a esta discussão.

Uma perspectiva correta

Vamos agora nos concentrar especificamente em 2 Pedro 2:1 e as perguntas mais frequentes sobre isso. Para tanto, usarei como trampolim uma pergunta que foi feita por um correspondente que tive há algum tempo. Parafraseando a pergunta do escritor (vou me referir a ele como "Bill") ele perguntou:

"Eu estava me perguntando como o Sr. White interpretaria 2 Pedro 2:1, que me parece muito claramente ensinar que esses 'falsos mestres', que estão destinados à condenação (inferno), por causa das heresias destrutivas que eles estão propondo, podem ser designados como quem o Senhor comprou ? Como a posição reformada da expiação limitada se harmoniza com um texto como este? Como eles vão acabar no inferno se Jesus morreu para comprá-los?"

Em resposta, tenho que perguntar se o correspondente está sugerindo que é propósito ou intenção de Pedro discutir a natureza e a extensão da expiação nessa passagem. Escusado será dizer que, antes de abordar qualquer passagem que possa ser entendida como fornecendo âmbito ou extensão (embora, como espero demonstrar mais tarde, Pedro não esteja sequer a abordar a expiação nesta passagem), devemos ter uma compreensão clara da natureza da obra de Cristo. trabalho perfeito. Antes que alguém possa perguntar: “por quem Cristo morreu?”, Deve-se perguntar: “o que Cristo realizou em Sua morte?”

Para abordar a extensão da expiação antes de você ter abordado a natureza da expiação é colocar a carroça na frente dos bois.

Cristo pretendia morrer por todos em geral, mas ninguém em particular? O que significam os termos bíblicos referentes à natureza da expiação? O que termos como: propiciação, reconciliação, resgate, satisfação, imputação, substituição, etc. nos falam sobre a obra de Cristo? O que você faz com extensos tratamentos sobre a natureza da expiação, como é encontrada em Hebreus 6-10?

Meu ponto é estabelecer um contexto bíblico adequado para uma discussão como essa. Ambos os calvinistas (especificamente, os particularistas) e os redentoristas em geral podem apelar para passagens que discutem “extensão” (restritiva ou universal) e prova um ao outro até a morte sem realizar nada. No entanto, como eles interagem com o ensino das Escrituras sobre a natureza da expiação é uma questão completamente diferente. Da perspectiva reformada, nossa alegação é que um apelo a uma expiação geral é biblicamente inconsistente com a suficiência perfeita da obra de Cristo em favor dos pecadores. Isso, acreditamos, é o ensino consistente das Escrituras.

Agora, a resposta a tal afirmação (de que a natureza do trabalho de Cristo deve ser tratada antes de lidar com passagens que supostamente lidam com extensão) pode ser:

"Agora, Sr. Calvinista, eu estava procurando uma resposta simples para o que eu pensava ser uma pergunta simples. O texto de 2 Pedro indica que, embora Jesus tenha morrido para comprar esses homens, que se tornaram falsos mestres, eles não serão redimidos depois de tudo. Se Jesus morreu para comprá-los (comprou-os), então por que eles não são finalmente salvos? A passagem não é muito mais fácil de entender se simplesmente a tomarmos como está escrito - que, embora Jesus tenha morrido por sua salvação (potencialmente), eles rejeitaram essa oferta gratuita, trazendo assim sobre si mesmos a ira de Deus?"

Um olhar simples

Nesse ponto, alguém pode objetar e argumentar que uma aparência tão “profunda” trai a simples leitura do texto. Quero dizer, nós realmente temos que examinar palavras gregas como agorazo e despotes ? Será que realmente temos que distinguir entre o uso desses termos em contextos redentores e não redentores? Devemos conhecer os infinitivos, subjuntivos e particípios gregos para entender um único verso? Não é este o intelectualismo ou elitismo calvinista que impede a pessoa leiga comum de simplesmente ler sua Bíblia da maneira como foi escrita?

Não há dúvida de que a Bíblia é clara em sua mensagem. A Palavra de Deus não foi escrita para a "elite espiritual" ou restrita ao teólogo intelectual. Foi escrito para todo o povo de Deus. Foi escrito para a dona de casa, o vendedor do departamento de peças e para a criança. Isso não quer dizer que toda a Bíblia é igualmente compreensível como o próprio Pedro declara (2 Pedro 3:16). ALGUMAS PASSAGENS TOMAM UM POUCO MAIS DE TRABALHO e, portanto, DEUS ABENÇOOU SUA IGREJA COM HOMENS ERUDITOS E ESTÁVEIS, CAPAZES DE DESTILAR OS ELEMENTOS DA VERDADE DE DEUS, QUE SÃO MAIS DIFÍCEIS DO QUE OUTROS [EFESIOS 4.11].

Dito isto, porém, é a análise profunda de 2 Pedro 2: 1 tudo o que está disponível para nós na compreensão desta passagem? Enquanto um estudo tão rico, sondando as profundezas do texto, é realmente útil, é minha opinião que há, de fato, uma leitura “simples” e “simples” da passagem, em seu contexto original, que é bastante claro e bastante convincente. Além disso, mesmo essa leitura é muito favorável à posição reformada. Pois é no próprio uso deste texto que o defensor não-reformado demonstra mais a inconsistência de sua própria posição. Como assim? A maioria das pessoas não-reformadas que abraçam a segurança eterna e ainda procuram usar este texto como o “trunfo” contra a perspectiva reformada não pensou realmente no significado óbvio do próprio texto.

Mais uma vez, vamos olhar para a passagem enfatizando a “controvérsia” chave do texto, que é o significado do termo “comprados/comprou” e a suposição não declarada de que isso deve ser entendido em termos "exclusivamente redentores":

"Mas falsos profetas também surgiram entre o povo, assim como também haverá falsos mestres entre vocês, que introduzirão secretamente heresias destrutivas, negando até mesmo o Mestre que os *comprou* (ênfase minha), trazendo destruição rápida sobre si mesmos. (2 Pedro 2:1)"

Observe o que o texto diz. Esses homens foram "comprados" pelo Mestre. Esses homens não eram “potencialmente” comprados, mas eram na verdade “comprados”, ponto final! O exegeta não-reformado é inconsistente ao usar essa passagem na forma em que Pedro a escreveu. Eu posso demonstrar melhor isso pelo seguinte exemplo. Ao responder a uma ilustração automotiva (usada posteriormente nesta resposta) em que o comprador toma posse da peça automotiva adquirida, alguém perguntou:

"Sua ilustração automotiva falha exatamente neste ponto. Não é possível comprar uma casquinha de sorvete para 10 crianças e 5 delas se recusam a tomar uma? A recusa deles em aceitar minha “compra” significa que eu nunca realmente comprei sorvete algum para eles?"

Pode-se ver que o argumento não foi pensado. A ilustração está seriamente falha e só prova o meu ponto. O que é comprado na ilustração acima? Sorvete. Isto é, o sorvete é o OBJETO DIRETO do próprio verbo do objetor “comprar”. A pergunta óbvia então é: “O SORVETE FOI DADO OU NÃO”? Aqueles a quem ele escolhe dar o sorvete é irrelevante para o fato de que ELE COMPROU O SORVETE E É DELE sorvete e é dele! A resposta à minha ilustração só provou o ponto!

2 Pedro 2: 1, novamente declara: “negando o Senhor que os comprou . Em outras palavras, em termos leigos, QUAL É O OBJETO DO PARTICÍPIO COMPRADO? Muito simplesmente, são " ELES", ou seja, os falsos mestres. Sugerir que Ele "os comprou", mas não "possuí-los", é trair a simples leitura do texto. Muitas vezes é argumentado por pessoas não reformadas que os adeptos da Reforma “rejeitam” o significado “simples” das Escrituras. No entanto, eu diria que é exatamente aqui que o defensor não-reformado faz exatamente aquilo que ele alega dos reformados.

Na ilustração acima, o objetor aparentemente está tentando se comunicar é que ele (pelo paralelo, o Mestre) comprou (comprou ou resgatou) sorvete (redenção) para 10 crianças (todos homens). A inconsistência sublinha o erro na interpretação não reformada. Por um lado, "comprado" significa "resgatar" e, por outro lado, não. O que é isso? Por um lado diz-se que os falsos mestres "negaram o Senhor que comprou (ainda o termo normalmente implícito é redimido ) eles" e por outro lado está implícito (e daí o objeto direto é mudado) que eles negaram o Senhor quem comprou a redenção (resgatada)? Isso é equívoco e um caso claro de não pegar o texto como ele é. É impor considerações externas ao texto que simplesmente não são suportadas pela passagem ou por seu autor.

Por favor, observe a comparação:

Eu compro - Sorvete para 10 crianças.
O Mestre comprou - Eles

Observe a ilustração sobre o sorvete (dos não reformados) não diz que ele comprou dez filhos. Tal seria então paralelo às palavras de Pedro. Em vez disso, a ilustração afirma que ele comprou algo para 10 crianças. Pedro, no entanto, não diz que eles negaram o Senhor que comprou algo para eles (a implicação é a redenção), mas que eles mesmos eram os objetos da compra do Mestre. Pedro poderia ter dito isso mais claramente?

Então, quem está lendo palavras no texto e, portanto, deixando de tomar o texto como ele é? Onde encontramos em 2 Pedro 2: 1 os conceitos implícitos, “eles não serão redimidos afinal de contas”, “Jesus morreu para comprá- los”, “que, embora Jesus tenha morrido para sua salvação (potencialidade implícita), eles não será salvo afinal de contas?”. Não é realmente o crente reformado quem neste caso está lendo o texto simplesmente como é? Precisamos adicionar as palavras "potencial", "morreu", "comprar" ao texto? Quando vemos "negar o Senhor que os comprou ", não aceitamos simplesmente como é? Seja o que for que Pedro esteja dizendo, o que ele NÃO está dizendo é que esses eram homens potencialmente comprados e, portanto, não pertenciam ao Mestre.

Um escritor não-reformado comentando esta passagem escreveu:

"O foco de suas heresias era o soberano Senhor, Cristo, a quem eles negavam (cf. Judas 4). (…) Como esses falsos mestres, que se diz estarem entre o povo e que o Senhor comprou (agorasanta , “redimir”), acabam em destruição eterna? Várias sugestões foram oferecidas: (1) Eles foram salvos, mas perderam a salvação. Mas isso contradiz muitas outras Escrituras (por exemplo, João 3:16; 5:24; 10: 28-29). (2) “Comprei” significa que o Senhor os criou, não que Ele os salvou. Mas isso amplia o significado de agorazo ("redimir"). (3) Os falsos profetas apenas disseram que foram “comprados” por Cristo. Isso, no entanto, parece ler o verso. (4) Eles foram “redimidos” no sentido de que Cristo pagou o preço da redenção pela salvação deles, mas eles não aplicaram a si mesmos e, portanto, não foram salvos (ênfase minha). A morte de Cristo é “suficiente” para todos (1 Timóteo 2: 6; Hebreus 2: 9; 1 João 2: 2), mas é “eficiente” somente para aqueles que crêem. Este é um forte argumento para a expiação ilimitada (a visão de que Cristo morreu por todos) e contra a expiação limitada (a visão de que Cristo morreu apenas por aqueles a quem Ele salvaria mais tarde)." (John F. Walvoord & Roy B. Zuck.)

O problema é que a conclusão deste escritor não é encontrada em parte alguma do texto. O OBJETO DIRETO DE "COMPRADO NÃO É A REDENÇÃO, MAS "ELES". De fato, como o próprio escritor argumenta, o termo agorasanta (comprado) ao escritor significa redimir . No entanto, você pode lê-lo repetidas vezes e o “eles” ainda é o objeto (seja em grego, inglês, espanhol). Para este enigma flagrantemente não reformado, o escritor não tem uma resposta lógica. Como então o escritor poderia avançar tal afirmação? É minha opinião que ele, como tantos outros crentes não reformados, está simplesmente lendo sua pressuposição no texto.

Um olhar mais atento

Vamos agora olhar mais profundamente no próprio texto:

"Mas falsos profetas também surgiram entre o povo, assim como também haverá falsos mestres entre vocês, que introduzirão secretamente heresias destrutivas, negando até mesmo o Mestre que os comprou, trazendo destruição rápida sobre si mesmos. (2 Pedro 2: 1)"

Alguns termos que precisam de atenção especial na compreensão do texto são: Mestre ( despo, thj despotes ) e comprado ( avgora, zw agorazo ). A interpretação tradicional não-reformada é que o Mestre se refere a “Jesus” e comprou meios “comprados” ou “redimidos”. Assim, de acordo com a visão deles, o que temos é um contexto redentor onde Cristo morreu por esses homens, mas eles O rejeitaram. como evidenciado pelo seu falso ensino e, portanto, trouxe condenação a si mesmos.

Na superfície, a interpretação assumida parece plausível, mas na verdade é isso ? Não é mais importante entender o que Pedro quis dizer em oposição ao que a pessoa não-reformada acredita ser a leitura “simples” do texto?

Como ilustração, não poderia uma Testemunha de Jeová dizer com referência a João 14:28, “não é a passagem muito mais fácil de entender se simplesmente a tomarmos como está escrito (o que significa como“ eu a entendo ”) afirmando assim que o Filho é inferior ao Pai? ”Provar mensagens de texto, particularmente em conversas apologéticas, não é uma boa argumentação. Isto é especialmente verdade quando tais provas são separadas da exegese contextual, como as Testemunhas de Jeová fazem ao se divorciar de João 14:28 de 14:1-27.

Naturalmente, Pedro não escreveu sua epístola em inglês, mas em grego. É necessário, então, ouvi-lo como ele originalmente falou, estudando suas próprias palavras em seu próprio contexto. Isso não quer dizer que uma compreensão do grego é essencial para a compreensão do texto (como ressaltou a discussão anterior). É para dizer, no entanto, que todos os entendimentos assumidos do texto em inglês devem ser consistentes com os termos que os próprios escritores usaram originalmente. Portanto, um conhecimento da língua grega pode não ser absolutamente essencial, mas certamente é muito útil.

Finalmente, reitero que, se assumirmos o significado supostamente “simples” do texto como é frequentemente retratado, devemos negar a segurança eterna e abraçar a interpretação apresentada pelo arminianismo histórico. Permita-me explicar. O texto, como está escrito , afirma que esses falsos mestres não foram comprados (como o questionador inicialmente assumiu), mas comprados . Eles estavam “negando o Senhor que os comprou . A objeção normal parece apresentar a ideia de que comprar ou comprar e resgatar são conceitos distintos. A implicação é que comprado ou comprado tem a ver com intenção (morreu para comprar ) e pode ser estendido a todos os homens indiscriminadamente, enquanto o resgate é restritivo para aqueles que se apropriam da obra de Cristo. Deve-se notar, entretanto, que os termos bíblicos redimidos ( lutro, w lutroo ) e comprados ( avgora, zw , agorazo ), quando usados ​​de forma redentora, têm os crentes como seus objetos e, portanto, funcionam como sinônimos. Portanto, se o crente não-reformado deve ser consistente com sua posição de um contexto redentor, então, resgatar e comprar são sinônimos e não conceitos distintos. Não é a posição do povo mesmo não-reformado que todos os que são redimidos também são obviamente salvos? Pode-se fornecer um texto do Novo Testamento que sustente a posição de que Cristo redimiu alguém que não é salvo (a menos que 2 Pedro 2: 1 seja a única exceção)? Este texto não diz que ele "morreu por " eles, mas que ele "comprou" eles.

A posição de expiação geral (não específica) sustenta que há multidões pelas quais Cristo morreu, a quem Ele na verdade não redime. Contudo, a posição não afirma que existem multidões que Cristo redimiu que Ele realmente não salva.

O problema da propriedade

Eu vendo peças para a Chevrolet no meu emprego secular. Seria improvável sugerir que alguém pudesse entrar em minha loja e “comprar” ou “comprar” uma peça e sair da minha loja sem adquirir a propriedade dela. Comprar requer a posse subsequente e inevitável daquilo que é comprado. Além disso, é igualmente importante ressaltar que a propriedade não está condicionada à posse física. Mais uma vez, alguém pode comprar uma peça da minha loja, sair sem a posse dela, mas isso não renuncia a sua propriedade do produto, nem dá à loja o direito de vender o que por direito lhe pertence. Mudar a perspectiva faz o mesmo ponto. Eu posso estar fazendo os pagamentos para o meu veículo, tenho posse física real do mesmo, mas até que eu faça esse último pagamento, o veículo legalmente pertence ao banco; e, não somos constantemente lembrados disso cada vez recebemos essa afirmação maravilhosa no correio?

"Mas os objetos do sacrifício de Cristo são seres humanos, não itens impessoais", disse um objetor. Claro, ninguém sugeriu que os seres humanos são equivalentes a "autopeças" ou veículos, para esse assunto. Estou abordando o princípio da propriedade; pois, não se pode comprar algo ou alguém (se alguém quiser usar um exemplo do NT, os escravos vêm à mente) sem adquirir posse subseqüente. Considere alguém como Onésimo; Ele não era tanto escravo de Filemom quando estava fugindo como estava quando trabalhou na casa de Filemom?

De fato, aqueles que cantam a “nova canção” dos remidos são de propriedade de seu Salvador; nós não somos nossos, nós fomos comprados com um preço. Certamente, reconhecemos que o princípio da propriedade está presente aqui com relação aos seres humanos redimidos, não é?

Isso é relevante para a nossa discussão? Sim, pois pode-se dizer que o Mestre os comprou (isto é, os falsos mestres), mas não os possui? Os conceitos de compra e propriedade são inseparáveis. Isso pode ser demonstrado biblicamente apelando para passagens que usam o termo agorazo (comprar) se o termo está sendo usado de forma redentora ou não.

Considere o seguinte:

"O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem achou e escondeu novamente; e cheio de alegria ele vai e vende tudo o que tem e compra aquele campo. Novamente, o reino dos céus é como um comerciante que busca belas pérolas e, ao encontrar uma pérola de grande valor, foi e vendeu tudo o que tinha e comprou. (Mateus 13: 44-46)"

A parábola é familiar. Nosso Senhor está descrevendo o valor da verdadeira salvação. Uma vez que uma pessoa é despertada espiritualmente, eles desistirão de tudo o que têm para possuí-la. Relevante para o nosso ponto é a maneira em que "comprou" (nosso termo agorazo ) é usado na parábola. Note que o objeto da compra é impessoal, estabelecendo assim um contexto não redentor. É o campo que é comprado. O comprador compra o campo para obter o tesouro escondido. Ele fez isso depois de vender tudo o que tinha. Em segundo lugar, observe a questão óbvia: ele tomou posse do campo ou não? Poderia ser possível que ele vendeu tudo o que tinha, foi e comprou o campo, e depois não conseguiu se apropriar dele? Isso é obviamente absurdo. Na parábola, ele a comprou e subseqüentemente a possuiu. Assim, este texto ressalta dois elementos: 1) que o agorazo pode ser usado em um contexto não redentor, e 2) o resultado da compra é a propriedade .

Em outras passagens do Novo Testamento (os Evangelhos em particular), os escritores freqüentemente apresentam o contraste entre “vender” e “comprar” dentro do mesmo texto. A razão é óbvia, pois “vender” é renunciar à propriedade e “comprar” está assumindo posse de propriedade . Conceitualmente, onde você tem um, você tem o outro. Acredito que podemos ver facilmente o significado no contraste. Alguém pode vender algo e ainda manter a propriedade? Mais importante para a nossa discussão, alguém pode comprar algo e não se apropriar? Em outras palavras, pode-se dizer que o Mestre os “comprou” e ainda assim não os “possui?”

Para enfatizar ainda mais isso, observe estas palavras de Paulo:

"e aqueles que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e aqueles que compram, como se não possuíssem; (1 Coríntios 7:30)"

O apóstolo Paulo fornece uma série de perspectivas importantes a serem mantidas em nossa caminhada cristã. “Aqueles que choram” como se não o fizessem, “aqueles que se alegram” como se não o fizessem, e “aqueles que compram” ( agorazo ) como se eles não… possuíssem . Compra envolve propriedade. O argumento de Paulo é que comprar implica em propriedade, e devemos nos comportar como se não tivéssemos nada. Nossas juntas não são boas quando procuramos nos apegar ao ganho terreno à custa de perder nosso foco nas coisas celestiais.

Mesmo em um contexto redentor como 1 Coríntios. 7:23, o aspecto da posse absoluta é inconfundível. Observe o seguinte insight:

A repetição quase verbal de 1 C. 6:20: hvgora, sqhte ga.r timh / j , em 7:23: timh / j hvgora, sqhte , e a maneira abrupta como a frase é introduzida em ambos os casos, mostra que é uma espécie de slogan de Paulo. Em ambos os versos, o ponto principal é que os cristãos não são livres (6:19), mas são a possessão de Cristo (7:23).

Assim, mais uma vez, com referência a 2 Pedro 2: 1, é possível que o Mestre pudesse comprar homens e ainda não possuí-los? Ou, como é frequentemente sugerido, Ele os comprou com a intenção de os possuir se seguissem quaisquer meios de apropriação propostos? Se estamos buscando apoiar um contexto redentor, então é uma questão que devemos considerar cuidadosamente. Portanto, o conceito de propriedade não pode ser negligenciado na compreensão da passagem. O Mestre é dono deles, não potencialmente, mas de verdade. Isso nos leva à nossa próxima pergunta: como exatamente Ele os possui?

O termo despota (despotes):

A palavra grega despota (“senhor, senhor”, usada dez vezes no NT) é central para estabelecer se temos aqui um contexto redentor ou não-redentor. A suposição comum é que "Mestre" é uma referência a Jesus (embora possa muito bem estar se referindo ao Pai ). Por uma questão de argumento, no entanto, vamos supor que "Mestre" é uma referência a Jesus. Esta é a posição que o próprio Gary Long apresenta em seu trabalho, Expiação Definida. Long escreve:

"Mas dizer que II Pedro 2: 1 está falando de Cristo não dá absolutamente nenhum peso à posição calvinista modificada, pois deve ser estabelecido se o despote pode corretamente se referir neste verso, ou qualquer verso para esse assunto, a Cristo."


Ele continua dizendo:

"… O termo despotes é usado
​​cerca de trinta vezes em toda a Escritura - vinte vezes na tradução da Septuaginta grega do Antigo Testamento e dez vezes no Novo Testamento. Mas nunca se refere ao Pai ou ao Filho como mediador, a menos que II Pedro 2: 1 seja a exceção. E se este for o caso, o ônus da prova recai sobre aqueles que desejam torná-lo uma exceção, não é? "

Ele conclui esse ponto dizendo:

“Em vez disso, o uso dominante dos déspotas no Antigo e no Novo Testamento é de Deus como “soberano absoluto”, isto é, como “soberano Senhor” e proprietário (ênfase minha) de cada membro da raça humana.”

Para este Andrew Chang, responde referindo-se a Judas 4:

"Considerando Judas 3 e 4 juntos, pode-se razoavelmente concluir que Cristo é o Mestre em virtude de ser o Salvador. Em outras palavras, a palavra despo, thj é usada em um contexto soteriológico. Outra atribuição de despo, thj a Cristo é encontrada em 2 Pedro 2: 1. Seja despo, aqui se refere a Deus Pai ou a Deus o Filho é debatido, mas a maioria dos estudiosos concorda que se refere a Cristo principalmente por causa de seu paralelo próximo a Judas 4. Uma leitura clara da passagem parece indicar que Jesus Cristo pagou a preço para resgatar até os falsos mestres que certamente perecerão. Assim, a ideia do dono de escravos também está presente nesta passagem."

Observe um erro no raciocínio de Chang. Enquanto ele corretamente traça um paralelo (como Long também observou) para Judas 4 e concorda com Long quanto à definição básica para despotos, ele ainda assim implica que o texto de 2 Pedro 2: 1 está se referindo ao preço que foi pago para redimir estes falsos professores. Em outras palavras, a compra de objeto implícito é o resgate. Ao procurar estabelecer um contexto redentor para Judas 3-4, Chang escreve:

"Já foi mencionado que Judas 4 está em paralelo com 2 Pedro 2:1. Para entender Judas 4, é preciso voltar ao versículo 3 por causa da presença do causal ga, r (“para”) no versículo 4. No versículo 3, Judas mencionou a salvação comum da qual agora todos os cristãos participam, e a fé em Jesus Cristo que foi entregue aos santos pelos apóstolos."

Mas é isso que a passagem está dizendo?

"Amados, enquanto eu estava fazendo todos os esforços para escrever sobre a nossa salvação comum, senti a necessidade de escrever para vocês, apelando para que vocês lutassem fervorosamente pela fé que foi de uma vez por todas transmitida aos santos. Pois algumas pessoas se entroduziram entre vocês, aquelas que foram há muito tempo marcadas por essa condenação, pessoas ímpias que transformam a graça de nosso Deus em licenciosidade e negam nosso único Mestre (ênfase minha) e Senhor Jesus Cristo."

Chang afirma ainda:

“Como já foi observado, o significado geral da palavra despo, thj é proprietário ou senhor, especialmente em uma relação mestre-escravo. Quando a palavra é usada por homens, denota obviamente o dono de escravos. Quando se refere a Deus, o Pai, parece enfatizar a soberania e propriedade absoluta de Deus, provavelmente em virtude de Sua obra na criação. Quando é usado por Cristo, o contexto parece mostrar que Cristo é o proprietário dos escravos em virtude de Sua redenção (ênfase minha).”

Mais uma vez, Chang está assumindo algo que ainda precisa provar. Pois nenhum esforço exegético é feito para provar que Judas 4, e sua referência a Cristo como despótico (Mestre), é de fato um contexto redentor em primeiro lugar! Em segundo lugar, Chang falha em demonstrar a posse assumida de Cristo sobre os falsos mestres por meio de Sua obra redentora. É claro que Chang reconhece a necessidade de estabelecer Cristo como “proprietário” de alguma forma sobre esses falsos mestres. Eles são de propriedade, afirma ele, com base em Sua obra redentora em favor deles. No entanto, se todos os homens são indiscriminadamente possuídos dessa maneira, então de que maneira os remidos são donos diferentes? Parece haver algum equívoco implícito aqui. Por um lado, Cristo é o Mestre de todos os homens com base em Sua obra expiatória, mas, por outro lado, há uma diferença entre como ele possui um grupo em oposição ao outro grupo. Pode-se dizer que um grupo se apropria da obra de Cristo enquanto outros não. Mas isso não responde à pergunta, apenas cria uma nova: Ele possui um grupo salvador e um grupo não salvador? Se Ele possui um grupo não-salvador, então eu digo que não é diferente de que Ele os possui com base nele sendo seu soberano Criador e Mestre que pode ser aplicado a todos os homens indiscriminadamente.

Finalmente, Chang faz uma concessão interessante. Gary Long enfatiza a distinção entre Cristo como Mediador, estabelecendo assim um contexto redentor, e Cristo como Soberano, estabelecendo um contexto não-redentor. Esta é uma distinção importantequando se considera 2 Pedro 2: 1. Note a resposta de Chang:

“Long também fez um extenso estudo de palavras sobre despo, thj . Seu objetivo era determinar se a palavra pode se referir a Cristo como mediador. Nenhum erudito argumenta que a palavra despo é usada por Cristo como mediador, e Long está certo quanto a isso (ênfase minha). No entanto, o fato de que despo não denota a mediação não dá apoio à posição de expiação limitada.

Mas esse não é o ponto com referência a 2 Pedro 2: 1? Não pode ser enfatizado o suficiente que não estamos buscando apoiar a “expiação limitada” por meio de 2 Pedro 2:1. De fato, pode-se argumentar facilmente que Chang está procurando apoiar uma expiação ilimitada por meio dessa passagem. O objetivo de ambas as posições deve ser estabelecer se o contexto é redentor ou não. Portanto, a distinção entre Cristo como Mediador e Cristo como Soberano é muito necessária para estabelecer o significado de Pedro com referência a essa passagem. Ele conclui dizendo:

A ênfase em 2 Pedro 2:1 não está na mediação de Cristo, mas "na redenção como mudança de propriedade". Ao pagar o resgate, Cristo comprou todos os homens, incluindo os falsos mestres. A mesma ideia parece estar presente em 1 Coríntios 6:19-20. Assim como Deus o Pai reivindica a propriedade de todo o universo em virtude de Sua obra na criação, Cristo também reivindica a propriedade de toda a raça humana em virtude de Sua obra de redenção”

Eu odeio parecer redundante, mas Chang está aqui assumindo novamente sua conclusão. Se o termo despótico se refere à propriedade soberana, como o próprio Chang admite, então como é que ele pode afirmar sem reservas que Ele é dono por meio da redenção quando um contexto redentor ainda precisa ser estabelecido? De fato, pode-se argumentar com razão que, até esse ponto, toda a informação sugere um contexto não redentor. Agora, deixe-me rapidamente qualificar que eu não estou sugerindo que os eleitos não sejam "possuídos" por Cristo por meio de Sua obra redentora em favor deles. Mas isso levanta a questão de afirmar que o não-eleito é "possuído" da mesma maneira quando é a mesma coisa que está sendo discutida.

O termo agorazo

Como observado anteriormente, o agorazo é o outro termo que é central para a discussão de 2 Pedro 2: 1. De fato, no texto grego este é o primeiro dos dois termos mencionados. Quase toda fonte lexical define o termo como “adquirir”, “comprar”, “comprar” e até “resgatar”. Embora essas definições tenham o significado básico do termo, deve-se dizer que todas as palavras são definidas por: seu contexto. Assim, tanto os particularistas como os redentores gerais têm o mesmo fardo textual: demonstrar como este termo está sendo definido neste contexto específico. Pois não basta simplesmente assumir um significado que seja consistente com a perspectiva teológica de alguém; antes, um significado deve ser determinado com base apenas na exegese do Novo Testamento, que busca determinar o significado pretendido do autor original.

Com isso em mente, então, o agorazo é usado cerca de trinta vezes no Novo Testamento, com vinte e quatro dos usos restritos a um contexto literal ou metafórico não-redentor. É usado cinco vezes em contextos redentores claros. Isso deixa apenas 2 Pedro 2: 1 como o texto discutível. A maioria das referências no Novo Testamento são não-redentoras; em outras palavras, os objetos comprados são impessoais ou materiais (terra, (terra, bois, comida, etc.), obviamente tais coisas não requerem redenção divina. Portanto, vamos nos concentrar naquelas poucas passagens que claramente possuem um sentido redentor. Pois basta simplesmente estabelecer o fato de que um contexto não-redentor é uma categoria válida à qual o termo agorazo pode ser encontrado (cf. Mt 21:12; Mc 15:46; Mt 25: 9; Lucas 22 : 36; João 6: 5 e Apocalipse 13:17).

Contextos redentivos

Ou você não sabe que seu corpo é um templo do Espírito Santo que está em você, que você tem da parte de Deus, e que você não é pertence mais a si mesmo? Pois você foi comprado por um preço: portanto, glorifique a Deus em seu corpo. (1 Coríntios 6: 19-20)

No meio de repreender os crentes coríntios sobre a impureza sexual, Paulo, como faz freqüentemente, exorta esses crentes à pureza moral, lembrando-os da cruz. Ele lembra que eles não são mais seus, mas pertencem a outro. Eles pertencem a Cristo. Por quê? Porque ele os comprou, os comprou e agora pertencem a ele. O termo que Paulo usa aqui é o mesmo termo (agorazo) usado por Pedro (aqui como um verbo passivo aoristo, como um particípio ativo aoristo). A base sobre a qual os crentes devem ser santos é o fato de que eles não são mais “seus próprios”. Eles foram comprados com um preço. A propriedade, portanto, pertence àquele que os “comprou”. Portanto, aqui temos os crentes como objetos do termo agorazo, ressaltando um contexto redentor, e temos ainda a posse inevitável; eles pertencem àquele que os comprou. (cf. 1 Coríntios 7:23).

O último texto que vou citar é Apocalipse. 5: 9 (cf. Apoc. 14: 3-4; 18:11). Nesta passagem, o mesmo verbo agorazo é traduzido como “comprado”, mas o significado é claramente o mesmo:

E eles cantaram uma nova canção, dizendo: 'Você é digno de pegar o livro e quebrar seus selos; porque foste morto, e compraste para Deus com o teu sangue, aqueles de toda tribo e língua, povo e nação. (Apocalipse 5: 9)

Aqui temos, junto com o capítulo quatro, nosso primeiro vislumbre do céu e o que estará acontecendo no estado eterno. Observe que a primeira coisa que João vê em sua visão celestial é a adoração e louvor corporativo pela hoste angélical. Antes de chegarmos às “ruas de ouro”, caímos diante do trono de Deus. Ouça os anjos enquanto eles clamam:

"Santo, Santo, Santo, Senhor Deus Todo Poderoso, Quem foi e é e está por vir!"

Felizmente, as hostes angélicas não estão sozinhas em sua adoração, pois ao entrarmos no quinto capítulo, vemos os remidos dando igual louvor, bênção, honra e poder “Àquele que se assenta no trono e ao Cordeiro para sempre”(Apocalipse 5:13). Relevante para o nosso estudo, por favor, observe a expressão única dirigida ao Cordeiro:

“Digno és tu para pegar o livro e quebrar os seus selos; pois foste morto e compraste (grifo meu) para Deus com o teus sangue, homens de todas as tribos e línguas, povos e nações”

Claramente, temos um contexto redentor para o nosso termo agorazo . Observe alguns recursos adicionais a este uso de redenção. Primeiro qual é o objeto implícito 33 do verbo agorazo ? Pessoas. São estes uma mistura de salvos e não salvos? A resposta é bastante óbvia. Estes são todos os eleitos, a noiva comprada de Cristo. Eles pertencem a ele e a nenhum outro. Por quê? Porque Ele “comprou” ou “comprou” eles de forma redentora e tal necessidade significa que eles pertencem a Ele da mesma maneira.

Além disso, vale a pena lembrar que a posição não-reformada implicitamente procura argumentar que “comprado” se refere à obra de Cristo da mesma maneira que outras expressões do NT: “se entregou”, “entregou-se”, “através de Seu sangue, “Crucificado”, etc. O problema com o qual se deve lidar, entretanto, é que o termo agorazo , quando usado de forma redentiva, sempre se refere ao resultado (que envolve a propriedade) e não à intenção que eles aparentemente estão sugerindo. Além disso, em contextos redentivos, os meios (preço de compra) são sempre observados . Nenhum desses meios (o preço de compra) é encontrado em 2 Pedro 2:1. Não há "negando o Senhor que os comprou com ..." (por exemplo, seu sangue). Isso é muito importante e deve ser tratado por qualquer pessoa que sugira que 2 Pedro 2: 1 seja uma passagem redentora.

Observe dois dos exemplos citados anteriormente:

Pois você foi comprado com um preço (ênfase minha): portanto, glorifique a Deus em seu corpo. (1 Coríntios 6:20)

Os coríntios foram comprados por um preço (meio). Qual foi esse preço? O preço foi a sua morte. Ele foi o resgate da nossa redenção. Sem resgate ... sem redenção. Sem preço - sem compra - sem propriedade.

E eles cantaram uma nova canção, dizendo: Você é digno de receber o livro e quebrar seus selos; porque foste morto, e compraste para Deus com o teu sangue (grifo meu) homens de toda tribo e língua e povo e nação. (Apocalipse 5: 9)

O Cordeiro comprou para Deus um povo. como? Com o Seu sangue, isto é, através da Sua morte (significa). Sem morte, sem ser morto, sem derramar Seu sangue ... sem pessoas compradas. Gary Long afirma:

… Das suas trinta ocorrências no Novo Testamento, o agorazo nunca é usado em um contexto de salvação (a menos que II Pedro 2:1 seja a exceção) sem o termo técnico “preço” (um termo técnico para o sangue de Cristo) ou equivalente sendo declarado ou explicitado no contexto (cf. 1Co 6:20; 7:23; Apocalipse 5: 9; 14: 3,4-35).

A maioria das interpretações não-reformadas sugerem que o próprio termo implica o preço de compra. Como Charles Ryrie observa em sua Bíblia de Estudo: “O preço pelos pecados de todos os homens (incluindo esses falsos mestres) foi pago pela morte de Cristo”  Então, em sua estimativa quando o termo está sendo usado, sugere o preço que foi pago. No entanto, Long observa novamente:

… Um estudo de palavra de agorazo tanto no Antigo Grego quanto no Novo Testamento, revelam que a palavra em si não inclui um preço de pagamento. Quando é traduzido com um significado “comprar”, seja em um contexto de salvação ou não-salvação, um preço de pagamento é sempre declarado ou explicitado pelo contexto. … Em contextos onde nenhum preço de pagamento é declarado ou implícito, o agorazo pode ser melhor traduzido como 'adquirir' ou 'obter'.

Além disso, o texto não fornece nenhuma cláusula de propósito ou denotação “condição” ou “intenção”. O termo “ agorazo” é um particípio aoristo. Literalmente, o texto diz: “negar aquele Mestre que os comprou”. A inserção de significados implícitos como “comprar”, “para resgatar”, “Jesus morreu para comprá-los”, ou “Jesus morreu para a sua salvação (potencialmente), é textualmente insustentável. O resultado é eisegético (leitura no texto) e não exegético (extraindo do texto).

Existe um Sentido Redentor em 2 Pedro?

Tendo considerado, então, algumas das características básicas que ressaltam um sentido redentor para nosso termo, agorazo, uma consideração adicional precisa ser observada à medida que procuramos determinar o sentido que Pedro está usando.

Ao discutir se um sentido é redentor ou não-redentor, deve-se notar que estou sendo muito diferenciada em minhas nuances. Em outras palavras, enquanto alguns apontaram referências em que Pedro usa a linguagem soteriologicamente (1: 3, 10, 11; 3:15), não creio que sejam relevantes para o texto em questão. Primeiro, porque as referências anotadas são dirigidas na segunda pessoa àquelas que Pedro está escrevendo. Isso é diferente do uso da terceira pessoa, que Pedro usa em sua advertência sobre os falsos mestres. Paulo faz uma coisa semelhante ao fazer uma distinção entre os gálatas e aqueles "falsos irmãos" que estavam promovendo a heresia judaica. Portanto, não há conexão exegética com as referências soteriológicas citadas, e o contexto específico encontrado em 2 Pedro 2: 1.

Além disso, como indiquei, estou sendo mais enfático no estabelecimento de um sentido redentor do que o ponto que está sendo argumentado com essas referências. Ou seja, embora possa haver muitas semelhanças entre termos que tenham um sentido soteriológico e aqueles que tenham um sentido redentor, muitos dos termos-chave simplesmente não são sinônimos. Acredito que as designações redentora e mediatorial são muito mais restritivas, mais de acordo com o argumento oposto, e, portanto, eu coloco mais ênfase em suas implicações relevantes para 2 Pedro 2: 1.

Basta considerar o que está sendo assumido da outra perspectiva: Cristo morreu por esses homens. A questão não é eleição, regeneração, chamado, perseverança, etc. Termos estes que carregam um certo sentido soteriológico, mas em si mesmos não carregam, necessariamente, o sentido mediador e redentor associado à obra de Cristo; o mesmo sentido que está sendo defendido pelos defensores da redenção geral. Assim, minha definição (e a dos escritores reformados que argumentam nesse mesmo ponto) é coextensiva com o sentido para o qual a visão oposta está argumentando. E quando consideramos essas categorias mais restritivas, induzidas pelo próprio argumento estabelecido pelos redentoristas gerais, vemos que tal sentido não pode ser encontrado, não apenas em 2 Pedro 2: 1, mas na totalidade da carta de Pedro. Pois não há nada na carta toda que aborde a expiação de forma alguma (a menos que 2 Pedro 2: 1 seja a única exceção). Pois todos os termos-chave normalmente associados à obra de Cristo (apolutrosis-redenção, stauros-cross, aima-sangue, lutroomai-redimir, hilasmos-propiciação) nunca são mencionados nem uma vez na totalidade da segunda carta de Pedro. Este certamente não é um pequeno detalhe a ser ignorado.

A questão, então, no que se refere a 2 Pedro é clara: uma vez que a maior parte da evidência textual sugere fortemente que um sentido não redentor é o sentido utilizado por Pedro, então por que deveríamos entendê-lo de forma diferente? A menos, é claro, que haja considerações externas não especificamente derivadas do próprio texto.


Portanto, tendo estabelecido duas categorias legítimas para o termo agorazo (redentor e não-redentor), qual é o sentido que Pedro usou? Se alguém quiser rejeitar a evidência exegética que aparentemente milita contra um senso redentor (embora tal evidência precisaria ser descartada em bases exegéticas e não simplesmente um compromisso teológico), então parece que tal um também é obrigado a defender o seguintes conclusões:

1. Esses homens eram homens comprados / redimidos, mas se perderam, ou seja, perderam a salvação. 
2. Estes eram homens que professavam fé em Cristo, mas davam provas de que eles não foram redimidos depois de tudo. Em outras palavras, eles afirmavam ter sido redimidos (comprados), mas estavam mentindo, de modo a obter uma maior audição entre o povo. 
3. Lembrando o contexto judaico, a alusão do Antigo Testamento aos falsos profetas ( eudoprofh / tai ), o “eles” ( auvtou.j ) no texto não se trata uma referência aos falsos mestres ( yeudodida, skaloi ), mas ao povo ( tw / | lei / | ). Daí os falsos mestres negaram seu soberano Deus que libertou ou redimiu o povo ( lao, j ).

E então? Seja o que for que Pedro esteja dizendo, o que ele não está dizendo é que esses eram homens potencialmente comprados e, portanto, não pertenciam ao Mestre. A passagem, então, sugere que, embora Jesus tenha morrido para comprar esses homens (que se tornaram falsos mestres), eles não serão redimidos afinal de contas? Isso realmente sustenta a posição de que existem aqueles por quem Cristo morreu que acabarão perecendo? Um estudo cuidadoso das questões, como acabamos de observar, sugere fortemente o contrário!

Para resumir este argumento, então: nas trinta ocorrências do Novo Testamento, onde o termo grego agorazo é usado, apenas cinco textos são clara e indiscutivelmente redentores (2 Pedro 2: 1 sendo a única exceção). Além disso, nesses cinco casos, há aparentemente três contingências ou características inegáveis ​​que fortalecem os contextos redentores. A saber, a) o preço de compra ou seu equivalente é indicado no texto (isto é, o sangue, o Cordeiro; cf. 1 Coríntios 6:20; 7:23; e Rev. 5: 9), ou o preço de compra está implícito no contexto imediato (Apoc. 14: 3, 4); b) marcas redentivas de linguagem são usadas, e b) em todo caso, o contexto é restritivo para os crentes (cf. 1 Cor. 6:20; 7:23; 5: 9; e 14: 3, 4). Nenhuma dessas características ou contingências pode ser encontrada em 2 Pedro 2: 1.

O que isto está dizendo?

Foi demonstrado que o termo “mestre” (déspotas) se refere a um dono em uma relação mestre-escravo. O significado aqui não é de Cristo como Salvador ou Mediador (despotos nunca é usado como um título redentor), mas para Cristo (ou o Pai) como Soberano. Também foi demonstrado que o termo “comprado” (agorazo) no Novo Testamento é mais freqüentemente usado em contextos não-redentivos. Quando usados ​​de forma redentora, existem indicadores específicos que estão conspicuamente ausentes em 2 Pedro 2: 1 (tais como o preço de compra, os crentes como o objeto da compra, ou a presença de outros recursos mediadores ou redentores). Assim segue, eliminamos necessariamente a interpretação assumida não reformada, no mínimo, como a única interpretação viável de 2 Pedro 2: 1. De fato, não apenas o sentido não-redentor é igualmente viável, mas há muito mais para recomendar este sentido do que o sentido redentor, para o qual o redentorista geral argumenta. Isso não significa, é claro, que a visão Reformada se torne a visão por padrão do texto; antes, que a visão reformada não pode ser simplesmente descartada como uma interpretação viável e exegética.

Agora, neste ponto alguém pode dizer: “Você disse e não disse, mas você ainda tem que oferecer uma compreensão do que está dizendo”. Vamos, então, fornecer uma possível compreensão tendo descartado a possibilidade de um contexto redentor. É minha opinião que Pedro não está abordando a extensão da expiação, mas está fornecendo um exemplo do AT (semelhante a Deuteronômio 32: 5-6) de um mestre soberano (déspota) que comprou escravos e, portanto, comandou sua lealdade:

“Recompensais assim ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu pai que te comprou (ênfase minha), te fez e te estabeleceu?

O termo grego usado para traduzir a palavra hebraica hnq ' (qanah) é kta, omai ( ktaomai ) e é intercambiável com nosso termo agorazo . Significa “obter” ou “adquirir”. A base então para a qual esta propriedade é estabelecida é o fato de que Deus “os comprou” do Egito, “fez” deles, e “estabeleceu”  eles. Eles tinham recebido bênçãos externas como nação através de sua libertação do Egito, e a provisão e proteção de Deus para eles como Seu povo nacional. Essa misericórdia de bênção especial deveria obrigá-los à fidelidade e obediência (Romanos 2: 4-5), mas ao invés disso eles se tornaram “perversos” e “corruptos” (v.5), eles “se corromperam” (Deut. 32:5), tornaram-se “tolos e insensatos” (v.6), esqueceram que Deus era seu Soberano Proprietário e Mestre (v.6), voltaram-se para a idolatria (v.16-21) e trouxeram julgamento sobre si (22-43).

Referindo-se a Deuteronômio 32: 6, Wayne Grudem escreve:

'Não é ele o teu Pai que te comprou ?' ... Pedro está fazendo uma analogia entre os falsos profetas do passado que surgiram entre os judeus e aqueles que serão falsos mestres dentro das igrejas para as quais ele escreve ... Desde o tempo do êxodo em diante qualquer judeu teria se considerado alguém que foi "comprado" por Deus no êxodo e, portanto, uma pessoa de possessão de Deus … Assim, o texto não significa que Cristo havia redimido esses falsos profetas, mas simplesmente que eles eram judeus rebeldes (ou freqüentadores de igreja na mesma posição que os judeus rebeldes do AT) que eram corretamente possuídos por Deus porque haviam sido comprados da terra do Egito (ou seus antepassados ​​tiveram), mas eles foram ingratos com ele. 46

Olhando novamente para o nosso texto, lemos:

Mas falsos profetas também surgiram entre o povo, assim como também haverá falsos mestres entre vocês, que introduzirão secretamente heresias destrutivas, negando até mesmo o Mestre que os comprou, trazendo destruição rápida sobre si mesmos.

Semelhante à exortação final de Paulo aos anciãos efésios em Atos 20: 17-38, Pedro exorta e adverte o povo de Deus sobre a presença de falsos ensinos. Os paralelos são impressionantes. Paulo não tinha certeza do que havia pela frente em Jerusalém.

Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas, Testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo. E agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que lá me há de acontecer,
Senão o que o Espírito Santo de cidade em cidade me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações. Atos 20:20-23

Pedro então sentindo que sua morte estava próxima escreve:
                                                                                                               
Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado. Mas também eu procurarei em toda a ocasião que depois da minha morte tenhais lembrança destas coisas. 2 Pedro 1:14,15

Paulo, portanto, fornece este aviso preocupante:

Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Atos 20:29,30

E Pedro oferece o mesmo aviso:

Assim como também haverá falsos mestres, que introduzirão secretamente heresias destrutivas. (2 Pedro 2: 1)

Por favor, observe que tanto Paulo como Pedro, no meio de tal advertência, fornecem ao crente um refúgio, o único refúgio e fonte de verdade contra todos os inimigos da fé. Paulo escreve:

Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus. Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados.
Atos 20:27, 32

Peter lembra seu público do mesmo:

Assim, temos ainda mais firme a palavra dos profetas, e vocês farão bem se a ela prestarem atenção, como a uma candeia que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em seus corações. Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo. 2 Pedro 1:19-21

Por isso, temos um contexto estabelecido. Tanto Pedro, como Paulo, está exortando e alertando o povo de Deus que a igreja veio a conhecer tão bem desde aquele dia: que na santificação de Seu povo Deus ordenou a presença de falsos ensinos e falsos mestres como um inimigo sempre presente com que a igreja deve lutar. Os cristãos devem estar alertas e diligentes na defesa da verdade. Este é o contexto em que Pedro está escrevendo.

Pedro rapidamente alude às imagens do Antigo Testamento muito familiares, particularmente em um contexto judaico. Assim como houve “falsos profetas” entre o povo de Israel, assim haverá falsos mestres evn umi / n (entre vós). 

Em Mateus 7:15-20 Jesus disse para ter cuidado com os falsos mestres que vêm em pele de ovelha. A única maneira de distingui-los é por “seus frutos”. Peter é rápido em delinear algumas desses frutos nesse contexto. A primeira manifestação é o falso ensino. Pedro nos diz que eles "introduzirão secretamente" heresias destrutivas (literalmente "ensinamentos da destruição"). Eles até negam o Mestre. Talvez o impulso disso seja a heresia cristológica (se assumirmos que Cristo é o referencial). A presença do gnosticismo e outros movimentos foram certamente uma ameaça presente ao ensino apostólico sobre a pessoa de Jesus Cristo.

Em ambos os casos (se o Pai ou o Filho é o referente), eles estavam negando a soberania de seu Soberano Mestre. O mesmo Mestre que os possui com base no fato de ser o Criador Soberano. O mesmo Mestre que lhes deu bênçãos externas pelo seu apego ao povo nacional de Deus através da sua compra no êxodo e, em seguida, expondo-os aos privilégios do evangelho e à comunhão do verdadeiro Israel na igreja.

Contextualmente, então, esses “crentes professos”, cercados pela luz e verdade do evangelho, a comunhão do povo de Deus, se levantaram dentre o povo (distinguindo-se do povo de Deus [1 Jo 2.19]), e usaram sua liderança e ensino dentro da Igreja para espalhar heresias condenáveis. Ao fazer isso, eles negaram e rejeitaram seu Soberano Mestre (não o Salvador) e trouxeram uma rápida destruição sobre si mesmos.

Em conclusão

Ficamos então com dois entendimentos possíveis para o texto:

1. O termo está sendo usado de forma redentora. Portanto, estes eram homens que foram comprados por Cristo (comprados, redimidos), mas perderam sua salvação quando se tornaram apóstatas.
2. O termo está sendo usado não-redentoramente; portanto, Pedro não está falando sobre a extensão da expiação, mas está fornecendo um exemplo do AT (semelhante a Deuteronômio 32: 5-6) de um mestre soberano (déspota) que havia comprado escravos e com base nisso comandou sua lealdade.

Visto que as Escrituras são consistentes consigo mesmas, parece que a única opção viável é que o texto seja entendido de forma não redentora. A preservação dos santos é uma verdade claramente revelada e é mantida com base nos ensinamentos da Escritura sobre a natureza da expiação (Hb 7-10), e a resultante preservação dos santos (João 6: 37-44). É nossa opinião, portanto, que um sentido não redentor não é apenas consistente com sola scriptura (escritura somente) e tota scriptura (toda a escritura), mas é o único sentido que é estabelecido pelo próprio contexto. Para quando se considera, 1) o problema da posse, 2) despotos e agorazo contextualmente definidos, e 3) a ausência de características mediadoras e redentoras na própria passagem em disputa, então também se verá que os dados textuais e exegéticos comunicam sentido não-redentor, perfeitamente consistente com a especificidade da expiação que a Bíblia apresenta tão claramente.

Certamente, há muitas passagens nas Escrituras que exigem esforço de nossa parte para estudar e examinar completamente. Algumas são realmente difíceis de interpretar; tal dificuldade, no entanto, não é uma desculpa para não fazermos o dever de casa. Devemos “examinar as Escrituras” diligentemente, para que possamos crescer em graça e conhecimento de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.

Assim, depois de todas as considerações exegéticas terem sido observadas, parece que as únicas pessoas que podem apelar para este texto exegeticamente e contextualmente são aqueles que o entendem de forma não-redentiva, ou aquelas dos arminianos históricos que acreditam que você pode perder sua salvação. Aqueles que acreditam na segurança eterna (seja Reformada ou não-Reformada) não podem nem podem apelar para este texto com um sentido redentor. Fazer isso impõe uma visão sobre o texto que é mais eisegético do que exegético. É inconsistente dizer que o Mestre os comprou, mas não os possui para manter a posição de expiação geral. De fato, eu diria que este texto não é um campo de batalha entre Reformados e não Reformados sobre a extensão da expiação; antes, é um campo de batalha entre aqueles que acreditam na segurança eterna e aqueles que não acreditam. Se alguém deseja se opor à redenção particular, então alguém terá que apelar para outro texto, pois um não pode consistentemente fazê-lo com base em 2 Pedro 2: 1.

Fonte: http://www.aomin.org/aoblog/2002/10/12/2-peter-21-and-universal-redemption/