quarta-feira, 25 de novembro de 2020

O Castelo da Escritura

por Yuri Schein

A questão dos princípios hermenêuticos e do Deducionismo Bíblico.
Essas ferramentas são indispensáveis e são como chaves que abrem diversas portas para entendermos uma doutrina. Todavia ainda existe uma questão, suponha que eu entregue um molho de chaves para você e diga que você pode ir onde quiser na minha casa, a casa porém é um monstruoso castelo com 10000 m2, repleta de portas e comodos diversos, corredores, alguns parecem labirintos, e outros são tão estreitos que são perigosos. Existem portas que estão ali para te levar a algumas salas desafiadoras e que podem até mesmo fazer alguém não habilidoso naquele desafio tropeçar e talvez morrer, porém algumas depois dessas são oasis com relíquias, descanso e desfrutes diversos tudo isso existe nesse castelo gigante. Ao se aventurar sozinho é provável e certo que cairá em alguma armadilha e em algum teste que não foi treinado. Porém, como você é da minha família eu mesmo serei o seu guia, eu vou com você em cada porta, te direi as sequências certas de portas para entrar e sair, te direi como você deve agir e reagir em cada lugar. É assim que o Espírito Santo faz conosco, não adianta saber deduzir as coisas das Escrituras Sagradas se você não tiver confiando no seu guia e se estribando em sua própria capacidade. Pode ser que você acabe tropeçando em uma pedra de tropeço, essa pedra é fundamental pra te salvar, mas por causa da sua autosuficiecia e independência você se arrebenta.
Fazer teologia sem depender, confiar e crer que tudo vem do Espírito Santo é um suicídio.

O ÙNICO DEUS

Deus controla ativamente todas as coisas, faz um vaso para ira e outro para a misericórdia. Deus controlou ativamente Satanás e fez dele um vaso para ira (Rm 9). Se a tradição Cristã está certa e Satanás cometeu uma rebelião no céu, foi Deus que causou ativamente ele cair pois ele também é um pedaço de barro em suas mãos (Is 29.15-16) e porque Deus causa tudo o que acontece (Ef 1.11, Ec 11.5). Na queda de Adão Deus causou ativamente Adão cair, e controlou ativamente tanto Adão quanto o diabo (Jó 12.16). Não há mistério.

Deus não tem prazer na morte do impio (Ez 18.32. 33.11) em um sentido preceptivo, ou seja, no sentido em que Ele não tem prazer que as pessoas quebrem a sua lei, e também porque Ele não é um sádico que tem prazer em matar as suas criaturas, ele não tem prazer na morte do impio em geral e ordena que eles obedeçam, porque entre esses impios estão tanto eleitos quanto reprobos, por isso o tópico é geral e não individual. Mas se tratando dos reprobos, Deus os odeia (Rm 9) não com um ódio mesquinho humano, mas com o ódio racional de reprovação, pois criou cada impio para o dia do mal (Pv 16.4), assim, Deus suporta o impio que recebe do próprio Deus as caracteristicas que Deus odeia e então Deus o pune por causa dos seus pecados e o extermina no inferno com toda a sua Ira, Ele pode fazer isso, pois é Deus e tem o direito de fazer o que quiser com a sua obra. O ódio de Deus não é o mesmo que o ódio humano na reprovação, Deus não tem um prazer (como o prazer humano de causar mal à alguém) ao fazer o impio para o dia da calamidade. O Mau do impio é próprio da ontologia que ele recebe diretamente das mãos de Deus, as caracteristicas dele são herdadas de Adão, mas dadas por Deus à Ele. É justo que Deus faça isso pois tudo lhe pertence.
Deus não deseja salvar cada pessoa do mundo, mas ele deseja salvar pessoas de todas as classes sociais e de todos os lugares do mundo (1 Tm 2.1-4, Jo 10, Jo 17, Ap 5.9) a sua amada Igreja (Ef 5.25-27)
Entender isso é racional e biblico, rejeitar isso é cair no irracionalismo e dualismo.
Nós somos ordenados a pregar a todos sem exceção e não retroceder, somos ordenados em nome de Deus a rogar que os homens se reconciliem com Deus se arrependam de seus pecados e creiam em Cristo, mas não somos ordenados a dizer que Deus deseja (no sentido decretivo) salvar cada pessoa no mundo.
A expressão amorosa de Deus (revelada) aos não-eleitos, não é uma expressão falsa, mas é expressão da benignidade de Deus os conduzindo sempre ao arrependimento (preceptivo), pois essa é a natureza divina, todavia eles endurecem o seu próprio coração contra essa oferta (Rm 2.4-5), e endurecem pois Deus os faz vasos de ira (vontade oculta), não há contradição, se eles se arrependerem eles seriam salvos e Deus não tem nenhum sentimento de rancor ou ódio humanos com eles (isso é) no sentido antropopatico, Deus não os odeia, porém no sentido decretivo, usando "ódio" nos termos de reprovação, Deus os odeia e intentou os destruir.
Esse é o Deus da Escritura, um Deus temível e terrível, amoroso e bondoso, ele tem a força, o poder e a sabedoria, ele é o único Deus que existe, não há outro Deus.
Isso não é invenção de Vincent Cheung, isso é a doutrina biblica