sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Apologética da Teologia



Esse artigo faz parte de uma seção do meu livro "Teologia Sistemática Pressuposicional" versão beta, porém atualizado e expandido. Yuri Andrei Schein 25/09/2020

Nós precisamos conhecer a Palavra de Deus para que saibamos quem Ele é, como também o que Ele requer de nós. Somente assim, saberemos responder as questões cruciais como: Quem é Deus? O que Deus é? Quais são os nossos deveres em relação à Ele? Qual deve ser a nossa posição em cada ocasião? Como eu posso glorificar mais a Deus com a minha vida? Esse conhecimento é fruto básico de todo o estudo teológico.

O título “apologética” tem significado de defesa, ou seja,  está seção tem em vista fazer uma defesa do estudo teológico. A palavra “teologia” é duramente resistida nos nossos dias, pois as pessoas têm a ideia de que ela se refere a uma visão particular de um homem sobre Deus. Portanto, a maioria das pessoas conclui que o estudo teológico é basicamente estudar sobre a visão especifica de algum homem a respeito de Deus, assim boa parte delas chega à conclusão de que o melhor a se fazer é ficar “apenas com a Bíblia”, isso parece bem piedoso, porém existem diversas objeções que a própria bíblia e a razão simples podem levantar contra essa afirmação:

1.       A Escritura diz que o próprio Deus instituiu Mestres para a edificação da igreja (Ef 4.11-12).

a)      Sobre esse ponto devemos ter bastante cuidado, pois a mesma Escritura também diz que existirão falsos Mestres no nosso meio. Todavia, permanece a verdade de que o meio pelo qual Deus ensina a igreja através das eras é pela instituição de mestres que ele mesmo capacitou para isso.

b)      Para que não caiamos no erro e nos lábios dos falsos Mestres, a Escritura nos dá direção a respeito disso. Devemos comparar o que eles falam com a própria Escritura seguindo o exemplo dos apóstolos (1 Co 2.13) e também o exemplo dos nobres bereanos (At 17.11). Também devemos ficar atentos ao testemunho do Espírito Santo (1 Jo 2.20,27) julgando o ensino de todos se não contradizem outros Ensino das Escrituras Sagradas, para isso devemos abraçar o ensino da Unicidade das Escrituras (que também veremos nesse livro).

2.       Quando alegam que teologia é a visão de um teólogo em particular sobre Deus, podemos lançar isso sobre eles toda vez que eles fazem alguma afirmação sobre Deus. Isso também contradiz o ensino das escrituras que fala que não existem diversas interpretações verdadeiras sobre um texto, mas apenas uma mesma mensagem (2 Pe 1.20)

Eu deixarei para falar abundantemente sobre esse assunto mais adiante, por enquanto isso basta para a introdução.

A palavra teologia vem da junção de dois termos “theos” que significa Deus e “logos" que significa estudo, sendo assim, praticar teologia é estudar sobre Deus.

Deus é maior que o homem! Deus é maior que o Deus de Anselmo "O ser de grandeza máxima que o homem pode pensar"¹ simplesmente porque Deus é Deus. E por Deus ser Deus sua incompreensibilidade e glória não podem ser concebidas a priori pela mente finita e carnal do homem. O racionalismo, que seria a razão humana sem a Escritura como regra de Fé, sempre resulta em uma heresia que molda um deus conforme à imagem formada pela cabeça do homem.

Como diz o profeta Isaías: "Vós tudo perverteis! Acaso o oleiro há de ser reputado como barro, de modo que a obra diga do seu artífice: Ele não me fez; e o vaso formado diga de quem o formou: Ele não tem entendimento?” 29.16

Se Deus não se auto-revelasse, e não nos desse a Escritura Sagrada o que nós criaturas finitas poderemos saber certamente sobre Ele? Nós estaríamos como Paulo diz "buscando a Deus, se porventura, tateando, o pudéssemos achar, o qual, todavia, não está longe de cada um de nós" Atos 17.27. Em outras palavras, o que o Apóstolo quer dizer é que, sem a Revelação, que seria a Escritura, nada poderíamos saber sobre Deus,  seriamos como um cego de nascença falando sabe sobre uma luz que nunca contemplamos. Muito menos poderíamos entender as Escrituras se o Espírito Santo não abrisse os nossos olhos, como Agostinho fala:

"Nós abrimos os olhos para ver a luz, porém os olhos da mente permanecem fechados, a não ser que sejam abertos pelo Senhor."²

Toda a cosmovisão começa com o homem autônomo fazendo perguntas, na cosmovisão cristã nós começamos com as respostas e, além disso, confiamos nas respostas, pois elas derivam da Palavra de Deus, e não existe autoridade maior do que Ele. Nós cremos na lógica, pois Deus possui ela em si mesmo, em sua mente, ou como João diz “o Logos era Deus" [João 1.1]³.

Cristo é o Logos epistemológico que ensina todo o homem (Jo 1.9), Seu Espírito é aquele que Ilumina o mais intimo do ser do ser humano (Pv 20.27), ele é o Mestre Interior que nos ensina e testifica da Verdade de Sua Própria Palavra.

Na nossa era de irracionalismo e relativização da teologia, as pessoas pedem para que sejamos tolerantes com heresias e distorções bíblicas. Eles dizem “Eu não preciso de Teologia, mas só de Jesus", então você pergunta “quem é Jesus?” eles respondem que “Jesus é o filho de Deus que morreu pelos meus pecados”, eles não percebem que quando respondem isso estão fazendo teologia. Existe também uma ideia de simplicidade, ou seja, de que a teologia complica as coisas que deveriam ser tão simples, “pois afinal”, dizem alguns, “de acordo com a Bíblia, Deus é muito simples e direto e não precisamos usar muita a cabeça para entender as Escrituras”, porém, o que essas pessoas diriam sobre a epistola de Romanos que é cheia de “diatribes”⁴, conclusões lógicas, e desafia o leitor a confrontos racionais? Com certeza, quem afirma que Deus só se expressa com simplicidade querendo dizer que não precisamos estudar muito as Escrituras nunca leu a carta de Romanos, se com simplicidade ele quer dizer “clareza” eu concordo que a Escritura inteira é clara, mas mesmo uma mensagem clara contém proposições e concordâncias lógicas.

Além disso, o estudo da Escritura é essencial para nossa santificação, e também é por meio de Sua Palavra pregada com fidelidade que Deus decidiu que através do Seu Espírito Santo deveria se revelar e quebrantar os homens:

 “Não é a minha palavra como fogo”, diz o SENHOR, e como martelo que esmaga a rocha?” – (Jeremias 23.29)

Sem a nossa vida alicerçada somente na Palavra de Deus e através da unção do Espírito Santo que opera pela e com a Palavra de Deus não iremos progredir, e, portanto não poderemos conhecer mais o nosso Deus se desprezarmos a Teologia.

A teologia protestante se solidifica no princípio do Sola Scriptura⁵ e deveria ser “simples” no sentido em apontar para onde e de onde deveríamos reger a nossa vida, ou seja: da Palavra de Deus. Entender que somente a Escritura é a nosso princípio epistemológico⁶ é fundamental para nossa proposta nesse livro. E já que estamos falando de protestantismo e reforma é interessante atentarmos algo que Calvino nos ensina sobre a Bíblia:

Deus é seu Autor. A principal prova da Escritura é que nela Deus fala pessoalmente. [Os profetas] proferem o sagrado nome de Deus, por honra do qual todos são coagidos à obediência. [O] nome de Deus, sem temeridade ou falácia, é invocado com líquida verdade, não dependendo de uma opinião aparente. [Há] sinais manifestos de que Deus fala na Escritura, patenteando que sua doutrina é celestial”⁷

Para fazermos uma boa teologia temos que ser precisos e acurados, cuidado e cautela são fundamentais. Por isso é imprescindível o conhecimento das Escrituras e a sabedoria dada pelo Espírito Santo. Precisamos também ser diretos e o mais claros possíveis.

Falando sobre a responsabilidade dos crentes de conhecer à Escritura e todas as coisas que se referem a mesma Lutero diz:

Uma coisa é certa: quem entende os Dez Mandamentos bem e inteiramente deve entender a Escritura toda, de sorte que pode aconselhar, ajudar, confortar, julgar e decidir em todas as coisas e casos, tanto no plano espiritual quanto no temporal, e pode ser juiz sobre doutrinas, ordens, espíritos, direito e o que mais haja no mundo.⁸

Ou seja, nenhum crente capaz mentalmente deve se extraviar de estudar a Escritura toda, com isso entendemos como a Teologia é importante para o entendimento das Escrituras Sagradas.

Sobre a importância de fazer teologia também posso citar Gordon Clark que diz:

“Para recomendar a Teologia em termos mais bíblicos, poder-se-ia dizer: "E a vida Eterna é esta: que te conheçam a Ti, O único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste"(João 17.3). Esse versículo tem muito mais significado que aparenta ao leitor apressado, mas é evidente que ninguém pode ser crente sem Teologia - o conhecimento de DEUS.”

As pessoas hoje em dia ficam aborrecidas e rejeitam veementemente a ideia de verdades absolutas. O homem moderno influenciado pela filosofia irracionalista não apenas abandona a busca pela verdade absoluta, mas zomba, escarnece e quer destruir todas as formas e meios que alegam ou trazem à luz uma verdade absoluta. Para ele, parece piedoso continuar na irracionalidade e no relativismo. A grande verdade é que o relativismo e a falsa piedade do homem moderno o deixa com a ilusão edênica¹de que ele é autônomo para pensar da forma que quiser. Porém, quando a verdade não se encontra na mente autônoma do homem, mas é exposta por uma mente externa à dEle, isso lhe confronta toda a espécie de autonomia.

Muitos dos teólogos neo-ortodoxos como Karl Barth, Emil Brunner, Russell Norman Champlin, caio fabio d'araújo filho e podemos citar também Ed René Kivitz, abraçam alguma forma de irracionalismo ou anti-dogmatismo, toda a espécie de teologia que se opõe ao dogmatismo bíblico é irracional, pois ao apelar para a razão autônoma, senso comum, experiência empírica ou para opiniões intuitivas do ser humano, não se pode chegar até o conhecimento certo de nada. A verdade deixa de ser absoluta e tudo cai na esfera da opinião arbitrária, seja do público ou do teólogo em particular. Assim, você não tem mais um ponto arquimediano de verdade e a única coisa que resta é o ceticismo ou a “fé cega arbitrária”.

Por trás de uma capa de piedade e por uma dogmática humanista a neo-ortodoxia atai diversas pessoas que dizem ser piedosas. Esses teólogos e líderes geralmente abraçam causas de “minorias” e arrotam que os ortodoxos não possuem realidade prática. Muitas pessoas aos golpes cruéis de suas línguas repletas de veneno da serpente e se tornam presa fácil para esse tipo de gente. Felizmente os eleitos serão livres do engano pelo poder soberano e preservador do Espírito Santo. Mesmo que a carne resista ao Espírito Santo, a fé e seu poder soberano sempre prevalecerá. Dentre esses mesmos humanistas você pode ver também os grupos que relativizam doutrinas nevrálgicas como a eleição incondicional ou a justificação pela fé somente lidando com elas como secundárias, porque em suas opiniões elas são “pouco práticas”, mas isso é o mesmo que dizer que a doutrina da encarnação ou do perdão dos pecados é pouco prática, é o mesmo que dizer Deus poderia deixar os pecados todos sem um redentor e que não precisamos que a ressurreição de Cristo seja real, afinal o que conta é o exemplo que Jesus nos deu para vivermos essa “prática”. Colocar a prática acima da doutrina é pragmatismo, líderes que fazem isso deveriam ser excomungados. Por outro lado, nós temos o grupo que diz que a vida e as boas obras não importam, afinal somos “justificados pela Fé”, então você tem igrejas e práticas libertinas onde não há nenhuma mortificação do Pecado. A verdade é que pelo simples fato de que a regeneração e a Justificação pela Fé são reais elas afetarão sobrenaturalmente nossa vida natural. A verdade (epistemologia) vem com realidade (ontologia).

Devido a esta grande influência do liberalismo, também devido as grandes expressões do irracionalismo e da visão cientificista não-cristã. A maioria dos teólogos e pregadores, como já dissemos, tem cedido a teologia pragmática, e muitos também tem adentrado no universo coaching e da miserável Teologia da prosperidade, existem também aquelas pequenas empresas em forma de igreja onde o crescimento é visto como resultado da qualidade ou realidade do ensino, sobre isto eu devo lembrar que o Islamismo embora sendo uma falsa religião agrega a cada dia mais seguidores. Outro argumento desses pragmáticos é que a teologia prática os motiva mais a evangelizar do que a teologia bíblica. O evangelismo é sim muito importante, mas também devo lembrar que se for buscar aprovações pela via do pragmatismo e dos números: os Mórmons e testemunhas de Jeová são importunadores de tanto que eles praticam o que essas pessoas chamam de “Ide".

Sobre os teólogos liberais e irracionalista Gordon Clark nos ensina:

Quem tem aversão a filosofia sistemática, à teologia sistemática, ou a sistemas de maneira geral, por exemplo Kierkegaard, Sartre, e os pietistas, deviam ser pressionados para provarem a virtude de verdades desconexas. [...] Não, a verdade não é desconexa assim. Ela é sistemática. E os axiomas devem ser julgados pelos sistemas que produzem." ¹¹

 Sobre Essa oposição a expor doutrinas firmes e bem definidas biblicamente lançarei mão de uma ilustração:

Um certo homem tinha muitos filhos, ele se ausentou do país e deixou tudo o que tinha ao cuidado de seus servos. O Homem de Família incumbiu os servos a alimentarem os seus filhos, para isso ele tinha um grande depósito e celeiro com uma quantidade gigantesca de alimento, uma fazenda cheia de toda a sorte de animais no campo, plantações de grãos, frutos, e verduras sem limite.

Quando este homem se ausentou do país os servos começaram a alimentar seus filhos com lavagem. Mesmo depois que as crianças cresceram eles aterrorizaram elas dizendo que elas não deveriam entrar no celeiro nem desfrutar da fazenda, afinal, aquele tipo de comida podia ser envenenada e era muito perigosa. As crianças cresceram doentes devido à alimentação, sua saúde era precária, mas sobreviveram até à volta do seu pai.

O que o senhor da família fará com esses homens?

Esse é o retrato da igreja atual, onde as doutrinas básicas como a da segurança eterna, a Eleição Incondicional, a Soberania Divina e todas as outras doutrinas maravilhosas que fluem da Graça de Deus e nos servem de alimento, nos foram ocultadas por esses tiranos nojentos. Esses homens apenas estavam interessados em si próprios, somente eles mesmos e uma casta superior de legalistas cuja a autoridade não podiam ser questionada eram os escolhidos. Em sua maioria eram falsificadores de milagres, e afastaram todas as pessoas do alimento sadio da palavra de Deus.

Mas o que mais me impressiona, são aqueles filhos que acordam para o que está acontecendo, me dizem que a doutrina desses homens não é perigosa, que devemos ter paz com esses homens e tolerar "o seu erro teológico". Esses crentes são como aquelas pessoas que sofrem de síndrome de Estocolmo. Se afeiçoaram a esses Mercenários e a todos aqueles que deturpam a sã doutrina. Ao invés de defender as ovelhas e atacarem os lobos, eles defendem os lobos e atacam os pastores que querem afastar os lobos.

Um exemplo que podemos pintar é o comentário de um famoso líder neo-pentecostal e pregador da teologia da prosperidade¹²"é uma grande mentira do diabo, a doutrina que diz 'uma vez salvo, salvo para sempre' ou que há predestinação", ou seja para esse pregador a predestinação e segurança eterna é mentira do diabo, mas para chancelar a sua afirmação ele diz "Eu falo isso com toda a autoridade e com toda a unção que Deus me deu". Com certeza é hilário que ao mesmo tempo que ele negue a doutrina da eleição apele para uma autoridade de negar as Escrituras arbitrariamente que supostamente Deus tenha dado a ele, essa autoridade dele é condicional ou incondicional? Deve ser a autoridade do pai da mentira que se esforça para negar a doutrina bíblica. É compreensível que esse lobo devorador odeie a doutrina da eleição, afinal como ele vai arrancar dinheiro dos outros se eles souberem que a salvação é inteiramente pela graça de Deus.

Outro líder de uma Igreja neo-pentecostal que certa vez negou a sempiternidade de Cristo, falando que somente o Pai tinha esse atributo, também lança sua opinião sinergista contra a doutrina da eleição incondicional, comentando sobre João 14 ele escreve:

"Se Jesus disse que no céu há moradas, significa que a vida é eterna. As teorias de quantidades de salvos caem por terra, são heresias. Jesus nos pergunta quem quer ser salvo e reserva nossas casas quando O aceitamos." ¹³

Me diga onde Jesus diz que só reserva as casas no céu para os crentes no momento de sua conversão? Em nenhum lugar, pelo contrário a Escritura afirma que o Reino do Pai nos está preparado desde a fundação do mundo (Mt 25.34), todavia não diz que isso ele fez apenas quando o aceitamos, afirmar isso e dizer que não há quantidade de salvos definidos é absurdo, ainda mais dizer que isso é heresia sendo que é a própria posição da Biblia. Ao contrário dele, ressoando a Escritura a Confissão de Fé de Westminster no Capítulo III e Parágrafo 4 afirma claramente que:

"Esses homens e esses anjos, assim predestinados e preordenados, são particular e imutavelmente designados; o seu número é tão certo e definido, que não pode ser nem aumentado nem diminuído."

João 10: 14-16, 27-28; 13:18; II Tim. 2:19.

Todo o teólogo que zela pela ortodoxia bíblica deve mirar alcançar verdades eternas, pois a Bíblia traduz o eterno e imutável pensamento divino para nós. Isso não significa que aquele estudante de teologia ortodoxa não falhará muitas vezes na sua jornada. Por isso, ele também deve saber que foi justificado pela Fé em Cristo, e mesmo que ele erre na sua leitura, a Bíblia é infalível e o sangue de Cristo é suficiente para perdoar esse pecado quando ele se arrepende. Estudar teologia sem entender o perdão dos pecados e a justiça imputada de Cristo será um massacre para a própria consciência, e também fará o estudante se tornar um legalista estúpido.

A honestidade do estudante para com as suas debilidades deve estar acima da sua vontade de impressionar as pessoas e de ser opiniático. A reflexão prolongada é necessária, a iluminação e a direção do Espírito Santo é imprescindível, qualquer falha que um teólogo cometa pode ser fatal na vida das outras pessoas. Por isso existe uma linha tênue entre o medo irracional e o descuido irracional.

Medo irracional: Eu chamo de medo irracional a falta de fé, confiança e auto-conhecimento do teólogo, a raiz deste medo está na incredulidade como aponto primeiro, sem o testemunho do Espírito Santo pela palavra e com a Palavra não há como vencer o medo irracional de se posicionar contra heresias e erros, portanto é necessário ser regenerado e aprender a “ouvir” o testemunho do Espírito Santo através das doutrinas bíblicas (Rm 8.16-17, Hb 8.11-12, 10.16-17, 1 Jo 2.20,27) sem o conhecimento e percepção da voz do Espírito Santo o teólogo será apenas mais um espectador. É comum em debates na internet as pessoas seguirem um teólogo x ou y, e se identificarem com a posição x ou y, mas aqueles que fazem isso sem tomar a posição que se identificaram geralmente são isentos sem personalidade. Boa parte deles está cheio de medo e incredulidade, muitas vezes eles invejam aqueles debatedores que possuem energia e postura e se escondem em uma capa de falsa humildade e piedade para justificar sua fraqueza. É muito comum que uma pessoa pública falhe e quando falhar os invejosos manchem a sua reputação mais ainda. A falha deve ser combatida e pregar as Escrituras é uma tarefa séria, mas a omissão também é pecado, os demônios amam isso, pois com a omissão da Igreja a heresia continua a se alastrar.  Outro erro comum é que essas pessoas que se omitem ignoram o sacerdócio universal dos crentes (1 Pe 2.9, Ap 5.9), todos os crentes são sacerdotes e todo o corpo de Cristo deve ser ativo na edificação da sua obra, não é porque alguns recebem 5 talentos e outros apenas 1 que eles podem enterrar esses talentos na terra.

Descuido irracional: É importante que você tenha auto-conheciento, mas é muito importante que não caia no erro de se estribar em seu próprio entendimento. É comum para os teologos que em algum momento ele caia nesse erro. Se o medo deve ser repreendido o descuido muito mais, o descuido vem por falta de temor ao Senhor, com temor eu não me refiro ao medo, mas a reverência e ao reconhecimento da autoridade e do poder de Deus. Muitas vezes por recebermos um dom de Deus achamos que somos “donos” legítimos deles. Não somos! Nós usufruímos dos dons que Deus deu para edificar os outros, mas na verdade somos apenas mordomos deles. Algumas vezes elogios podem entrar em nosso coração e podemos ficar vaidosos por causa dos dons que Deus nos deu, isso pode ser grave e fatal para uma pessoa, o medroso ao ler isso já prefere nem ler mais nada nem dar a sua opinião, mas ressalto que a omissão também é um pecado. Nossa atitude após receber um elogio não deve ser apenas falar “Soli Deo Glória”, mas examinar o que falamos antes para ver se realmente estávamos querendo glorificar apenas à Deus e não à nós mesmos. Não nos esqueçamos de que o Rei Herodes ao ser glorificado como se fosse um deus pelo povo morreu comido de vermes (At 12.23). Até mesmo Moisés ultrapassou o que Deus havia mandado ele fazer por descuido, exortou fortemente o povo e ao invés de falar com a rocha ele bateu nela (Nm 20.11-12) e por causa dessa atitude sabemos que Deus privou ele e Arão de adentrarem na terra prometida (vs 13) ele mesmo afirma que mesmo pedindo e clamando por isso lhe foi negado:

"Rogo-te que me deixes passar, para que veja esta boa terra que está além do Jordão; esta boa montanha, e o Líbano! Porém o Senhor indignou-se muito contra mim por causa de vós, e não me ouviu; antes o Senhor me disse: Basta; não me fales mais deste assunto; Sobe ao cume de Pisga, e levanta os teus olhos ao ocidente, e ao norte, e ao sul, e ao oriente, e vê com­­ os teus olhos; porque não passarás este Jordão." (Deuteronômio 3.25-27)

Podemos ver como esse assunto é sério, que mesmo Moisés colheu algo que falou e fez por descuido irracional. Não é atoa que Tiago nos exorta que não devemos desejar ser ou nos intitular mestres:

"Caros irmãos, não vos torneis muitos de vós mestres, porquanto sabeis que nós, os que ensinamos, seremos julgados com maior rigor" (Tiago 3.1)

O Juízo é maior para os que se tornam mestres, isso nos leva à considerar também o que Jesus falou, que não devemos buscar sermos chamados e nem chamar as pessoas de mestres, pois um só é o nosso Mestre e um só é o nosso Senhor (Mt 23.8). Porém ele mesmo diz que envia “sábios, escribas, profetas e mestres” aos judeus  (Mt 23.34). Ou seja, não procure ser chamado de mestre nem deseje esse título em primeiro lugar, mas também não negue a existência desse dom se você tem ele, isso é humildade. O bom mestre não precisa dizer que é um, ao falar as pessoas sabem que é, mas ele mesmo sabe de onde veio a sua sabedoria e conhecimento: do alto (Tg 3.17) pois todo o dom de Deus vem de lá (Jo 3.17). Se ele sabe disso não irá buscar títulos, mas ele também não negará que recebeu o dom de Deus para servir aos outros (Ef 4 11-12) e ele não passa de um servo inútil, pois só faz a sua obrigação (Lc 17.10).

A Escritura ensina que aqueles que são enviados do Senhor são como “despenseiros da sua multiforme graça”:

Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4.10)

Sem me prolongar muito a Palavra “Despenseiros” aqui pode ser ilustrada pela pessoa que ficou com a chave do armário onde ficam os recursos, essa pessoa tem a responsabilidade de alimentar os irmãos. Qual é o alimento que devemos dar aos irmãos? Pedro diz “a Multiforme graça de Deus”, isso significa que não alimentamos os irmãos com legalismo e pauladas, mas com a Graça, Deus é gracioso para com os seus filhos, e nós devemos expressar isso com a sua Igreja. O que é a Graça? A Graça pode ser personificada na pessoa do próprio Cristo (Jo 1.17), ou seja, o que devemos dar para os irmãos é a pessoa de Jesus Cristo através da Palavra de Deus, não a nossa opinião, não a nossa experiência, não a pregação pragmática, mas a revelação da Glória de Deus na face de Jesus Cristo (2 Co 4.4-6)! As pessoas querem saber como melhorar sua vida amorosa, como sair da crise financeira, como parar com as suas crises de ansiedade, como serem santas e cumprir todos os requisitos da lei que (na cabeça delas elas tem cumprido desde a sua mocidade Lc 18.21), elas querem com isso ganhar favores e poderes, sabedoria e dons de Deus, mas Deus quer dar outra coisa para elas que é muito mais excelente, ele quer dar: Cristo Jesus! Como Calvino ensina em seu comentário de Efésios parafraseando Paulo em Romanos 10.4: “Cristo é a o fim da lei e a suma do evangelho” ¹⁴

O apóstolo Paulo ensina aos coríntios uma importante lição sobre a edificação do corpo de Cristo. Ele compara a Igreja como um edifício cujo alicerce e fundamento é Cristo, aqueles que ensinam a Palavra de Deus são os edificações, então ele trás a baila alguns elementos, uma lista positiva: ouro, prata, e pedras preciosas, e uma lista negativa: palha, madeira e feno. Ele diz que no final a edificação dos dois tipos de pessoa que edificaram com elementos positivos e negativos será provada pelo fogo, o mestre cuja obra prevaleceu ao teste receberá um galardão, e aquele que a obra se queimar sofrerá a perda do galardão e da própria obra, todavia será salvo (veja 1 Co 3). Muitas interpretações tem surgido aqui a que tem prevalecido é que essa perda e ganho de recompensas virá no final, onde a Palavra “Dia” (vs 13) segundo esses teólogos nos remete a Vinda do Senhor, outros defendem que a melhor maneira de entender isso é que “o dia a dia" vai provar a sua obra, ou seja, você receberá recompensa ou disciplina do Senhor aqui mesmo. Eu vejo algo assim: alguns são disciplinados enquanto ainda vivos e corrigem suas heresias e erros, outros obstinadamente continuam ensinando erros mesmo depois de serem confrontados, esses últimos verão o resultado de seu labor (queimados pelo fogo).

Essa passagem nos dá alívio e temor ao mesmo tempo alívio, pois a Escritura afirma que esse mestre “será salvo, porém como que ‘através do fogo’ ou seja, se você falha em interpretar alguma coisa na Escritura não significa que você está condenado ao inferno, mas é claro que permanece a existência de doutrinas basilares como a divindade de Cristo (Jo 8.24) o evangelho da graça (Gl 1.8) e diversas outras que são fundamentos e não podem ser conspurcadas, tolerar isso é inaceitável e as pessoas que tocam nessas doutrinas estão destinadas a danação eterna. O Temor vem, pois mesmo aqueles que erram em pontos que não levam eles ao inferno sofrerão o dano.

O Senhor Jesus ensina o seu povo no Sermão do Monte a ter cautela com aqueles que querem enganar as ovelhas, os falsos profetas:

"Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus.  Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.  Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres?  Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade." – Mateus 7.15-23

De forma semelhante, Pedro diz ao povo para tomar cuidado, não apenas com falsos profetas, mas também com falsos mestres:

"Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.  E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita." – 2 Pedro 2.1-3

Dessa forma, podemos indagar aos anti-intelectuais e teólogos liberais: como um cristão poderá detectar esses falsos ensinos sem estudar as Escrituras e fazer teologia?

Em outra parte o apóstolo Pedro fala que alguns torcem as Escrituras para sua própria perdição e ordena a Igreja a crescer na Graça e no conhecimento do Senhor Jesus:

"como faz também em todas as suas epístolas [O apóstolo Paulo], nelas falando acerca destas coisas, mas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que pelo engano dos homens perversos sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade. – 2 Pedro 3.16-18

Como o povo de Deus saberá enxergar essas distorções se não se interessarem pela interpretação correta dos textos bíblicos? De fato o Espírito Santo ensina a Igreja aquilo que é correto, mas Ele utiliza as próprias Escrituras Sagradas (escritas pelos homens que ele mesmo inspirou) e pelos meios que Ele ensinou contidos nelas. Assim Ele o faz Testificando a verdade limpa da Palavra no coração dos homens eleitos.

Para que um cristão tenha o coração guardado na Palavra de Deus é essencial seu estudo desde cedo, isso o prevenirá de posteriores adulterações e distorções das Escrituras Sagradas tanto de sua parte como em tolerar ou aceitar aqueles que fazem isso.

Pregadores da nossa geração gostam de falar muito do amor de Deus, eles mais parecem animadores de auditório do que pregadores da palavra de Deus, outros gostam muito de ficar interagindo com os membros: “Olhe para o irmão que está ao seu lado e diga” Depois dessa afirmação geralmente vem alguma besteira, ou alguma proposição obvia e curta das Escrituras Sagradas tiradas do contexto arbitrariamente, esses segundos lidam com os membros da igreja como se fossem uma plateia. Como eu disse a mensagem ultra-concentrada no que eles chamam de “amor de Deus”, mas quando eles abrem a boca que este “amor de Deus” é vazio pois não tem nenhum conteúdo proposicional, está mais embasado nos princípios não cristãos de ética do que o amor de Deus revelado nas Escrituras. Sobre esse ponto Gordon Clark foi feliz em afirmar:

"Os evangelistas emocionais adoram proclamar que Deus é amor. É verdade. Deus é amor. E como verdade isso deveria ser pregado e ensinado. Os pregadores populares não estão errados em pregar que Deus é amor; mas estão erradíssimos não pregando que Deus é a verdade. Deus é também um Deus de ira, tema bíblico raramente ouvido.” ¹⁵

Martin Lloyd-Jones também afirma algo semelhante sobre o assunto:

“Todo falso ensinamento deve ser odiado e combatido. O Novo Testamento nos diz que assim fez nosso Senhor e todos os apóstolos, e que eles se opuseram e advertiram as pessoas contra isso. Mas pergunto novamente: isto é realizado hoje? Qual sua atitude pessoal quanto a isso? Acaso é você uma daquelas pessoas que diz que não há necessidade dessas negativas, e que deveríamos estar contentes com uma apresentação positiva da verdade? Subscrevemos o ensinamento prevalecente que discorda de advertências e críticas ao falso ensinamento? você concorda com aqueles que dizem que um espírito de amor é incompatível com a denúncia crítica e negativa dos erros gritantes, e que temos de ser sempre positivos? A resposta mais simples a tal atitude é que o Senhor Jesus Cristo denunciou o mal e os falsos mestres. Repito que Ele os denunciou como “lobos vorazes” e como “sepulcros caiados” e como “guias cegos”. O apóstolo Paulo disse de alguns deles: “o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia”. Esta é a linguagem das Escrituras. Pode haver pouca dúvida, mas a Igreja está como é hoje porque não seguimos o ensinamento do Novo Testamento e as suas exortações, e nos restringimos ao positivo e ao assim chamado “Evangelho simples”, e fracassamos em acentuar negativas e críticas. O resultado é que as pessoas não reconhecem o erro, quando se defrontam com ele. Aceitam aquilo que aparenta ser bom, e se impressionam com aqueles que vem às suas portas falando da Bíblia e oferecendo livros sobre a Bíblia e profecias e coisas deste tipo. E eles, na condição de sua ignorância infantil, freqüentemente ajudam a propagar o falso ensinamento, porque não conseguem ver nada de errado nele. Além disso não compreendem que o erro deve ser odiado e denunciado. Eles imaginam-se a si mesmos cheios de um espírito de amor, são iludidos por satanás, a fera destruidora que estava no encalço delas, e que, num bote súbito, os agarrou com sua esperteza e sutileza” ¹⁶

Até poucos anos atrás as pessoas não se interessavam muito por doutrinas ortodoxas e basilares da Fé como a Trindade, isso se deve a falsa concepção de que a doutrina da trindade é uma coisa que a lógica humana não pode receber, então ela necessita de um salto lógico. Esse tipo de irracionalismo faz com que a doutrina da Trindade seja pouco estudada nos dias de hoje. É comum, ainda hoje, você ver sermões na televisão sobre escatologia e fim dos tempos, e a distorcida doutrinada da prosperidade, que tem levado muitas pessoas ao engano. ¹⁷ Porém se você se atentar para essas pregações você verá que elas tem fins pragmáticos: “seis formas de ter um casamento abençoado”, “cinco passos para crescer na vida financeira” etc... Mas você não vê nenhuma exposição de doutrinas básicas como a divindade de Cristo por exemplo, sobre a personalidade e divindade do Espírito Santo, ou até mesmo da justificação pela Fé. E mesmo que esses pregadores não sejam muito ortodoxos, e sejam muito obtusos, por serem teístas deveriam expor respostas as cosmovisões não-teístas. Mas atacar cosmovisões não teístas na mídia é algo que não promove dinheiro, e faria eles perderem o resto de tolerância que os não cristãos têm com eles. Todavia essa posição pragmática deles não engana nem mesmo não cristãos, e essas práticas perversas deles maculam o evangelho, e representa o cristianismo apenas como forma de ganhar dinheiro. Assim, neles se cumpre o que Isaías fala (52.5) e Paulo repete em sua carta aos Romanos: “Assim pois, por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios, como está escrito. – Rm 2.24. Isso tudo seria algo menos “patrocinado" se cristãos decidissem estudar teologia com a mesma paixão que querem assistir novelas, animes, e/ou defender seu partido político. Como Deus nos deu uma revelação proposicional, é nosso dever estudar ela com muita piedade e humildade.

Adiantando um pouco sobre a questão de autoridade da Palavra de Deus analisamos também que muitos não-cristãos negam a verdade “absolutizadora” da Palavra de Deus e dizem que para que tenhamos confiança na Revelação proposicional de Deus devemos dar provas de que ela é confiável, e muitos cristãos compram essa ideia herética. Mas se existisse outra autoridade anterior a Palavra viva de Deus esse outro critério ou principio seria maior e mais essencial que Deus, e onde ficaria a autoridade máxima divina? Aqui o homem revela sua depravação, pois se recusa dar a Deus a autoridade Máxima que ele tem. Existe uma boa razão pela qual nem todas as coisas podem ser deduzidas de outras e assim infinitamente, ou seja, se tudo deve ser demonstrado, absolutamente nada poderá ser demonstrado, afinal não teríamos um ponto arquimediano para começarmos a deduzir as proposições para chegarmos a verdade seria impossível. E se nós não podemos chegar a verdade primeira também não conseguiríamos chegar a verdade posterior e assim sucessivamente, isso se auto-colapsa em um ceticismo autocontraditório.

O crente moderno vive falando sobre Deus. “Deus é amor”, “senti a presença de Deus”, “Deus é bom o tempo todo, o tempo todo Deus é bom”, “Jesus te ama”, “Deus amou o mundo, de tal maneira, que deu Jesus para nos salvar”. Mas isso demonstra a obrigação dele de conhecer, pelo menos uma pequena porção de teologia, ou então ele não deveria nem começar a falar, pois não teria propriedade escrituristica para tal. De onde ele aprendeu que “Deus é amor”, ou o que é “a presença de Deus”? Por isso, ele deve conhecer a Bíblia e também a teologia para definir o que significa “amor” ou “presença de Deus”. Antigamente a teologia era considerada e bem vista na sociedade, hoje um teólogo é visto como apenas um vagabundo que perde seu tempo falando coisas loucas quer nem mesmo ele entende, isso acontece pois a ciência substituiu a verdade “absolutizadora” da Escritura nos nossos dias, mas estamos aqui para reestabelecer a sacrossanta Palavra que sai da boca de Deus sobre todas as autodenominadas “ciências”

O empirismo científico nos trás para uma ideia de que a ética é relativa, isso acontece, pois o empirismo não pode fornecer justificação dedutiva para qualquer afirmação ética. Mas uma ética que varia pela arbitrariedade humana é como veremos, a opção dada pela serpente no jardim do Éden. Alguns cristãos defendem uma relatividade ética, apelando para as “consciências”, porém muitas vezes fazem isso sobre pontos em que a Escritura faz afirmações absolutas sobre como deveria ser a nossa vida ética. Porém, quando eles leem a bíblia eles deveriam reconhecer que Deus faz afirmações absolutas sobre éticas afinal Deus é imutável. Para conhecer a moralidade que flui das escrituras isso também requer uma analise teológica cuidadosa.

No final apenas aqueles que se empenham na tarefa de “garimpar” e de se “aprofundar” na teologia podem se tornar grandes defensores da fé, temos na história “Atanasio contra o mundo”, um jovem teólogo que enfrentou de maneira ferrenha os heréticos de sua época defendendo a divindade de Cristo. Me lembro da primeira vez que terminei de ler o comentário de "De Decretis" de Atanásio, ¹  a surra que ele deu nos arianos que negavam a divindade de Cristo foi exemplar. Se os arianos estivessem corretos, Cristo seria a Palavra e Sabedoria de Deus, mas não seria eterno, se Ele não fosse a Palavra e Sabedoria de Deus eternamente os Arianos teriam que admitir que houve um tempo que Deus não tinha "Palavra" nem "Sabedoria". Outro exemplo de Atanásio na “guerra teológica pela verdade” é que ele dá outras excelentes respostas à heresia de Ário. Atanásio fervorosamente ensina e demonstra  que os cristãos fazem orações para Jesus Cristo e o adoram. Todavia, a teologia cristã também ensina "os cristãos são totalmente proibidos de adorar alguém ou alguma coisa, exceto o próprio Deus." Portanto, de acordo com Ário e as inúmeras seitas unitárias como por exemplo, os Testemunhas de Jeová, os cristãos estão praticando idolatria. Se dependesse dos teologos da velha guarda de hoje que desprezam os jovens, Ário podia dizer que Atanásio era muito novo pra debater com ele sobre a Cristologia e que tinha mais tempo de estudo que o mesmo. Em uma das partes de seus escritos, ele argumenta que só Deus pode salvar o homem, então ele afirma que é "Uma característica essencial de ser uma criatura é que se requer ser resgatado. Nenhuma criatura pode salvar outra criatura. Somente o criador pode resgatar a criação" e nós soteriologicamente sempre defendemos a salvação que vem somente de “Jesus” pois Ele é “O Salvador”. Atanásio produziu então a seguinte resposta: Só Deus pode salvar; Jesus Cristo salva; portanto, Jesus Cristo é Deus. Assim como Ário não foi capaz de refutar essas proposições teológicas, nem mesmo os unitaristas e as seitas como as Testemunhas de Jeová poderão de alguma forma refutar. A surra de Atanásio sobre Ario foi magnífica. Jesus é Deus! Em contraste com isso me lembro quando eu cuidava de pessoas em um pequeno grupo muitos anos atrás e ensinava as Escrituras para elas, e quando eu toquei no assunto da divindade de Cristo, duas pessoas cristãs professas que participavam das reuniões a anos e eram inclusive batizadas naquela igreja evangélica se escandalizaram quando eu disse que de acordo com as Escrituras Jesus é “plenamente Deus”, elas disseram que Jesus era apenas o filho de Deus. Conforme fui conversando com elas, então elas me disseram que recebiam os testemunhas de Jeová em suas casas, aquilo foi algo que me fez ferver o sangue e eu os exortei ferozmente, no final depois de demonstrar logicamente a divindade de Cristo nas Escrituras elas disseram “mas isso é apenas a sua opinião e já os testemunhas de Jeová tem outra”, a reunião ficou bem tensa, mas eu não arredei e lhes disse que as Escrituras não podem se contradizer, e que não há doutrina neutra, ou ela é uma doutrina bíblica fiel ou ela é falsa. Infelizmente eles saíram de lá contrariados e muito bravos comigo, em menos de um ano eles haviam “apostatado”, mas na verdade nunca creram nas Escrituras. Somente o Espírito Santo pode produzir uma forte convicção inabalável nas Escrituras Sagradas que ele mesmo produziu.

O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos. Quanto mais estes se multiplicaram, tanto mais contra mim pecaram; eu mudarei a sua honra em vergonha. Oseias 4:6-7

Não podemos culpar as pessoas em primeiro lugar por não buscarem o conhecimento do Senhor, esse texto de Oséias é claro a primeira causa é, pois o sacerdote desprezou o conhecimento do Senhor (esse é o conhecimento da palavra de Deus).. Então o Senhor rejeitou o sacerdote também.

O Senhor está queimando toda palha, madeira e feno da nossa nação, toda a obra que não está alicerçada na Palavra de Deus está sendo reprovada, você pode ver pelo movimento de redescoberta das doutrinas mais preciosas como a justificação pela Fé por exemplo. E o que é mais interessante é que esse é um mover dos jovens. Sim, a maioria dos que se engajaram nesse mover são jovens... Quando Moisés tirou o povo do Egito, foram os jovens de 20 anos para baixo que tomaram posse da terra, a geração velha e incrédula permaneceu no deserto. O moço Samuel foi escolhido por Deus para substituir o sacerdócio caído de Eli e seus filhos. Dos filhos de Jesse Davi era o mais novo, e Ele começou a reforma em Israel, dos Reis de Judá o Jovem Josias tinha apenas 8 anos de Idade quando começou a reinar 2 Reis 22.1 e também promoveu uma grande reforma em Israel, quando Jesus chamou os discípulos a maioria deles eram jovens. Quando João vai começar a falar sobre os anticristos em 1 João 2, pessoas que negariam a divindade e/ou humanidade de Cristo, ele diz que os Jovens venceriam o Maligno pois a palavra de Deus habitava neles 1 João 2.13-14

João morreu com cerca de 100 anos de Idade, que ele foi o último Apostolo vivo, a sua geração morreu, e 100 anos depois a Igreja estava sendo atacada por uma grave heresia... Quem se levanta para defender a doutrina bíblica?

Um Jovem! Sim, foi um jovem chamado Atanásio, em quem habitava a Palavra de Deus que combateu as heresias de sua época, esse homem no decorrer de sua vida foi exilado várias vezes por imperadores por manter sua fé e testemunho. Mas através dele a palavra de Deus prevaleceu... Podemos ver a importância dos jovens hoje na posição que o Senhor os colocou, jovens que estão cansados de meramente lições de morais, mas que possuem sede e fome de Justiça e de ouvir a Palavra de Deus.

Gordon Clark em sua obra sobre “Em Defesa da Teologia” também cita Atanásio entre outros nomes pela defesa da Verdade:

“Só dentre estudantes de teologia pode surgir outro Atanásio para defender a divindade de Cristo; um Agostinho para sustentar a doutrina da graça; ou um Lutero ou Calvino para rejeitar a tradição e o misticismo e defender o primeiro princípio: Somente a Escritura”. ¹⁹ 

Como podemos ver os teólogos que nos antecederam estavam preocupados com a verdade, eles não a relativizaram nem adentraram em filosofias não cristãs para padronizarem seus princípios, para eles a Bíblia era única regra de Verdade absoluta, sobre a repugnância de nossa geração para com verdades absolutas e seu amor a irracionalidade eu escrevi a algum tempo atrás o texto a seguir:

Irracionalismo, um engano dos anticristos:

Quando a pessoa ignora que Deus instituiu mestres para a edificação do corpo da Igreja, e que Deus nos deu meio de fazer exames das escrituras por meio da lógica e julgar todos com base na escritura, ela cai no anti-intelectualismo.

O resultado de todo anti-intelectualismo é que a pessoa sempre será manipulada pelos outros por não conseguir pensar proposicionalmente. Sua própria mente induz ela ao auto-engano.

Jesus nos deu várias chaves hermenêuticas como a lei da não contradição, o princípio da inerrância, e outros princípios lógicos de verificações textuais, os apóstolos fizeram o mesmo. Os cristãos que rejeitam estudar teologia estão cometendo pecado, eles alegam que amam a Deus, mas não procuram conhecer mais sobre ele, e o segundo pecado é ignorar que Deus instituiu mestres para a edificação da Igreja.

O irracionalismo é o culpado de todos os grandes danos a Igreja Cristã. Desde sempre Na história da Igreja Deus levantou mestres para confrontar os falsos mestres, João confrontou os gnósticos, Paulo confrontou os falsos apóstolos, Atanásio confrontou Ario, Agosinho confrontou Pelagio e os pelagianos. A bíblia demonstra que existem duas sementes sobre a face da terra, os filhos de Deus e os filhos do diabo (Gn 3.14-16, 1 João) um teólogo disse recentemente que existem os hipócritas que tentam serem os dois, mas esses também são mentirosos e portanto são filhos do diabo.

A cada momento nos aproximamos mais perto do final, e é evidente que a cada dia que passa os filhos de Deus vão ser manifestos, e consequentemente os falsos mestres e profetas vão arrastar cada vez mais pessoas ao erro, a Bíblia não pode falhar, foi assim em todas as eras da Igreja e não será assim agora. Durante as eleições eu vi vários desses crentes que dizem não serem "Nem arminianos, nem calvinistas" tomarem um partido político específico, sim, mesmo que não se filiassem ao partido apoiaram abertamente um lado e rejeitaram o outro por não estarem em conformidades com seus princípios, esses mesmos crentes são capazes de discernir algo assim, e não podem discernir uma doutrina falsa de uma doutrina verdadeira? É evidente que Cristo não está dividido, mas é um fato que nem Paulo, em Pedro, nem Apolo pregavam outro evangelho ou doutrinas diferentes, contrário dos falsos mestres que pregam doutrinas contrárias às escrituras. Paulo nunca contradisse nada que Pedro ou João escreveram em suas epístolas, nem Pedro, pelo contrário, Pedro exaltou a sabedoria de Deus na vida do apóstolo Paulo dizendo que ele tinha recebido do alto. Portanto, ninguém venha alegar querendo comparar o erro de tentar dividir do corpo de Cristo que tem a mesma doutrina bíblica, para a separação que a Igreja deve ter dos infiéis e falsos mestres. Se você ainda não consegue discernir isso, é porque falta estudar as escrituras. Cf: Efesios 4, Mateus 23, Epistola aos Galatas, Epístola aos Filipenses, 1 João, etc...

Sobre a primazia da escritura acima de qualquer autoproclamada ciência, Vincent Cheung nos lembra qual deve ser a posição de um cristão genuíno:

"Cientistas e incrédulos podem chafurdar em contradições, mas os cristãos não devem tolera-las. Pelo contrário, ao invés de abandonar a unidade da Escritura e a lei da não-contradição como uma "defesa" contra aqueles que acusam as doutrinas bíblicas de serem contraditórias, devem afirmar e demonstrar a incoerência das crenças não-cristãs, e desafiar seus adeptos a abandona-las." ²⁰

Como podemos ver o cristianismo não se trata apenas de cantar louvores bonitos e ir a acampamentos na Igreja nas férias, também não se trata de frequentar uma denominação todos os domingos onde se prega um “evangelho alternativo” ou “misturado” com conceitos éticos e epistemológicos não cristãos, cristianismo não se trata de fazer coreografias e danças, ele se trata do estudo e do conhecimento sobre Deus e isso requer se debruçar sobre as Escrituras, ler comentários bíblicos, conhecer dicionários hermenêuticos, história da Igreja etc... Cristianismo envolve, por necessidade, teologia e não apenas camisetas ou violões com um desenho de um “leão de judá" impresso ali. Sobre a questão do irracionalismo eu gosto desse texto que escrevi anos atrás:

"Ainda que eu fale a lingua dos não julguetes, que diga que ame e tenha em mim esse "amor" todo que faz com que eu seja maneiro aos olhos dos ímpios, se eu NÃO DEFINIR amor conforme a bíblia define eu sempre serei um Herege que defende todo o tipo de relativismo moral. Serei como um sino irracionalista que retine e acha que está arrasando”

É bom ressaltar algo: um grande dilema ao estudar teologia, praticar a justiça ou fazer qualquer coisa é o problema do pecado original, já que todas as nossas atividades intelectuais e de atividade são conspurcadas pela queda de Adão, mas mesmo que alguém não considere isso, a Escritura afirma diretamente que todas as nossas melhores obras estão corrompidas do pecado (Is 64.6), se tudo o que fazemos é pecado, logo não podemos fazer nada, e se fazer nada é pecado então já nascemos condenados ao inferno. Por isso, eu disse neste livro, em outro lugar, que sem o conhecimento e a doutrina da justificação pela fé e substituição penal, bem como a satisfação e perdão dos pecados estudar teologia pode ser uma tortura tanto psicológica quando espiritual. Pode levar às pessoas a depressão, é importante então que o estudante de teologia, mais do que todos os homens creia que ele foi feito Justiça de Deus na terra enquanto Cristo foi feito seu pecado na Cruz (2 Co 5.21), é importante que ele também saiba que Cristo se tornou para ele tanto justiça, quanto sabedoria (1 Co 1.30-31) e que se ele errar ou for imatura em alguma coisa, no próprio processo de Santificação, o próprio Senhor o esclarecerá (Fp 3.15). Para vencer tudo isso é necessário que ele mantenha em mente que "tudo que não procede de Fé é pecado" (Rm 14.23). Tendo isso em mente nós iremos agora falar sobre o Cânon das Escrituras Sagradas.Parte superior do formulário

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¹ Anselmo da Cantuária foi um monge beneditino, filósofo e prelado da Igreja que foi arcebispo de Cantuária entre 1093 e 1109. Em sua obra denominada “Proslógio”, ele apresenta o seu argumento ontológico para a existência de Deus, que está embasado na afirmação próxima à seguinte "existe na mente humana a ideia de um ser que não se pode pensar algo que seja maior". Como demonstro na minha Teologia Sistemática o argumento de Anselmo não pode provar a existência de Deus, eu também retomarei um escrito posterior ampliando também aquela seção da sistemática.

² Agostinho, Da Pena e Remissão dos Pecados, livro II, capítulo 5.

³ Um teólogo-filósofo traduz João 1.1 da seguinte forma: “No princípio era a Lógica, e a Lógica estava com Deus, e a Lógica era Deus”. Isso pode deixar horrorizado os cristãos antiintelectualistas, mas a palavra logos pode ser vertida facilmente por “lógica”, “razão” ou “verbo””. (N. do T.) – Vincent Cheung | Introdução à Teologia Sistemática (São Paulo: Arte Editorial, 2008, pp. 84)

⁴ O diatribe é uma discussão ou disputa argumentativa lógica sobre um tema ou assunto, o apóstolo Paulo simula várias dessas na carta de Romanos.

⁵ Um dos lemas da Reforma “Sola Scriptura” ou “Escritura Somente” significa que a autoridade máxima da Igreja, não são concílios, nem homens, nem papas, mas a Verdade expressa na Palavra de Deus. Falaremos sobre esse princípio logo adiante.

⁶ A epistemologia é, em poucas palavras, a teoria filosófica que estuda o conhecimento, ou melhor, que explica como podemos e/ou obtemos conhecimento. Um princípio epistemológico é a fonte do qual todo o conhecimento de uma cosmovisão flui.

⁷ João Calvino, A instituição da religião cristã, Tomo 1 (São Paulo: UNESP, 2008), p. 73-74 (I.vii.4).

⁸ Catecismo Maior de Martinho Lutero, p. 5

Em defesa da teologia, p. 42, Gordon H. Clark

¹⁰ Referente ao “Éden: "Como estudaremos no volume sobre "Antropologia": no Éden o homem caiu totalmente e passou a ter uma natureza noética também autocentrada pela semente da rebelião, agora, pós-queda, ele pensa que pode definir eticamente o que é justiça e que também epistemologicamente aquilo que é a verdade, a ideia humana do 'livre pensador' ou 'autonomia da razão' começou lá em Genesis 3, mas na criação em geral pode ter começado antes quando Satanás caiu."

¹¹ Em Defesa da Teologia, Gordon Clark, p. 67

¹²"Esse é o Edir Macedo, veja a postagem oficial dele aqui nesse link https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=10150866787830108&id=93132820107. Publicado em 15/06/2012, link consultado às 00:19 de 27 de Agosto de 2020.

¹³ https://impd.org.br/palavras/1493

¹⁴Calvino, In Efésios, São Paulo, Parakletos, 1998, (Ef 2:20), p. 78.

¹⁵ Em defesa da teologia/Gordon Clark - Brasília, DF: Editora Monergismo. P. 44

¹⁶ Fonte: Extraído do Jornal “Os Puritanos” Ano III Nº 3

¹⁷ eu acredito que um filho de Deus deve ser próspero, mas eu repúdio totalmente a doutrina da prosperidade pregada nas igrejas neopentecostais, que ensinam a barganhar com Deus e colocam a benção antes do Criador.

¹ St. Athanasius: De Decretis (English Edition) ebook Kindle

¹⁹  Gordon H. Clark, Uma Introdução a Filosofia Cristã, p. 69, Editora Monergismo

²⁰ Vincent Cheung, Teologia Sistematica , p. 19

 

 

 

 

 

 

 

A Invencível Perseverança dos Santos em "O Peregrino" de John Bunyan

Por Yuri Schein, 23 de Janeiro de 2019 

Esse artigo foi publicado por mim em 2019, mas hoje 25/09/2020 eu decidi expandir ele e acrescentei algo sobre Charles Spurgeon e Vincent Cheung para aqueles que querem vencer os pensamentos de blasfêmia e também qualquer depressão, TOC ou crises de ansiedade.

Querendo mostrar de forma bem clara a natureza imutável do seu propósito para com os herdeiros da promessa, Deus o confirmou com juramento, para que, por meio de duas coisas imutáveis nas quais é impossível que Deus minta, sejamos firmemente encorajados, nós, que nos refugiamos nele para tomar posse da esperança a nós proposta. Temos essa esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus, que nos precedeu, entrou em nosso lugar, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. (Hebreus 6:17-20)

A maioria das pessoas sabem o quanto John Bunyan lutou contra a depressão e também com pensamentos blasfemos. Em um forte testemunho daquilo que Bunyan experimentou em seus piores momentos de depressão e angustia, ele nos conta que era alvo de pensamentos terríveis de blasfêmias contra o Espírito Santo, contra Cristo e contra Deus, veremos o seu relato:

O pecado e a corrupção iriam sair do meu coração tão naturalmente quanto a água sairia de uma fonte. Eu pensei que todos tinham um coração melhor do que eu. Eu teria trocado corações com alguém. Eu pensei que ninguém, exceto o próprio diabo, poderia me igualar por maldade interior e poluição da mente. Concluí que essa condição em que eu estava não suportava um estado de graça. Pensei: “certamente fui abandonado por Deus. Certamente, estou entregue ao diabo e a uma mente reprovada”

Uma tempestade muito forte caiu sobre mim, o que me causou vinte vezes pior do que tudo o que eu havia encontrado antes. Veio me roubando, agora por um pedaço e depois por outro. Primeiro todo o meu conforto foi tirado de mim; então a escuridão me tomou; após o qual inundações inteiras de blasfêmias, contra Deus, Cristo e as Escrituras, foram derramadas sobre meu espírito, para minha grande confusão e espanto.

Eles superaram meu coração, tanto pelo número, pela continuidade e pela força ardente que senti como se não houvesse mais nada, além disso, da manhã à noite dentro de mim, e como se de fato não houvesse espaço para mais nada. Concluí também que Deus, em ira à minha alma, me entregou a eles, para ser levado com eles como com um poderoso redemoinho. Somente pelo desgosto que eles deram ao meu espírito senti que havia algo em mim que se recusava a abraçá-los.

Enquanto eu estava nesse tormento, muitas vezes encontrava em minha mente um súbito desejo de amaldiçoar e xingar, ou de falar algo doloroso contra Deus, Cristo, Seu Filho, ou sobre as Escrituras. Agora pensei: certamente estou possuído pelo diabo. Outras vezes, pensei que perderia a cabeça; pois, em vez de louvar e engrandecer o Senhor com os outros, se eu o ouvisse falar, atualmente algum pensamento blasfemo mais horrível ou outro sairia do meu coração contra ele. Então, se eu pensava que Deus era, ou novamente pensava que não havia Deus, amor, paz ou disposição graciosa que eu pudesse sentir dentro de mim. Essas coisas me afundaram em um profundo desespero, pois concluí que essas coisas não poderiam ser encontradas entre aqueles que amavam a Deus.

Naqueles dias, quando eu ouvia outros falarem sobre o que era o pecado contra o Espírito Santo, o tentador me provocava a desejar pecar aquele pecado em particular que era como se eu não pudesse, não devo, nem ficaria quieto até Eu tinha cometido isso. Agora, nenhum pecado serviria além daquele. Se fosse cometido por falar uma palavra assim, seria se minha boca teria pronunciado essa palavra, se eu faria ou não. Em uma medida tão forte foi essa tentação sobre mim que muitas vezes eu estava pronto para bater minhas mãos sob meu queixo para impedir que minha boca se abrisse. Para esse fim, também tive pensamentos em outras ocasiões de pular com a cabeça para baixo em algum buraco de sujeira ou outro para impedir que minha boca falasse.

Sim, de bom grado, eu estaria na condição de um cachorro ou cavalo, pois sabia que eles não tinham alma para perecer sob o peso eterno do inferno ou que o pecado era meu como provavelmente. Embora eu tenha visto isso, sentido isso e tenha sido despedaçado com ele, ainda acrescentava à minha tristeza o conhecimento de que eu não conseguia achar que, com toda a minha alma, desejava libertação. Fiquei desanimado ao pensar que esse seria o meu destino. Portanto, eu lamentaria muito minha fortuna, mas não conseguia sair ou me livrar dessas coisas.

Não pude atender a nenhuma das ordenanças de Deus, mas com grande e dolorosa aflição; então fiquei muito angustiado com blasfêmias. Se eu estivesse ouvindo a palavra de Deus, então impureza, blasfêmias e desespero me manteriam em cativeiro lá. Se eu estava lendo, às vezes tinha pensamentos repentinos para questionar tudo o que lia.

Eu ficaria assustado com tais idéias, como pensar que Deus zombou de minhas orações, dizendo na platéia de santos anjos: “Este pobre coitado simples me deseja, como se eu não tivesse nada a ver com minha misericórdia, mas conceder a ele como ele . Ai, pobre alma, como você está enganado. Não é para você ter favor com o Altíssimo. ”

Nem minha antipatia pelos pensamentos, nem qualquer desejo e esforço para resistir a eles nem sequer abalaram ou diminuíram a continuação ou força e força deles. Sempre, em quase tudo o que eu pensava, se misturava de tal maneira que eu não conseguia comer minha comida, inclinar-me, cortar lenha, nem olhar em volta, mas ainda assim a tentação de vender Cristo viria. “Venda Cristo por isso, ou venda Cristo por isso; vendê-lo, vendê-lo, vendê-lo.” Às vezes, isso passava por meus pensamentos talvez cem vezes. Contra isso, durante horas inteiras, fui forçado a permanecer continuamente inclinando-me e forçando meu espírito a isso, a menos que, infelizmente, antes que eu percebesse, algum pensamento perverso pudesse surgir em meu coração que pudesse consentir. Às vezes, o tentador me fazia acreditar que eu havia consentido.

Essa tentação me trouxe tanto medo que, em algum momento, eu consentiria e seria vencido por ela, que, pela própria força da minha mente em trabalhar para resistir a essa maldade, meu próprio corpo seria posto em ação ou movimento, por assim dizer. de empurrar ou empurrar com as mãos ou o cotovelo, ainda respondendo tão rápido quanto o destruidor disse: “Venda-O”. “Não irei, não irei, não irei. Não, não para milhares, e milhares e milhares de mundos.” Assim, calculei, por medo de que, no meio desses ataques, atribuísse um valor muito baixo a Ele, mesmo quando mal sabia onde estava ou como me acalmar novamente. . Nessas estações, ele não me deixava comer minha comida em silêncio; mas, quando estava sentado à mesa do jantar, tive que sair para orar.

Certa manhã, enquanto estava deitado na minha cama, fui, como em outros momentos, mais ferozmente agredido com essa tentação de vender e participar de Cristo, a sugestão perversa ainda em minha mente: “Venda-O, venda-O, venda-O, venda-o. Ele”, o mais rápido que um homem podia falar. Contra isso, eu também estava em minha mente, como em outras ocasiões, respondi: "Não, não, não por milhares, milhares, milhares", pelo menos vinte vezes juntos. Por fim, depois de muito esforço, mesmo até ficar quase sem fôlego, senti esse pensamento passar pelo meu coração: "Deixe-o ir, se quiser." Também pensei que sentia que meu coração consentia livremente nisso. Oh, a diligência de Satanás! Oh, a desesperança do coração do homem! Agora a batalha foi vencida e caí, como um pássaro que é atirado do alto de uma árvore, em grande culpa e desespero. Agora eu estava unido; Eu me senti calado no julgamento que estava por vir. Nada nos próximos dois anos permaneceria comigo, exceto condenação e uma expectativa de condenação.

Eu já sabia agora o que era estar cansado da minha vida e ainda ter medo de morrer. Oh, quão feliz eu teria sido alguém além de mim, qualquer coisa, menos um homem, e em qualquer condição, menos a minha. Não havia nada que passasse pela minha cabeça com mais frequência do que era impossível para mim ser perdoado por minha transgressão e ser salvo da ira vindoura. ¹

Você pode pensar que isso é algo incomum, mas todos os crentes sofrem com esse tipo de coisa, o segredo está no poder do Espírito que habita em você, nEle reside toda a sabedoria, todo o conhecimento, toda a santidade, toda a pureza, toda a vida, e toda a fé que você precisa para vencer isso, depois que você passar por isso se tornará uma pessoa mais forte, mas Deus quer te fazer forte durante esse processo, por isso, durante os milhares de dardos inflamados do maligno levante o seu escudo, se você deixou sua espada cair no chão pegue ela de novo, continue lutando, se você disse que falhou, confie no Deus que nunca falha, se levante e peça para ele te restaurar mentalmente, depois que estiver restaurado você vai poder perceber onde você falhou. Geralmente as falhas vem de bases erradas ou quando Satanás consegue nos fazer assumir seus pressupostos mentirosos, não procure ser inteligente com Satanás, apenas assuma os pressupostos das Escrituras Sagradas, você não precisa ser mais inteligente que o diabo, apenas precisa permanecer alicerçado na Palavra de Deus. Quando saímos dessa base nos tornamos alvos fáceis para o diabo, é claro que Deus controla todas as coisas, mas ele determina essas coisas para nos moldar e remover todo o tipo de lixo que ainda existe em nossa vida, precisamos ser constantes e clamar constantemente diante de Deus a sua assistência, e mais do que isso, se houver energia em nossa mente e coração devemos expelir esses demônios para longe de nós e não perdermos tempo com eles.

Na sua obra mais conhecida: O Peregrino; John Bunyan nos ensina algo precioso no início e no final do livro, e as implicações dela ensinam como vencer a depressão.

John Bunyan era um calvinista puritano e seu livro descreve a vida de um Eleito do início ao final: Desde que Cristão foge da cidade da destruição, a libertação de seu fardo, suas lutas contínuas e até sua chegada a cidade celestial. Nas primeiras partes do livro Cristão começa a afundar em um Pântano chamado Desânimo, e quando não tinha mais forças Auxilio apareceu para ajudá-lo, quando cristão tinha saido do lamaçal onde caiu, Auxílio lhe diz:

—  “Mas por que você não procurou as pegadas?"

As pegadas de Auxílio são as promessas [como Bunyan bem nota]. Auxílio continua

—  "O Pântano lamacento é um lugar que não pode ser aterrado [ou seja, todo o homem passa por essa situação]. É a depressão para qual correm continuamente a escória e a imundície que acompanham a condenação do pecado..."

Bunyan nota que o desânimo e depressão são efeitos ocasionados pela depravação total. Auxílio continua

—  "O REI... mandou seus operários sob ordens dos inspetores dele trabalharem ao longo de 1600 anos [na época de Bunyan] para aplaina-lo" - Aqui está o ministério da palavra que nos leva a conhecer mais ainda as promessas de Deus - ... "É verdade que há... certas pegadas boas e essências espalhadas mesmo aí no meio desse Pântano..."

John Bunyan vê que a maneira pela qual Deus preserva seus eleitos é pelas promessas para que ele não sucumba ao desânimo, o eleito deve pisar nas promessas de perdão e aceitação da escritura [que são as pegadas largadas no pântano].

Na parte mais ao final do livro o Cristão é aprisionado com seu amigo Esperança no castelo do gigante Desespero, Cristão aconselhado pelo gigante que lhe diz para que tire a vida de uma vez, fala a Esperança que deseja a morte:

—   "Irmão, que faremos? A vida que agora vivemos é miserável. Confesso que não sei se é melhor viver assim ou morrer imediatamente. Minha alma prefere o estrangulamento à vida (Jó 7.15), e a sepultura é para mim mais fácil de suportar do que esse calabouço. Aceitamos o conselho do Gigante?"

Mas Esperança diz a ele:

—   De fato nossa situação é terrível, e a morte me seria muito mais bem-vinda do que viver assim para sempre. No entanto, devemos pensar que o Senhor do País para onde vamos nos disse: não tirarás, jamais, a vida de outra pessoa. Imagine então aceitar o conselho e tirar a nossa própria vida! Também aquele que mata outro homem pode, no máximo, assassinar o corpo de outro, mas matar a si mesmo é matar o corpo e a alma de uma vez...  Você mencionou o alívio da sepultura, mas por acaso se esqueceu do inferno para onde, com certeza, vão os assassino? Assassino nenhum terá a vida eterna... Tenhamos paciência, e suportamos por enquanto. “O tempo pode nos presentear com uma feliz libertação, portanto não sejamos nunca nossos próprios assassinos”

Esperança dissuadiu cristão a entrar na linha de raciocínio de Desespero, afinal Esperança aponta para a esperança de todo o cristão de que seu sofrimento acabará em algum momento, mesmo que ele sofra um pouco, ele sabe o que lhe espera com fé.

Depois de um tempo no castelo de Desespero Cristão ora, e lembra de algo...

—  "Como sou idiota! Ficar aqui nesse calabouço malcheiroso, podendo muito bem andar com liberdade! Trago no peito uma chave chamada promessa, estou convencido que abrirá qualquer fechadura do castelo da dúvida”²

Novamente a Promessa foi a base de Cristão para se livrar de qualquer dúvida e desespero. Bunyan via a perseverança dos santos como algo operado por Deus na prática. Os cristãos perseveram.

Ninguém pode dizer que Bunyan escreveu esses trechos de maneira pueril, Ele mesmo teve depressão e um profundo desespero, por um certo momento de sua vida chegou a tal ponto de desespero que provinha de uma dúvida se ele tinha cometido o pecado imperdoável. Mas as Promessas e a Graça de Deus o confortaram.

Bunyan via as promessas de Deus na escritura como uma das bases pela qual Deus preservava os seus escolhidos, ele não via a perseverança dos santos compatível com o desespero e suicídio, mas sim como algo que vencia o desespero, depressão, desesperança e dúvidas com uma única chave (pegadas) chamada promessa!

Bunyan não estava falando em um esforço de cumprir a Lei, mas em crer nas promessas de Deus na Escritura e renovar sua mente através dela.

Sabemos que John Owen era possivelmente o mais erudito teólogo de sua época, um dos maiores nomes da filosofia calvinista de toda a história e certa vez, Carlos II perguntou a John Owen, “O príncipe dos puritanos”, por que ia ouvir a pregação de John Bunyan, o iletrado latoeiro de Bedford. Owen respondeu: “Majestade, se eu tivesse as habilidades do latoeiro para pregar, voluntariamente abandonaria todos o meus estudos”.

Além de John Bunyan, o pregador Inglês Charles Spurgeon ensinou sobre o assunto, pois com certeza passava por isso, e pode nos mostrar qual a saida verdadeira:

“Ouvi alguém dizer: “Estou atormentado com pensamentos horríveis. Onde quer que eu vá, blasfêmias me invadem. Freqüentemente, no meu trabalho, uma sugestão terrível se impõe a mim e, mesmo na minha cama, me assusto do sono por sussurros do maligno. Não posso me afastar dessa horrível tentação. Amigo, eu sei o que você quer dizer, pois fui caçado por esse lobo. Um homem pode também esperar lutar contra um enxame de moscas com uma espada e dominar seus próprios pensamentos quando eles são atacados pelo diabo."³

Aqui Gentley Morris observa de maneira tática:

“Como C. H. Spurgeon sugeriu brilhantemente, é melhor tentarmos combater um enxame de abelhas atacando com uma espada do que tentar impedir que pensamentos blasfemos cheguem em nossas mentes. Tão ferozmente Satanás odeia todo amigo de Deus que ele só cessará seu ataque quando tiver certeza de que vimos seu truque diabólico tão completamente que não somos mais atormentados por ele.”4

A desculpa das pessoas por não serem libertas de problemas psicológicos reside apenas em sua própria incredulidade e na falta do poder do alto.

A auto-piedade vai deixar você rastejando no chão e dependendo de outros, se você não encontrar sua indentidade em Cristo, e não assumir a Palavra de Deus como Verdade, vai se auto-martirizando.

A Ciência, a Psicologia e a Depressão

É muito comum nos círculos evangélicos hoje falar que a maioria das doenças como TOC, Crise de Ansiedade e Depressão se tratam apenas de mudanças hormonais e de uma série de problemas químicos e biológicos. Sobre isso eu falerei ponto a ponto.

Em primeiro lugar, assumir isso é dar um salto lógico em direção ao método cientifico que cai no problema da indução. A ciência não pode provar nada com toda a certeza e a psicologia por ser comportamental só pode nos dar diagnósticos também indutivos.

Até mesmo o filosofo ateísta Bertrand Russel fala sobre a ineficácia da ciência em produzir qualquer conhecimento valido devido ao problema de afirmar o consequente:

Todos os argumentos indutivos se reduzem, em último caso, à seguinte forma: “Se isto é verdadeiro, aquilo é verdadeiro: ora, aquilo é verdadeiro, portanto isto é verdadeiro”. Claro, esse argumento é formalmente falacioso. Suponha que eu dissesse: “Se pão é uma pedra e pedras são alimentos, este pão me alimentará; ora, este pão me alimenta; portanto ele é uma pedra e pedras são alimentos”. Se eu promovesse um argumento como esse, seria certamente tachado de tolo; contudo, ele não seria fundamentalmente diferente do argumento no qual todas as leis científicas estão baseadas. 5

Dave Hume também demonstrou a impossibilidade do método científico em nos dar algum conhecimento algum devido ao problema da indução. O Problema é colocado mais ou menos assim:

Suponha que você nunca tenha visto um cisne negro, você teve apenas 3 experiencias com cisne na sua vida, na primeira viu 5 cisne todos eram brancos, na segunda viu 100 e todos eram brancos, na terceira viu 50000 cisnes e todos eram brancos, mesmo após constatar isso, você nunca poderá provar que não existem cisne negros.

A Falacia Indutiva é mais ou menos assim:

1. Eu só vi cisnes brancos

2. Logo, não há cisnes negros

Porém, ela pode ser reduzida ao absurdo facilmente

1.       Eu só vi cisne brancos

2.       Logo, pode haver algum cisne negro, azul, vermelho ou rosa em algum lugar

A mesma coisa acontece em toda a experiência sensorial e também pode ser aplicado ao método cientifico por causa de seu principio empírico. Você pode achar estranho, mas pela experiência sensorial você não pode nem provar que tamareiras só geram tâmaras, pois para provar isso empiricamente deveria conhecer todas as tamareiras do mundo em todos os lugares e de todos os tempos da história da existência de tamareiras e então conferir que sempre tamareiras geram tâmaras, mas é impossível que alguém faça isso, ou seja, o argumento é apenas assumido como verdade “tamareiras não geram limões”, se você é Cristão terá que assumir que Deus possa fazer uma tamareira gerar figos ou o que ele quiser, mesmo que isso seja contra a sua natureza, ainda poderá usar o argumento de que “a arvore gera somente conforme a sua espécie e que a arvore boa só gera fruto bom e a arvore má gera fruto mal” (Gn 1.1, Mt 7.17-20), mas isso não é um argumento baseado na experiência, pelo contrário está embasado na autoridade da palavra de Deus e não se pode garantir o empirismo de forma alguma, pois Deus controla a realidade como ele quer.

O Argumento formulado contra o método cientifico é colocado em uma analogia simples por Vincent Cheung:

Considere o seguinte:

Argumento A

A1. Se eu esmurrar Tom no rosto (X), Tom ficará machucado (Y).

A2. Tom está machucado (Y).

A3. Logo, esmurrei Tom no rosto (X).

 

Argumento B

B1. Se Tom está machucado (P), é porque esmurrei Tom no rosto (Q).

B2. Tom está machucado (P).

B3. Logo, esmurrei Tom no rosto (Q).

O argumento B é válido, mas a premissa B1 depende do argumento A, e o argumento A é inválido, pois comete a falácia de afirmação do consequente.

A premissa B1 depende do argumento A, já que em si mesma ela não elimina um número infinito de alternativas. Se Tom está machucado, isso não necessariamente significa que eu esmurrei seu rosto. Talvez ele tenha ido contra uma parede. Talvez ele tenha caído ao descer alguns degraus. Ou talvez Harry, Mary, Jones ou um número infinito de outras pessoas ou objetos possíveis, num número infinito de combinações possíveis, tenha batido no seu rosto (e.g. um alienígena com um martelo, um macaco com uma chave inglesa ou um grupo de pandas).

Assim, o argumento B é válido, mas não sólido, pois o argumento A é inválido. O argumento A corresponde à experimentação científica (a tentativa de descobrir relações de causa e efeito pela formulação e teste de hipóteses). O argumento B corresponde a uma aplicação das conclusões da experimentação científica (aplicação de uma relação de causa e efeito supostamente verdadeira).

Assim, embora o argumento B seja válido, ele é completamente inútil.

Para tornar isso ainda mais claro com um exemplo:

Se a água é úmida (X), Vincent Cheung é presidente (Y).

A água é úmida (X).

Logo, Vincent Cheung é presidente (Y).

Válido, mas falso e inútil.

Voltando ao seu exemplo, sua premissa 1 é similar à premissa B1 acima. Por si só ela não exclui um número infinito de alternativas. Assim:

Se esta solução se tornar esverdeada (X), um alienígena cuspiu nela (Y).

Esta solução se tornou esverdeada (X).

Logo, um alienígena cuspiu nela (Y).

É a isso que equivale todo o empreendimento científico: primeiro, a uma repetição sistemática da falácia de afirmação do consequente, e segundo, a uma aplicação sistemática das conclusões falsas assim obtidas.

A intenção não é insultar os cientistas, mas lembrá-los a permanecer humildes perante Deus e reconhecer sua ignorância, pois Deus tornou louca a sabedoria deste mundo. Até onde o homem mantiver a si mesmo no centro do conhecimento, julgando que por seu próprio poder descobrirá todas as coisas, não conseguirá descobrir de fato nada. 6

Em segundo lugar um cristão deveria sempre considerar os elementos da Palavra de Deus, que atribui pensamentos malignos a dardos inflamados do maligno, ou seja, pressupõe batalha espiritual e além disso pressupõe a carne e o poder do pecado, das duas maneiras a bíblia ensina que você deve vencer o pecado pela Palavra, Fé e pelo Poder de Deus (Ef 6.10-18, Rm 8.1-39)

Pessoas depressivas odeiam que você esteja vencendo a sua própria depressão, elas são tão egoistas que quando elas descobrem que você descobriu liberdade em Jesus Cristo, nas promessas de Deus e na fé, elas sentem uma espécie de culpa por não terem conseguido isso também e querem te puxar de volta com elas para o abismo de autopiedade e danação em que elas se encontravam. Satanás faz o mesmo, por ser um infeliz e um derrotado tenta te tirar da posição que Deus te colocou em Cristo. Para isso, ele e essas pessoas vão te dar diversos argumentos de porque a depressão é algo tão grande e como você é alguém tão pequeno e fraco, como sua carne é fraca etc... Isso mina a sua identidade em Cristo, você é fraco na carne, mas o Espírito é forte ele te dá poder para vencer a carne por meio da fé. Para que elas continuem te deixando depressiva assim como elas que não querem abandonar o pessimismo e auto-comiseraçao elas vão começar a citar diversas autoridades cientificas e mesmo que você esfregue em suas caras que a ciencia cai no problema da indução elas vão continuar a apelar para isso e também para autoridades de pastores ou figuras da fé que defendem uma falsa piedade.  Não permita isso, do contrário seu segundo estado se tornará pior do que o primeiro.

Vincent Cheung fala sobre fazer do sofrimento algo tão importante que as pessoas não conseguem se livrar dele:

Os cristãos costumam considerar os puritanos especialistas em depressão espiritual ou "melancolia". Acho que foram especialistas em permanecer nela, e não em triunfar sobre ela. Só porque eles escreveram muito sobre isso não significa nada se eles continuassem lutando com isso. Suas listas intermináveis ​​sobre todos os tópicos promovem o tédio, a depressão, a angústia e a raiva em vez de resolverem os problemas que abordam. As pessoas que estudam os puritanos em busca de ajuda neste assunto podem sentir que encontraram seus espíritos afins entre esses teólogos entediantes, mas há apenas ressonância, e nenhum avanço. Quando um demônio vem para oprimi-los, eles o convidam a sentar e tomar chá com a coisa. Eles o estudariam e viveriam com ele por anos [...] 7

Vincent Cheung aqui ataca a falsa piedade e a incredulidade que flui até mesmo dentre aqueles que são considerados “os melhores” no assunto sobre melancolia eu aconselho a ler o artigo inteiro, e no último parágrafo, deste mesmo artigo ele conclui:

“Para os cristãos, o sofrimento é um fetiche existencial. Talvez você goste deste sistema de dor e luta religiosa, porque faz você se sentir piedoso. Você está se excitando, seu maluco. Não tem nada a ver com viver para Cristo. Você é falso. Se você negar a si mesmo, então Cristo viverá em você, e você exibirá suas qualidades e poderes. Se você negar a si mesmo, você terá fé, alegria, paz, cura e o poder do Espírito e todas as coisas que Jesus Cristo sofreu para obter para você. Deus até o ressuscitou dos mortos e o ordenou para supervisionar a aplicação da redenção, para se certificar de que você receberá o que pertence a você em Cristo, e que ninguém pode tirá-lo de você. Mas o que você faz? Você cuspiu na cara dele, pisou no sangue dele e então pregou sobre isso como se fosse um evangelho.”8

Ou seja, a libertação do pecado, do poder das trevas e do domínio do diabo vem da obra de Cristo, isso significa que todo o cristão deve triunfar sobre o pecado, quando a biblia fala sobre sofrer por Cristo ela não fala sobre depressão e pensamentos blasfemos, mas ela fala sobre ser perseguida por pregar a verdade do evangelho, ou seja, pregar o arrependimento e aquilo que Cristo conquistou para o Seu Povo na Cruz do Calvário. Não há desculpa nenhuma para nós aceitarmos o sofrimento e não triunfarmos sobre ele pela fé, o Espírito é infinitamente mais poderoso que a carne, ele vence e sempre vencerá a carne, Deus não mente e não pode voltar atrás em suas promessas!


¹ John Bunyan, Graça abundante para o maior dos pecadores

² John Bunyan, O Peregrino

³ Charles H. Spurgeon, citado por Gentley Morris, http://www.net-burst.net/guilty/Charles_Spurgeon_blasphemy_portugues.htm

4 Gentley Morris, Ibid

5 Bertrand Russell, The Problems of Philosophy; Oxford University Press, 1998.

6 Vincent Cheung, Um Grupo de Pandas (trecho), veja o artigo completo aqui: http://monergismo.com/vincent-cheung/um-grupo-de-pandas/

7 Vincent Cheung, trecho de “Sofrimento: um Fetiche existencial”, veja o artigo completo aqui: https://www.vincentcheung.com/2016/10/25/suffering-an-existential-fetish/

8 Ibid.