Por Yuri Schein
A imprensa russa voltou a cutucar o nervo exposto da corrida espacial: “Será que os americanos realmente pisaram na Lua em 1969 ou tudo não passou de uma produção de Hollywood para humilhar Moscou?” É claro que essa desconfiança vende manchete e atiça o imaginário coletivo, mas, filosoficamente, o problema é mais profundo do que a RT ou a CNN ousam tocar.
O que está em jogo não é se a bandeira tremulava no vácuo ou se a câmera estava no ângulo certo. O verdadeiro dilema é: como provar qualquer relato histórico apenas com base no empirismo? A Rússia pode zombar dos retrorefletores deixados em solo lunar, mas nós poderíamos zombar dos cosmonautas que supostamente orbitavam alegremente em cápsulas soviéticas. Quem garante? Fotos? Filmagens? Depoimentos oficiais? Tudo isso se reduz a percepções sensoriais, e os sentidos, como sempre lembrou Gordon Clark, não são fonte de conhecimento, mas apenas ocasião para Deus comunicar ou não a verdade à mente.
Se quisermos ser coerentes, o mesmo ceticismo que faz o russo desconfiar dos EUA pode ser aplicado contra a própria Rússia — ou contra a China, a Índia, a SpaceX. E por que parar aí? Quem nos garante que não estamos em uma Matrix, onde todos os “pousos lunares”, sejam americanos ou soviéticos, não passam de projeções programadas para distrair mentes escravas do empirismo?
Os governos, sejam eles de Washington ou Moscou, só podem oferecer imagens, narrativas, pedaços de rocha, mas não podem escapar da acusação fundamental: nenhuma experiência sensorial, por mais sofisticada, pode fundamentar conhecimento verdadeiro. O empirista que crê no pouso americano por causa de um vídeo é irmão gêmeo do conspiracionista que nega o pouso americano porque não confia no vídeo. Ambos caminham na areia movediça da mesma epistemologia falida.
A única saída não está em telescópios, lasers ou amostras lunares, mas na revelação divina. Pois só Deus, que criou os céus e a Lua, pode nos dizer a verdade última sobre o cosmos. Sem Ele, estamos todos russos, americanos, céticos e crentes da NASA orbitando em uma Matrix gnosiológica.
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