por Yuri Schein
A insistência moderna em probabilidades como se fossem o refúgio seguro do empirismo é uma das maiores provas de que a filosofia secular não passa de um cadáver epistemológico mal disfarçado. Quando se demonstra que a indução não pode prover conhecimento, o naturalista, o cientificista ou mesmo o filósofo analítico corre para uma tábua de salvação: “Ok, talvez eu não possa ter certeza, mas pelo menos posso ter probabilidade.” Vincent Cheung respondeu a essa evasiva de modo categórico: não apenas a indução não garante certeza, mas a própria noção de probabilidade depende de premissas que o empirismo jamais pode sustentar.
A FALÁCIA DA FUGA PARA A PROBABILIDADE
A definição rigorosa de probabilidade, conforme a matemática e a lógica clássica, não é a superstição popular do “acho que é provável porque parece que acontece muito”. Probabilidade é uma fração:
- o numerador corresponde ao número de realizações de um evento,
- o denominador corresponde ao número total de possibilidades.
Simples. Mas aqui está o ponto fatal: ainda que alguém pudesse contar com alguma exatidão o numerador (e Cheung corretamente mostra que isso já é problemático), o denominador exige conhecimento de todas as possibilidades, um universal. E aqui está a sentença de morte do empirismo: universais não podem ser derivados de observações particulares.
Dizer que “é provável que o sol nasça amanhã porque sempre nasceu” não é ciência, é preguiça mental. Para calcular probabilidade, precisaríamos conhecer todas as possíveis causas e cenários do universo que poderiam interferir no nascer do sol. Isso requereria onisciência. Em outras palavras, para falar de probabilidade real, o empirista precisa se tornar Deus.
O DENOMINADOR E A PRETENSÃO DA ONISCIÊNCIA
O que a epistemologia secular não confessa é que toda vez que ela fala em probabilidade, está sequestrando indevidamente atributos divinos. O homem limitado jamais pode dizer: “há 10.000 possíveis resultados” sem cair na contradição de que ele mesmo não sabe quantos possíveis resultados existem.
Um exemplo tosco, mas ilustrativo: se um dado tem seis lados, dizemos que a chance de cair “3” é de 1/6. Mas por que dizemos isso? Porque assumimos o conhecimento prévio universal de que o dado não tem um sétimo lado invisível, ou que não existe uma lei oculta da física que força certos resultados. Assumimos um denominador fechado, completo, universal. Mas como o empirista sabe disso? Ele não sabe. Ele pressupõe. Ele rouba da estrutura racional provida por Deus para sustentar sua ilusão de cálculo.
Sem revelação divina, até mesmo lançar um dado se torna epistemologicamente impossível.
INDUÇÃO E PROBABILIDADE: UMA FALÁCIA DENTRO DA OUTRA
A tentativa de salvar a indução através da probabilidade é uma regressão infinita de falácias. A indução já é formalmente inválida: não se pode derivar universais a partir de particulares, nem necessidade a partir de recorrência. Mas quando o empirista admite isso e recua para a probabilidade, ele apenas multiplica a falácia: agora precisa de universais ainda mais robustos (o denominador) para justificar aquilo que ele dizia não poder alcançar pela indução.
Em termos simples: se a indução é uma falácia, a “probabilidade indutiva” é uma falácia elevada ao quadrado.
A REFUTAÇÃO PRESSUPOSICIONAL
O cristão pressuposicionalista não foge da exigência de universais: ele confessa que somente o Deus onisciente pode conhecê-los e revelá-los. Assim, apenas com base na revelação divina podemos falar de universais, de necessidade, de ordem, de regularidade e, portanto, de qualquer cálculo significativo de probabilidade.
Provérbios 1.7 declara: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento.” Essa não é uma metáfora poética, mas uma estrutura epistemológica absoluta: sem o Deus que conhece todas as coisas, não há sequer a possibilidade de dizer que algo é “mais provável” que outra coisa. O empirista, ao invocar a probabilidade, está respirando ar roubado da cosmovisão cristã.
A probabilidade é cristã ou é ilusão
Podemos resumir nosso artigo em cinco pontos:
1. A indução não pode produzir conhecimento.
2. A tentativa de salvar a indução por meio da probabilidade falha, porque a probabilidade exige conhecimento universal.
3. O empirismo jamais pode fornecer tal conhecimento universal.
4. Logo, a probabilidade, quando usada como fundamento do empirismo, é absurda.
5. Apenas a revelação divina fornece a base para universais e, portanto, para qualquer cálculo significativo de probabilidade.
A ironia final é que o empirista, que tanto despreza a fé, vive de fé cega em uma matemática metafísica que só faz sentido em um universo criado por Deus. Ele tenta salvar sua filosofia da falência com a muleta da probabilidade, mas no fim, sem Deus, suas “chances” são de exatamente 0%.
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