O Crescimento Progressivo do Reino: Êxodo 23.30 e as Parábolas de Jesus
Em Êxodo 23.30, lemos:
“Pouco a pouco os lançarei de diante de ti, até que te multipliques e possuas a terra por herança.”
Aqui Deus revela Seu método histórico: a vitória sobre os inimigos não é instantânea, mas progressiva. Israel não entra na terra prometida e a conquista é total de uma só vez; ela se realiza gradualmente, conforme o povo cresce e se consolida. Este padrão de “pouco a pouco” é um princípio escatológico que se repete de forma mais explícita no ensino de Jesus sobre o Reino de Deus, e é um dos fundamentos mais fortes do pós-milenismo.
A Parábola do Fermento (Mateus 13:33)
Jesus diz:
“O Reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até que tudo ficasse levedado.”
O fermento cresce silenciosa, mas inevitavelmente, transformando toda a massa. Assim como Deus retirou os inimigos de Canaã “pouco a pouco”, o Reino de Cristo avança de forma progressiva e penetrante, levedando a história, as culturas e as estruturas humanas até que nada reste fora da influência do Senhor. O padrão é o mesmo: gradual, histórico, universal e inevitável.
A Parábola do Grão de Mostarda (Mateus 13:31-32)
Outra parábola relevante mostra que o Reino começa pequeno, quase imperceptível, mas cresce até tornar-se uma árvore onde “as aves do céu vêm fazer ninhos em seus ramos”. Israel começou como um pequeno povo no deserto, avançando lentamente para conquistar Canaã. O mesmo acontece com o Reino de Cristo: pequenos começos, multiplicação gradual e impacto progressivo sobre o mundo. Essa é a lógica do pós-milenismo: a história não é um caos absoluto nem um ciclo de derrotas, mas uma expansão providencial do Reino até a plenitude.
A Parábola do Joio e do Trigo (Mateus 13:24-30)
O Mestre ensina que o trigo e o joio crescem juntos até a colheita. Deus permite a coexistência de inimigos e obediência parcial, mas a vitória final está garantida: o trigo será separado, o joio será destruído. Isto ecoa perfeitamente Êxodo 23.30: Israel não destruiu todas as nações de uma só vez; a remoção dos inimigos aconteceu gradualmente, conforme Deus estabelecia o povo na terra. O Reino histórico de Cristo avança da mesma maneira: inimigos ainda existem, mas o progresso é certo e irreversível.
Êxodo 23.30 e a História Redentiva
O padrão de “pouco a pouco” não é apenas histórico; é escatológico e tipológico. Israel é o tipo do Reino messiânico, cuja expansão é inevitável. Paulo explica em Romanos 11 que o crescimento do povo de Deus se dá “até a plenitude dos gentios”, ou seja, o Reino não é instantâneo, mas progressivo e soberanamente guiado por Deus. Cada avanço histórico é causado diretamente por Ele, conforme a lógica do ocasionalismo: a história inteira é a arena de atuação do Reino, e o crescimento gradual é uma prova da mão soberana de Deus em todas as eras.
Implicações Pós-Milenistas
- Otimismo histórico: o Reino está crescendo, não retrocedendo; cada avanço, mesmo pequeno, é parte de um plano global.
- Pacência e estratégia divina: Deus usa o tempo, a multiplicação e a cultura humana para implementar Seu Reino, de forma gradual.
- Missão cultural e civilizacional: o povo de Deus deve colaborar como fermento, levedando as estruturas sociais, políticas e educativas para que a glória do Reino seja manifestada.
- Vitória inevitável: a história não é aleatória; a vitória de Cristo está garantida, assim como Israel conquistou Canaã pouco a pouco.
Conclusão
Êxodo 23.30 revela o padrão progressivo da conquista divina, que se repete em Mateus 13: fermento, grão de mostarda e joio e trigo. O Reino avança lentamente, mas de forma irreversível, até que toda a terra seja levedada e transformada pela glória de Deus. O pós-milenismo, portanto, não é uma esperança vã ou filosófica; é a leitura coerente da pedagogia divina da história, que une a promessa do Sinai à missão da Igreja e à consumação do Reino em Cristo.
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