Por Yuri Schein
Resumo
O debate entre Greg L. Bahnsen e Gordon Stein (1985) marcou a história da apologética pressuposicional. Este artigo analisa a célebre resposta de Bahnsen: “as leis da lógica”, à pergunta de Stein sobre a existência de algo imaterial que não fosse Deus. Argumenta-se que a lógica, por ser universal, necessária e imaterial, não pode ser fundamentada no empirismo ou no naturalismo, mas somente no Deus revelado nas Escrituras. Com base em autores como Cornelius Van Til, Gordon H. Clark, John Frame e Vincent Cheung, demonstra-se que o ateísmo depende de categorias imateriais enquanto nega sua possibilidade, incorrendo em contradição performativa. A partir de uma análise filosófica e exegética (João 1:1; Romanos 1:18-21; Provérbios 1:7; Colossenses 2:3), conclui-se que sem Deus não há lógica, e sem lógica não há raciocínio nem debate.
Palavras-chave: Apologética; Greg Bahnsen; Gordon Stein; lógica; pressuposicionalismo.
INTRODUÇÃO
O debate público entre Greg L. Bahnsen e Gordon Stein em 1985 tornou-se um marco da apologética cristã. Stein, ateu materialista, desafiou Bahnsen a fornecer um exemplo de algo imaterial que não fosse Deus. A resposta de Bahnsen foi: “as leis da lógica”. Essa resposta não apenas revelou a inconsistência do ateísmo, mas também demonstrou a força do argumento pressuposicional: sem Deus, não há fundamento para categorias imateriais, universais e invariáveis como a lógica.
Fundamentação Bíblica
A Escritura ensina que a racionalidade tem sua origem em Deus.
João 1:1 apresenta Cristo como o Logos, fundamento da racionalidade e da ordem.
Romanos 1:18-21 afirma que os homens são indesculpáveis, pois reconhecem os atributos invisíveis de Deus, inclusive na ordem racional do mundo.
Provérbios 1:7 declara que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria, mostrando que não há racionalidade independente de Deus.
Colossenses 2:3 afirma que em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento.
A racionalidade, portanto, não é autônoma: ela reflete o caráter imutável de Deus e é comunicada ao homem como parte da imago Dei.
A NATUREZA DAS LEIS DA LÓGICA
As leis da lógica são universais, necessárias e imateriais. Gordon Clark enfatiza que “a lógica é o modo de pensar de Deus, comunicado ao homem” (CLARK, 1952). Não podem ser explicadas como convenções sociais, pois convenções não geram universalidade. Tampouco podem ser reduzidas à biologia, pois processos cerebrais não produzem normatividade.
Van Til argumenta que o ateu vive de empréstimo intelectual, usando categorias cristãs para negar o cristianismo (VAN TIL, 1955). Stein, ao utilizar a lógica contra Deus, já pressupunha a existência de Deus como fundamento da racionalidade.
O ARGUMENTO TRANSCENDENTAL (TAG)
O cerne da apologética pressuposicional é o Argumento Transcendental para a Existência de Deus (TAG). Bahnsen o definiu como a demonstração de que “sem Deus, não é possível sequer raciocinar” (BAHNSEN, 1996).
Vincent Cheung reforça: “Todo pensamento depende de um Deus racional que decreta tanto os eventos quanto as condições transcendentais da possibilidade do conhecimento” (CHEUNG, 2005). O ateísmo, portanto, é autodestrutivo: depende de Deus para negar Deus.
Obviamente como um deducionista bíblico o TAG só tem sentido dentro da cosmovisão cristã, mas ainda serve como uma redução ao absurdo.
Conclusão
O episódio do debate Bahnsen-Stein ilustra a tese de Romanos 1: o incrédulo suprime a verdade em injustiça, mas não pode evitar confirmá-la ao falar. A resposta “as leis da lógica” revelou que a própria possibilidade do debate pressupunha Deus. Assim, conclui-se que:
1. A lógica é imaterial, universal e necessária.
2. O ateísmo não pode fundamentá-la.
3. Somente o Deus bíblico explica sua existência.
Sem Deus, não há lógica; sem lógica, não há ciência, filosofia ou debate. O ateísmo implode em seu próprio ato de argumentar.
Referências
BAHNSEN, Greg L. Always Ready: Directions for Defending the Faith. Atlanta: American Vision, 1996.
CHEUNG, Vincent. Ultimate Questions. Boston: Reformation Audio, 2005.
CLARK, Gordon H. A Christian View of Men and Things. Grand Rapids: Eerdmans, 1952.
CLARK, Gordon H. Religion, Reason and Revelation. Phillipsburg: Presbyterian and Reformed, 1961.
FRAME, John. Apologetics to the Glory of God. Phillipsburg: Presbyterian and Reformed, 1994.
VAN TIL, Cornelius. The Defense of the Faith. Philadelphia: Presbyterian and Reformed, 1955.
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