por Yuri Schein
O eco dos passos do grupo ressoava pelas paredes úmidas da caverna. Cada som era amplificado, cada pedra solta parecia anunciar sua presença aos mortos vivos. Ikarus liderava, a espada firme em mãos, os olhos atentos a qualquer movimento. Thomas Walker avançava com seus dois montantes, cada golpe desferido esmagando ossos e crânios, enquanto suas asas batiam em alertas súbitos, prontas para erguer o guerreiro em caso de armadilhas aéreas.
— Aqui! — exclamou Derek, apontando para arranhões recentes no chão de pedra. — Alguém passou por aqui recentemente… sangue fresco.
Gillian moveu-se silenciosa, quase deslizando sobre o piso molhado, cada passo calculado. Com um salto ágil, ela derrubou um carniçal que avançava por trás de um pilar, espetando-o com uma adaga antes que pudesse uivar.
— Bom trabalho! — disse Ikarus, ajustando o braço ferido, resultado do último combate. — Temos que manter a calma e seguir os rastros. Parece que ele… ou eles, estiveram por aqui recentemente.
Jetto farejou o ar, seus sentidos lupinos captando algo que ninguém mais poderia: o cheiro metálico do sangue e uma energia densa que impregnava a pedra.
— Ele está próximo… sinto cheiro de magia negra, e não é qualquer magia, é poderosa. — Disse ele, rosnando baixinho, enquanto golpeava outro esqueleto que surgira de uma sombra.
Ao virar uma curva estreita, o grupo se deparou com uma horda de esqueletos emergindo de uma fenda lateral. Thomas Walker avançou com um rugido, girando os montantes com força brutal. Cada golpe enviava ossos estilhaçando pelo chão. Derek disparava flechas com precisão, mirando nas articulações e crânios. Gillian atacava velozmente, cortando com lâminas e derrubando ossos que se erguiam novamente. Ikarus gritava ordens, coordenando o grupo.
— Jetto! Direita! — Ikarus apontou para um corredor estreito. — Bloqueie a passagem deles!
O lobisomem avançou, cravando garras em dois esqueletos simultaneamente, arrancando membros e abrindo espaço para o grupo avançar. Cada passo adiante deixava rastros de sangue e destruição, mas também mais evidências do caminho do vampiro: manchas de sangue negro, símbolos riscados nas paredes, arranhões de garras que pareciam rasgar a pedra.
— Ele quer que sigamos por aqui… — disse Derek, respirando pesadamente. — Está nos levando exatamente onde ele quer.
— Isso não é surpresa — respondeu Gillian, enxugando o sangue da lâmina. — Vampiros sempre jogam com vantagem. Precisamos ficar juntos e não perder o foco.
Conforme avançavam, perceberam que a caverna se tornava mais estreita e baixa. Raios de luz quase inexistentes vinham de pequenas fendas no teto, iluminando parcialmente os corredores. O ar estava pesado, carregado de magia negra. Cada sombra parecia se mover sozinha.
De repente, um fantasma surgiu, soltando um grito estridente. Raiva, ódio e fome emanavam dele. Thomas Walker girou em um salto, esmagando-o com os montantes, enquanto Derek disparava duas flechas que atravessaram sua essência espectral. Gillian saltou, atacando outro revenant que avançava pelo chão, fazendo-o desaparecer em um estalo de ossos. Ikarus sentiu um golpe rasgando seu braço esquerdo, mas não hesitou, empurrando o resto da horda com um ataque em linha. Jetto uivava e investia, derrubando os últimos esqueletos e carniçais.
— Precisamos avançar! — gritou Ikarus. — Estamos perto… posso sentir.
O grupo finalmente chegou a uma bifurcação: corredores estreitos que desciam ainda mais no coração da caverna. O silêncio caiu por um instante, pesado, quebrado apenas pelo som do ar respirado com dificuldade e o eco distante de algo se movendo mais adiante.
— Ele está perto… — murmurou Jetto, mostrando os dentes. — E sinto que Raella também está… de alguma forma ligada a tudo isso.
Todos olharam ao redor, percebendo a gravidade da situação. Cada passo os aproximava do chefe da masmorra, cada sombra poderia ser a última. A tensão era palpável, e mesmo feridos e exaustos, sabiam que não poderiam hesitar.
— Preparar-se — disse Ikarus, ajustando a postura. — Sei que ele está à frente. Não sabemos o que nos espera, mas precisamos continuar. E desta vez, não podemos errar.
O corredor adiante se estreitava ainda mais, mas sinais de sangue negro e símbolos antigos indicavam que algo muito poderoso os aguardava… o confronto com Laurent, o vampiro, estava cada vez mais próximo.
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