por Yuri Schein
Os empiristas, tomistas e molinistas gostam de invocar a “ordem natural” como prova de suas construções metafísicas. Dizem que vemos causas e efeitos, que percebemos regularidades, que podemos abstrair leis universais. Mas quando a física entrou no domínio quântico, esse castelo de areia desmoronou. A experiência empírica moderna não confirma a metafísica aristotélica — ela a destrói.
O Princípio da Incerteza e a falência da causalidade natural
Werner Heisenberg mostrou que não é possível determinar simultaneamente a posição e o momento linear de uma partícula. O que o tomista chamaria de “ato em potência” simplesmente não existe: não há trajetória determinada aguardando atualização. Só existe indeterminação matemática até que um evento ocorra. Ora, se a causalidade fosse intrínseca à matéria, a trajetória deveria ser previsível — mas não é. Logo, a suposta “metafísica do ser” aristotélica se dissolve em pura ignorância.
O Experimento da Dupla Fenda e o ocasionalismo experimental
Quando fótons ou elétrons passam por uma dupla fenda, eles não se comportam como bolinhas materiais nem como ondas determinísticas. Eles exibem interferência probabilística, e o padrão só se define quando observamos. Mas não é o olho humano que cria a realidade, como pensam os mais místicos da ciência. É a vontade soberana de Deus que, naquele instante, decide a posição da partícula. Cada ponto no anteparo não é “causado” pela partícula em si, mas decretado por Deus — exatamente como ensina o Ocasionalismo: não há causa segunda intrínseca, mas apenas ocasião para o agir divino.
O Emaranhamento Quântico contra o livre-arbítrio molinista
Partículas emaranhadas compartilham estados instantaneamente, independentemente da distância. Einstein chamou isso de “ação fantasmagórica à distância”, mas para o cristão é apenas mais uma prova de que o cosmos é sustentado diretamente pelo decreto de Deus. O molinista, que quer salvar a “liberdade das criaturas”, precisa engolir que até as partículas mais elementares obedecem instantaneamente a uma coordenação externa. Não existe “autonomia” nem mesmo no nível subatômico, quanto mais no coração humano.
A Função de Onda e o decreto eterno
A equação de Schrödinger descreve a função de onda como uma superposição de possibilidades. Mas qual dessas possibilidades se torna realidade? Os físicos falam em “colapso da onda”, mas não sabem explicar a causa. Alguns apelam a multiversos infinitos, outros à consciência humana. O cristão reformado, porém, não precisa inventar ficções: o colapso é simplesmente a execução temporal do decreto eterno de Deus. Ocasionalismo puro: não há probabilidade “em si”, mas apenas a manifestação temporal da certeza eterna.
A Redução ao Absurdo dos empiristas
Se o empirista quiser ser honesto, terá de admitir: a experiência não revela ordem racional intrínseca, mas antes mistério, indeterminação e quebra de causalidade clássica. A própria ciência que eles adoram não confirma Aristóteles, mas Jonathan Edwards. Não confirma Tomás de Aquino, mas Efésios 1:11. E se eles insistirem em tomar o “dado empírico” como fundamento último, cairão na irracionalidade: pois os sentidos só mostram caos, enquanto a revelação mostra decreto.
A física quântica é apenas mais uma ocasião em que Deus confunde os sábios deste mundo (1Co 1:20). Os que se apoiam em Aristóteles, Tomás ou Molina para sustentar uma metafísica do “ato e potência” ou da “liberdade das causas segundas” são reduzidos ao absurdo pelo próprio campo em que confiam: a ciência experimental. O cristão, porém, descansa no decreto eterno: não há acaso, não há liberdade da criatura, não há autonomia da matéria. Há apenas o Deus que “sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1:3).