por Yuri Schein
O arminiano tem um deus carente. Ele bate na porta, implora, fica roendo unhas no céu enquanto espera o homem “escolher”. É um ídolo patético, mais digno de pena do que de adoração. Esse deus não reina — ele implora. Não governa — ele suplica. Não salva — ele oferece descontos em feira livre: “Aceita-me, criatura, que eu te salvo!”
O católico romano, por sua vez, aperfeiçoou a arte da heresia com sofisticação medieval. O purgatório é a confissão mais honesta de que o seu sistema não crê que Cristo é suficiente. Afinal, se o Filho de Deus sangrou até a morte, mas ainda sobra sujeira para ser queimada num limbo inventado, então não é Jesus quem salva, mas o incinerador papista. Isso não é evangelho; é blasfêmia institucionalizada.
E o semi-pelagiano? Esse é o mais cínico. Ele fala de “graça preveniente” como se fosse profundo, mas no fundo está dizendo: “Deus faz 99%, e o gênio humano completa com seu livre-arbítrio brilhante”. Isso é pior que pelagianismo cru. Porque ao menos Pelágio era honesto: dizia que o homem salva a si mesmo. O semi-pelagiano, ao contrário, se veste de piedade e ainda posa de humilde.
Mas o evangelho bíblico não pede voto, não abre enquetes, não espera consenso. O Deus da Escritura decreta, endurece, engana, mata, ressuscita, salva e condena — e faz tudo isso para a glória do Seu Nome. Romanos 9 é o epitáfio do livre-arbítrio: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?” (Rm 9:20).
Não adianta chorar: esse Deus é escandaloso, e ainda bem. Porque um deus impotente não salvaria ninguém; no máximo seria mascote de igreja. O Deus vivo, porém, não negocia com a vontade humana: Ele quebra, pisa, regenera, transforma e glorifica.
Quem prefere o ídolo sentimental do arminianismo, o purgatório do papado ou a “graça” diluída do semi-pelagianismo, que fique com suas fábulas. Eu fico com o Deus que faz tudo segundo o conselho da Sua vontade (Ef 1:11). O resto é religião de circo, palhaçada teológica para entreter os que não suportam o escândalo da cruz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário