sábado, 26 de setembro de 2020

Ponto Arquimediano




A criação ser criada com uma "visão física" que contempla o mundo e não pode "contemplar" a Deus que habita na luz inacessível já demonstra o tamanho da transcendência divina. 

Por que não vemos Deus? É a pergunta comum do ateísmo, como se fosse um defeito em Deus, mas você nunca pergunta a uma toupeira ou a um morcego porque eles não "veem" a luz ou veem apenas uma sombra da luz. Deus os fez assim. Como Deus é a luz (verdade) e na luz dele vemos a luz (Sl 36.9) Deus é aquele objeto de maior conhecimento e apenas através dele podemos ver "verdadeiramente" qualquer coisa. Assim, Deus oculta de toda a criação uma infinitude de conhecimento e ao mesmo tempo se revela a quem Ele quer, de maneira gradativa por toda a eternidade. Poderiamos nos perguntar realmente: Será que alguém poderia "ver/conhecer" Deus em sua totalidade a não ser Ele mesmo? Se Deus é infinito o conhecimento dEle é infinito alcançado apenas por meio de revelação. Quem insiste em buscar Deus através dos sentidos e não por uma revelação proposicional de si mesmo emerge em trevas e fica com um conhecimento distorcido sobre Deus.

A nossa depravação nos tornou seres sensuais, ou seja, que vivem e buscam conhecer as coisas através dos sentidos, mas antes da queda o Conhecimento de Adão era proposicional e revelacional, era Deus quem lhe dava o conhecimento através das Palavras da Sua Boca (Gn 2.17), mas depois da queda ele passou a julgar e avaliar as coisas por meio dos sentidos físicos (Gn 3.7,10). 


A relação de Deus com o mundo sensível é tão transcedente que se avaliarmos nosso conhecimento dele a partir da nossa racionalização dos sentidos criamos um ídolo, Deus é infinito, onipotente e perfeito em si mesmo, ele é Perfeito e sem formas, pois cria todas as formas, mas ele também pode assumir a forma que quiser em termo de manifestação e revelação, por exemplo quando a biblia diz que Deus é "fogo consumidor" (Hb 12.29) embora ela esteja falando da ira divina contra o pecado, ele assume, Ele é fogo consumidor. Deus não possui cores pois ele é aquele que cria todas as cores, mas ao mesmo tempo a biblia diz que ao redor do trono ele está cercado "de um arco-iris" (Ap 4.3), ele também não é nenhum mineral, mas cria todos os minerais, porém se vale dessas coisas para se auto-revelar: ele é a nossa Rocha (Dt 32.4), Ele tem aparencia de Jaspe (Ap 4.3). Isso significa que toda a criação serve apenas de propósitos teleológicos para conhecer a Deus, porém elas não podem ser tomadas como ponto de partida para conhecer a Ele, é a Biblia que nos revela como Deus toma toda a criação por analogia. 


Uma coisa muito importante, é que Deus não é a criação, nem tangível, nem mineral, nem matéria, mas é Espírito infinito, e por definição é perfeito. Alguém poderia questionar como Deus seria perfeito, não sendo mineral, nem matéria nem nada do genero, mas a definição de perfeição tem que ser deduzida daquilo que Deus é, ou seja, Deus é Espírito e é perfeito, ele é intangível e perfeito, e um ser pessoal, sendo assim, aquilo que é perfeito é intangivel e não-material, espiritual e um ser pessoal. Muitas pessoas resistem a revelação divina pois escondem dentro de si diversos pressupostos que não expoem, por exemplo, as pessoas preferem a pensar em "Deus" como algo impessoal, ou apenas uma força mística, inclusive interpretam a espiritualidade de Deus como algo impessoal, porém isso é estúpido, é de Deus quem vem as definições, e Deus é um Espírito pessoal. De fato é mais confortavel para essas pessoas pensarem em um Deus não-pessoal e distinto de toda a criação pelo simples fato de terem que aceitar alguém para mandar em suas vidas. Sim, o barro rebelde de Romanos 9 odeia que Deus dite as regras e que Ele seja um ser pessoal que dite as regras e tenha liberdade para fazer o que quiser com a sua criação.

Algumas pessoas usam a soberania divina para tornar Deus em um ser impessoal, e outras pessoas usam o livre-arbitrio para justificar sua desculpa de não obedecer à um Deus pessoal. Ambos estão errados, a Soberania divina se dá em uma relação transcedente de Deus com a sua criação e sua relação com a criação continua sendo pessoal, como de um Oleiro que cria o pote ou vaso para o seu fim. Na visão Imanente o homem é livre no sentido relativo a sua experiencia com o mundo e tem a responsabilidade de agir conforme Deus ordena, isso não significa que ele tenha essa capacidade inerente, pois ele depende de Deus para fazer isso, ou seja, sua responsabilidade não envolve sua liberdade em relação à Deus, mas nos preceitos divinos, ou seja, no conhecimento que ele tem daquilo que Deus ordenou. Muitas pessoas apelam para um mistério entre essas relações, como se isso fosse relevante, a verdade é que não é um mistério se Deus te diz que a) você não é livre dele, b) você é responsável.

Você resolve isso simplesmente assim:

1. Se eu sou metafísicamente livre de Deus eu devo obedecer à Ele

2. Se eu sou metafísicamente determinado e de nenhuma forma livre de Deus eu devo obedecer à Ele

Conclusão: Portanto de qualquer forma eu devo obedecer à Deus, portanto não há vantagem alguma para um cristão regenerado em defender que: "se eu sou ou não livre metafísicamente eu não devo obedecer a Deus" a não ser que ele dúvide que Deus cumprirá as suas promessas na biblia de que manterá sua Palavra e o Salvará.





















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