Crates de Tebas: O Evangelho Segundo a Mendicância
Se você já imaginou um filósofo que decidiu que o ápice da sabedoria é viver como um cão, parabéns: você acaba de descrever Crates de Tebas (c. 365–285 a.C.). Esse discípulo de Diógenes levou o cinismo à sua forma mais “devocional”. Ele abandonou riquezas, rasgou os pergaminhos sociais, e passou a pregar a virtude pela via do esgoto: rejeitando o conforto, o pudor, a sociedade e, naturalmente, o pensamento racional.
Crates não queria apenas filosofar — queria escandalizar com filosofia. Um tipo de João Batista sem Deus, sem doutrina e sem esperança escatológica. Apenas uma tanga metafísica e uma arrogância moralista que rivaliza com qualquer guru moderno de seita alternativa.
Como diz Vincent Cheung:
“Filosofias que negam Deus não apenas falham em fornecer conhecimento; elas corrompem a alma.”
Crates é o apóstolo da desintegração cultural com uma túnica rasgada e um discurso pretensamente libertador — como se cuspir na civilização fosse um caminho legítimo para o céu. Prepare-se, pois agora vamos analisar o mendigo que tentou ser messias.
1. O Culto à Pobreza: Ascetismo como Teologia
Crates abandonou sua fortuna para viver nas ruas de Atenas, pois — segundo ele — a riqueza corrompe e a simplicidade leva à virtude. O problema? Ele esqueceu que a pobreza sem Cristo é apenas miséria. A verdadeira sabedoria está em usar os bens para a glória de Deus (1 Coríntios 10:31), não em descartá-los como se o Criador fosse culpado por sua criação.
Silogismo com base nas proposições que temos na Revelação divina:
Premissa 1: Toda ética verdadeira deve derivar de Deus e Sua revelação (2 Timóteo 3:16-17).
Premissa 2: Crates construiu sua ética sobre a negação da propriedade e dos valores sociais, não sobre a Lei de Deus.
Conclusão: Logo, a ética de Crates é falsa e idólatra.
Silogismo demonstrando uma contradição interna do pensamento dele:
Premissa 1: Crates afirma que a pobreza voluntária é virtuosa.
Premissa 2: Ele depende da sociedade (que despreza) para sobreviver como mendigo.
Conclusão: Portanto, sua virtude depende daquilo que ele considera vício — uma autocontradição.
2. A Anti-Cidade: Crates e o Ideal do “Reino dos Cínicos”
Crates imaginava uma pólis ideal chamada “Cínópolis” (a cidade dos cínicos), onde todos viveriam em liberdade absoluta, sem leis, sem instituições, sem propriedade, e (claro) sem hipocrisia — pois viveriam como cães. Um paraíso anárquico, onde a urina pública e o desprezo pela cultura seriam virtudes cívicas.
Mas como qualquer pressuposicionalista sabe, a ordem social pressupõe uma autoridade transcendente. Tentar construir uma sociedade sem Deus é edificar Babel com os tijolos da loucura.
Silogismo com base na revelação:
Premissa 1: Toda sociedade justa deve ter como fundamento a Lei de Deus (Salmo 2:10-12).
Premissa 2: Crates propõe uma sociedade sem Deus, sem lei objetiva e sem ordem.
Conclusão: Logo, a sociedade de Crates é injusta, destrutiva e anticristã.
Silogismo expondo uma contradição interna:
Premissa 1: Crates rejeita todas as normas e estruturas sociais.
Premissa 2: Mas idealiza uma nova estrutura social baseada em seus próprios valores.
Conclusão: Portanto, ele destrói normas para impor novas — incoerência total.
3. O “Conhecimento Canino”: Gnose pela Rejeição
Crates defendia que o conhecimento não é obtido por estudo, mas pela prática da virtude ascética e do desprezo ao supérfluo. Ou seja: rasgue os livros, durma no chão e rejeite tudo o que os homens comuns amam. Isso o tornará sábio.
Por essa lógica, ratos seriam os maiores filósofos da criação. Crates transformou o anti-intelectualismo em um sacramento. Ele proclamava que para conhecer a verdade, era necessário suprimir os meios normais do conhecimento — uma gnose irracional, baseada em escárnio.
Silogismo com base na revelação:
Premissa 1: O conhecimento verdadeiro vem da revelação de Deus, não do ascetismo (Provérbios 1:7; Colossenses 2:23).
Premissa 2: Crates despreza a revelação e promove o ascetismo como meio de conhecimento.
Conclusão: Logo, o “conhecimento” de Crates é falso e demoníaco.
Silogismo demonstrando uma contradição interna:
Premissa 1: Crates afirma que sabedoria vem pela rejeição dos meios intelectuais e culturais.
Premissa 2: Mas tal proposição é, ironicamente, um argumento intelectual e cultural.
Conclusão: Logo, ele usa o conhecimento para rejeitar o conhecimento — contradição performativa.
4. Moralismo Cínico: A Virtude como Vômito Público
Crates acreditava que a virtude consiste em desprezar convenções sociais e viver de acordo com a “natureza” — o que, para ele, incluía atos como defecar em público, zombar de cerimônias e agredir retoricamente qualquer sinal de civilidade.
Mas o apóstolo Paulo ensina que a verdadeira piedade é “viver quieta e dignamente” (1 Tessalonicenses 4:11). A “virtude” de Crates não é santidade: é niilismo travestido de filosofia. Um moralismo sujo que confunde libertação com licenciosidade.
Silogismo com base na revelação:
Premissa 1: Toda virtude verdadeira deve se conformar à natureza de Deus (Efésios 5:1-4).
Premissa 2: Crates define virtude com base em comportamentos bestiais e escandalosos.
Conclusão: Logo, sua ética é anticristã e repulsiva à verdadeira moral.
Silogismo demonstrando uma contradição interna:
Premissa 1: Crates valoriza a natureza como padrão de conduta.
Premissa 2: Mas age de maneira contrária à natureza racional e social do ser humano.
Conclusão: Portanto, sua conduta contradiz seu próprio padrão normativo.
Conclusão: Crates, o Profeta do Abismo
Crates é o típico exemplo do homem que, ao rejeitar Deus, tenta criar sentido chutando os escombros da ordem divina. Ele não apenas virou as costas para o Criador, mas tentou construir um culto a partir disso — um culto à sujeira, ao absurdo e ao niilismo ético.
Se os gregos tivessem inventado um “evangelho negativo”, Crates seria seu apóstolo: pregando que a boa nova é o colapso da civilização e que o caminho para a iluminação é rastejar como verme pelas ruas de Atenas.
Como bem disse Greg Bahnsen:
“Não há neutralidade. Ou a razão é submissa a Cristo ou está em rebelião contra Ele.”
Crates, o cão de Tebas, latiu contra o céu com toda sua força. Mas mesmo assim, continua sendo apenas mais uma nota de rodapé na longa genealogia da rebelião filosófica — a qual termina inevitavelmente em fogo eterno, a menos que se dobre ao Senhorio de Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário