segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Deus deseja que todos homens sejam salvos? 1 Timóteo 2.4

 por Vincent Cheung

Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, o qual se entregou a si mesmo como resgate por todos. Esse foi o testemunho dado em seu próprio tempo (1 Timóteo 2.3-6).
1 Timóteo 2.3-6 diz que Deus “deseja que todos os homens sejam salvos”, e que Cristo “entregou a si mesmo como resgate por todos os homens”. Ora, já demonstramos que as palavras “todos” e “todos os homens” nem sempre se referem a todos os seres humanos, e provamos ainda a doutrina da expiação definida apelando a outras passagens bíblicas; portanto, não devemos admitir que essa passagem ensine a expiação universal. Na realidade, visto que outras passagens tornam a expiação universal impossível, podemos ter por certo que essa passagem não a ensina.
Entretanto, quanto às outras passagens, há evidência direta a partir do contexto da passagem indicando que Paulo não quer dizer todos os seres humanos quando escreve “todos os homens”. Os versículos 1 e 2 dizem: “Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e pacífica, com toda a piedade e dignidade”. Ele diz que os crentes deveriam orar “por todos os homens”, e prossegue explicando que por “todos os homens” ele quer dizer “reis e todos os que exercem autoridade”. Portanto, por “todos os homens” Paulo pretende designar tipos ou grupos de pessoas — os cristãos devem orar por todos os tipos de pessoas.
Apocalipse 5.9,10 foi anteriormente citado para mostrar que a natureza da expiação envolve uma aquisição real e completa por Cristo daqueles por quem ele morreu, mas os mesmos versículos também sugerem que a universalidade da expiação não é de tipo absoluta, mas somente étnica: E eles cantavam um cântico novo:
“Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra”
A Bíblia consistentemente ensina que a expiação é universal somente no sentido de que Cristo morreu por pessoas de todas as etnias e classes sociais; nenhuma passagem ensina que ele morreu por todos os seres humanos. Visto que tal expiação não é um pagamento meramente potencial de pecados, mas um real, aqueles por quem ele morreu certamente serão salvos. Assim, as boas novas é que “a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tito 2:11), e não apenas aos judeus
As “boas novas” do Cristianismo nunca foram que Cristo morreu para salvar todo ser humano, mas que ele o fez para salvar gente “de toda tribo, língua, povo e nação”. A grandeza da expiação de Cristo é que seus efeitos não são limitados por fronteiras étnicas e sociais: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3.28). Essas são as boas novas, e é como devemos entender as passagens bíblicas que dizem que Cristo morreu por todos

Teologia Sistemática, Vincent Cheung, p. 136

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