Por Yuri Schein
Em Josué 11.23 lemos: “Assim, Josué tomou toda a terra, conforme tudo o que o Senhor tinha falado a Moisés; e deu-a por herança a Israel em possessão, e habitou Israel nela.” À primeira vista, parece apenas um resumo histórico de conquistas militares, mas no pós-milenismo esse versículo é uma jóia escatológica, um prenúncio do domínio universal do verdadeiro Josué, Cristo, sobre toda a criação.
O que Josué fez em Canaã não foi uma vitória parcial ou episódica. Foi uma concretização tipológica da promessa de Deus: o povo que anda em obediência e depende da intervenção divina herda a terra. Mas enquanto Israel apenas tipificava, Cristo cumpre: não só uma porção de território, mas todas as nações, de ponta a ponta, são dadas como herança ao Messias (Sl 2.8; Mt 28.18-20). O que Josué iniciou, Cristo continuará e consumará de maneira sobrenatural e histórica através da Igreja.
O pós-milenismo entende que essa conquista não é apenas futura nem restrita a um “milênio terrestre” de Jerusalém. Pelo contrário, ela já começou com a vitória de Cristo sobre Satanás, o pecado e a morte. Cada conversão, cada avanço do evangelho, cada cultura transformada pelo Reino é um pedaço da Canaã definitiva sendo entregue por Deus. O texto deixa claro: a vitória não depende da espada humana, mas da promessa cumprida por Deus.
O futurismo ignora esse fato, relegando a conquista ao final de um milênio ainda hipotético, como se Deus tivesse deixado o mundo “à deriva” até lá. O pré-milenismo, com sua expectativa de um reino político messiânico limitado, reduz a vitória de Cristo a uma administração territorial humana, negando a dimensão histórica, espiritual e global do Reino inaugurado. Já o amilenismo frequentemente lê isso apenas como figura celestial, ignorando a aplicação histórica e cultural que o próprio texto exemplifica.
Josué 11.23 nos lembra que a fidelidade de Deus garante possessão completa, e o descanso prometido não é uma abstração: é a realização histórica do Reino de Cristo, que se manifesta progressivamente até a consumação final. O verdadeiro Josué já possui todas as nações, e nós, unidos a Ele, já participamos dessa herança.
Toda a terra foi conquistada tipologicamente, e o Reino de Cristo será possuído universalmente, nada nem ninguém pode resistir à promessa de Deus.
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