por Yuri Schein
Greta Thunberg, outrora a mascote verde do apocalipse climático, agora decidiu expandir sua pauta: não basta salvar as árvores e assustar adolescentes com relatórios do IPCC, agora também é preciso salvar a Palestina. Em recente declaração, Greta afirmou que o reconhecimento simbólico de um Estado palestino não basta — é necessário que as nações se engajem em pressões reais contra Israel. Traduzindo: o ambientalismo foi o ensaio, a geopolítica é o palco principal.
O mais curioso é que, ao vestir a bandeira palestina, Greta se revela mais agressiva do que nos seus sermões ambientais. Antes, a retórica era “How dare you?” contra líderes mundiais distraídos com petróleo. Agora é quase uma convocação política: “não adianta fingir que reconhece, tem que agir de verdade”. A Gretinha tá agressiva, e talvez essa seja a primeira vez que alguém leva a sério o que ela diz.
Mas qual é o cerne dessa guinada? Simples: a religião secular do ambientalismo e do progressismo global precisa de novos templos para manter seus fiéis. Como toda ideologia moderna que rejeita a revelação divina, ela só sobrevive criando novos apocalipses, novas causas, novos inimigos. Ontem era o dióxido de carbono, hoje é Israel. E amanhã, quem sabe, será você, se ousar discordar do dogma verde-vermelho.
É aqui que o sarcasmo da Providência se revela: a mesma Europa que não consegue manter o preço da energia elétrica acessível, porque se ajoelhou diante da Greta e da turma do clima, agora é chamada a transformar sua política externa em mais um capítulo da militância adolescente. Como se governos devessem seguir conselhos de quem sequer consegue explicar o básico de geopolítica sem apelar para slogans.
No fundo, Greta não mudou. Apenas aplicou seu método em outro campo: histeria moral, apelo emocional e a exigência de que o mundo inteiro se curve diante de sua indignação. A Gretinha tá agressiva, mas continua sendo uma voz de eco vazio. E como sempre, o que mais impressiona não é a fala dela, mas o fato de líderes, jornalistas e militantes aplaudirem como se estivessem diante de uma profetisa.
Enquanto isso, a verdadeira profecia continua sendo ignorada: não é Greta quem decide o destino das nações, mas o Senhor que “faz cessar as guerras até aos confins da terra” (Salmo 46:9). O resto é barulho adolescente.