por Yuri Schein
O grupo avançava lentamente pela Floresta Encantada, agora mais profundo do que antes, onde a luz do sol mal tocava o chão coberto de musgo e raízes retorcidas. A vegetação densa dificultava o avanço, e o silêncio absoluto criava uma tensão quase palpável. Thomas Walker voava ligeiramente acima das copas, observando cada movimento, enquanto seus montantes giravam levemente, prontos para a qualquer ataque. Derek seguia com atenção redobrada, arqueado e atento a qualquer som que denunciasse perigo.
A floresta, porém, não era benevolente. Centauros arqueiros surgiam das sombras, mais numerosos e agressivos do que antes, acompanhados por faunos ágeis e sorrateiros, saltando entre troncos e raízes gigantes. Mas não estavam sozinhos: dríades hostis emergiam de troncos retorcidos, lançando dardos de energia da própria madeira; serpentes aladas deslizavam entre os galhos, cuspindo ácido sobre qualquer coisa viva; até lobos fantasmagóricos surgiam de covas no chão, atacando em bandos coordenados. Cada criatura parecia reagir ao medo e à coragem do grupo, tornando a floresta um inimigo vivo.
— Formação! — gritou Ikarus, puxando Thomas e Derek para a linha de frente. — Não podemos nos dispersar!
Thomas, empunhando os dois montantes, atacava com precisão devastadora, acertando vários inimigos de uma só vez. Suas asas batiam rapidamente, desviando de ataques e criando correntes de ar que empurravam criaturas para longe. Derek disparava flechas em sequência, mirando pontos vitais e coordenando com Thomas, que cobria cada brecha que surgia. Gillian e Rickson protegiam o centro do grupo, bloqueando ataques e derrubando inimigos com golpes certeiros.
O ataque, no entanto, era interminável. Mais centauros e faunos surgiam, vindos de todos os lados. O grupo estava cercado por todos os cantos, lutando não apenas para avançar, mas para sobreviver. Cada golpe de Thomas fazia o chão tremer; cada flecha de Derek parecia cortar o ar com precisão sobrenatural. Mas mesmo com habilidade e coordenação, o número de inimigos tornava a batalha cada vez mais desesperadora.
— Isso não vai parar nunca! — gritou Derek, recarregando a aljava. — Precisamos de algo mais… forte!
Nesse momento, Raella, que caminhava entre o grupo, ofegante mas firme, ergueu seu cajado. Seus olhos castanhos brilhavam intensamente, e sua voz ecoou pelo bosque:
— Eu posso ajudá-los… de uma maneira que vocês ainda não viram!
O grupo se virou para ela, surpreso. Antes, haviam visto apenas suas magias de cura, leves e reconfortantes. Mas agora, uma aura negra e flamejante começou a emanar de seu cajado. Um calor intenso se espalhou pelo ar, e a floresta pareceu recuar diante de sua presença.
— Magia negra? — sussurrou Thomas, desconfiado, suas asas tremendo.
— Sim — respondeu Raella, com a voz firme, mas um leve traço de exaustão. — Além de curar, eu posso destruir. Mas… isso exige muito de mim.
Antes que alguém pudesse reagir, ela levantou o cajado, concentrando energia concentrada e pura. Uma esfera de fogo negro se formou, pulsando com força, crescendo até alcançar o tamanho de uma pequena lua. Com um movimento rápido, ela lançou a bola de fogo contra o centro do ataque.
A explosão foi colossal. Centauros, faunos, dríades e serpentes aladas foram engolidos pela magia, gritando enquanto desapareciam em chamas negras. O calor e a luz iluminavam a floresta de forma assustadora, queimando árvores e criando fumaça espessa. Thomas e Derek mal conseguiram se proteger; Ikarus, Gillian e Rickson lutaram contra a onda de calor que se aproximava, sentindo suas armaduras aquecerem demais.
Quando a fumaça se dissipou, uma clareira havia sido criada. Árvores estavam carbonizadas, o chão negro e rachado, o silêncio mortal. A batalha terminara, mas o preço havia sido alto. Raella caiu de joelhos, exausta, os olhos semicerrados, e logo perdeu a consciência.
Thomas voou até ela, segurando-a pelos ombros, verificando se estava viva.
— Raella! — gritou, a adrenalina ainda correndo. — Você aguentou! Mas isso… isso quase a matou!
Rickson, olhando para a clareira devastada, suspirou pesado.
— Ela salvou nossas vidas… mas não podemos depender apenas disso. Precisamos nos mover antes que mais criaturas apareçam.
Derek examinou os arredores, arqueando uma sobrancelha.
— A floresta está em alerta. O poder dela sentiu a explosão. Se ficarmos muito tempo aqui, mais inimigos virão.
Ikarus assentiu, pegando Raella com cuidado.
— Precisamos levar ela conosco. Se não se recuperar rapidamente, não teremos chance contra o que ainda nos espera na caverna.
Thomas abriu suas asas, preparando-se para levantar voo com Raella nos braços. Derek e os outros formaram uma linha defensiva ao redor, prontos para proteger o grupo caso a floresta reagisse. O silêncio ainda pairava, mas todos sabiam que aquilo era apenas uma pausa — uma calmaria antes da tempestade que ainda os aguardava na floresta e dentro da caverna.
O grupo, agora completo e mais unido do que nunca, avançou pela Floresta Encantada, com Raella inconsciente mas segura, determinado a chegar à caverna e descobrir o elo entre os mortos-vivos que assolavam o mundo e os mistérios antigos que se escondiam naquela floresta ancestral.
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