Por Yuri Schein
Estamos em outubro, mês da Reforma Protestante. Já se passaram mais de 500 anos desde que Martinho Lutero, em 1517, acendeu a chama que mudaria o mundo. Muitos reduzem a Reforma às 95 Teses contra as indulgências, mas seu coração teológico não foi apenas contra o comércio da salvação, e sim contra a mentira central de Roma: o livre-arbítrio.
Lutero declarou com toda a clareza em De Servo Arbitrio que a vontade humana não é livre, mas escrava do pecado. Ele disse: “Se alguém imagina que pode fazer algo para sua salvação, nada entende do evangelho”. Foi por isso que o debate com Erasmo se tornou tão decisivo: não estava em jogo apenas um detalhe filosófico, mas o próprio evangelho da graça. Se o homem é livre, Cristo morreu em vão. Se o homem é escravo, então somente a graça soberana de Deus liberta.
A Reforma foi a redescoberta de Romanos 9, João 6 e Efésios 1: Deus tem misericórdia de quem quer, endurece a quem quer, e ninguém vem a Cristo se o Pai não o atrair. Lutero, Calvino e tantos outros não criaram nada novo; apenas arrancaram as correntes da tradição humana para que a Palavra brilhasse novamente.
Hoje, celebramos não apenas um evento histórico, mas a vitória eterna da soberania de Deus contra a arrogância do homem. A Reforma continua, porque o coração do homem continua preso à ilusão de autonomia. Mas a Escritura não muda: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”.
Soli Deo Gloria.