terça-feira, 30 de setembro de 2025

O Esoterismo com Cara de Melodia: A Nova Religião da Babilônia Digital


Por Yuri Andrei Schein

Vivemos num tempo em que o esoterismo não chega mais com cheiro de incenso barato e gurus de túnica esvoaçante. Ele agora se apresenta em forma de “conteúdo melódico”, frases motivacionais com estética minimalista, vídeos com música ambiente e vozes aveludadas que prometem “expandir sua consciência” por meio de símbolos e códigos supostamente ocultos. O resultado? Gente que acha que repetir números mágicos (Grabovoi), desenhar mandalas de geometria sagrada ou brincar de sefirot na “árvore da vida” judaico-esotérica é ciência espiritual.

Nada disso é novidade. A Torre de Babel só mudou de figurino. O que temos é a mesma velha tentativa de substituir a revelação de Deus por símbolos humanos. Paulo já avisava: “Mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível” (Rm 1.23). O paganismo apenas troca a máscara. Antes era pedra e fogo, hoje é “energia quântica” e “códigos de luz”.

O perigo é que essa embalagem melódica dá a sensação de inocência. Quem vai desconfiar de uma mandala colorida com som de piano suave? Só que por trás disso está a velha serpente vendendo a mesma mentira: “sereis como Deus”. A geometria sagrada nada mais é que idolatria geométrica, um platonismo reciclado com glitter. O método Grabovoi é numerologia requentada com sabor de aplicativo russo. A árvore da vida é misticismo cabalista, um projeto alternativo de salvação que não passa pelo Cordeiro.

E aqui está o ponto crucial: toda tentativa de substituir Cristo por símbolos, códigos ou energias é idolatria sofisticada. E idolatria não é poesia inocente — é rebelião contra o Criador. O problema não é desenhar um triângulo, mas acreditar que o triângulo tem poder de transformar sua alma. Isso é trocar o Deus que cria todas as coisas pela criatura que não cria nada.

Os reformadores não perderiam tempo com esse circo. Calvino diria que o coração humano é uma “fábrica de ídolos”, e esses métodos esotéricos são apenas a linha de produção mais recente. Gordon Clark e Vincent Cheung lembrariam que o problema é epistemológico: o homem rejeita a Palavra de Deus e busca gnose em símbolos vazios. E, ironicamente, cada símbolo desses só reforça a necessidade que o homem tem de revelação verdadeira.

A geometria pode ser bela, mas não salva. O número pode ser exato, mas não redime. A árvore pode ter ramos, mas não dá vida eterna. Só Cristo é o Logos, o Verbo encarnado, a geometria perfeita da mente de Deus, o número infinito que não se repete, a árvore que sustenta todos os mundos.

Portanto, não se engane com o tom melódico do paganismo moderno. A música é doce, mas a letra é venenosa. O cristão deve discernir que, por trás dos fractais coloridos e dos mantras numéricos, o que está sendo oferecido é a mesma maçã podre de Gênesis 3. E, como sempre, só há duas opções: ou se dobra diante da Palavra de Deus ou diante das mandalas da Babilônia.

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